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Emaús: análise da cadeia de suprimentos de uma ONG sob a ótica sustentável da matriz das atitudes

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ANDRÉ DOURADO CUNHA

EMAÚS: ANÁLISE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE UMA ONG SOB A ÓTICA SUSTENTÁVEL DA MATRIZ DAS ATITUDES

FORTALEZA – CE 2019

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ANDRÉ DOURADO CUNHA

EMAÚS: ANÁLISE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE UMA ONG SOB A ÓTICA SUSTENTÁVEL DA MATRIZ DAS ATITUDES

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceara, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Orientador: Professor Dr. Cláudio Bezerra Leopoldino.

FORTALEZA – CE 2019

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ANDRÉ DOURADO CUNHA

EMAÚS: ANÁLISE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE UMA ONG SOB A ÓTICA SUSTENTÁVEL DA MATRIZ DAS ATITUDES

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceara, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Aprovada em ____/____/_______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Prof. Dr. Cláudio Bezerra Leopoldino (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________________ Prof. Dr. Jocildo Correia Neto

Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Carlos Murakami

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A Deus. À minha família.

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AGRADECIMENTOS

Acredito que ninguém vive neste mundo de forma tão isolada que não consiga reconhecer o valor daqueles que fazem parte da sua vida, principalmente quando se está diante dos desafios. Acredito que sempre precisamos de pessoas e que pessoas precisam de nós para seguir seus caminhos e alcançar àquilo que almejam;

No final, nossos propósitos visam o bem do próximo, pois não haveria o porquê termos sonhos e glórias, se não fosse para compartilhar com quem amamos. Agradeço a Deus por ser dono dos meus sonhos e por até aqui ter me ajudado, trazendo paz ao meu coração e força para continuar todos os dias.

Dedico e deixo meu agradecimento aos meus queridos pais José Aldenor Nunes Cunha e Ana Célia Dourado Cunha, por serem minha base, meu porto seguro, por serem meus animadores, por terem me ensinado algo que nenhuma entidade ou instituição poderia ensinar de forma prática, sobre amor e valores eternos.

Aos meus irmãos mais velhos, Anderson Dourado Cunha e Andreia Dourado Cunha, por acreditarem em mim e sempre estarem ao meu lado.

Agradeço a está instituição UFC/FEAAC que sempre me acolheu de uma forma espetacular e aos meus grandes mestres-professores por me possibilitarem uma nova visão de mundo.

Agradeço ao Professor Cláudio Bezerra Leopoldino, por fazer possível com a sua orientação, a conclusão deste trabalho e por acreditar na ideia desta pesquisa desde o início.

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“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” I Co:13:1

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RESUMO

Diante das preocupações do consumidor mundial pelo modo de produção sustentável e um consumo consciente, além das preocupações que giram em torno dos resíduos sólidos e seus impactos para o ambiente e a sociedade, cada vez mais se buscam alternativas para um descarte adequado de materiais. Este trabalho tem como objetivo analisar a cadeia de suprimentos de uma ONG sob a ótica da matriz das atitudes. A matriz das atitudes ou 3 Rs como também é conhecida, visa ser uma alternativa para diminuição dos impactos socioambientais causados pelo descarte inadequado de materiais. Neste contexto, se destaca o papel da ONG EMAÚS Vila Velha (Fortaleza-CE), como um agente que promove a redução, reutilização e a reciclagem de produtos e materiais de pós consumo. O presente estudo se utilizou de uma pesquisa de natureza descritiva e tomou por estudo de caso a ONG supracitada. A coleta de dados se deu por uma observação não participante e por entrevistas com membros-chave da organização. Com base em um referencial teórico, está pesquisa buscou entender a cadeia de suprimentos da ONG EMAÚS do ponto de origem até o seu ponto de descarte com o intuito de se fazer uma análise crítica da utilização dos 3 Rs em seus

processos e apontar melhorias. Como resultado, se obteve um maior entendimento

da cadeia de suprimentos da ONG. Pôde-se entender como funcionam os processos da instituição em cada etapa da coleta ao descarte e entender os gargalos e limitações encontradas na instituição, orientando assim a novas pesquisas. Observou-se que há práticas que podem ser mais eficientes em relação à reutilização e reciclagem de materiais que chegam a instituição. Constatou-se ainda que a ONG tem muito a crescer e pode aumentar sua atuação em termos de escala.

Palavras-chave: Redução, reutilização e reciclagem. Matriz das atitudes. 3 Rs.

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ABSTRACT

In the face of the concerns of the world consumer by the mode of sustainable production and a conscious consumption, beyond the worries that take place around the solid waste and its impact into the environment and into the society, more and more alternatives are sought for a proper disposal of materials. This work has as an objective to analyze the chain of supplies from an ONG under the optics of a matrix of attitudes. The matrix of attitudes or 3 Rs as it is also known, aims to be an alternative for the reduction of the socio-environmental impacts caused by the inappropriate disposal of materials. In this context, the role of the ONG EMAÚS Vila Velha (Fortaleza-Ce) takes place as one agent who promotes the reduction, the reuse and the recycling of the post-consumer products and materials. The present study used itself of a research of descriptive nature and took by study of case the ONG mentioned previously. The collection of data was performed by a non-participant observation and by interviews with key members of the organization. Based in a theoretical reference, this research sought to understand the chain of supplies of the ONG EMAÚS from the point of origin until its points of disposal with the intention to do a critical analysis of the use of the 3Rs in its processes and in order to point the improvements. As a result, it was obtained a greater understanding of the chain of supplies of the ONG. It was possible to understand how the processes of the institution in each step of the collection to the disposal work and to understand the bottlenecks and the limitations found in the institution, guiding this way to new researches. It was observed that there are practices that can be more efficient in relation to the reuse and recycling of materials that reach the institution. It was also verified that the NGO has a lot to grow and can increase its performance in terms of scale.

Keywords: Reduction, reuse and recycling. Matrix of attitudes. 3 Rs. Urban solid waste. Sustainability.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Elementos básicos da logística ... 34

Figura 2 – Fluxos logísticos ... 35

Figura 3 – A evolução da logística para cadeia de suprimentos ... 36

Figura 4 – A cadeia de suprimentos imediata da empresa. ... 37

Figura 5 – Representação esquemática dos processos ... 38

Figura 6 – Atividades típicas do processo logístico reverso. ... 39

Figura 7 – Fatores críticos para a eficiência do processo de logística reversa. ... 40

Figura 8 – Curva Generalizada do ciclo de vida de um produto ... 45

Figura 9 – Características de comercialização de produtos funcionais e inovativos . 46 Figura 10 – Ciclo de vida de um produto contemplando atividades de reuso, reparo e reciclagem ... 48

Figura 11 – Gestão do ciclo de vida: contribuição de diferentes segmentos de empresa ... 49

Figura 12 – Gestão ambiental empresarial – Influências ... 51

Figura 13: Organograma da ONG EMAÚS ... 58

Figura 14 – Atividade logística reversa modificado pelo autor. ... 60

Figura 15 – Cadeia de suprimentos do ponto de origem até o ponto de descarte da ONG EMAÚS. ... 64

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AEM Avaliação Ecossistêmica do Milênio

ACV Avaliação do Ciclo de Vida

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

GEE Emissão dos Gases de Efeito Estufa

3 R’s Reduzir, Reutilizar e Reciclar

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 17 1.1 Problema de pesquisa ... 22 1.2 Objetivos da pesquisa ... 22 1.2.1 Objetivo Geral ... 22 1.2.3 Objetivos Específicos ... 23 1.3 Justificativas ... 23 1.4 Metodologia utilizada ... 24 1.5 Organização do trabalho ... 25 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 27

