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direitos aQuisitivos derivados do contrato de alienaÇão fiduciÁria

No documento Revista V. 110 n. 2 (páginas 146-149)

em garantia - penHora

De acordo com a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, há o desdobramento da titularidade do bem nos contratos de alienação fiduciária, pois o credor detém a propriedade reso- lúvel, enquanto o devedor conserva a posse direta da coisa. Com a quitação da dívida, ocorre a resolução da garantia, circunstância que assegura ao devedor a propriedade plena. Nesse contexto, enquanto não houver o pagamento do débito, não será cabível a penhora do objeto gravado com cláusula de alienação.

Todavia, os direitos aquisitivos derivados da alienação fiduciária em garantia são passíveis de constrição, pois não se confundem com o direito de propriedade em si. Tais créditos são representados pelas presta- ções mensais pagas pelo devedor, as quais passam a ter expressão econô- mica ao serem incorporadas ao patrimônio deste. Assim, ao afastarem argumentos recursais atinentes à efetividade dessa penhora, esta Corte entende que, se há valor aferível de plano – com a simples conferência de créditos e débitos no extrato do instrumento contratual – não há de se falar em ineficácia da medida de empenho.

O entendimento embasa-se no artigo 835, inciso XII, do CPC sendo pacífico entre as Turmas Cíveis do TJDFT. São acórdãos representativos:

Des. Carlos Rodrigues

Diante do exposto, conheço DOU PARCIAL PROVIMEN- TO ao recurso exclusivamente para autorizar a penho- ra sobre os direitos aquisitivos do veículo indicado pelo agravante e que se encontra gravado com alienação fi- duciária. (TJDFT, 6ª Turma Cível, Acórdão n. 1153773, 07174631520188070000, Relator Des. Carlos Rodrigues, DJe de 28/2/2019.)

Des. Mário-Zam Belmiro

Com efeito, malgrado os recorrentes não sejam os pro- prietários do imóvel, haja vista a alienação fiduciária dada em garantia, a jurisprudência deste Egrégio Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que, nessas situações, é possível a penhora sobre os direitos aquisitivos do fidu- ciante, tal qual registrado pelo douto Magistrado prolator do decisum. (TJDFT, 8ª Turma Cível, Acórdão n. 1141641, 07146398320188070000, Relator Des. Mário-Zam Belmi- ro, DJe de 22/1/2019.)

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Des. Esdras Neves

A penhora dos direitos aquisitivos é possível e legalmente prevista, porque há diferença entre a propriedade do bem e os direitos aquisitivos a ele relativos. No caso dos autos, a propriedade plena não é detida pela agravada, mas ela detém direitos relativos à aquisi- ção dos imóveis, os quais possuem valor no mercado, que pode ser irrisório ou até mes- mo refletir uma quantia significativa, sempre dependendo do número de parcelas pagas, do valor das parcelas e do débito restante. (TJDFT, 6ª Turma Cível, Acórdão n. 1140626, 07176849520188070000, Relator Des. Esdras Neves, DJe de 4/12/2018.)

Des. Robson Barbosa de Azevedo

Todavia, embora não se admitia o bloqueio judicial de bens com cláusula de alienação fiduciária, é admitida a penhora dos direitos aquisitivos do veículo que possui a restri- ção, uma vez que tais direitos aquisitivos possuem expressão econômica que não se con- funde com a propriedade do bem, conforme dispõe expressamente o art. 835, inciso XII, do CPC/15. (TJDFT, 5ª Turma Cível, Acórdão n. 1137107, 07130488620188070000, Relator Des. Robson Barbosa de Azevedo, DJe de 23/11/2018.)

Des. Silva Lemos

A controvérsia reside na possibilidade de penhora dos direitos aquisitivos de veículo alie- nado fiduciariamente. O art. 835, inc. XII, do CPC prevê, expressamente, a possibilidade de penhora dos direitos aquisitivos derivados de contrato com alienação fiduciária em ga- rantia. Desse modo, o pedido de reforma da r. decisão que indeferiu o pedido feito nesse sentido deve ser acolhido, considerando a permissão legal descrita na legislação processual civil. Destaco, por oportuno, que eventual inadimplência, junto ao credor fiduciário, não interfere na constrição judicial, mas apenas na relação à ordem de preferência da penhora. Logo, essa questão não constitui óbice ao deferimento do pedido. (TJDFT, 5ª Turma Cível, Acórdão n. 1131351, 07015473820188070000, Relator Des. Silva Lemos, DJe de 7/11/2018.)

Desª. Gislene Pinheiro

Destarte, a despeito dos fundamentos do decisum, é cabível a penhora dos direitos aquisi- tivos da devedora sobre veículo gravado com alienação fiduciária. Destaque-se, ainda, que não há violação ao regramento insculpido no art. 7-A, do Decreto-Lei 911/69, incluído pela Lei 13.043/14, já que a constrição não irá recair sobre o bem propriamente dito, mas, apenas, sobre os direitos que detém o ora agravado sobre esse bem. (TJDFT, 7ª Turma Cível, Acórdão n. 1114534, 7001738420188070000, Relatora Desª. Gislene Pinheiro, DJe de 13/8/2018.)

