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Ciclo de vida dos produtos e a matriz das atitudes em uma gestão

É percebido que “Devido ao rápido avanço tecnológico e às constantes e crescentes mudanças dos produtos, o ciclo de vida desses diminui muito, principalmente da área de equipamentos eletrônicos, máquinas e da área de informática” (HONG, 2010, p. 44).

O inadequado gerenciamento dos resíduos sólidos e o descarte inadequado de produtos podem trazer consequências imediatas ao meio ambiente.

Para se entender os impactos de um produto no meio ambiente ou os seus retornos e custos financeiros ou estratégias a serem utilizadas em relação ao produto, é importante entender o seu ciclo de vida (HONG, 2010, p. 44). Do ponto de vista mercadológico, o ciclo de vida de um produto é dividido em estágios: Lançamento, Crescimento, Maturação e Declínio (BALLOU, 2006, p. 75).

A Figura 8 mostra uma relação entre tempo e volume de vendas nos estágios em que o produto “nasce”, “cresce” e “morre” após o seu declínio ou obsolescência.

Figura 8 – Curva Generalizada do ciclo de vida de um produto

Fonte: (BALLOU, 2006, p.76).

O estágio de lançamento compreende geralmente um período deficitário para a empresa em relação ao produto, pois estão contidos todos os custos de criação do produto até sua disposição no mercado, por isso a curva inicia de um ponto baixo em relação ao volume de vendas.

Segundo Ballou (2006, p. 75), “O estágio de lançamento ocorre

imediatamente após a introdução de um novo produto no mercado. As vendas ainda não estão em nível elevado porque a aceitação do produto ainda não é generalizada”. Nos níveis de crescimento e maturidade, os retornos financeiros em relação ao produto tendem a ser maiores, conforme a Figura 8. Porém, possivelmente pela entrada de outros produtos com melhor tecnologia pela concorrência ou desinteresse dos clientes, há o período de declínio do produto (BALLOU, 2006, p. 76).

A curva generalizada de um produto não é uma “lei” onde todos os produtos terão que passar por todos esses estágios, há produtos como a Coca-Cola original que está em sua fase de maturidade apesar de estar no mercado desde o século XIX (BALLOU, 2006, p. 76).

Fruto da crescente competitividade do mercado global, desenvolvimento mais rápido e da flexibilização dos processos de manufatura, hoje há uma grande variedade de produtos em disposição no mercado e mais produtos sendo lançados todos os dias (NOVAES, 2007, p. 189).

De um lado, pensar na crescente variedade de produtos beneficia bastante financeiramente o consumidor (NOVAES, 2007), contudo a redução do ciclo de vida

do produto sem uma boa gestão deste ciclo pode ser um atenuante ao acúmulo de lixo.

Segundo Hong (2010), os produtos estão se tornando obsoletos rapidamente e sua vida útil diminuindo muito, principalmente pela rápida resposta do mercado em atualizações dos produtos em períodos curtos ou lançamento de produtos inteiramente novos.

Contudo, Novaes (2007, p. 190) afirma que a maioria dos produtos tem um ciclo de vida consideravelmente longo, principalmente os produtos ditos como funcionais, porque o fator preponderante de compra está em relação à função do produto.

São exemplos de produtos funcionais: sapatos masculinos, meias, lingerie. Em contrapartida há produtos que têm um ciclo de vida menor, como é o exemplo de CDs de músicas popular, brinquedos, bijuterias etc. (NOVAES, 2007, p. 190).

As demandas para produto funcionais são mais previsíveis, contudo, os produtos inovativos têm sua previsão de demanda bem mais difícil por um período relativamente curto e o processo de produção bem apertado (NOAVES, 2007, p. 191).

Figura 9 – Características de comercialização de produtos funcionais e inovativos

Fonte: (NOAVES, 2006, p. 191).

Conforme a Figura 9, o ciclo de vida dos produtos inovativos é bem mais curto do que os produtos funcionais, contudo sua margem é bem maior.

No entanto, as empresas precisam entender o impacto da geração de lixo por produtos de ciclos de vida curtos, pois já “Existe uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos” (LACERDA, 2006, p. 02), o que leva a pensar que é essencial como empresa entender todo o ciclo de vida do produto. Contudo, a vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente (LACERDA, 2006, p. 03).

O ciclo de vida é um conceito abrangente, pois estuda o bem ou serviço durante todos os seus estágios, seja ele de produção, comercialização, desde a origem dos recursos no meio ambiente até a sua disposição final, após o uso ou consumo (BARBIERI, 2011, p. 239).

Lacerda (2006) afirma que por trás do conceito de logística reversa há um conceito mais amplo que é o do “ciclo de vida”.

Conforme Hong (2010), quando se pensa em cadeia de suprimentos é necessário entender sobre o ciclo de vida de um produto, para assim poder tomar decisões mais consistentes em relação ao produto, seja ele referente ao marketing ou em relação à logística.

Segundo Lacerda (2006, p. 03),

Do ponto de vista financeiro, fica evidente que, além dos custos de compra de matéria-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui também outros custos que estão relacionados a todo o gerenciamento do seu fluxo reverso. Do ponto de vista ambiental, essa é uma forma de avaliar qual o impacto de um produto sobre o meio ambiente durante toda a sua vida.

O tempo de resposta de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo processamento. (BARBIERI, 2011, p. 241)

Tempos de respostas longos acabam aumentando custos desnecessários que atrasam a geração de caixa (pela venda da sucata, por exemplo).

