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O conceito de logística integrada, segundo PIRES, MUSSETI (2000), vem sendo formalizado, desenvolvido, ampliado e consolidado ao longo da história, mas certamente sofreu suas maiores transformações nos últimos quinze anos. Os primeiros movimentos de estabelecimento desse conceito foram observados no início dos anos

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setenta, mas até uma década depois, ele não estava, significativamente, consolidado (MARTINS, 1999).

Atualmente, uma das definições mais utilizadas para a logística é a do Council

of Logistics Management (CLM), dos Estados Unidos, segundo o qual é:

[...] o processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, no custo correto, o fluxo e armazenagem de matéria-prima, estoques durante a produção e produtos acabados, e as informações relativas a estas atividades, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes (CLM apud COOPER, LAMBERT e PAGH, 1997, p.1).

Para BALLOU (2002) essa definição, apesar de ser muito boa, é limitada por dois motivos. O primeiro motivo é que ela considera o fluxo de materiais e informações, mas exclui sua aplicação em empresas de serviço.

O segundo, é que ela dá a entender que o responsável pela logística deve se preocupar com a entrada e saída de materiais, bem como seu seqüenciamento, controle de qualidade e inventário em processo. Portanto, uma definição abrangente seria: a gestão do fluxo e armazenagem de materiais, serviços e informações que flui através de uma organização.

Segundo BALLOU (1995) e BOWERSOX, CLOSS (1986), as empresas capazes de desenvolver, eficazmente, seu sistema logístico terão a vantagem de serem extremamente importantes no futuro, e a palavra-chave para se implementar o potencial da logística é integração.

Talvez a maior implicação dos desafios para uma organização ágil seja a prioridade que deve ser dada à integração – não somente à integração interna da organização, mas também com seus fornecedores, distribuidores e clientes finais (CHRISTOPHER, 1997). Para este autor, não é mais possível gerir uma companhia como se ela estivesse num vácuo, sem qualquer interligação com outras organizações.

A Figura 3.1 resume uma definição para logística integrada, de acordo com BOWERSOX, CLOSS (1986), na qual a logística é vista como a competência que liga uma empresa com os seus fornecedores e consumidores.

Da forma como mostra a Figura 3.1, o raio de ação da logística estende-se sobre toda a organização, do gerenciamento da matéria prima até a entrega do produto final. As informações dos consumidores na empresa são obtidas por meio das atividades de venda, previsões de demanda e pedidos.

FIGURA 3.1 - Visão da Logística Integrada. Fonte: BOWERSOX, CLOSS (1986, p.34). Já na Figura 3.2, CHRISTOPHER (1997) traça a evolução da integração logística, decorrente das mudanças no ambiente competitivo, a partir de uma posição de total independência funcional. Essa evolução se dá em quatro fases.

FIGURA 3.2 - Evolução para uma cadeia de suprimentos integrada. Fonte: CHRISTOPHER (1997, p.16).

Na primeira fase, cada função da empresa busca a otimização individual, independente das outras funções. O departamento de marketing, por exemplo, tem o objetivo de aumentar a variedade de produtos para atender às necessidades dos clientes. Já a produção procura reduzir os custos unitários de manufatura, produzindo grandes lotes, sem se preocupar com estoques de produtos acabados.

No estágio dois, as empresas percebem que existe a necessidade de um nível mínimo de integração funcional. Para MARTINS (1999), isso se deve ao incremento da

Estágio 4: Integração externa

Clientes Cadeia interna de suprimentos Fornecedores Serviço ao Cliente Fluxo de Materiais

Compras Controle de Materiais Produção Vendas Distribuição

Estágio 1: Linha básica

Fluxo de Materiais Serviço ao Cliente Gerenciamento dos Materiais Gerenciamento da Fabricação Distribuição

Estágio 2: Integração funcional

Fluxo de Materiais

Serviço ao Cliente

Estágio 3: Integração interna

Gerenciamento dos Materiais Gerenciamento da Fabricação Distribuição Fluxo de Materiais Serviço ao Cliente

Estágio 4: Integração externa

Clientes Cadeia interna de suprimentos Fornecedores Serviço ao Cliente Fluxo de Materiais