Des. Fernando Habibe

Sempre entendi que a penhora dos direitos aquisitivos, embora possível – mesmo à luz da Lei 13.043/14, que impede a penhora do bem –, é, na maioria das vezes, uma ilusão processual, um ato ineficaz que só serve para atrapalhar a relação fiduciária, sem be- nefício algum para o exequente. Não obstante persista com o mesmo entendimento, o certo é que prevaleceu aquela jurisprudência, ao ponto de ter sido convertida em artigo de lei (CPC 835, XII), motivo pelo qual, eficaz ou ineficaz, a penhora dos direitos aquisi- tivos é um direito que assiste ao exequente. (TJDFT, 4ª Turma Cível, Acórdão n. 1111841, 07015838020188070000, Relator Des. Fernando Habibe, DJe de 2/8/2018.)

Desª. Carmelita Brasil

É cediço que é possível a penhora sobre os direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia, por possuírem expressão econômica, sendo, assim, aptos à garantia dos créditos em execução. Na hipótese, a constrição não recai sobre a propriedade, que é do credor fiduciário, mas sim sobre os direitos aqui- sitivos decorrentes do contrato de alienação fiduciária, na extensão das obrigações adimplidas pela devedora fiduciante, ora agravada. (TJDFT, 2ª Turma Cível, Acórdão n. 1100608, 07009402520188070000, Relatora Desª. Carmelita Brasil, DJe de 7/6/2018.)

Des. Teófilo Caetano

Ou seja, se anteriormente a penhora de direitos aquisitivos derivados de alienação fidu- ciária derivava da apreensão de que se emolduram como direitos e, ostentando expres- são pecuniária, eram passíveis de expropriação, atualmente o legislador processual fora além, prevendo expressa e textualmente a viabilidade da penhora de direitos aquisiti- vos derivados de alienação fiduciária, como no caso. (TJDFT, 1ª Turma Cível, Acórdão n. 1088613, 07139126120178070000, Relator Des. Teófilo Caetano, DJe de 20/4/2018.)

Des. Flavio Rostirola

Inicialmente, cumpre ressaltar que compartilho do entendimento de que os direitos ad- vindos do contrato de alienação fiduciária, decorrentes das prestações pagas, podem ser

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penhorados. Com efeito, não há óbice legal para que a penhora se efetive sobre direitos que o devedor possui sobre as prestações pagas de bem alienado fiduciariamente, uma vez que a constrição não irá recair sobre o bem propriamente dito, mas, tão somente, sobre os direitos que detém o executado sobre esse bem. A penhora, portanto, efetivar-se-á sobre a parte ideal do automóvel gravado e que já se encontra paga, pois o devedor tem direitos sobre as prestações que já pagou. Tal entendimento, inclusive, encontra previsão legal no inciso XII do artigo 835 do Código de Processo Civil/2015. (TJDFT, 3ª Turma Cível, Acórdão n. 1086649, 07156213420178070000, Relator Des. Flavio Rostirola, DJe de 13/4/2018.)

Des. James Eduardo Oliveira

A penhora sobre direito de aquisição gerado pela alienação fiduciária, e não propriamente sobre o veículo alienado fiduciariamente, é admitida expressamente pelo artigo 835, in- ciso XII, do Código de Processo Civil. (...) Titulariza, pois, o devedor fiduciante, direito de aquisição que pode ser objeto de constrição judicial. (TJDFT, 4ª Turma Cível, Acórdão n. 1076586, 07109012420178070000, Relator Des. James Eduardo Oliveira, DJe de 14/3/2018.)

Des. Diaulas Costa Ribeiro

É possível a penhora dos direitos aquisitivos oriundo do contrato de veículo, com alienação fiduciária em garantia, nos termos do art. 835, XII do CPC/2015 c/c 7-A do Decreto-Lei nº 911/1969. Precedentes do STJ e deste Tribunal. (TJDFT, 8ª Turma Cível, Acórdão n. 1079017, 07160872820178070000, Relator Des. Diaulas Costa Ribeiro, DJe de 7/3/2018.)

Desª. Simone Lucindo

Como cediço, é vedada a penhora sobre o bem gravado com alienação fiduciária, cuja propriedade é do credor fiduciário. Contudo, não há óbice à constrição dos direitos aquisitivos do devedor decorrentes do contrato de alienação fiduciária em face da nova disposição legal. (TJDFT, 1ª Turma Cível, Acórdão n. 1073096, 07146764720178070000, Relatora Desª. Simone Lucindo, DJe de 15/2/2018.)

Desª. Nídia Corrêa Lima

Cumpre manter o entendimento até aqui expendido, sobretudo considerando a impossi- bilidade de se estender a proteção sobre o bem de família aos direitos aquisitivos de um segundo imóvel, adquirido pelos ora agravantes por meio de contrato de alienação fidu- ciária, e utilizado como moradia por uma de suas filhas. (TJDFT, 1ª Turma Cível, Acórdão n. 1021548, 20160020322763AGI, Relatora Desª. Nídia Corrêa Lima, DJe de 27/6/2017.)

Des. Héctor Valverde

É possível a penhora de direitos aquisitivos relativos a veículos com alienação fiduciária em garantia, conforme expressamente previsto no art. 835, inc. XII, do Código de Processo Civil. (TJDFT, 1ª Turma Cível, Acórdão n. 995268, 20160020430083AGI, Relator Des. Héctor Valverde, DJe de 8/3/2017.)

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