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do Crom%ell , considerandoNo não como uma obrigação de ser

No documento A Personagem de Ficção (páginas 79-84)

po3tico, mas como uma disciplina do estilo, uma defesa contra a flacide+ da prosa de todos os dias# l rend plus solide et plus fin le tissu du st'le 17 ! Est-%amos em pleno fer%or romMntico, mas a causa B- se ac"a%a perdida# os prHprios compan"eiros de geração do autor de

@ernani

escre%eram geralmente teatro em prosa! 8 realismo não f=+ mais do 1ue lançar a derradeira p- de cal sKbre a 1uestão, não obstante alguns pronunciamentos e algumas interessantes tentati%as modernas em contr-rio, e pela simples ra+ão de sobrepor em definiti%o a linguagem da personagem I do autor! Deu c"emins  escre%eu eanN Ric"ard (loc"  sWoffrent donc au po`te dramati1ue! Fid`le I un id3al r3aliste, %oudraNtNil sui%re au plus pr`s les d3sordres, reproduire ou r3in%enter les sublimes platitudes de lW=tre "umain en proie au 3garements de la passion $ous aurons alors les "o1uets, les cris, les onomatop3es, les fr3n3sies laborieuses du drame moderne! 8u bien, con%enant de lWinanit3 de cette tentati%e, le po=te m3ditera des leçons plus anciennes et c"erc"era une traduction, une st'lisation de ce b3gaiement affreu! l d3sirera mettre lWonomatop3e en forme! l ordonnera le cri et en tirera un discours 18

8 primeiro camin"o, 1ue corresponde I %erdade da personagem, tem sido preferentemente o do teatro norteNamericano! Para saber dialogar, em teatro, não 3 necess-rio dominar a t3cnica da linguagem escrita# basta ter bom ou%ido, apan"ar e reprodu+ir com eatidão a língua  e Is %=+es 1uase o dialeto  falado nas ruas! Donde essa proliferação de cursos de

 !la:%riting 

, Is centenas, e de peças, aos mil"ares,

fabricadas com maior ou menor engen"osidade por pessoas 1ue não podem ser consideradas escritores no sentido eato do t=rmo!

17. ;i'tor ugo, ob cit+ . 38!

18. eanNRic"ard (loc", Destin du 1h>atre , )ibrairie Gallimard, Paris, 4?O, pp!

Em contraposição, os %erdadeiros dramaturgos, os nomes 1ue realmente contam, mostramNse sempre capa+es de elaborar um estilo pessoal e artístico a partir das sugestJes oferecidas pela pala%ra falada, apro%eitando não s[mente a gíria, as incorreçJes saborosas da linguagem popular, mas tamb3m a sua %italidade 1uase física, a sua %i%acidade, a sua irre%er=ncia e a sua acide+, as suas met-foras c"eias de in%enção po3tica 1!

8 segundo camin"o, se 1uisermos permanecer no terreno das generali+açJes, 3 por ecel=ncia o do teatro franc=s, tribut-rio muito mais, em 1uestJes de forma, de uma longa tradição cl-ssica do 1ue de uma bre%íssima eperi=ncia realista! As personagens de Anouil" e Salacrou  para não nos referirmos a casos etremos, a um Claudel e a um Giraudou  Bamais perdem de %ista as 1ualidades de concisão, de clare+a, de graça, de correção, de elegMncia, 1ue distinguem o estilo liter-rio! A modernidade 3 dada principalmente pelo corte do di-logo, por um certo ar de impro%isação, pelo ritmo menos narrati%o e mais oral das frases, se as compararmos ao formalismo estrito da trag3dia cl-ssica!

Qemos, pois, 1ue as diferenças entre uma e outra posição, marcantes em teoria, se atenuam na pr-tica teatral# em ambos os casos c"egaNse a um compromisso, pendente mais para um lado ou para outro, entre a autonomia lingística da personagem e o deseBo do autor de impor as suas eig=ncias artísticas!

Podemos agora concluir! A obra liter-ria 3 um prolongamento do autor, uma obBeti%ação do 1ue ele sente possuir de mais íntimo e pessoal! A personagem constitui, portanto, um paradoo, por1ue essa criatura nascida da imaginação do romancista ou do dramaturgo

1. Tualidades não sH do teatro mas tamb3m do cinema e do romance norteN

americano! Comparando =ste ltimo com o romance ingl=s, obser%ou C'ril Connol'# 0"e Englis" mandarin simpl' canWt get at pugilists, gangsters, spea&asies, negroes, and e%en if "e s"ould "e ]ould find t"em absolutel' ]it"out t"e force and co4our of

t"e American e1ui%alent 5C'ril Connol', 1he Condernned Pla:ground , Routledge,

)ondon, 4?<6, p! 447!

sH %i%er, sH ad1uire eist=ncia artística, 1uando se liberta de 1ual1uer tutela, 1uando toma em mãos as r3deas do seu prHprio destino# o espantoso de tKda criação dram-tica  em oposição I lírica   3 1ue o aut=ntico criador não se recon"ece na personagem a 1ue deu origem! Em tal direção o teatro %ai ainda mais longe do 1ue o romance por1ue, no palco, a personagem est- sH, tendo cortado de %e+ o fio narrati%o 1ue a de%eria prender ao autor! 8 dramaturgo não est- longe de se assemel"ar ao Deus concebido por $e]ton# o seu papel se etinguiria para todos os efeitos no ato da criação! Tual1uer interfer=ncia sua posterior sKbre as personagens seria em princípio um escMndalo tão grande 1uanto o 3 o milagre em relação Is leis da natare+a! .as poucos autores se contentam com semel"ante eclusão# o prHprio impulso 1ue os le%ou a escre%er a peça, le%aNos tamb3m a epor e a defender os seus pontos de %ista! Daí essa luta surda entre autor e personagem, cada 1ual procurando gan"ar terreno a epensas do outro! $ão "- em teatro nen"um problema mais antigo e mais atual do 1ue =sse# a "istHria da relação autorNpersonagem seria, em larga medida, a prHpria "istHria da e%olução do teatro ocidental, das diferentes formas por ele assumidas desde a Gr3cia at3 os nossos dias!

