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de *oneca , confrontam as suas respecti%as %ersJes sKbre o 1ue

No documento A Personagem de Ficção (páginas 75-79)

sucedera, comentamNse mtuamente, e 3 d=sse

12. Conta Andr3 .aurois 1ue Paul Qal3r' l"e disse, um dia, 1ue

S"a&espeare se tornou ilustre por ter tido a id3ia, na apar=ncia temer-ria, de fa+er recitar por atKres, no momento mais tr-gico dos seus dramas, p-ginas inteiras de .ontaigne! Aconteceu, di+ Qal3r', 1ue a1u=le pblico gosta%a dos discursos morais!

5Andr3 .aurois, 9ágicos e L"gicos , tradu+ido por Reitor .oni+, EditKra Guanabara,

confronto 1ue nHs, espectadores, acabamos por tirar as nossas conclusJes! Esta%a criada a peça de id3ias, porta larga por onde passaram e continuam a passar inmeros autores, desde (ernard S"a] at3 eanNPaul Sartre! .uito pouco "- de comum entre =les, na niaioria das %=+es, al3m da generosidade com 1ue emprestam o bril"o da prHpria intelig=ncia Is personagens! Por outro lado, o realismo do tipo norteNamericano foiNse confinando cada %e+ mais ao estudo meramente psicolHgico da personagem, nica saída diante da impossibilidade de discutir em cena id3ias morais e políticas sem trair os fundamentos teHricos da escola! Ainda recentemente Art"ur .iller, reeaminando

1he Crucible (As eiticeiras de Sal>m) 

, 1ueia%aNse de 1ue o pblico

angloNsaão não acredita na realidade de personagens 1ue %i%am de acKrdo com princípios, con"ecendoNse a si mesmas e as situaçJes 1ue enfrentam, e capa+es de di+er o 1ue sabem! (... 8l"ando em retrospecto, creio 1ue de%eria ter dado Is personagens de

As

eiticeiras de Sal>m 

maior autoconsci=ncia, e não, como insinuaram os críticos, mergul"-Nlas ainda mais no subBeti%ismo! .as nesse caso a forma e o estilo realistas da peça estariam condenados! )in"as adiante, acrescenta# V ine%it-%el 1ue o traba4"o de (ertold (rec"t seBa mencionado! Embora não possa concordar com o seu conceito da situação "umana, a solução 1ue propJe para o problema da tomada de consci=ncia da personagem 3 admirI%elmente "onesta e teatralmente poderosa! $ão se pode assistir a uma de suas produçJes sem perceber 1ue ele est- trabal"ando, não na periferia do problema dram-tico contemporMneo, mas diretamente em seu centro  1ue 3, tornamos a

repetir, o problema da tomada de consci=ncia

(rec"t, com efeito, reformulou a relação autorNpersonagem em t=rmos originais2 tornandoNa a 1uestão

13. Art"ur .iller, Collected Pla:s , 0"e Qi&ing Press, $e] or&, 4?6X, pp!

capital da dramaturgia moderna! 8 seu intuito era o de instituir um teatro político, atuante, 1ue não permanecesse neutro perante uma realidade econKmica e social 1ue se de%e transformar e não descre%er! >m teatro 1ue incite I ação e não I contemplação! .as (rec"t e%ita com muita intelig=ncia o escol"o "abitual do teatro de tese, não identificando o seu ponto de %ista com o da personagem! A presença do autor em seus espet-culos  B- 1ue as suas teorias não se referem(

