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2.1. Empresas de base tecnológica e sua importância para o desenvolvimento de

2.1.1. Classificação das empresas de base tecnológicas

Diversos autores definem as empresas de alta tecnologia pelo setor em que elas atuam, o quadro abaixo apresenta uma lista destes autores e os setores por ele citados como sendo de alta tecnologia:

Autor Se tores de atuação

McCarthy (1981) Semicondutores/computação, instrumentação biométrica, aeronáutica, lasers, engenharia genética.

Santos (1987) Informática, mecânica de precisão, biotecnologia, química-fina, robótica, genética, microeletrônica.

Badiru (1988) Eletrônica, processamento de dados e materiais. Viardot (1998) Biologia, materiais, computadores e energia.

Quadro 2- Classificação de empresas de alta tecnologia por setor

Como podemos inferir do quadro 2, pelos setores citados pelos autores acima, as EBTs atuam em áreas fundamentais para o desenvolvimento técnico e científico estratégicos para um país, proporcionando o desenvolvimento de produtos e serviços de alta tecnologia.

Nakagawa (2008, pg. 40) apresenta uma classificação de EBTs baseado nas características de produtos e serviços que elas comercializam, não associadas, portanto, aos setores em que atuam, destacando:

a) Tecnologia de vanguarda: Necessidade de obtenção de tecnologias sofisticadas derivadas de avanços científicos recentes;

b) Curto ciclo de vida: Necessidade de alteração e atualização constante;

c) Evolução adaptativa: Produtos precisam mover-se no ciclo de vida da tecnologia; d) Riscos e incertezas tecnológicas : Desenvolvimento de produto que lida com riscos e incertezas tecnológicas;

e) Inovação: Produtos e serviços novos para o mercado;

f) Dependência de alianças estratégicas: Complexidade no desenvolvimento, na produção e distribuição dos produtos e serviços inovadores demandam parcerias estratégicas com outras empresas;

g) Colaboradores (funcionários e profissionais de empresas parceiras) com alta qualificação técnica-científica: Desenvolvimento, fabricação e comercialização dos produtos demandam funcionários com ótima formação acadêmica, boa parte engenheiros e cientistas;

h) Investimentos : Investimentos expressivos em pesquisa e desenvolvimento; i) Classe Mundial: Mercado mundial para seus produtos.

Berté (2006) apresenta um quadro sobre as características das EBTs baseada em diversos autores que já abordaram o tema, e é apresentado a seguir:

Autores Caracte rísticas

(SANTOS, 1987) • As inovações são recentes, mas não necessariamente inéditas, embora utilizem de princípios e processos de aplicações novos, em níve l mundia l.

• Escassez de recursos financeiros.

• Dificu ldades na obtenção de conhecimentos gerenciais. (SANTOS; PER EIRA,

1989) • Emp rego de trabalhadores de alta qualificação técnica-científica. • Investem constantemente em pesquisa e desenvolvimento.

• A tecnologia agregada aos produtos tem peso relativamente mais importante no seu custo final do que a matéria-prima neles incorporada.

(B IZZOTTO et al.,

2003) • Tem falta de experiência empresarial, má gestão de projetos de inovação, dificuldades técnicas e para penetração no mercado. (PINHO et al., 2002) • Falta de capacitação gerencial do empreendedor.

(LIVTAK, 1990; FRANCIS; COLLINS, 2000; SPENCER, 2003)

• Características dos produtos das EBTs. • Estreito escopo.

• Pequeno ciclo de vida.

• Alto custo de desenvolvimento. • Rápida obsolescência.

• Pequena demanda interna de mercado. • Baixo volu me de vendas.

• Mercado e concorrência global.

(MENDES et al., 2004) • Tem co mo estratégia de posicionamento de produto a atuação em nicho de me rcado.

(PEREIRA;

SBRAGGIA, 2004B)

• Dificu ldades para lidar co m sócios. • Ausência de formação gerencial dos sócios.

• Dificu ldade no desenvolvimento rápido de produtos (lead time de projetos). (RODRIGUES et al., • Desenvolvimento tecnológico pode ser descrito através de um modelo de

2004) maturação tecnológica em fases, que combina o cic lo de vida da tecnologia e o ciclo de v ida organizac ional.

(B ERTÉ; ALMEIDA, 2006)

• Busca atuar em novos mercados através da adaptação da tecnologia para novos produtos.

• Em resposta as limitações do mercado nacional mu itas vezes buscam pela internacionalização.

Quadro 3- Principais características das EBTs Fonte: Adaptado de Berté (2006, pg. 17)

Para complementar o exposto no quadro 3, Smart et al. (2003) destacam algumas características básicas de empresas envolvidas com alta tecnologia e que podem ser estendidas a todas EBTs:

a- Empresas em crescimento rápido necessitando de grandes investimentos em ativos fixos e capital humano, resultando em provável ausência de lucros nos primeiros anos; b- Os ativos de maior destaque dessas empresas estão representados por meio de sua

propriedade intelectual e das patentes que possuem e não nos balanços contábeis produzidos;

c- Possuem um portfólio de produtos e serviços com grande potencial, mas que, em muitos casos não foram testados de forma concreta pelo mercado, o que aumenta o risco envolvido;

d- Os empreendedores, na maior parte das vezes, não são empresários, e sim pessoas com grandes conhecimentos e habilidades técnicas, apresentando deficiências quanto às capacidades gerenciais.

