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4.1 Breve revisão sobre métodos de pesquisa

4.1.1 Classificação

Para SILVA, MENEZES (2000), as pesquisas podem ser classificadas sob vários pontos de vista.

Ponto de vista da sua natureza

Desse ponto de vista, a pesquisa classifica-se como: pesquisa básica e pesquisa aplicada. A pesquisa básica tem por objetivo gerar novos conhecimentos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista.

Já a pesquisa aplicada, segundo estes autores, busca gerar conhecimentos para a aplicação prática orientados para a solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.

Ponto de vista da forma de abordagem do problema

Sob a ótica do tipo de abordagem do problema, a pesquisa pode ser quantitativa ou qualitativa. A pesquisa quantitativa traduz dados (opiniões, informações) em números para classificá-los e analisá-los (SILVA, MENEZES, 2000). Requer o uso de métodos estatísticos.

Por sua vez, a pesquisa qualitativa “considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números” (SILVA, MENEZES, 2000, p.20). GODOY apud MARTINS (1998, p.128) argumenta que, ao contrário da pesquisa quantitativa, a pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega técnicas estatísticas na análise dos dados. O ambiente real é a fonte direta para coletas de dados e o pesquisador o instrumento principal. A análise de dados tende a ser indutiva,20 e o processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

De acordo com BRYMAN (1989), as características básicas da pesquisa qualitativa são:

• o ambiente natural é a fonte direta de dados, e o pesquisador o instrumento fundamental;

• múltiplas fontes de dados são utilizadas;

• o significado que as pessoas dão às coisas é a preocupação essencial do investigador;

• os pesquisadores têm proximidade do fenômeno estudado.

Ponto de vista de seus objetivos

Quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser: exploratória, descritiva e explicativa. A pesquisa exploratória tem como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descobertas de intuições, definir melhor o problema, proporcionar maior familiaridade com o problema, descrever comportamentos ou definir e classificar fatos e variáveis (GIL, 1988). Já a pesquisa descritiva, segundo este mesmo autor, tem como objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

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Os métodos de pesquisa, dentro de uma classe mais ampla, podem ser: método dedutivo; método indutivo; método hipotético-dedutivo e método dialético. “O método indutivo é aquele no qual a busca da solução parte de constatações particulares e por meio de enunciados sintéticos visa chegar a conclusões genéricas (teorias ou leis)” (MARTINS, 1998, p.124).

Já a pesquisa explicativa tem como objetivo identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Como menciona GIL (1988, p.47):

Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente.

Geralmente essa pesquisa assume a forma de pesquisa experimental e pesquisa

ex-post-facto (SILVA, MENEZES, 2000).

Ponto de vista dos métodos de procedimento de pesquisa

Segundo BRYMAN (1989), para pesquisas organizacionais, os principais métodos de procedimentos de pesquisa são: experimental, survey, estudo de caso e pesquisa-ação.

A pesquisa experimental ocorre quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que poderiam influenciá-lo e definem-se as formas de controle e de observação dos resultados que a variável produz sobre o objeto (GIL, 1988).

A pesquisa de avaliação (survey), geralmente, é associada a questionários e a entrevistas estruturadas (MARTINS, 1998, p.104).

[...] a pesquisa de avaliação requer uma coleta de dados (invariavelmente no campo da pesquisa organizacional por meio de questionários auto-aplicáveis e por entrevistas estruturadas ou possivelmente semi-estruturadas) num número de unidades e usualmente num único instante de tempo, com a coleta sistemática de um conjunto de dados quantificáveis, sobre um número de variáveis as quais então são examinadas para distinguir padrões de associação [...].

MARTINS (1998, p.130) cita que “a coleta de dados geralmente é feita num número de unidades que permita a generalização estatística, tendo assim, uma forte validade externa”. Mesmo assim, este autor afirma que essa generalização é fraca, pelo motivo acima destacado por BRYMAN (1989), ou seja, a coleta de dados acontece num instante único no tempo, quando da aplicação do questionário.

MARTINS (1998) defende que a busca da generalização estatística implica amostras de grande tamanho, o que acaba restringindo o uso desse método em fases exploratórias, quando um tema ainda é emergente. Todavia, vale refletir que,

dependendo da homogeneidade da amostra, a validade estatística poderá não depender do tamanho desta amostra.

YIN (1989) destaca que as estratégias de pesquisa em Ciências Sociais podem ser: experimental; survey (levantamento); histórica; análise de informações de arquivos (documental) e estudo de caso. Conforme este autor, cada uma dessas estratégias pode ser usada para fins exploratórios, descritivos e explanatórios. Ele menciona que:

[...] o estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas (YIN, 1989, p.23).

Esse autor reforça que essa definição ajuda na compreensão e distinção entre o método do estudo de caso e outras estratégias de pesquisa, como o método histórico, a entrevista em profundidade, o método experimental e a survey. Ainda, YIN (1989) apresenta, resumidamente, quatro aplicações para a estratégia do estudo de caso:

1. explicar ligações causais nas intervenções da vida real que sejam muito complexas para uma abordagem dos surveys ou dos experimentos; 2. descrever o contexto da vida real no qual a intervenção ocorreu; 3. avaliar, ainda que de forma descritiva, a intervenção realizada;

4. explorar aquelas situações em que as intervenções avaliadas não possuam resultados claros e específicos.

Vale citar que existem algumas críticas sobre a estratégia do estudo de caso. Para as críticas YIN (1989) apresenta argumentos de defesa, dispostos no Quadro 4.1.

QUADRO 4.1 - Críticas e defesas sobre o estudo de caso. Adaptado de YIN (1989).

Críticas Defesa

• a falta de rigor

• a influência do investigador (falsas evidências e visões viesadas)

• há maneiras de evidenciar a validade e a confiabilidade do estudo

• fornece pouca base para generalizações

• o que se procura generalizar são proposições teóricas (modelos) e não proposições sobre populações. Nesse sentido, os Estudos de Casos Múltiplos e/ou as replicações de um Estudo de Caso com outras amostras podem indicar o grau de generalização de proposições.

• são muito extensos e

demandam muito tempo para serem concluídos

• Nem sempre é necessário recorrer a técnicas de coleta de dados que consomem tanto tempo. Além disso, a apresentação do documento não precisa ser uma enfadonha narrativa detalhada.

Por fim, a pesquisa-ação é planejada e implementada associada com uma ação ou com a solução de um problema coletivo (SILVA, MENEZES, 2000). Segundo MARTINS (1998, p.133), para realizar esse tipo de pesquisa:

[...] o investigador precisa envolver-se diretamente com a organização estudada, passando a ser virtualmente um membro dela. Entretanto, ele deve manter um papel de alimentar com informações os membros da equipe, composta por pessoas da organização, e estruturar as relações entre os membros da equipe e da organização.

Na visão deste autor, o que diferencia a pesquisa-ação do método de estudo de caso é o relacionamento desenvolvido entre pesquisador e as pessoas da organização, que participam do projeto de pesquisa, e o tempo dispensado.