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Em relação ao objetivo geral deste trabalho, obteve-se êxito com a análise do funcionamento da cadeia de suprimentos da ONG Emaús levando em consideração os conceitos ecológicos de Reduzir, Reutilizar e Reciclar que acontecem durante o processo logístico da instituição até o seu descarte.

Foi proposto o que seria a cadeia de suprimentos da ONG, assim como se observou que ainda há fluxos na organização em que não se torna presente a atitude de reciclar.

Conforme resultados, a ONG Emaús atua na matriz dos 3Rs em sua cadeia de suprimentos, contudo, há muito ainda a se fazer para se adequar a uma cadeia de suprimentos verde. Observa-se na ONG uma grande lacuna em relação à formalização e controle de seus processos. Existem itens, como o plástico de televisão, em que há grande potencial de reciclagem, mas que acabam sendo descartados com o lixo convencional ou até mesmo são queimados. Buscar alternativas para os materiais que a ONG não consegue reutilizar ou reciclar seria de grande contribuição para haver um fluxo logístico mais eficiente.

Por maiores que sejam os esforços dos membros que compõem a ONG, ainda há dentro da organização uma desinformação do que a ONG representa e do seu impacto na comunidade. Entender o impacto da ONG na região em relação aos resíduos e entender o quão disseminado é para a região a filosofia e serviço que ela oferece seria interessante para maior conscientização, de maneira a agregar valor aos produtos que a ONG oferece junto à mensagem ecológica e sustentável que ela possui.

Uma melhor disseminação do trabalho da ONG poderia melhorar ainda mais o relacionamento com a comunidade, além de ajudar a quebrar a ideia de que os produtos reutilizados são de má qualidade.

Em relação aos objetivos específicos, foram alcançados de forma a apontar melhorias em eficiência e em escala, contudo houve alguns limitantes para pesquisa. Como limitação da pesquisa houve uma falta de informação em relação aos processos da organização, como por exemplo, falta de dados concretos em relação a entrada e saída de materiais que não são computados de forma a gerar registros.

Por não haver informações mais detalhadas, há uma dificuldade em se entender de forma numérica a capacidade, eficiência e impacto da organização na reutilização de materiais

A questão orientadora da pesquisa foi respondida, ao entender que é necessário implementar sistemas de informação acurados, principalmente em relação a estoque e formalizar e mapear os processos dentro da ONG para haver maior controle e melhoria contínua.

Como proposta de trabalhos futuros, se orienta um mapeamento dos processos dentro das áreas do Emaús, para que haja a criação de um procedimento de trabalho em cada setor na busca de uma maior eficiência no aproveitamento e manejo dos materiais.

Adicionalmente, é interessante como proposta de trabalho futuro, mapear o perfil dos consumidores que frequentam o Emaús para se criar estratégias que visem melhorar a atuação da ONG.

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APÊNDICE A – FOTOS DAS VISITAS AO EMAÚS

Caminhões para Coleta de Doações Setor de Roupas

Entrada do Bazar (Sábado) Setor de Livros

APÊNDICE B – TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS

Entrevistado I

Nome: Reginaldo Barbosa de Oliveira Função: Presidente

Idade: 41

Entrevistado II

Nome: Francisca Márcia Costa da Silva Função: Vice-Presidente

Idade: 42

Pq: A pesquisa tem o intuito de conhecer mais afundo a ONG EMÁUS, os seus processos, histórico, projetos e motivações para criação da ONG. Vocês poderiam se apresentar?

En2: Meu nome é Márcia Silvia e eu estou no EMAÚS desde a fundação

junto com o Airton e padre Henri com o grupo que iniciou aqui no Vila Velha, o primeiro grupo. O Airton veio do Pirambú (Bairro de fortaleza) e fundou esse né (Antes já havia um EMAÚS no Pirambú que foi o primeiro no Ceará).

En2: Quando se funda o grupo ele é ilimitado é infinito, quando o Airton viu

a necessidade da comunidade, foi aí que deu início. As pessoas daqui estavam indo lá para o Pirambú para ter atendimento, com isso, o Airton vendo essa necessidade buscou criar o EMAÚS aqui no Vila velha. Assim foi como nasceu o EMAÚS vila velha.

Pq: Então essa seria a motivação da criação do EMAÚS Vila Velha? En1: Sim, sim foi isso (Aceno de confirmação com a cabeça).

Pq: O EMAÚS tem algo ligado com a igreja?

En2: Não, não, por incrível que pareça todo mundo pergunta a mesma

coisa, por que assim, quem fundou o EMÁUS foi um padre, mas o EMAÚS não tem um vínculo, nem religioso e nem tem nenhuma ideologia, nem religiosa e nem política, aqui no EMÁUS a filosofia dele é receber qualquer pessoa e atender a sua necessidade. O Airton que dizia assim: “não interessa o que a pessoa fez pra trás, chegou no EMÁUS a gente tem que receber e atender com dignidade aquele ser

humano” É tanto que o nosso grupo aqui é bem misto, tem católico, tem religioso, tem né gente que frequenta macumba.