2.1 Histórico das preocupações sociais e ambientais... 27

2.2 Logística, cadeia de suprimentos e logística reversa ... 30

2.2.1 Logística ... 30

2.2.2 Cadeia de Suprimentos ... 36

2.2.3 Logística Reversa... 38

2.3 RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) ... 42

2.4 Ciclo de vida dos produtos e a matriz das atitudes em uma gestão ambiental... 44

3. METODOLOGIA ... 51

3.1 Caracterização da pesquisa ... 52

3.2 Coleta de Dados ... 52

3.3 Tratamento de Dados ... 54

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 55

4.1 Histórico e motivações para criação da ONG EMAÚS ... 55

4.1.1 Estrutura e missão da ONG ... 57

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4.2.2 Recondicionamento e Reutilização - O papel do almoxarifado e as

oficinas na instituição ... 61

4.3 Fluxos dentro da organização sob a luz dos 3Rs ... 65

4.4 Pontos de melhoria observados ... 65

4.4.1 Ter bons controles de Entrada ... 65

4.4.2 Mapear e formalizar processos ... 66

4.4.3 Reduzir o tempo de resposta de ciclo ... 66

4.4.4 Implementar sistemas de informação acurados ... 67

4.4.5 Planejar a rede logística ... 67

4.4.6 Aprofundar as relações colaborativas entre clientes e fornecedores ... 68

5 CONCLUSÃO ... 69

REFERÊNCIAS ... 71

APÊNDICE A – FOTOS DAS VISITAS AO EMAÚS ... 75

APÊNDICE B – TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS ... 76

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1. INTRODUÇÃO

Em meio a um mundo que sofre as consequências negativas da utilização não sustentável dos recursos do ambiente e seus ecossistemas pelos meios de produção, com emissão de gases de efeito estufa e grande utilização de combustíveis fósseis, cada vez mais cresce a preocupação social e ambiental (ALMEIDA, 2007).

Os males causados pela forma de produção não sustentável têm sido evidentes com o advento das secas, aumentos da temperatura no globo, poluição do ar, entre outras degradações das quais a natureza não consegue se recuperar no mesmo ritmo que o consumo dos seus recursos (CAMPOS et al., 2007; DONATO, 2008).

Em virtude destes impactos negativos, os países têm se posicionado de forma a combater estes problemas tão evidentes relacionados a questões socioambientais (NASCIMENTO; LEMOS; MELO, 2008).

Segundo Nascimento, Lemos e Melo (2008, p. 09), “As normas legais são cada vez mais restritivas, e mesmo os países menos preocupados com as questões socioambientais são pressionados a implantar leis que obriguem as organizações a se tornar ambientalmente corretas”.

Conforme o mesmo autor, as organizações que não produzem de forma a se importar com a sociedade e com o meio ambiente estão fadadas a encontrar barreiras legais e sociais para o consumo de seus produtos.

A Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), ou do original em inglês Millennium Ecosystem Assessment (MA) é um projeto de 2001 criado pelas nações unidas com o intuito de avaliar a saúde dos ecossistemas do planeta e sua relação com o bem-estar humano. (RELATÓRIO AEM, 2001)

A aplicação da AEM mostra que os miseráveis sofrem danos em alguns casos irreversíveis, em itens como água, pesca, regulação climática, controle de enchentes e desastres naturais e epidemias (RELATÓRIO AEM, 2001).

Com isso, se entende que os conceitos usados para mensurar o bem-estar estão intimamente ligados aos conceitos de qualidade de vida. (RELATÓRIO AEM, 2011).

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Conforme o mesmo relatório, se afirma que para que haja desenvolvimento sustentável, devem ser considerados fatores sociais, ecológicos e econômicos dentro de perspectivas de curto, médio e longo prazo.

No Brasil, houve preocupações sociais ao longo da história pelos seus governantes e legisladores. Segundo Reis (2007, p. 07), “[...] isso se comprova com facilidade, por meio da leitura das Cartas Constitucionais do país, que mostram o interesse pelo social, sendo a mais abrangente das constituições a de 1988”.

Segundo Almeida (2007, p. 17), “As degradações do ambiente e suas consequências são percebidas de forma inversamente proporcional à classe social”. O que nos remete a pensar que os mais pobres sentem de forma maior as consequências de um modo de produção não sustentável.

Um agravante é que no mundo há uma crescente no consumo e na produção de materiais e, por consequência, maior lixo produzido (CAMPOS et al., 2007). Neste contexto, torna-se necessária a criação de alternativas para reduzir os impactos da geração de resíduos e uma disseminação cultural voltada a um consumo consciente.

Hoje o problema com o lixo gerado é muito grande e prejudicial à qualidade de vida da sociedade e ao meio ambiente, sendo a geração dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) um dos maiores desafios da sociedade moderna (CAMPOS et al., 2007). Neste cenário, por exemplo, “A maioria dos produtos eletroeletrônicos ainda não recebe espécie alguma de tratamento e são depositados em aterros sanitários ou lixões” (GUIMARAES, 2003 apud KOBAL et al., 2013).

Segundo Leite (2009, p. 14), “O ciclo de vida mercadológico dos produtos se reduz em virtude da introdução de novos modelos, que tornam os anteriores ultrapassados em consequência de seu próprio projeto, pela concepção de ser utilizado uma única vez [...]”. Se afirma que “O acelerado ímpeto de lançamento de inovações no mercado cria um alto nível de obsolescência desses produtos e reduz seus ciclos de vida, com clara tendência à descartabilidade”. (LEITE, 2009, p. 39).

Segundo Santos e Souza (2010), o avanço da tecnologia provoca um maior consumo de equipamentos mais modernos; gerando, assim, um crescente na produção do lixo. Os produtos parecem estar cada dia mais descartáveis, o que é algo preocupante para um contexto social que se ausenta de uma consciência de consumo.

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A obsolescência programada gerada pela indústria é responsável por uma série de problemas ambientais, em especial pelo aumento do descarte de resíduos sólidos (FERREIRA, K, P; KNOER, V, C, S; STELZER, J, 2015).

Conforme mesmo autor, a obsolescência é a ação ou coisa que se encontra fora de uso, ultrapassado e Programação é ação humana de planejamento e execução do que foi estabelecido. A obsolescência programada é o ato de planejar a durabilidade de um produto em um tempo ou quantidade de utilização determinado.

Diante da crescente criação de lixo pela sociedade é essencial salientar a importância de medidas que diminuam os impactos ambientais por parte das indústrias e organizações.

É necessário medidas como a utilização da logística reversa por parte das organizações, a qual Donato (2008) afirma ter sido grande parceira na diminuição dos impactos ambientais causados ao longo do ciclo de vida de um produto, já que viabiliza a devolução do produto para uma nova produção onde serão reaproveitados.

Segundo o mesmo autor, práticas como a logística reversa dentro das organizações vão ao encontro de um pensamento voltado ao consumo consciente. Tais práticas podem trazer ao cliente a certeza de poder fazer um descarte adequado após o consumo.

Conforme Santos e Souza (2010), 70% dos metais pesados (mercúrio, berílio, chumbo e cádmio) são encontrados em lixões, sendo essas substâncias provenientes de equipamentos e componentes eletrônicos.

A forma de descarte de alguns produtos traz danos irreversíveis para o ambiente, como por exemplo, os componentes eletrônicos que possuem substâncias químicas tóxicas para o homem e para o solo (KOBAL et al., 2013). Assim, pode-se afirmar que o descarte errado do lixo pode trazer prejuízos gigantescos quando liberados no meio ambiente, podendo contaminar o solo, poluir lençóis freáticos e colocar em risco a saúde pública.

Atualmente, apenas 13% do lixo eletroeletrônico dos países em desenvolvimento são recolhidos para reciclagem com ou sem procedimentos de segurança. (KOBAL et al., 2013)

Diante das degradações do ambiente e ulteriores consequências para a sociedade, Donato (2008) afirma que apenas reciclar não resolve o problema da

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agressão ambiental desenfreada, além disso é preciso evitar o consumo ou consumir de maneira consciente para que se tenha um efeito mais abrangente.