Como se pode perceber são empresas com grande potencial de mercado e valor acima da média de empresas comuns. São empresas voltadas a produtos e serviços com desenvolvimento muito custosos e com retornos sobre o investimento direcionado em longo prazo devido sua complexidade, o que, em muitos casos, contraria os anseios dos empresários, que buscam lucro a curto e médio prazo, ocasionando muitas vezes a inibição quanto a investimentos nestas empresas, sendo, por isso, necessário o apoio e aporte financeiro de órgãos governamentais ou instituições privadas dispostas a financiar tais projetos, as incubadoras de empresas estão no cerne desta pesquisa e são apoiadoras destas empresas.

A figura 4 demonstra características comuns de ambientes de alta tecnologia segundo Mohr et al. (2009, pg. 11) envolvendo incertezas de mercado, incertezas tecnológicas e incertezas competitivas:

Figura 4- Características comuns de ambientes de alta tecnologia Fonte: Mohr et al. (2009, p. 11)

Empresas de base tecnológica enfrentam uma série de desafios desde a sua concepção até sua entrada no mercado de produtos de alta tecnologia e inovação, como podemos observar na figura acima elas ao conseguirem entrar no mercado encontram fortes barreiras e outras empresas altamente competitivas e com capacidades tecnológicas parecidas ou até mesmo superiores. Podemos observar, neste cenário, que as incertezas vão desde o mercado que ela irá competir, quanto à aceitação do seu produto/serviço; incertezas quanto a tecnologia utilizada e se esta não ficará obsoleta em pouco tempo ou até mesmo o que ela irá mudar em tecnologia atual; mas há também as incertezas competitivas do tipo, quais serão as táticas de competição, quais são as empresas concorrentes e os produtos/serviços destas empresas.

A estratégia de inovação numa empresa de base tecnológica pode ser representada pelo modelo de maturidade tecnológica de Rodrigues, Riscarolli e Almeida (2004), e é apresentado abaixo:

Figura 5 - Modelo de Maturidade Tecnológica Fonte: Rodrigues, Riscarolli e Almeida (2004, p. 11)

Segundo os autores, o modelo apresentado na figura 5, pode ser aplicado a qualquer tipo e tamanho de EBT e traz a relação entre a maturidade tecnológica e a evolução estrutural da organização. O modelo apresenta que EBTs podem operar em três opções estratégicas:

Opção 1- A empresa compete por meio da inovação na tecnologia de produto e está presente na fase I do modelo. A empresa busca distinção e diferenciação pela introdução de novos produtos a preços prêmios. Essa fase apresenta o comportamento organizacional, cultura e valores mais comuns de uma EBT. Na primeira fase, a inovação foca os produtos, analisando atributos tangíveis, tais como: desempenho, compatibilidade, facilidade de uso entre outros.

Opção 2- A empresa busca os padrões de aceitação pelo mercado dos seus produtos e compete por meio da produção em escala. Nessa fase, a empresa concentra sua estratégia de inovação na tecnologia do negócio e está presente na fase II. Ajustes na estrutura da empresa, porém, são necessários para competir em escala (padronização de processos e procedimentos). As empresas evoluem, assim, para um melhor equilíbrio entre a flexibilidade estrutural necessária na primeira fase, e os processos e procedimentos padrões nesta fase. Na segunda fase, a inovação tem foco na essência do negócio procurando fontes alternativas de

pagamento e aperfeiçoamento dos atributos de acesso, tais como: preço, financiamento, disponibilidade dos produtos e semelhantes.

Opção 3- As empresas competem na produção em escala, destacada na fase II, porém, inovando na ponta. Nessa opção, os produtos fabricados em série são personalizados por seu redesenho, por exemplo. Eles se tornam novos produtos e são vendidos a preços prêmios, empurrando o negócio novamente para a fase I (inovação na tecnologia de produto). As EBTs, de forma geral, operam na opção 1.

Segundo o Programa Nacional de Apoio as Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI, 2012) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) um dos mais eficientes mecanismos de formação de empresas com grandes possibilidades de crescimentos e sustentabilidade é o processo de incubação. Conforme dados obtidos no MCTI (2012), estatísticas americanas e europeias demonstram que a taxa de mortalidade de empresas que passam pelo processo de incubação é reduzida de 70% entre empresas nascidas fora do ambiente de incubadoras para 20% nelas inseridas. No Brasil, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2008) apresenta um estudo em que nove entre dez empresas que nasceram de incubadoras de empresas permanecem no mercado após terminar o seu processo de formação.

Segundo os últimos estudos da ANPROTEC (2012) das 384 incubadoras em atividade no país e que contam com 6273 empresas entre incubadas (2640), associadas (1124) e graduadas (2509), 55% são de base tecnológica e 72% das empresas têm vínculo formal com universidades ou centros de pesquisa.

Pesquisas realizadas pela ANPROTEC (2006) apresentam dados que indicam que a taxa de mortalidade das MPEs que passam pelas incubadoras fica reduzida a níveis comparáveis aos europeus, com uma sobrevida de 80% de êxito nas empresas que fizeram parte de um processo de incubação, dados estes contestados pelas pesquisas de Tumelero (2012), o qual apresenta uma taxa de 9,66% de EBTS oriundas de incubadoras de empresas e que ainda estão em operação no Brasil, estes dois dados devem ser revisados e carecem de maiores pesquisas que apontem um número preciso e definitivo a respeito do índice de sobrevivência de empresas de base tecnológica oriundas de IEBT.

O que não pode ser discutido é o real valor das incubadoras de empresas para o país, conforme os dados apontados pelas pesquisas da ANPROTEC (2012) citados acima. Estes elementos podem ser analisados quando da concepção de uma empresa de base tecnológica, principalmente quando estas empresas estão ligadas a incubadora de empresas que possuem

know-how neste ambiente altamente competitivo, por isso, este estudo projeta grandes possibilidades de apoio a estas incubadoras e as empresas nelas inseridas.