apenas ao teto7 fa+Nse sentir clara mas indiretamente, atra%3s do espet-culo propositadamente teatral, dos cen-rios não realistas, ilustrados com dísticos eplicati%os sKbre a peça, das cançJes 1ue desfa+em a ilusão c=nica e pJem o autor em comunicação imediata com o pblico! Ainda assim (rec"t não di+ sem rodeios o 1ue pensa! 8 seu m3todo lembra o de SHcrates 14: 3 pela ironia 1ue ele busca despertar o espírito crítico do espectador, obrigandoNo a reagir, a procurar por si a %erdade! A peça não d- resposta mas fa+ perguntas, esclarecendoNas tanto 1uanto possí%el, encamin"ando a solução correta! A personagem não perde, portanto, a sua independ=ncia, não abdica de suas características pessoais2 mas 1uando canta, 1uando %em I ribalta e encara coraBosamente a plat3ia, admitindo 1ue est- no palco, 1ue se trata de uma representação teatral, passa por assim di+er a outro modo de eist=ncia# se não 3 pr[priamente o autor, tamb3m B- não 3 ela mesma! V 1ue esta concepção do teatro, 1ue (rec"t c"amou de 3pica por oposição I dram-tica tal como fKra definida por AristHteles 53pico em tal conteto e1ui%ale prIticamente a narrati%o7, modifica tamb3m a relação atorNpersonagem! 8 int3rprete não de%e encarnar a personagem,

14. A aproimação tal%e+ seBa menos fortuita do 1ue parece SHcrates 3 de fato

o "erHi de uma das @ist"rias de Almana#ue de (rec"t 5(! (rec"et, @istolres d'Almanach , )WArc"e, Paris2 4?@4, p! 467!

no sentido de se anular, de desaparecer dentro dela 15! De%e, por um lado, configur-Nla, e, por outro, critic-Nla, pondo em e%id=ncia os

seus defeitos e 1ualidades 51ue, dentro da Hptica marista 1ue 3 a de (rec"t, de%em ser menos dos indi%íduos do 1ue da classe social a 1ue =les pertencem7! 0emos, assim, personagens autKnomos, ou realistas, dentro de um 1uadro teatral não realista2 e entre, uma coisa e outra

insinuaNse, com facilidade o pensamento do autor!

A perspecti%a crítica do ator sKbre a personagem não 3 inteiramente no%a# o epressionismo, por eemplo, B- a emprega%a conscientemente, como a empregam intuiti%amente, em pe1uenas doses, todos os bons atKres, alongando, tornando eemplares a a%are+a de arpagon e a "ipocrisia de 0artufo! 8 1ue (rec"t f=+ a =sse respeito, a eemplo do 1ue B- fi+era com o teto, foi eplorar em profundidade uma das %ertentes possí%eis do teatro, codificando, erigindo em sistema as eperi=ncias do teatro alemão es1uerdista da d3cada de 4?:, 1uando %anguardismo político e %anguardismo est3tico ainda se confundiam 16. De%eríamos ainda abordar um ltimo tHpico# o estilo! $ão %amos fa+=Nlo com mincia, toda%ia, por1ue, do ponto de %ista d=ste ensaio, não passa de um aspecto da relação mais %asta autorNpersonagem! 8 %erso, sabemos todos nHs, foi o in%Hlucro 1ue preser%ou durante s3culos o estilo tr-gico, impedindoNo de cair no informalismo e na banalidade, assegurando ao autor o direito de se eprimir em alto ní%el liter-rio! Era ainda essa a função 1ue l"e atribuía Qictor ugo no Pref-cio

15. 0amb3m Diderot no Paradoe du Com3dien sustenta 1ue a encarnação

do ator nunca 3 total# mas trataNse de uma impossibilidade psicolHgica, não de um ato deliberado de nature+a crítica como em (rec"t!

16. A posição de (rec"t aparece a1ui, por 1uestJes de espaço, um tanto simplificada# não aludimos ao uso da f-bula, do cKro, de m-scaras, processos 1ue permitem de um modo ou de outro a intet%enção do autor! Tuanto Is id3ias est3ticas de (rec"t, %er#  o"n Yillett, 1he 1heatre o< *ertold *recht , .et"uen and Co! )td!, )ondon, 4?6?2

1uanto ao teatro alemão de es1uerda anterior ao na+ismo, um depoimento de grande %i%acidade 3 o de Er]in Piscator, 1eatro PolFtico . Editorial Futuro, S! R! )!, (uenos Aires, 4?6X!

No documento A Personagem de Ficção (páginas 75-79)