/ PER0O/E CIE/ORÁFIC/

5 p-g!4O7

$a d3cada de %inte a maneira mais til de abordar o cinema, para a criação ou a refleão, era consider-Nlo arte autKnoma! V possí%el 1ue a tese da especificidade cinematogr-fica ainda %en"a no futuro, a produ+ir frutos pr-ticos e teHricos! Atualmente, por3m, os mel"ores filmes e as mel"ores id3ias sKbre cinema decorrem implicitamente de sua total aceitação como algo est`ticamente e1uí%oco, ambíguo, impuro! 8 cinema 3 tribut-rio de tKdas as linguagens, artísticas ou não, e mal pode prescindir d=sses apoios 1ue e%entualmente digere!

Fundamentalmente arte de personagens e situaçJes 1ue se proBetam no tempo, 3 sobretudo ao teatro e ao romance 1ue o cinema se %incula! A "istHria da arte cinematogr-fica poderia limitarNse, sem correr o risco de deformação fatal, ao tratamento de dois temas, a saber, o 1ue o cinema de%e ao teatro e o 1ue de%e I literatura! 8 filme sH escapa a =sses gril"Jes 1uando desistimos de encar-Nlo como obraN deNarte e ele nos interessar como fenKmeno! $ão 3 na est3tica, mas na sociologia 1ue refulge a originalidade do cinema como arte %i%a do s3culo!

$esta eposição, podemos pois inicialmente, e sem abuso ecessi%o, definir o cinema como teatro romanceado ou romance teatrali+ado!  0eatro romanceado, por1ue, como no teatro, ou mel"or no espet-culo teatral, temos as personagens da ação encarnadas em atKres! Graças por3m aos recursos narrati%os do cinema, tais personagens ad1uirem uma mobilidade, uma desen%oltura no tempo e no espaço e1ui%alente Is das personagens de romance! Romance teatrali+ado, por1ue a refleão pode ser repetida, desta feita, a partir do romance! V a mesma

definição di%ersamente formulada!

8 cinema seria pois uma simbiose entre teatro e romance, e o meu cuidado a1ui, ao falar de personagens no filme, consistiria essencialmente em determinar os necess-rios cru+amentos entre as consideraçJes feitas pelos ProfessKres Antonio Candido e D3cio de Almeida Prado a respeito da personagem no%elística e da teatral! Pelo menos te[ricamente! Pois 3 possí%el 1ue o meu empen"o em subordinar o cinema ao romance e ao teatro seBa, sobretudo, um recurso para le%ar a%ante a tarefa ideolHgica atual mais premente, 1ue 3 a de libertar o filme do Cinema com C maisculo, tão ao gKsto da crítica corrente! 8 desenrolar das refleJes nos condu+ir- por certo I conclusão de 1ue a impot=ncia est3tica do cinema em nada perturba a %italidade do filme! 8 terreno 1ue nos ocupa 3 dominado por uma articulação dial3tica entre um sistema confuso de id3ias, o cinema, e um conBunto confuso de fatos, os filmes2 mas o segundo grupo sempre le%ar- a mel"or!

Se retomarmos as di%ersas formas de situar a personagem no romance, Is 1uais o Professor Antonio Candido f=+ refer=ncia em suas aulas, %erificaremos 1ue são tKdas %-lidas para o filme, seBa a narração obBeti%a de acontecimentos, a adoção pelo narrador do ponto de %ista de uma ou mais personagens, ou mesmo a narra çã na primeira pessoa do singular 1! Aparentemente, a fHrmula mais corrente do cinema 3 a obBeti%a, a1uela em 1ue o narrador se retrai ao m-imo para deiar o campo li%re Is personagens e suas açJes! Com efeito, a maior parte das fitas se fa+ para dar essa impressão!

$a realidade, um pouco de atenção nos permite %eri fica 1ue o narrador, isto 3, o instrumental mecMnico atra%3s do 1ual o narrador se eprime, assume em 1ual1uer película corrente o ponto de %ista físico, de posição no espaço, ora desta, ora da1uela personagem! (asta atentarmos para a forma mais "abitual de di-logo o c"amado campo contra campo, onde %emos, sucessi%amente e %iceN%ersa, um protagonista do ponto de %ista do outro!

A estrutura do filme fre1entemente baseiaNse na disposição do narrador em assumir sucessi%amente o ponto de %ista 5aí, não físico,

mas intelectual7 de sucessi%as personagens! >m dos eemplos c3lebres 3

Cidado $ane 

, de 8rson Yelles! A personalidade central nos 3

apresentada atra%3s dos testemun"os de seus antigos amigos e colaboradores, de sua eNmul"er e de outros comparsas menos importantes! SH não con"ecemos o ponto de %ista de C"arles Foster *ane, o principal protagonista, pelo menos at3 o momento em 1ue o narradorNcMmara nos oferece alguns esclarecimentos! 8s testemun"os e descriçJes contraditHrias sKbre o mesmo

1. A obser%ação não se refere I mat3ria do estudo sKbre A Personagem do

Romance, desta obra2 mas a 8utras aulas do Curso, sKbre t3cnica de narração e caracteri+ação!

fato fornecem recursos cKmicos ou dram-ticos, como na %el"a obra de Ren3 Clair,

Les Deu= 1imides 

, ou mais recentemente, no

No documento A Personagem de Ficção (páginas 79-84)