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violência domÉstica substituiÇão da pena privativa de liberdade

No documento Revista V. 110 n. 2 (páginas 168-170)

por restritiva de direitos

Em relação aos delitos praticados no contexto da Lei Maria da Penha, há entendimentos no sentido de que a prática de violência e grave ameaça no ambiente doméstico afastaria a substituição da pena privativa de liberdade por sanção restritiva de direitos, nos termos do Enunciado da Súmula 588 do STJ. Contudo, alguns julgados afirmam que, ausente a violência ou grave ameaça e preenchidos os requisitos do artigo 44 do CP, o artigo 17 da Lei Maria da Penha vedaria somente a aplicação de penas de cesta básica, prestação pecuniária ou pagamento isolado de multa.

São precedentes:

Des. Demetrius Gomes Cavalcanti

Analisando a sentença, verifica-se que o Magistrado de ori- gem afastou a concessão do referido benefício, por consi- derar não preenchidos os requisitos previstos no artigo 44, inciso I, do Código Penal e os da Súmula nº 588, do Superior Tribunal de Justiça, ao fundamento de que o crime foi pra- ticado com violência/grave ameaça à pessoa. Eis o teor da referida norma e da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. Confira-se: Art. 44. As penas restritivas de direitos são au- tônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a qua- tro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; S. 588/STJ - a prática de crime ou contra- venção penal contra a mulher com violência ou grave ame- aça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. No caso em questão, como bem sustentado pelo Ministério Pú- blico, a infração penal não foi cometida com violência, nem com grave ameaça à pessoa, tendo o réu se limitado a per- turbar a tranquilidade de sua ex-companheira por acinte, conforme narrado na denúncia e previsto no artigo 65, da Lei nº 3.688/41. Nesses termos, não obstante a contraven- ção ter sido praticada no contexto da Lei Maria da Penha, isso, por si só, não é suficiente para afastar a concessão do benefício previsto no artigo 44, do Código Penal, o qual deve ser deferido. Assim, substituo a pena privativa de liberdade por 1 (uma) pena restritiva de direitos, nos termos do ar- tigo 44, § 2º, primeira parte, do Código Penal, a ser fixada pelo Juízo da Execução Penal, observadas as disposições do artigo 17 da Lei nº 11.340/2006. (TJDFT, 3ª Turma Criminal, Acórdão n. 1139556, 20160610069048APR, Relator Des. De- metrius Gomes Cavalcanti, DJe de 13/2/2019.)

Des. Roberval Casemiro Belinati

De fato, o caso em tela diz respeito à prática do crime de lesão corporal no âmbito da violência doméstica, restan- do comprovado a ofensa à integridade corporal da vítima, conforme laudos de exame de corpo de delito (fls. 54/54v e 57/57v). Portanto, em face do crime ter sido cometido

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mediante violência à pessoa, o apelante não preenche todos os requisitos do artigo 44 do Código Penal, inviabilizando a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direito. (...) Ademais, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido da impossibilidade de deferir o benefício da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos aos crimes cometidos mediante violência ou grave ameaça no âmbito das relações domésticas ou familiares, (...). (TJDFT, 2ª Turma Criminal, Acórdão n. 1145123, 20160510062574APR, Relator Des. Roberval Casemiro Belinati, DJe de 8/1/2019.)

Des. Carlos Pires Soares Neto

Sobre o segundo pedido (substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de di- reitos), melhor sorte não acompanha o apelante, uma vez que tal substituição encontra impedimento no próprio art. 44, inciso I, do Código Penal, pois o delito foi pratica com emprego de violência. Note-se: Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; Conforme consta da r. sentença e foto de fl. 40 restou comprovado que o réu desferiu golpes de cinto nas pernas da vítima, praticando a contravenção penal de vias de fato. Portanto, por qualquer ângulo que se olhe os pedidos do apelante, não há como dar razão ao seu pleito. (TJDFT, 1ª Turma Criminal, Acórdão n. 1141160, 20161610052614APR, Relator Des. Carlos Pires Soares Neto, DJe de 5/12/2018.)

Des. Silvanio Barbosa dos Santos

A Magistrada Singular deixou de conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, ao fundamento de que, nos termos do inciso I do artigo 44 do Código Penal, é inviável a benesse quando a infração é cometida com violência ou grave ameaça. Irresignada quanto ao ponto, a Defesa pleiteou a aplicação da referida substituição para o delito de ameaça, sob a alegação de que o réu era primário ao tempo dos fatos. Sem ra- zão. Conforme dispõe a Súmula 588 do colendo Superior Tribunal de Justiça (TERCEIRA SEÇÃO, julgado: 13/09/2017, DJe: 18/09/2017), "A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos". No caso, o réu pra- ticou os delitos de lesão corporal e de ameaça, não havendo falar em substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, uma vez que não satisfeito o requisito pre- visto no artigo 44, inciso I, do Código Penal - cometeu crimes com violência (lesão corpo- ral) e grave ameaça (ameaça de morte). (TJDFT, 2ª Turma Criminal, Acórdão n. 1102041, 20170610014382APR, Relator Des. Silvanio Barbosa dos Santos, DJe de 12/6/2018.)

Des. Waldir Leôncio Lopes Júnior

O Sentenciante negou a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de di- reitos, por se tratar de crimes praticados mediante grave ameaça e violência contra a vítima. A defesa, por sua vez, pleiteia a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no crime de ameaça. No caso em análise, reputo incabível a subs- tituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, uma vez que ausentes os requisitos do art. 44 do Código Penal. A outorga do benefício em comento requer a satisfação dos requisitos previstos no art. 44 do CP. Entre eles, exige-se que o delito não tenha sido perpetrado com violência ou grave ameaça (inciso I do dispositivo legal em referência). Segundo decidiu o Superior Tribunal de Justiça, “embora a Lei nº 11.340/2006 não vede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, obstando apenas a imposição de prestação pecuniária e o pagamento isolado de multa, o art. 44, I, do CP proíbe a conversão da pena corporal em restritiva de direitos quando o crime for cometido com violência à pessoa” (AgRg no REsp 1521993/RO, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 04/08/2016, DJe 15/08/2016). Ademais, a Súmula 588 do STJ veda a mencionada substituição: “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos”. (...) No caso do crime de ameaça, o emprego da grave ameaça encontra-se plenamente evidenciado, uma vez que o réu ofendeu a integridade moral da vítima, ameaçando-a de mal injusto. (...) Desse modo, reputo incabível, na espécie, a substituição da pena corporal por restritiva de direito. (TJDFT, 3ª Turma Criminal, Acórdão n. 1090419, 20150310229762APR, Relator Des. Waldir Leôncio Lopes Júnior, DJe de 23/4/2019.)

Revist a de d out R ina e Ju R isp R udência. 54. B R asíl ia. 110 (2). Ju R isp R udência / J an -J un 2019

autorizaÇão de visita por condenado em

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