En1: (Regis complementa) Evangélico, espírita.

En2: Tem tudo, mas assim, graças a Deus a gente acredita que por conta

da filosofia da instituição a gente nunca teve problemas.

En1: Pressupõe do fato do respeito,o cara me respeita, eu respeito ele da

mesma forma, então tem tudo para dar certo, sem distinção.

Pq: Régis, poderia se apresentar?

En1: Meu nome é Reginaldo né, estou no EMÁUS a dez anos e atualmente

exerço a função de gestor e também de Presidente. Nós temos uma diretoria composta por 6 membros e os mesmos ocupam os cargos de diretoria e de gestor. São os gestores que tomam as iniciativas e tomam as decisões né.

Pq: Com funciona a responsabilidade nos setores do EMAÚS? Cada membro é responsável por um setor?

En1: Sim, é uma gestão chamada de gestão compartilhada, então as

decisões aqui elas são compartilhadas com o grupo gestor. (Um estilo de trabalho cooperativo).

Pq: Como funciona a logística em relação aos materiais da ONG? Quem fica responsável por esse setor?

En2: A gente dividiu em sub unidades né, então tem assim: Unidade de

transporte, unidade de atendimento social ao público, de bazar... O bazar na realidade é o maior... que compreende toda a logística aqui do funcionamento, mas são 6, cada um faz algo e nos reunimos semanalmente.

En2: Como é o grupo que decide, então cada um vai dizer a dificuldade

que tá tendo em sua unidade de transporte, de bazar e daí a gente vê uma forma, se for um problema né, de resolver, mas sempre compartilhado (ênfase em uma gestão cooperativa). Esse grupo sempre teve uma preocupação de tomar uma decisão compartilhada, antes trabalhávamos com um gerente, mas vimos que acabava a pessoa pensando que era o dono e não dava certo. Aqui não tem dono.

Pq: Há quanto tempo está o mandato dessa gestão atual? En2: Já fazem uns 8 anos;

En1: E eu já estou a 3 anos como Presidente da associação. A cada dois

anos há uma nova eleição e sempre pode estar se reelegendo. Em nosso estatuto não fala o total de mandatos que se pode ter.

En1: E caso o presidente faça alguma bobagem a assembleia tem poder

de pedir uma nova eleição.

Pq: Hoje são quantas pessoas trabalhando no EMÁUS diretamente? En1:: São aproximadamente 30;

En2:: (Faz um adendo) fixo né;

En1:: (Confirma) Sim, são aproximadamente 30;

En2: Há também alguns voluntários que vem ajudar principalmente no

sábado que ocorre o bazar.

Pq: Há uma abertura para qualquer pessoa estar vindo e se voluntariando?

En1: Sim, por exemplo, você disponibiliza do seu tempo em uma tarde ou

uma manhã que o receberemos;

Pq: Então eu poderia ligar para dizer, “pessoal, o que estão precisando, eu posso ir hoje ajudar de alguma maneira?”

En2: Sim, Sim com certeza!

En1: E você como um aluno de administração poderia até vir aqui nos dar

uma orientação.

En1: (Confirma sorridente)

En2:Aqui nós não temos administrador de formação, somente de

convivência, de vontade.

En1: A gente já passou por isso né (Complementa), vieram dois rapazes

da psicologia e passaram dois messes com a gente, não foi? (Olhando para o Regis).

En1: (Confirma com a cabeça) Foi, foi, foi.

En2: E quando eles saíram pra encerrar né, aí eles falaram coisas assim

que a gente nem imaginava. As vezes alguém assim com uma visão acadêmica, ainda que o EMÁUS supedite qualquer um, mas esse olhar profissional acadêmico as vezes

é um ponto que você diz “olha assim, assim” faz a diferença né e de crescimento.

SOBRE A CADEIA

Pq: Qual a primeira coisa que se faz quando chega um produto/material no EMÁUS?

En1: Primeiro ele vai para o depósito de triagem que nós chamamos de

almoxarifado. Do almoxarifado ele é levado até o técnico e o técnico faz toda uma análise, se não for possível consertar ele tira uma peça ou outra que sirva para um outro rádio (um exemplo) e aquilo ali vai para a reciclagem. Antes vai para “desmontagem” pra tirar os ferros, material que a gente possa vender para uma sucata e só então a gente revende como sucata.

Pq: O que vocês geralmente não conseguem reciclar?

En1: Uma parte do material a gente leva para o Ecoponto(Instituição do

município que dá incentivo para prática de reciclagem) e o material que não é recebido no Ecoponto a gente leva para o carro do lixo.