Partindo dessa preocupação, pode-se observar que existem hoje atitudes preventivas quanto a esses impactos no ambiente e consequentemente para o ser humano. São atitudes que podem ser tomadas individualmente ou no coletivo. Segundo Donato (2008), “[...] essas atitudes são denominadas matriz dos três erres, matriz das atitudes ou somente 3Rs, que são: Reduzir, Reciclar e Reutilizar”.

A palavra reduzir, segundo o dicionário Aurélio (2009), significa uma ação de tornar menos numeroso, tornar menor, limitar. Em uma visão ecológica é deixar de consumir, evitar o consumo ou propriamente diminuir sua utilização. A moderação do consumo é um caminho para a redução no impacto ambiental causado pelo descarte indevido.

Para Bauman (2008, p. 37) “o consumo é uma condição, e um aspecto, permanente e irremovível sem limites temporais ou históricos; um elemento inseparável da sobrevivência biológica que nós humanos compartilhamos[...]”

Segundo Donato (2008), a redução do consumo se dá por uma política de consumo responsável e consumo consciente, onde isso consiste em uma mudança de comportamento dos usuários.

O comportamento do consumidor é definido como “[...] o estudo dos processos envolvidos quando indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazerem necessidades e desejos”. (SOLOMON, 2016, p. 30)

Conforme o mesmo autor, nossas opiniões e desejos são moldados por uma mistura de opiniões provenientes do mundo à nossa volta, fazendo da cultura uma parte importante para determinação de um comportamento.

Uma mudança de comportamento está intimamente ligada a uma mudança de cultura, que por sua vez é constituída de valores geracionais que nascem de opiniões que o indivíduo possui ao longo da sua vida. Portanto, uma mudança de comportamento é uma mudança de cultura.

A reciclagem propicia vantagens, como a preservação de recursos naturais, economia de energia, economia de transporte, geração de emprego e renda e, principalmente, a conscientização da população para as questões ambientais (SOUZA, 2005 apud CARVALHO, 2006).

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Já a reutilização está ligada ao aumento da vida útil do produto ou ao aumento do ciclo de vida do produto ou à reutilização de componentes ou partes do material utilizado, como por exemplo a água utilizada para lavar frotas (DONATO, 2008).

Podemos observar que “A Matriz dos Rs deve ser aplicada não só para os materiais e produtos novos, e sim em qualquer período do projeto, contratação, fabricação, movimentação e descarte de produtos e serviços” (DONATO, 2008, p. 19). No mundo, cada vez mais se vislumbra o empreendedorismo social, que são empresas que têm objetivos de gerar lucro e de promover prosperidade social e ambiental, tendo como uma tendência o valor do produto e não o preço propriamente dito (SAVITZ; WEBER, 2007).

Diversas Organizações Não Governamentais – ONGs fazem parte do que se refere ao terceiro setor, são inciativas privadas que têm um grande papel social e ambiental (DUARTE, 2008). Em Fortaleza, uma destas instituições é o Movimento EMAÚS.

A ONG EMAÚS atua diretamente na reutilização e reciclagem de materiais de pós-consumo, buscando formas de atuar como um agente social e ambiental na busca de uma menor geração de lixo (RELATÓRIO EMAÚS, 2017).

O estudo sobre os fluxos logísticos nas organizações, particularmente nas instituições sem fins lucrativos, desperta questionamentos a respeito do seu funcionamento, sustentabilidade e eficiência das operações.

A ONG EMAÚS, atua com maior ênfase nos bairros Barra do Ceará, Vila Velha e adjacências, exerce seu papel na sociedade obtendo materiais que outrora seriam descartados no ambiente, muitas vezes de forma inadequada, o que geraria maior volume de lixo e comprometeria o ambiente.

A ONG também se preocupa em oferecer cursos de empreendedorismo social e disseminar uma consciência ecológica junto a comunidade (RELATÓRIO EMÁUS, 2017).

A organização é contra a ideia de um consumismo sem uma consciência socioambiental, o que se adéqua a uma atitude de reduzir o consumo. Recebem materiais distintos como: roupas, livros, brinquedos, eletrônicos, móveis, entre outros, que provavelmente seriam descartados ao lixo convencional.

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O EMAÚS recebe os materiais e trabalha de forma a reaproveitar o que foi doado para que possa ser vendido a um preço acessível, além de promover projetos sociais vinculados à ideia de sustentabilidade, visando uma maior qualidade de vida para o ser humano (RELATÓRIO EMAÚS, 2017).

1.1 Problema de pesquisa

Na sociedade, observam-se as preocupações e as grandes problemáticas socioambientais que ocorrem com o acúmulo de lixo nos aterros e com a falta de alternativas viáveis para um descarte adequado de materiais de pós-consumo. (KOBAL et al., 2013)

Tendo em vista os ganhos socioambientais com a utilização do conceito da matriz das atitudes em uma cadeia de suprimentos, onde Donato (2008) afirma que o conceito deve ser aplicado em todo o período do projeto desde a fabricação ao descarte, a pesquisa se detém a analisar a cadeia da ONG EMAÚS utilizando o conceito dos 3Rs para entender se de fato esse conceito é aplicado à cadeia de suprimentos da ONG.

A percepção do conceito dos 3Rs e sua eficiência na ONG EMAÚS se torna necessária, tendo em vista a contribuição socioambiental de uma destinação adequada e reutilização de itens de pós-consumo. Com isso, um dos objetivos é evidenciar pontos relevantes nos processos já instalados dentro da ONG e, então, propor possíveis melhorias.

Evidencia-se, portanto, a questão orientadora desta pesquisa: Que elementos de logística reversa poderiam ser implementados junto a ONG EMAÚS para melhorar sua cadeia de suprimentos, levando em consideração a ótica da Redução, Reutilização e Reciclagem?

1.2 Objetivos da pesquisa

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar a cadeia de suprimentos da ONG EMAÚS levando em consideração os conceitos de Redução, Reutilização e Reciclagem que acontecem com os materiais de pós-consumo durante o processo até o seu descarte final.

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1.2.3 Objetivos Específicos

• Apresentar o histórico e as motivações para criação da ONG;

• Descrever a cadeia de suprimentos da ONG EMAÚS do ponto de origem até seu ponto descarte;

• Fazer uma avaliação crítica sob a luz dos 3Rs dos fluxos que ocorrem dentro da Organização;

• Apontar possíveis pontos de melhoria para maior eficiência na reutilização e reciclagem de materiais.

1.3 Justificativas

Tomando por base as preocupações do consumidor mundial pelo modo de produção sustentável e o consumo consciente, além das preocupações que giram em torno dos resíduos sólidos e seus impactos para o ambiente e a sociedade, cada vez mais se buscam alternativas para um descarte adequado de materiais, principalmente os materiais ditos de pós-consumo.

Segundo Leite (2009), os materiais de pós-consumo são materiais destinados ao descarte, mas que também podem voltar ao centro produtivo através de um fluxo reverso.

Conforme o mesmo autor, a sociedade tem mirado seus “olhos” em questões socioambientais, entendendo que os recursos são limitados e impactam diretamente na qualidade da vida humana.

Em relação aos eletroeletrônicos, por exemplo, a sociedade gera cerca de 50 milhões de toneladas desses resíduos por ano. Segundo pesquisa feita pela Dell, “[...] apenas 10% dos computadores de todo o mundo são destinados à reciclagem” (KOBAL et al., 2013).

As preocupações em relação aos resíduos sólidos e seus impactos quando não são bem remanejados ou descartados, assim como formas criativas e inovadoras de serem reutilizados diminuindo os impactos socioambientais, foram os motivos que levaram a escolher o tema deste trabalho.

