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clÁusula de barreira em concurso público – constitucionalidade ausência

No documento Revista V. 110 n. 2 (páginas 149-152)

de violaÇão ao princípio da isonomia

As cláusulas de barreira, previstas em editais de concursos públicos, são utilizadas como critério diferenciador de desempenho meri- tório do candidato, de modo a promover a seleção do concorrente mais preparado, segundo a nota obtida em prova elaborada para esse fim. A questão tem sido amplamente analisada pela jurisprudência do TJDFT.

Os julgadores consideram que o afunilamento dos melhores candi- datos no decorrer do certame, além de permitir a seleção de profissionais com maior habilidade técnica e profissional para o exercício da função pública, viabiliza o custo operacional dirigido à finalidade de contratação de pessoal para os cargos do serviço público no âmbito distrital. O Poder Judiciário não deve intervir na metodologia de seleção do administrador público, o qual possui legitimidade para deliberar acerca dos critérios que melhor atendam aos interesses da Administração, ressalvadas as hipóteses de abuso de poder e ilegalidade. Desse modo, não há de se falar em ofensa direta ou reflexa à Constituição Federal quando se aplica a restrição numérica da cláusula de barreira, haja vista que a admissão de um candidato melhor posicionado, em detrimento de outros classificados em piores colocações, demonstra ausência de subjetivismo, por inexistir dúvidas sobre eventual predileção entre eles, além de estar em harmonia com os propósitos constitucionais.

A propósito, o Supremo Tribunal Federal, em regime de reper- cussão geral sob o Tema 376 (RE 635739/AL), concluiu pela constitucio- nalidade da regra limitativa, por entender que a seleção dos melhores pretendentes ao exercício de função pública não viola, de per si, os princí- pios da isonomia ou da razoabilidade previstos na Magna Carta.

Precedentes sobre a aplicação indistinta da cláusula:

Des. Arnoldo Camanho

Compulsando os autos, e conforme já salientado na de- cisão monocrática desta Relatoria (...), constata-se que não há aparente ilegalidade na aplicação de limitação nu- mérica de candidatos de uma fase para outra do concurso – cláusula de barreira –, desde que fundada em critérios objetivos. Na hipótese vertente, observa-se que o item 9.7.1, do Edital nº 23 – SEE/DF, (...), é claro ao considerar o melhor desempenho nas provas objetivas como requisito

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para prosseguimento na fase seguinte de avaliação de títulos, que se encontra redigido nos seguintes termos: “9.7.1 Respeitados os empates na última colocação, serão corrigidas as

provas discursivas dos candidatos aos cargos de nível superior aprovados nas provas objeti- vas e classificados conforme quadro a seguir. (...)”. Com efeito, não se evidencia qualquer

ilegalidade na aplicação da restrição numérica de candidatos de uma fase para outra do concurso, denominada cláusula de barreira, pois, como se vê, do excerto acima, foi fun- dada em critérios objetivos, tendo em conta o melhor desempenho nas provas objetivas como requisito para prosseguimento na fase seguinte, com a correção da prova discursi- va. (TJDFT, 2ª Câmara Cível, Acórdão n. 1060216, 07073503620178070000, Relator Des. Arnoldo Camanho, DJe de 24/11/2017, grifo no original.)

Des. Getúlio de Moraes Oliveira

No mérito, a resolução da presente controvérsia demanda na análise da legalidade da cláusula de barreira, a qual restringe a convocação de candidatos entre fases de concurso público com o objetivo de selecionar os melhores candidatos entre um grande número de pessoas que buscam ocupar cargos públicos. Pois bem, a jurisprudência pátria há muito já proclamou a validade da cláusula de barreira em concurso público, entendimento esse que foi ratificado pelo c. STF em regime de repercussão geral (...). Assim, conforme en- tendimento supramencionado, não há ilegalidade na aplicação da cláusula de barreira em concurso público. (TJDFT, 7ª Turma Cível, Acórdão n. 1058273, 07000656920168070018, Relator Des. Getúlio de Moraes Oliveira, DJe de 12/12/2017.)