<https://catalogodeservicos.fortaleza.ce.gov.br/categoria/urbanismo-meio- ambiente/servico/324>

Pq: Que tipo geralmente não dá para reciclar?

En1: Por exemplo, plástico seco, aquele plástico da carcaça da TV, do

computador que aqui no Ceará não há comercialização daquele material, então aquele material o ecoponto também não recebe, então a gente coloca no caminhão do lixo (Lixo convencional).

Pq: Há algum outro lugar no Brasil que compraria esse material? En1: Olha assim, eu já ouvi um comentário que há uma pessoa em São

Paulo que compra esse material, porém ele só compra em grande quantidade, por causa do translado que é muito longe, então não compensa se for pouco. Então, nós temos dificuldade de comercializar esse material.

Pq: Para vocês quais os principais benefícios que o EMAÚS gera para sociedade e ao meio ambiente?

En1: Olha, o primeiro benefício é das pessoas que aqui trabalham que são

pais e mães de família que necessitam de uma renda para sobreviver. Paralelo a isso, nós contribuímos para o meio ambiente da seguinte forma: que você imagina que quantas toneladas de resíduos sólidos estamos evitando que vá para as ruas, para os rios, para as lagoas né.

En1: Então a gente faz esse trabalho de recolher na casa do doador sem

custo algum para ele e transforma esse descarte da sociedade para geração de emprego e renda para comunidade local.

En2: A gente é EMAÚS, a gente vive EMAÚS, então quando a gente passa

em um canto que a gente vê; por exemplo, eu fui para Paracurú(Cidade no interior do Ceará famosa por suas praias e festas) e vi muitos materiais na rua... eu até disse pro Reginaldo que eu iria pedir um EMAÚS lá (risos). Um guarda roupa no meio da rua (impressionada) É! Um guarda roupa no meio da rua! Bom sofá e um monte de coisas.

En2: Eu até brinquei com o meu esposo. “Se eu tivesse um carro aqui com

certeza eu levaria” então a gente vê ali, eu não sei, eu fiquei pensando: “Valha em Paracurú não tem pobre?”

En2: Então até aqui mesmo em fortaleza, tem bairros que a gente vê:

televisão, sofá. Um dia desses, tinha um sofá lá nas seis companhias, eu fiquei “meu Deus como é que pode”; Então ainda é uma questão social de educação que as pessoas não têm, de conscientização.

En2: Mas a gente como diz amigos de EMAÚS: que pra mudar global a

gente tem que começar local né. Ainda somos formiguinhas pequenas fazendo um trabalho muito grande.

En2: Eu acredito sim que a gente faz um grande papel para a sociedade.

É tanto que eu dei uma palestra lá na SECOVI (Sindicato Emp Comp Venda Loc e Adm de Imóveis do Ceará) a 1 ano atrás e uma das coisas que eu falei foi essa questão de que quando o EMAÚS começou a gente ficava no telefone desesperado esperando pra fazerem uma doação. Hoje a gente escuta assim: “Ah vocês estão ricos não tão querendo vir mais buscar?” Porque hoje nós fazemos um cronograma né pra pegar, e assim, hoje em dia as pessoas elas tem essa oportunidade de doar daquilo que tem em seu ambiente em casa que não serve mais para ela! né (ênfase), porque assim, a gente reaproveita 70%?

En1: (Afirma) É aproximadamente 70%

En2: Entendeu? Então 70% das doações que chegam, que é montado que

a gente vende por um preço bem abaixo de um novo. O quarto da minha filha comprei dois guarda-roupas pros quartos das minhas duas filhas e um deles está a mais de 7 anos, com mais de 7 anos entendeu? Que eu montei e deixei lá e ele tá lá perfeitamente e quando eu for trocar daqui uns 3 anos porque ela já tá uma mocinha,

um guarda roupa ainda rosazinho e tal, mas ainda vai servir por muito tempo. Isso é um favor do meio ambiente e isso trabalha muito na gente essa questão do consumismo.

En2: Quando eu cheguei aqui no EMÁUS eu fiquei desesperada dizendo:

“Meu Deus tanta coisa que eu queria aqui e que eu nunca consegui e hoje eu posso conseguir”. Já hoje já não me brilha mais os olhos, não porque não queira, mas porque você se acostuma.

En2: Faz muito tempo que eu não vou a shopping comprar uma roupa,

porque não me encanta mais. Eu nunca fui pro shopping, mas lojas assim pra natal, ano novo, eu não compro mais roupas, porque eu tenho as que comprei aqui. Eu visto qualquer uma e eu responsabilizo isso ao EMAÚS, porque você acaba vendo que é besteira né, e assim, eu crio as minhas filhas. Não tem esse negócio “Ah tem que comprar roupa porque é natal ou é final de ano”.

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