A ONG EMAÚS “vende” a imagem de que atua nos pilares Social e Ambiental, no social desenvolvendo pessoas e uma consciência coletiva, e no

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ambiental oferecendo alternativas criativas para o reaproveitamento dos materiais (RELATÓRIO EMAÚS, 2017), pensando na melhoria da qualidade de vida em nosso ambiente com a proposta dos 3Rs, que nos induzem a reduzir o consumo de cada recurso, reutilizar e reciclar sempre que possível.

Observa-se, conforme Donato (2008), que os impactos ambientais causados ao longo do ciclo de vida dos produtos podem ser minimizados com ações que visam uma reutilização dos materiais.

Evidencia-se, portanto, a necessidade de abordar o tema em questão diante da relevância de alternativas de reutilização de materiais de pós-consumo oferecidos pela ONG EMAÚS.

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1.4 Metodologia utilizada

A metodologia se caracteriza como o estudo científico dos métodos, que, por sua vez, tem o propósito de indicar ao pesquisador o caminho para investigar a verdade (SCHLITTLER, 2008).

Como método que melhor se adéqua aos objetivos do presente estudo, utilizou-se um estudo de caso único, que, segundo Yin (2005), tem o objetivo de se fazer uma investigação empírica, sendo um método abrangente que busca o planejamento da coleta e da análise dos dados.

Esta pesquisa é um estudo de caso de modo descritivo e sua abordagem é qualitativa.

A pesquisa é de natureza descritiva, pois é uma investigação cujo objetivo é analisar e conhecer de forma mais aprofundada as questões de um determinado fenômeno, na qual se pode encontrar descrições qualitativas e quantitativas. (MARCONI; LAKATOS, 2010).

Em relação à coleta de dados, houve uma observação não participante onde há o contato com a comunidade, mas não há uma integração com os mesmos nas atividades. (MARCONI; LAKATOS, 2010)

Ainda em relação à coleta de dados, pôde-se fazer entrevistas elaboradas a partir de um referencial teórico para se evidenciar o quanto a organização utiliza da matriz das atitudes em seus processos e fluxos logísticos.

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A visita inicial para obtenção dos dados da pesquisa foi feita em abril de 2018, sendo o primeiro contato por telefone obtido através de informações na internet. Foram feitas duas entrevistas com o então presidente da ONG, Reginaldo Barbosa de Oliveira, e Francisca Márcia Costa da Silva, responsável pelos assuntos sociais, que puderam esclarecer diversas questões sobre a organização e fornecer informações pertinentes para a pesquisa.

O objetivo das entrevistas foi entender melhor o fluxograma que há na cadeia de suprimentos da ONG em relação aos materiais, entre eletrodomésticos, refrigeradores, roupas, móveis, eletrônicos, quinquilharias e livraria. Além de poder entender melhor sobre os setores que funcionam dentro da organização, que são as áreas de Diretoria, Logística, Comercial, Tesouraria e Secretaria.

As entrevistas também tiveram o intuito de evidenciar a aplicação dos conceitos dos 3Rs ao longo da cadeia observada e o conhecimento por parte dos entrevistados em relação a este conceito, para assim poder compilar os resultados conforme os objetivos do presente estudo.

1.5 Organização do trabalho

A estrutura do trabalho foi dividida em 5 secções, onde a primeira seção trata da introdução, na qual se pode observar o conteúdo da monografia, assim como a problemática abordada, os objetivos, as justificativas, o caminho metodológico e a estrutura do presente estudo.

Na segunda seção são expostos os tópicos em relação ao referencial teórico em que o presente estudo se baseou, tendo contido nele um histórico sobre as preocupações sociais e ambientais, um tópico sobre logística e os seus conceitos, assim como a logística reversa e a cadeia de suprimentos, um tópico sobre os RSU, o ciclo de vida dos produtos e um tópico sobre o histórico da matriz das atitudes e seus benefícios para uma organização.

Na parte referente à terceira seção é tratada a metodologia utilizada para obtenção dos objetivos do presente estudo.

Na quarta secção se evidencia o estudo de caso com a ONG EMAÚS amor e cidadania, que é objeto desta pesquisa.

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A última seção apresenta a análise e as impressões gerais em relação à cadeia de suprimentos da ONG EMAÚS obtidas da pesquisa realizada na organização, para assim buscar evidenciar os objetivos propostos pelo presente estudo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo será abordado o referencial teórico que foi tomado por base para concretização dos objetivos propostos do presente estudo. Sendo assim, o referencial teórico estará dividido em 4 seções, onde cada uma delas nos possibilitará entender da melhor forma a importância do tema e suas implicações.

2.1 Histórico das preocupações sociais e ambientais

As questões ambientais têm sido um assunto discutido no mundo inteiro pelo seu cunho significativo na sociedade. As organizações com maior responsabilidade socioambiental reconhecem que não podem mais coexistir com o ambiente natural sem haver sustentabilidade.

Nascimento (2008) diz que o ambiente natural é uma variável “incontrolável” do macroambiente, pois uma organização nada pode fazer individualmente para mudar as circunstâncias originadas dessa variável.

Com essa afirmativa, podemos ratificar que, se por acaso acontecer um desastre natural ou alguma disfunção no ambiente, uma organização, assim como a sociedade, não poderá ficar inerte.

Também segundo o mesmo autor, existem variáveis que podem ser controladas e que dependem mais do grau de conscientização da organização em relação às questões ambientais. Não se pode evitar um desastre natural iminente, mas é possível tomar precauções quanto a alguns desses desastres.

Os primeiros registros que demonstram as preocupações ambientais datam de períodos antes de Cristo. Registros históricos de leis ambientais para a recomendação para a conservação de florestas foram encontrados em sítios arqueológicos na China antiga. Estes registros são datados do período da Dinastia Shou, que abrange entre 1100 a.C a 770 a.C. (DONATO, 2008, p. 21).

De acordo com o mesmo autor, filósofos gregos também já alertavam sobre a importância das florestas. Platão ratificava sobre a função das florestas como reguladoras do ciclo das águas e proteção dos solos contra a erosão.

Este autor explica também que “[...] o direito romano atribuía à fauna o conceito de res nullius (coisa sem dono), ou res derelictae (coisa abandonada), ou

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ainda res communes (coisa comum, acessível e suscetível de apropriação)”. (DONATO, 2008, p. 21, grifo nosso).

Este paradigma do Direito Romano passou por gerações no ocidente, perdurando até 1950, quando as consequências deste pensamento junto com o desenvolvimento desarticulado passaram a ser percebidas na forma de acidentes ambientais (DONATO, 2008).

Nascimento (2008, p. 57) afirma que:

A intensificação da industrialização, a exploração demográfica, a produção e o consumo desmedido, a urbanização e a modernização agrícola geraram desenvolvimento econômico, tendo como uma de suas consequências a degradação dos recursos naturais renováveis e não-renováveis, a poluição da água, do solo e do ar e o desenvolvimento de condições que propiciam os desastres ambientais.

O ápice da degradação ambiental foi junto à Revolução Industrial, onde a degradação do ambiente ficou mais acelerada do que sua capacidade de regeneração, o que causou desequilíbrio. A queda da qualidade de vida em algumas regiões do planeta foi fator determinante para maior atenção ambiental em 1950 (NASCIMENTO, 2008).

A crise ambiental manifestou-se em maior escala a partir da década de 1950, diante de alguns episódios como a contaminação do ar de Londres e Nova York, os casos fatais de intoxicação com mercúrio em Minamata e Niigata, a diminuição da vida aquática em alguns Grandes Lagos norte-americanos, a morte de aves provocadas pelos efeitos secundários imprevistos da utilização em grande escala do DDT e outros pesticidas e contaminação do mar, pelo naufrágio do petroleiro Torrey Canyon, em 18 de março de 1967[...]. (DONATO, 2008, p. 22)

Nascimento (2008) fala que na década de 1950 surgiram vários movimentos ambientalistas em diversos países e foram criadas agências governamentais e entidades não governamentais voltadas para a proteção ambiental. O tema poluição ganhou muito espaço em conferências nacionais e internacionais.

