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No caso de ambientes organizacionais as incubadoras de empresas proporcionam inúmeros benefícios para o nascimento, desenvolvimento e consolidação de novas empresas. São organizações que podem estar vinculadas a instituições de ensino públicas ou privadas, prefeituras e, até mesmo, iniciativas empresariais independentes. Os elementos que sustentam um programa de incubação são: difusão da cultura empreendedora, do conhecimento e da inovação.

Por intermédio das incubadoras é possível apoiar novos empreendimentos de projetos inovadores propiciando a oferta de inúmeras facilidades e apoio aos empreendedores, tais como: consultorias especializadas, orientações e capacitações gerenciais, espaço físico e infraestrutura operacional, administrativa e técnica.

Como já abordamos, as incubadoras de empresas surgiram de iniciativas nos EUA a partir do final da década de 1930 (MCT, 2000; Biaggio, 2006).

A primeira iniciativa teve origem na Universidade de Stanford, que em 1938, decide apoiar dois jovens alunos que se tornariam importantes empresários, Hewlett e Packard, e da criação de um parque industrial e um parque tecnológico com o objetivo de promover a transferência de tecnologia desenvolvida na universidade às empresas e a criação de novas empresas de base tecnológica. A região onde se situa esta universidade é conhecida mundialmente nos dias de hoje como o Vale do Silício.

A segunda iniciativa surge em 1959, o empresário Joseph Mancuso compra uma fábrica da Massey Ferguson e decide alugar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que atuavam em regime de compartilhamento de recursos. Conforme já mencionado a fábrica foi subdividida em áreas menores e alugada para que os empreendedores iniciassem suas atividades, disponibilizando espaço físico individualizado, serviços de limpeza, contabilidade, vendas, marketing, enfim, uma série de áreas e serviços compartilhados. Com os custos operacionais reduzidos aumentou muito a competitividade das empresas ali instaladas e consequentemente as suas probabilidades de sustentação e crescimento. Como uma das primeiras empresas instaladas foi um aviário, o condomínio passou a ser chamado de incubadora.

O êxito obtido com as experiências nos EUA estimulou a reprodução de iniciativas semelhantes em outros países.

De acordo com Morais (1997, pg. 42-43), na Europa, as incubadoras de empresas surgiram, de início, na Inglaterra. O fato que impulsionou este processo foi o fechamento de uma subsidiária da British Steel Corporation, que estimulou a criação de pequenas empresas em áreas relacionadas com a produção do aço, preconizando uma terceirização, e também em decorrência do reaproveitamento de prédios subutilizados.

Silva (2010) cita o que ficou conhecido como “Fenômeno de Cambridge”, na cidade de Cambridge, Inglaterra, no final dos anos de 1970, que contou com a concentração de esforços entre universidades, órgãos ligados ao governo local, empresas privadas e marcou o início de um processo intensivo de aparecimento de novas empresas, a partir de ações de universidades e centros de tecnologia.

Ainda conforme a autora a estrutura que as incubadoras apresentam nos dias de hoje configurou-se na década de 1970, nos Estados Unidos. A partir do final da década de 1970 e no início dos anos 1980, decorrentes da recessão destas duas décadas, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, governos locais, universidades e instituições financeiras se reuniram para alavancar o processo de industrialização de regiões pouco desenvolvidas ou em fase de declínio.

A motivação visava à criação de postos de trabalho, geração de renda e de desenvolvimento econômico. Políticas governamentais tinham o objetivo de promover o desenvolvimento regional. Além de focalizarem setores de alta tecnologia, privilegiaram ainda setores tradicionais da economia, não intensivos em conhecimento, com o objetivo de aprimorar processos de produção e de inovar produtos.

Segundo o documento da Comissão Europeia de Empresas e Indústria, Final Report - Benchmarking Business Incubators (2002), a evolução do modelo de incubadoras de empresas data do início dos anos de 1970 e está sumarizado abaixo:

Figura 6- Evolução do modelo de incubadoras de empresas

Fonte: Traduzido de European Commission Enterprise and Industry, Directorate-General - Final Report Benchmarking Business Incubators (2002, p. 19)

Conforme podemos observar na figura 6 o processo de incubação de empresas vem evoluindo gradativamente e direcionando as incubadoras para os tipos de produtos e serviços para as quais se dedicam. Pode-se observar que em meados dos anos de 1980 as incubadoras se dedicavam a múltiplos negócios, ou seja, sem um foco principal.