Estágio 4: Integração externa

Clientes Cadeia interna de suprimentos Fornecedores Serviço ao Cliente Serviço ao Cliente Fluxo de Materiais Fluxo de Materiais

Compras Controle de Materiais Produção Vendas Distribuição

Estágio 1: Linha básica

Fluxo de Materiais

Serviço ao Cliente Compras Controle de Materiais Produção Vendas Distribuição

Compras Controle de Materiais Produção Vendas Distribuição

Estágio 1: Linha básica

Fluxo de Materiais Fluxo de Materiais Serviço ao Cliente Serviço ao Cliente Gerenciamento dos Materiais Gerenciamento da Fabricação Distribuição

Estágio 2: Integração funcional

Fluxo de Materiais Serviço ao Cliente Gerenciamento dos Materiais Gerenciamento da Fabricação Distribuição Gerenciamento dos Materiais Gerenciamento da Fabricação Distribuição

Estágio 2: Integração funcional

Fluxo de Materiais Fluxo de Materiais Serviço ao Cliente Serviço ao Cliente

Estágio 3: Integração interna

Gerenciamento dos Materiais Gerenciamento da Fabricação Distribuição Fluxo de Materiais Serviço ao Cliente

Estágio 3: Integração interna

Gerenciamento dos Materiais Gerenciamento da Fabricação Distribuição Fluxo de Materiais Serviço ao Cliente Gerenciamento dos Materiais Gerenciamento da Fabricação Distribuição Fluxo de Materiais Fluxo de Materiais Serviço ao Cliente Serviço ao Cliente Fluxo de Inventário Fluxo de Informações Distribuição Física Suporte de Manufatura Compras Clientes Fornecedores

necessidade de serviço ao cliente, principalmente com relação ao tempo de atendimento. Ainda, segundo este autor, uma das formas de suprir essa necessidade é mantendo estoques próximos aos clientes.

No terceiro estágio, o aumento dos custos de capital exige que se estabeleça uma estrutura de planejamento de ponta a ponta, de modo que os estoques sejam reduzidos sem comprometer os serviços aos clientes.

Nessa situação, começa a necessidade de gerenciar de forma integrada as atividades de distribuição, produção e suprimentos ... O conceito de logística nessa nova perspectiva fica definido como o conjunto de atividades inter-relacionadas que, a partir dos materiais empregados pelo fornecedor, criam uma utilidade em forma, tempo e lugar para o comprador (MARTINS, 1999, p.13).

O último estágio vê a empresa como parte de um canal de informações global, com elevado nível de adição de valor. O desenvolvimento de produtos, processos, serviços e sistemas de informações passam a ser considerados pelos sistemas logísticos como uma forma de aumentar a confiabilidade e reduzir o tempo de resposta às necessidades específicas dos clientes.

Nesse novo contexto, MARTINS (1999) questiona a capacidade de uma única empresa gerenciar todo o sistema logístico, diante da elevada complexidade nessa nova configuração da cadeia produtiva. Segundo este autor, a partir de então as empresas começam a perceber a necessidade de concentrar as atividades delas naquilo que elas fazem melhor, produzindo um processo de desintegração vertical.

Nesse contexto, as empresas passam a lidar com níveis mais elevados de complexidade e, conseqüentemente, deparam-se com a ineficiência de suas cadeias de valores11. Dessa forma, uma outra visão deve nortear a cadeia de suprimentos:

aquela que reconhece que a única vantagem competitiva que realmente pode se manter em longo prazo é conseguida quando se está integrado dentro de uma cadeia de fornecimento que seja mais eficaz e eficiente que outras cadeias que competem no mesmo mercado (MARTINS, 1999, p.15).

Essa é a razão do crescente interesse pelo tema gestão da cadeia de suprimentos, que será tratado logo a seguir.

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“Entende-se como cadeia de valor a decomposição do conjunto de etapas próprias ao trabalho de uma empresa, de qualquer segmento industrial, visando a identificar quais as atividades que agregam valor ao processo ou ao produto, com objetivo de obter vantagem competitiva por custo ou diferenciação” (SOUZA, TANIGUCHI, CARDOSO, 2002, p.2)