Na década de 1960, cresceram ainda mais as preocupações com os impactos das atividades do homem sobre o meio ambiente.

Dentre as diversas convenções e fenômenos que ocorreram no século XX estão a Oilpol 54, Solas, CLC 69, Convenção de Bruxelas, Convenção de Londres, Marpol 73/78, Convenção de Paris, Convenção de Viena, relatório Brundland, Protocolo de Kyoto, protocolo de Montreal, Estocolmo, Constituição de 88 e Agenda

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21 escrita após a Rio+92. Todas elas indicam de alguma forma a preocupação da sociedade em relação ao meio ambiente e ao social.

Conforme as grandes transformações sociais e fenômenos que ocorreram, alguns conceitos começaram a tomar mais forma: “O conceito de Desenvolvimento Sustentável surgiu no final do século XX, pela constatação de que o desenvolvimento econômico precisa levar em conta também o equilíbrio ecológico e a preservação da qualidade de vida” (DONATO, 2008, p. 25).

No Brasil, há registros que afirmam que já havia uma preocupação em relação ao ambiente desde o Período Colonial. As cartas enviadas para a Coroa diziam sobre a situação da colônia e sua derrubada desenfreada de madeira para plantações, embarcações da Coroa e particulares, o que levou à criação de leis que limitavam a derrubada. (DONATO, 2008)

As preocupações com o ambiente estão intimamente ligadas às preocupações sociais. Em 1950, as preocupações sociais ganharam força principalmente pela percepção da diminuição da qualidade de vida (DONATO, 2008). Para Reis (2007), a comprovação das preocupações com o social no Brasil é facilmente percebida por meio da leitura das cartas constitucionais do país.

Ademais, Reis (2007, p. 15) afirma que:

[...] a Constituição de 1988 consagrou as duas espécies de democracia do mundo moderno: a liberal, na qual as liberdades individuais são protegidas contra o abuso de poder dos governantes, e a social, cujo objetivo é eliminar as grandes desigualdades de condição de vida.

Segundo Almeida (2007, p. 17), “A percepção da degradação dos serviços ambientais é diferente nos diversos níveis socioeconômicos”. Conforme o mesmo autor, os impactos da degradação atingem a humanidade de modo inversamente proporcional à classe social.

A Rio +20 que ocorreu em 2012 veio para buscar soluções de desenvolvimento com a proteção aos ecossistemas (GOUVEIA, 2012).

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2.2 Logística, cadeia de suprimentos e logística reversa

Nesta seção será abordado um histórico sobre a evolução da logística, além de conceitos logísticos como parte de uma cadeia de suprimentos. Nesta seção serão expostos como funcionam os fluxos reversos de materiais e suas implicações socioambientais e econômicas.

O presente capítulo servirá de sustentação teórica para analisar a cadeia de suprimentos da ONG EMAÚS.

2.2.1 Logística

No senso comum, geralmente quando se pensa em logística, logo se imagina transportes e armazenagem, mas o escopo e a utilização da logística são bem mais abrangentes, sendo o transporte e a armazenagem apenas duas das atividades em relação à logística. (NOVAES, 2007)

O senso de logística como somente transportes e armazenagem surgiu entre as empresas pelo pensamento do valor de lugar que depende do “transporte do produto, da fábrica ao depósito, deste à loja e desta ao consumidor final” (NOVAES, 2007, p. 33).

Conforme Novaes (2007, p. 33), “O conceito básico de transporte é simplesmente deslocar matérias-primas e produtos acabados entre pontos geográficos distintos”.

Segundo o mesmo autor, embora fosse importante o transporte, o mesmo passou a não satisfazer às necessidades das empresas e consumidores.

Em períodos mais antigos, as mercadorias que se tinha maior necessidade não eram feitas nos lugares onde mais eram consumidas e nem estavam disponíveis nas épocas de maior procura (BALLOU, 2006).

Ballou (2006, p. 25) afirma que:

[...] à inexistência de sistemas desenvolvidos de transporte e armazenamento, o movimento das mercadorias limitava-se àquilo que a pessoa conseguia fazer por suas próprias forças, e os bens perecíveis só podiam permanecer guardados por prazos muito curto. Todo esse limitado sistema de transporte-armazenamento normalmente obrigava as pessoas a viver perto das fontes de produção e as limitava ao consumo de uma escassa gama de mercadorias.

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Em sua essência, a palavra logística tem origem militar, onde no período das grandes guerras os generais traçavam estratégias para que suas tropas fossem supridas com armamentos, munições e alimentação, com o objetivo de atacar o inimigo da melhor forma possível (MENEZES, 2012).

Segundo Hong (2010), o conceito de logística da década de 1940 foi utilizado pelos EUA em todo o processo de aquisição e fornecimento de materiais durante a Segunda Guerra Mundial.

Em um contexto militar, segundo Ballou (2006, p. 27), “[...] uma definição dicionarizada do termo logística é a que diz: o ramo da ciência militar que lida com a obtenção, manutenção e transporte de material, pessoal e instalações”.

A logística em um contexto militar se tornou tão importante que sua boa atuação poderia fazer a diferença na decisão dos vencedores em uma guerra.

Segundo Hong (2010, p. 09), “Antes mesmo de as empresas em geral se interessarem em administrar atividades logística de forma coletiva [...], os militares já haviam executado a mais bem planejada e sofisticada operação logística da história – a invasão da Europa”.

Na Segunda Guerra Mundial, era preciso se utilizar da logística para movimentar e manter uma grande quantidade de homens e suprimentos frente aos campos de batalha (LEITE, 2009).

A logística inclui todas as atividades importantes para disponibilização de bens e serviços aos consumidores quando e onde estes quiserem adquiri-los (BALLOU, 2006).

Algumas das atividades inerentes à logística hoje eram vistas pelas organizações como atividades de apoio que eram inevitáveis, como por exemplo, a estocagem de matéria-prima para manter uma continuidade de produção planejada (NOVAES, 2007).

Conforme o mesmo autor, as atividades inerentes a essas operações eram vistas pelos executivos como algo que não agregava valor ao produto, eram operações que atuavam de forma reativa e não proativa. Ou seja, não atuava de forma estratégica, mas apenas para atender demandas.

A logística empresarial com o passar do tempo mudou seu pensamento, entendendo o quão importante é a aplicação logística como um conceito que agrega

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valor a produtos e serviços para satisfação do consumidor e aumento de vendas (BALLOU, 2006).

Segundo Leite (2009), “A logística pode ser entendida como uma das mais antigas e inerentes atividades humanas na medida em que sua principal missão é disponibilizar bens e serviços gerados por uma sociedade, nos locais, no tempo, nas quantidades e na qualidade que são necessários para os utilizadores”.

Com esta definição, fica claro o escopo de atuação logística e, com isso, pode-se observar como as atividades logísticas podem agregar valor ao produto ou serviço.

A primeira ideia, conforme Novaes (2007), diz que um sistema logístico, por mais primitivo que seja, agrega valor a um produto ou serviço com a ideia do valor de lugar, que no conceito apresentado por Leite (2009) se refere aos bens e serviços que são disponibilizados nos locais necessários para os utilizadores.

Assim, observa-se o valor de lugar agregando valor ao produto quando se pensa, por exemplo, na compra de uma cerveja em um estádio no final de um campeonato, onde o preço do produto é muito superior ao que o consumidor poderia encontrar no supermercado (NOVAES, 2007, p. 32).

O fator tempo está ligado à tempestividade em que o produto ou serviço precisa ser realizado, por exemplo, em uma empresa que presta um serviço de festas infantis, o valor tempo se torna imprescindível para que esse serviço aconteça no dia do evento e no horário marcado, senão o serviço perderá valor.