No mesmo sentido, julgados proferidos pelas Turmas Recursais dos Juizados Especiais do Distrito Federal:

Juiz Arnaldo Corrêa

Pretende a autora a anulação dos itens do edital que se referem à cláusula de barreira ou afunilamento. Todavia, decidiu o Supremo Tribunal Federal, em Repercussão Geral, que as cláusulas de barreira em concurso público, para seleção dos candidatos mais bem clas- sificados, têm amparo constitucional. (...). Consectariamente, é cediço que a Adminis- tração Pública possui discricionariedade para, observada as normas constitucionais, pro- ver as vagas da maneira que melhor convier para o interesse da coletividade e, como verbi

gratia, ocorre quando em função de razões orçamentárias, os cargos vagos só possam ser

providos em um futuro distante, ou, até mesmo, que sejam extintos, na hipótese de restar caracterizado que não mais serão necessários. Posto isso, não há qualquer inconstitucio- nalidade na norma editalícia que prevê a cláusula de barreira. (TJDFT, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Acórdão n. 1067773, 07010353520178070018, Relator Juiz Arnaldo Corrêa, DJe de 13/12/2017.)

Juiz Aiston Henrique de Sousa

O STF decidiu, em Recurso Extraordinário com repercussão geral, que “as regras restriti- vas em editais de concurso público, quando fundadas em critérios objetivos relacionados ao desempenho meritório do candidato, não ferem o princípio da isonomia” e que “as cláusulas de barreira em concurso público, para seleção dos candidatos mais bem clas- sificados, têm amparo constitucional.” (...). Sem demonstração de ilegalidade ou abuso, as regras de edital de concurso público seguem os critérios de conveniência e oportu- nidade da Administração na seleção dos candidatos mais adequados ao preenchimento dos cargos em oferta. Não cabe ao Poder Judiciário intervir nos critérios de seleção, nem determinar a inclusão de candidatos fora do número de corte. (TJDFT, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Acórdão n. 1040396, 07000925220168070018, Relator Juiz Aiston Henrique de Sousa, DJe de 31/8/2017.)

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Precedentes no sentido da existência de limite prescricional para aplicação da cláusula de barreira:

Des. Fábio Eduardo Marques

O art. 1º da Lei distrital 7.515/86 estabelece a prescrição anual relativamente ao direito de ação contra atos relativos a concursos públicos para o provimento de cargos da adminis- tração direta e autárquica. 2. Em observância aos critérios de hierarquia diante do confli- to aparente de normas, prevalece a aplicação da Lei distrital 7.515/86, especial em relação ao Decreto 20.910/32. Não prospera a insurgência relativa à preterição no certame, para fins de aplicação do Decreto 20.910/32, uma vez que a causa de pedir consubstanciada na preterição é consequência lógica da anulação das cláusulas de barreira editalícias. Afinal, frustrada a pretensão anulatória, evidente a mantença da situação da candidata como eliminada do concurso público, faltando-lhe interesse útil quanto à arguição de prete- rição. (TJDFT, 7ª Turma Cível, Acórdão n. 1109417, 07000301220168070018, Relator Juiz Fábio Eduardo Marques, DJe de 27/7/2018.)

Juiz Fernando Antonio Tavernard Lima prescrição da pretensão de anulação dos itens 1.2 e 9.1 do edital nº 01 – seap/see (4.9.2013), os quais estabeleceram a chamada cláusula de barreira. I. Incidência da

Lei n. 7.515/86, à luz do princípio da especialidade. Nesse quadro, direito de ação contra quaisquer atos relativos a concursos para provimento de cargos e empregos na Adminis- tração Direta do Distrito Federal e nas suas Autarquias prescreve em um ano, a contar da data em que for publicada a homologação do resultado final. (TJDFT, 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Acórdão n. 1056713, 07164749220178070016, Relator Juiz Fernando Antonio Tavernard Lima, DJe de 3/11/2017, grifo no original.)

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saldo de previdência complementar

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