A capacidade do fabricante de ter controle sobre o ciclo de vida do seu produto tende a diminuir à medida que os agentes envolvidos encontram-se mais distantes dele. (BARBIERI, 2011, p. 241)

Os impactos gerados pelos produtos do berço ao túmulo não podem depender somente de grandes empresas (BARBIERI, 2011, p. 241). Para isso,

existem modelos de gestão ambiental capazes de adotar a prevenção da poluição sob diferentes enfoques ou diminuir os impactos de um produto com o aumento do ciclo daquele produto.

Figura 10 – Ciclo de vida de um produto contemplando atividades de reuso, reparo e reciclagem

Fonte: Barbieri (2011, p. 243).

A base para a redução de perdas e de poluição ao longo do ciclo é a filosofia conhecida por 6 Rs, onde se entende que havendo as atitudes mencionadas de Repensar, Reparar, Reusar, Reduzir, Reciclar e Substituir, poderá haver ações sustentáveis em relação a todo o ciclo de vida do produto (BARBIERI, 2011, p. 242).

Os 6 Rs nasceram a partir de um conceito básico chamado de matriz das atitudes, que por sua vez contempla apenas os 3 Rs principais.

Segundo Donato (2008), “Essas atitudes são denominadas matriz dos três erres, matriz das atitudes ou somente 3Rs, que são: Reduzir, Reciclar e Reutilizar”.

A palavra reduzir, segundo o dicionário Aurélio (2009), significa uma ação de tornar menos numeroso, tornar menor, limitar. Em uma visão ecológica é deixar de consumir, evitar o consumo ou propriamente diminuir sua utilização. A moderação do consumo é um caminho para a redução no impacto ambiental causado pelo descarte indevido.

Segundo Donato (2008), a redução do consumo se dá por uma política de consumo responsável e consumo consciente, onde isso consiste em uma mudança de comportamento dos usuários.

Barbieri (2007) afirma que reduzir pode estar ligado à redução do consumo de energia, de materiais e de impactos socioeconômicos ao longo do ciclo de vida do produto.

Já a reutilização está ligada ao aumento da vida útil do produto ou ao aumento do ciclo de vida do produto ou à reutilização de componentes ou partes do material utilizado, como por exemplo, a água utilizada para lavar frotas (DONATO, 2008). Para Barbieri (2007), a reutilização está em projetar produtos no intuito de facilitar a reutilização de partes e peças destes.

Podemos observar que “A Matriz dos Rs deve ser aplicada não só para os materiais e produtos novos, e sim em qualquer período do projeto, contratação, fabricação, movimentação e descarte de produtos e serviços” (DONATO, p. 19, 2008). Observa-se a utilização dos 3Rs para o ciclo de vida sustentável do produto desde sua origem até o seu descarte.

A Logística Reversa é uma grande aliada como instrumento na prática da gestão do ciclo de vida do produto. (BARBIERI, 2007, p. 243)

Figura 11 – Gestão do ciclo de vida: contribuição de diferentes segmentos de empresa

A figura 11 mostra o quão envolvido estão os setores de uma organização para uma boa gestão do ciclo de vida do produto.

Para entender os impactos ambientais de um produto ou serviço ao longo do seu ciclo de vida é necessário se fazer uma Avaliação do Ciclo de vida (ACV) que envolve basicamente 4 fases: Definição dos objetivos e escopo, Análise de inventário, Avaliação de impactos e a Interpretação (BARBIERI, 2007, p. 248)

Geralmente a ACV é feita por grandes empresas, capazes de custear os valores conforme uma ISO, mas há alternativas e métodos mais simples que diminuem a abrangência do ciclo de vida avaliando apenas um estágio ou dois (BARBIERI, 2007, p. 255).

Com a advento do marketing e da publicidade de massa induzindo o consumidor a uma necessidade artificial, cada vez mais uma obsolescência programada foi sendo introduzida no mercado (FERREIRA, K, P; KNOER, V, C, S. STELZER, J. 2015)

Obsolescência é a ação ou coisa que se encontra fora de uso, ultrapassado e Programação é ação humana de planejamento e execução do fora planejado. Conforme mesmo autor, a obsolescência programada surgiu como solução para crise de 29.

Contudo a obsolescência pode acontecer por funcionalidade, quando um novo produto executa melhor uma determinada função, por qualidade, quando o produto é projetado para quebrar ou por desejabilidade, quando o produto se torna antiquado ao surgimento de novos designers (FERREIRA, KNOER e STELZER, 2015) Tendo em vista os problemas ambientais e seus desafios, pensar em uma gestão sustentável, alternativas administrativas e tecnológicas para um suporte socioambiental é essencial para o planeta (BARBERIE, 2007, p.103).

Segundo Nascimento, Lemos e Melo (2008, p. 09), “As normas legais são cada vez mais restritivas, e mesmo os países menos preocupados com as questões socioambientais são pressionados a implantar leis que obriguem as organizações a se tornar ambientalmente corretas”.

Conforme Figura 12, as organizações são hoje pressionadas por três forças que influenciam os empresários: o governo, a sociedade e o mercado (BARBIERI, 2004, p. 103)

Figura 12 – Gestão ambiental empresarial – Influências

Fonte: Barbieri (2004).

Segundo Hong (2010, p. 45), “Os clientes/consumidores estão exercendo enorme pressão para a mudança das empresas [...] Devido à grande quantidade de informações e opções de que ele dispõe, fica cada vez mais criteriosa a análise de qual opção mais lhe convém”.

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