Segundo Novaes (2007, p. 34), “[...] o fator tempo passou a ser um dos elementos mais críticos do processo logístico”. Conforme os outros aspectos de Quantidade e Qualidade percebidos no conceito, a quantidade está mais ligada com a ideia numérica das disposições dos materiais, enquanto a qualidade, por sua vez, corresponde à satisfação do cliente em relação à sua expectativa.

Segundo Kotler (2007, p. 05), “O valor para o cliente e a satisfação dele são componentes fundamentais do desenvolvimento e gestão de relacionamento com o cliente”.

Segundo o mesmo autor, clientes satisfeitos tendem a comprar novamente um produto, enquanto clientes insatisfeitos muitas vezes depreciam o produto ou a marca e passam a comprar do concorrente.

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No Quadro 1 se observa os diversos conceitos de qualidade, contudo o conceito em que Leite (2009) se refere ao falar de logística está intimamente ligado a um conceito voltado ao usuário.

Quadro 1- Abordagem da qualidade

ABORDAGEM DEFINIÇÃO FRASE

Transcendental

A qualidade é sinônimo de excelência inata. É absoluta e universalmente reconhecível. Dificuldade: pouca orientação prática.

"A qualidade não é nem pensamento nem matéria, mas uma terceira entidade independente das duas...Ainda que qualidade não possa ser definida, sabe-se que ela existe." (PIRSIG, 1974).

Baseada no Produto

Qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda dos atributos do produto. Corolários: melhor qualidade só com maior custo.

Dificuldades: nem sempre existe uma correspondência nítida entre os atributos do produto e qualidade.

"Diferenças na qualidade equivalem a diferenças nas quantidades de alguns elementos ou atributos desejados." AABBOTT, 1995).

Baseada no usuário

Qualidade é uma variável subjetiva. Produtos de melhor qualidade atendem melhor aos desejos do consumidor. Dificuldade: agregar preferências e distinguir atributos que maximizam a satisfação.

"A qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos..."(EDWARDS, 1968). "Qualidade é a satisfação das necessidades do consumidor...Qualidade é adequação ao uso." (JURAN, 1974).

Baseada na Produção

Qualidade é uma variável precisa e

mensurável, oriunda do grau de

conformidade do planejado com o executado. Esta abordagem dá ênfase a ferramentas estatísticas (Controle do processo). Ponto Fraco: foco na eficiência, não na eficácia.

"Qualidade e a conformidade às especificações" "...prevenir não-conformidade é mais barato que corrigir ou refazer o trabalho." (CROSBY, 1979).

Fonte: (COSTA; NASCIMENTO; PEREIRA apud PALADINI, 2006, p. 08).

A Council of Logistic Management (CLM) é um conselho especializado em cadeia de suprimentos e logística criado em 1962 por profissionais e estudiosos da área que definem logística como “[...] a parte do gerenciamento de cadeias de suprimento responsável pelo planejamento, implementação e controle, de modo eficiente e eficaz, do fluxo e armazenagem de produtos (bens e serviços) e informações relacionadas do ponto de origem até o ponto de consumo, com vistas ao atendimento das necessidades dos clientes” (FIGUEIREDO; FLEURY; WANKE, 2003, p. 28).

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Figura 1- Elementos básicos da logística

Fonte: Novaes (2007, p. 36)

A Figura 1 apresenta os elementos básicos que existem dentro do processo Logístico do ponto de origem ao ponto de destino.

Dentro do conceito sobre logística se inicia uma abordagem de gestão sobre planejamento, implementação e controle. Esta abordagem muito se assemelha às funções do administrador, que são de Planejar, Organizar, Dirigir e Avaliar (OLIVEIRA, 2012).

Então temos que “A logística começa pelo estudo e a planificação do projeto ou do processo a ser implementado” (NOVAES, 2007, p. 36).

Uma vez feito o planejamento, é necessário implementar o que foi planejado e levantar mecanismos de controle, que, devido à complexidade dos problemas logísticos, necessitam de um constante monitoramento e controle nos processos. (NOVAES, 2007)

No conceito de logística se indica que as funções expostas precisam ser eficientes e eficazes, o que evidencia que precisa haver um processo estruturado e que é necessário haver um resultado.

A eficiência não se preocupa com os fins, mas apenas com os meios, enquanto a eficácia se detém a atingir os objetivos, não se preocupando com os meios. (CASTRO, 2006)

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O transporte, a manipulação e estocagem devem ser feitos de maneira eficiente, com processos adequados e precisam ser eficazes de forma a dar resultados.

Figura 2 – Fluxos logísticos

Fonte: Novaes (2007, p. 37).

A Figura 2 mostra os fluxos que acontecem em relação à logística, onde mostra a logística agregando valor a partir do momento em que busca informação do mercado para atender a sua necessidade.

Segundo Novaes (2007, p. 37), “Todos esses elementos do processo logístico devem ser enfocados com um objetivo fundamental: satisfazer as necessidades e preferências dos consumidores finais”.

Contudo, Hong (2010) afirma que a movimentação de materiais e o fluxo de informação como um todo são realizados de forma segmentada. Como consequências do enfoque fracionado, podem haver ciclos logísticos de maior duração, custos logísticos elevados e nível baixo de serviço ao cliente. Além disso, há uma falta de profissionais que consigam planejar, executar e analisar de forma integrada todas as atividades logísticas.

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Figura 3 – A evolução da logística para cadeia de suprimentos

Fonte: (BALLOU, 2006, p. 30).

Haja vista a necessidade da integração das áreas envolvidas “[...] na produção, dimensionamento e layout de armazéns, alocação de produtos em depósitos, transportes, distribuição, seleção de fornecedores e clientes externos, surgindo um novo conceito que é conhecido como supply chain [...]”. (HONG, 2010, p. 02).

2.2.2 Cadeia de Suprimentos

Conforme se vê na Figura 3, com a evolução do conceito de logística, um termo mais abrangente surgiu, o de cadeia de suprimentos ou supply chain, que tem como objetivo integrar as atividades logísticas com as áreas da empresa para atuar de forma estratégica.

O objetivo dessa integração e gestão “[...] é maximizar o seu valor geral, que é a diferença entre o valor do produto final para o cliente final e o esforço realizado pela cadeia para atendê-lo” (BARBIERI, 2011, p. 240).

Para Ballou (2006, p. 29), “[...] a Logística/Cadeia de Suprimentos é um conjunto de atividades funcionais [...] que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual matérias-primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor”.

Para Hong (2010, p. 51), a cadeia de suprimentos é “[...] uma forma integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias, informações e recursos,

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desde os fornecedores até o cliente final, procurando administrar as relações na cadeia logística de forma cooperativa e para o benefício de todos os envolvidos”.

A Figura 4 mostra os canais físicos imediatos de suprimentos e a distribuição atuando em toda a cadeia até o cliente.

Figura 4 – A cadeia de suprimentos imediata da empresa.

Fonte: (BALLOU, 2006, p. 30).

Para Novaes (2007, p. 38), “O longo caminho que se estende desde as fontes de matéria-prima, passando pelas fábricas dos componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores e chegando finalmente ao consumidor através do varejista constitui a cadeia de suprimentos”.

Contudo, em termos logísticos, a vida de um produto não se encerra com a entrega ao consumidor, há também o fluxo reverso deste material, que pode ser devolvido por se tornar obsoleto, danificado, inoperante etc. (BALLOU, 2006).

Segundo Barbieri (2011, p. 240), “A aplicação de práticas de gestão ambiental na cadeia de suprimento implica considerar o ciclo de vida do produto, o que, vale dizer, implica considerar a gestão do ciclo de vida”.

Por fim, a cadeia de suprimentos só terá um fim em seu ciclo com o descarte final do produto (BALLOU, 2006).

Todavia, nem sempre uma organização consegue ter o controle de toda a cadeia ou ciclo de vida do produto, pois há outros agentes atuando, outras empresas atuando durante a cadeia (BARBIERI, 2011).

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2.2.3 Logística Reversa

Com base na visão sistêmica, a logística atua em 4 subsistemas dentro das empresas: um deles é a logística de abastecimento que consiste em compras, a logística de produção, Distribuição e a Logística Reversa (NOVAES, 2007).

Em sua história, “A Logística Reversa surgiu como um conceito de remanejamento de materiais e resíduos, cujo um dos principais objetivos é o recolhimento e a recolocação dos mesmos nos canais de distribuição [...]” (OLIVEIRA et al., 2012, p. 01).

Para Novaes (2007, p. 53), “A logística Reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar valor ou de disposição final”.

Segundo Lacerda (2006, p. 475), “[...] usualmente, pensamos em logística como o gerenciamento do fluxo de produtos de seu ponto de aquisição até seu ponto de consumo. No entanto, existe também um fluxo logístico reverso, do ponto de consumo até o ponto de origem [...]”.

Figura 5 – Representação esquemática dos processos direto e reverso

Fonte: Lacerda (2002).

Segundo Leite (2009), a logística reversa se divide em dois tipos: o de pós-venda (devoluções) e o de pós-consumo (descarte).

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Segundo o mesmo autor, os dois tipos podem voltar ao centro produtivo, por meio dos canais de distribuição, sejam eles reaproveitados ou consertados para revenda.

Os produtos de pós-venda se caracterizam por serem produtos que apresentaram algum tipo de defeito e precisam ser trocados, enquanto os de pós-consumo se caracterizam como produtos que não exercem sua funcionalidade ou estão obsoletos. (LEITE, 2009)

Como mostra a Figura 5, após ir ao consumidor pelo fluxo logístico direto, o produto ou material retorna pelo fluxo logístico reverso.

Geralmente, quando um produto perde sua característica básica de funcionamento ele é descartado, a logística reversa, por sua vez, traz a oportunidade de reutilização desse produto (LEITE, 2009).

De acordo com Kobal et al. (2013), “Em termos de logística reversa, o Brasil se destaca principalmente em relação à reciclagem e ao retorno ao centro produtivo de latinhas de alumínio”.

A logística reversa é uma ferramenta muito importante para minimizar os impactos da produção na natureza (DONATO, 2008), e tem sido grande parceira na diminuição dos impactos ambientais causados ao longo do ciclo de vida de um produto, já que viabiliza a devolução de materiais que serão reaproveitados para a produção.

Figura 6 – Atividades típicas do processo logístico reverso.

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Conforme a Figura 6, as atividades típicas do processo de logística reversa funcionam da seguinte maneira,

Os materiais podem retornar ao fornecedor quando houver acordos nesse sentido. Podem ser revendidos se ainda estiverem em condições adequadas de comercialização. Podem ser recondicionados, desde que haja justificativa econômica. Podem ser reciclados se não houver possibilidade de recuperação. Todas essas alternativas geram materiais reaproveitados, que entram de novo no sistema logístico direto. Em último caso, o destino pode ser seu descarte final (LACERDA, 2006, p. 478).

Para uma boa eficiência do processo logístico reverso, tem-se por base que é necessário levar em consideração os fatores críticos no processo de logística reversa conforme figura 7.

Entende-se que bons controles de entrada, processos padronizados e mapeados, redução de resposta de ciclo, sistemas de informação acurados, Rede logística planejada e relações colaborativas entre clientes e fornecedores são fundamentais para um bom fluxo reverso. (LACERDADE, 2006, p. 06).

Para que haja uma ótima eficiência dos materiais dentro de um fluxo reverso é necessário ter bons controles de entrada para que haja um fluxo reverso correto e mesmo impedir materiais que não devem entrar no fluxo (LACERDA, 2006, p. 06).

Péssimos controles de entrada geram retrabalho, o que faz aumentar os níveis de ineficiência e custo nos fluxos reversos.

Figura 7 – Fatores críticos para a eficiência do processo de logística reversa.

Fonte: NOVAES (2007).

Mapear e formalizar procedimentos corretamente são fundamentais para se obter controle e conseguir ter melhorias nos processos (LACERDADE, 2006).

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Esse é um fator crucial para uma organização ter uma melhoria contínua em seus procedimentos.

Conforme Lacerda (2006, p. 06), o “Tempo de resposta de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo processamento”.

Esse é o ponto em que se sabe o destino do produto, se ele será revendido, reutilizado, reciclado ou simplesmente descartado. Quanto mais tempestiva for essa identificação, maiores podem ser os ganhos em eficiência no processo reverso.

Implementar sistemas de informação acurados, está intimamente ligado a maior controle das informações dentro da organização. O maior propósito da coleta, manutenção e processamento de dados em uma organização é o seu auxílio para tomada de decisão em medidas estratégicas e operacionais. (BALLOU, 2006).

Planejar a rede logística também é um fator crítico no fluxo reverso de materiais para maior eficiência. Lacerda (2006, p. 481) afirma que “[...] a implementação de processos logísticos reversos requer a definição de uma infraestrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e os fluxos de saída de materiais processados”.

Aprofundar as relações colaborativas entre clientes e fornecedores é importante para que haja um aumento de confiabilidade entre as partes envolvidas.

No caso do varejo esse é um fator importante principalmente com produtos de pós-venda, onde as partes envolvidas tentam achar culpados para os problemas envolvendo o produto.

De acordo com Lacerda (2006, p. 06), “Fica claro que práticas mais avançadas de logística reversa só poderão ser implementadas se as organizações envolvidas na logística reversa desenvolverem relações mais colaborativas”.

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2.3 RSU (Resíduos Sólidos Urbanos)

Resíduos sólidos em geral são tudo o que chamamos de lixo e que podem ser reaproveitados de alguma forma; são sólidos ou semissólidos produzidos pelo homem ou pela natureza. (HEMPE e NOGUERA, 2011)

Com a RIO +20, as preocupações em relação ao desenvolvimento integrado com a preservação dos ecossistemas, entendeu-se que os RSU também são responsáveis por produzir GEE (Emissão de Gases de Efeito Estufa), ainda que se entenda que os principais GEE vêm da queima de combustíveis e da indústria (GOUVEIA, 2012).

Hoje são geradas cerca de 200 toneladas de resíduos diariamente pelo Brasil, sendo as regiões Sudeste e Nordeste as que mais geram resíduos (IBGE, 2008)1.

Os resíduos sólidos urbanos são divididos em materiais que podem ser recicláveis como: metais, papel, vidro, plástico, papelão e materiais orgânicos.

Conforme a Lei 12.305/2010, entende-se resíduos sólidos como:

[...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (Art 3º Inciso XVI).

Na mesma lei, no artigo 9º está previsto como medidas para minimizar os impactos da geração de resíduos para o ambiente: “[...] não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”.

As preocupações em relação à criação de resíduos vêm de bastante tempo, onde as primeiras experiências com resíduos sólidos aconteceram na Grécia com data de 500 a.C., momento em que os cidadãos organizaram o primeiro aterro municipal (EPA, 2003 apud FILARDI et al., 2007).

1 Dados retirados do site de artigo do IBGE. 2008. Disponível em:

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Contudo, as questões sobre o tratamento dos resíduos e sua maior preocupação só vieram ganhar força após as revoluções industriais, principalmente no século XX.

O mesmo autor afirma que “O problema dos resíduos sólidos na sociedade moderna foi agravado com o aceleramento do processo industrial que agregou às matérias-primas, retiradas da natureza, propriedades que a tornaram um elemento estranho ao sistema natural”. (FILARDI et al., 2007)

É percebido que “A sociedade de consumo, que caracterizou

principalmente a segunda metade do século XX, agregou a percepção humana uma visão equivocada do processo natural”. (FILARDI et al., 2007)

Para Firmeza (2008), as sociedades de consumo avançam de forma a destruir os recursos naturais para gerar bens de consumo que, por sua vez, se transformam em resíduos inevitáveis dos processos econômico-sociais de que dependemos.

Conforme o mesmo autor, “[...] embora o lixo seja um destes resíduos que causam grandes problemas ambientais, o seu reaproveitamento pode produzir muitos benefícios quanto à preservação dos recursos naturais, economia de energia, e geração de emprego e renda” (FIRMEZA, 2008, p. 75).

Contudo, “[...] no ambiente natural, as sobras de um organismo, ao se decompor, devolvem ao meio ambiente matérias que serão absorvidas por outros seres vivos, de modo que nada se perde. O mesmo não acontece com as sobras humanas” (BARBIERI, 2011, p. 19).

Nesta perspectiva, a forma de um resíduo gerado pela sociedade de consumo pode se comportar de forma sustentável quando é reciclado ou reaproveitado de alguma maneira.

Observa-se que “[...] o inadequado gerenciamento dos resíduos sólidos gera impactos imediatos no ambiente e na saúde, assim como contribui para mudanças climáticas” (GOUVEIA, 2012, p. 1503).

No Brasil, o serviço de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade do Rio de Janeiro, através do Decreto nº 3024 (VIEIRA et., al 2012).

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Conforme o mesmo autor, do ponto de vista histórico, o lixo passou a ser considerado algo que deveria ser removido das cidades por volta de 1779, mas ainda assim era primordialmente orgânico.

Os catadores, no Brasil, são considerados como os maiores responsáveis pelos altos índices de reciclagem de alguns materiais — latas de alumínio (73%) e papelão (71%) — colocando o país em posição de destaque no cenário mundial, sendo que as cooperativas vêm se transformando em empreendimentos cada vez mais rentáveis (CEMPRE, 2005).

Isso mostra a importância de alternativas para diminuição dos impactos causados pelo lixo no ambiente, com isso, se faz necessário ações como a matriz das atitudes. (DONATO, 2008)

2.4 Ciclo de vida dos produtos e a matriz das atitudes em uma gestão ambiental

É percebido que “Devido ao rápido avanço tecnológico e às constantes e crescentes mudanças dos produtos, o ciclo de vida desses diminui muito, principalmente da área de equipamentos eletrônicos, máquinas e da área de informática” (HONG, 2010, p. 44).

O inadequado gerenciamento dos resíduos sólidos e o descarte inadequado de produtos podem trazer consequências imediatas ao meio ambiente.

Para se entender os impactos de um produto no meio ambiente ou os seus retornos e custos financeiros ou estratégias a serem utilizadas em relação ao produto, é importante entender o seu ciclo de vida (HONG, 2010, p. 44). Do ponto de vista mercadológico, o ciclo de vida de um produto é dividido em estágios: Lançamento, Crescimento, Maturação e Declínio (BALLOU, 2006, p. 75).

A Figura 8 mostra uma relação entre tempo e volume de vendas nos estágios em que o produto “nasce”, “cresce” e “morre” após o seu declínio ou obsolescência.

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Figura 8 – Curva Generalizada do ciclo de vida de um produto

Fonte: (BALLOU, 2006, p.76).

O estágio de lançamento compreende geralmente um período deficitário para a empresa em relação ao produto, pois estão contidos todos os custos de criação do produto até sua disposição no mercado, por isso a curva inicia de um ponto baixo em relação ao volume de vendas.

Segundo Ballou (2006, p. 75), “O estágio de lançamento ocorre

imediatamente após a introdução de um novo produto no mercado. As vendas ainda não estão em nível elevado porque a aceitação do produto ainda não é generalizada”. Nos níveis de crescimento e maturidade, os retornos financeiros em relação ao produto tendem a ser maiores, conforme a Figura 8. Porém, possivelmente pela entrada de outros produtos com melhor tecnologia pela concorrência ou desinteresse dos clientes, há o período de declínio do produto (BALLOU, 2006, p. 76).

A curva generalizada de um produto não é uma “lei” onde todos os produtos terão que passar por todos esses estágios, há produtos como a Coca-Cola original que está em sua fase de maturidade apesar de estar no mercado desde o século XIX (BALLOU, 2006, p. 76).

Fruto da crescente competitividade do mercado global, desenvolvimento mais rápido e da flexibilização dos processos de manufatura, hoje há uma grande variedade de produtos em disposição no mercado e mais produtos sendo lançados todos os dias (NOVAES, 2007, p. 189).

De um lado, pensar na crescente variedade de produtos beneficia bastante financeiramente o consumidor (NOVAES, 2007), contudo a redução do ciclo de vida

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do produto sem uma boa gestão deste ciclo pode ser um atenuante ao acúmulo de lixo.

Segundo Hong (2010), os produtos estão se tornando obsoletos rapidamente e sua vida útil diminuindo muito, principalmente pela rápida resposta do mercado em atualizações dos produtos em períodos curtos ou lançamento de produtos inteiramente novos.

Contudo, Novaes (2007, p. 190) afirma que a maioria dos produtos tem um ciclo de vida consideravelmente longo, principalmente os produtos ditos como funcionais, porque o fator preponderante de compra está em relação à função do produto.

São exemplos de produtos funcionais: sapatos masculinos, meias, lingerie. Em contrapartida há produtos que têm um ciclo de vida menor, como é o exemplo de CDs de músicas popular, brinquedos, bijuterias etc. (NOVAES, 2007, p. 190).

As demandas para produto funcionais são mais previsíveis, contudo, os produtos inovativos têm sua previsão de demanda bem mais difícil por um período relativamente curto e o processo de produção bem apertado (NOAVES, 2007, p. 191).

Figura 9 – Características de comercialização de produtos funcionais e inovativos

Fonte: (NOAVES, 2006, p. 191).

Conforme a Figura 9, o ciclo de vida dos produtos inovativos é bem mais curto do que os produtos funcionais, contudo sua margem é bem maior.

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No entanto, as empresas precisam entender o impacto da geração de lixo por produtos de ciclos de vida curtos, pois já “Existe uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos” (LACERDA, 2006, p. 02), o que leva a pensar que é essencial como empresa entender todo o ciclo de vida do produto. Contudo, a vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente (LACERDA, 2006, p. 03).

O ciclo de vida é um conceito abrangente, pois estuda o bem ou serviço durante todos os seus estágios, seja ele de produção, comercialização, desde a origem dos recursos no meio ambiente até a sua disposição final, após o uso ou consumo (BARBIERI, 2011, p. 239).

Lacerda (2006) afirma que por trás do conceito de logística reversa há um conceito mais amplo que é o do “ciclo de vida”.

Conforme Hong (2010), quando se pensa em cadeia de suprimentos é necessário entender sobre o ciclo de vida de um produto, para assim poder tomar decisões mais consistentes em relação ao produto, seja ele referente ao marketing ou em relação à logística.

Segundo Lacerda (2006, p. 03),

Do ponto de vista financeiro, fica evidente que, além dos custos de compra de matéria-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui também outros custos que estão relacionados a todo o gerenciamento do seu fluxo reverso. Do ponto de vista ambiental, essa é uma forma de avaliar qual o impacto de um produto sobre o meio ambiente durante toda a sua vida.

O tempo de resposta de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo processamento. (BARBIERI, 2011, p. 241)

Tempos de respostas longos acabam aumentando custos desnecessários que atrasam a geração de caixa (pela venda da sucata, por exemplo).

A capacidade do fabricante de ter controle sobre o ciclo de vida do seu produto tende a diminuir à medida que os agentes envolvidos encontram-se mais distantes dele. (BARBIERI, 2011, p. 241)

Os impactos gerados pelos produtos do berço ao túmulo não podem depender somente de grandes empresas (BARBIERI, 2011, p. 241). Para isso,

Referências

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