A partir de meados dos anos de 1990 elas passaram a se diferenciar e algumas optaram em atuar como IEBT, incubadoras mistas ou ainda se dedicarem a setores específicos, direcionando as suas atividades para a formação de empresas distintas e com maior probabilidade de sucesso no segmento escolhido. No início de 2000, surgiu a nova economia das incubadoras de empresas, sustentada pelo avanço detectado pelas empresas que fazem ou fizeram parte de incubadoras de empresas e o desenvolvimento das regiões ou até mesmo países em que elas atuaram, teve origem também o conceito de formação de incubadoras virtuais baseadas em subsídios técnicos por meio da internet.

O surgimento de incubadoras de empresas passou a estar vinculadas ou não a universidades e/ou dentro de parques tecnológicos, ou seja, sem ligações formais com instituições de ensino e pesquisa.

Nos dias de hoje diversos países também passaram a utilizar incubadoras de empresas, sejam eles países desenvolvidos ou em desenvolvimento, tais como, China, Índia, México, Argentina. Turquia, Polônia, Japão entre outros.

Segundo Oliveira e Dagnino (2004, p.8)

No Brasil o movimento das incubadoras de empresas começou na década de 1980, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e adesão de agências como a Financiadora de Estudos e projetos (FINEP) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) no plano supranacional. Estudos apoiados por essas agências levaram a constituição em 1987 da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançada (ANPROTEC), cujo objetivo tem sido a articulação com organismos governamentais e não governamentais, visando o desenvolvimento de Incubadoras e Parques Tecnológicos no país.

De acordo com o MCT (2000), a primeira incubadora de empresas brasileira foi instalada em 1985, na cidade de São Carlos, com o apoio do CNPq. A seguir, Florianópolis, Curitiba, Campina Grande e Distrito Federal também estabeleceram incubadoras. Em 1987 com a criação da ANPROTEC iniciou-se a articulação do movimento de criação de incubadoras de empresas no Brasil, afiliando incubadoras de empresas ou suas instituições gestoras.

As incubadoras de empresas contribuem sobremaneira para o desenvolvimento de organizações, de empresas, de regiões, de cidades, de estados e até mesmo de países.

As inovações geradas nas incubadoras de empresas propiciam uma possível opção para essa nova realidade mundial, em que governo, universidades, centros de pesquisas e setor produtivo buscam aperfeiçoar suas relações, no sentido de convergir objetivos econômicos e sociais, em um mercado competitivo e inovador.

Outro aspecto muito importante a respeito do papel desempenhado pelas incubadoras de empresas é o de aumentar a probabilidade de sucesso de empresas que surgem no cenário em que ela está inserida, oferecendo uma série de benefícios e suporte para seu o arranque e desenvolvimento.

Lalkaka & Bishop (1997, p.67) ilustram o conceito de incubadoras da seguinte forma:

O termo ‘incubadora’ significa um ambiente controlado para amparar a vida. Em uma fazenda, as incubadoras são usadas para manter um ambiente aquecido para a incubação de ovos. Em um hospital, o recém-nascido prematuro pode ficar algumas horas ou semanas numa ‘incubadora’ que fornecerá apoio adicional durante o primeiro

período crítico de vida. No contexto do desenvolvimento econômico, as incubadoras existem para apoiar a transformação de empresários potenciais em empresas crescentes e lucrativas.

Hansen, Chesbrough, Noria e Sull (2000, p.75) definem incubadoras de empresas como:

Uma indústria em expansão. Apelidadas de "aceleradoras de negócios" de "campus", "eco redes" e "rede de keiretsus", estas organizações têm sido as novas formas para alimentar e fazer crescer empresas nascentes nesta economia de redes de empresas. Elas oferecem às empresas principiantes uma série de benefícios - espaço para escritórios, financiamento e serviços básicos, tais como o recrutamento, contabilidade e assessoria jurídica - geralmente em troca de participações acionárias.

O Programa Nacional de Incubadoras de Empresas (PNI) do MCT (2000, pg. 6) adotada o seguinte conceito para caracterizar uma incubadora:

É um mecanismo que estimula a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços, de base tecnológica ou de manufaturas leves por meio da formação complementar do empreendedor em seus aspectos técnicos e gerenciais e que, além disso, facilita e agiliza o processo de inovação tecnológica nas micro e pequenas empresas. Para tanto, conta com um espaço físico especialmente construído ou adaptado para alojar temporariamente micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços e que, necessariamente, dispõe de uma série de serviços e facilidades e são descritos a seguir:

• Espaço físico individualizado, para a instalação de escritórios e laboratórios de cada empresa admitida;

• Espaço físico para uso compartilhado, tais como sala de reunião, auditórios, área para demonstração dos produtos, processos e serviços das empresas incubadas, secretaria, serviços administrativos e instalações laboratoriais; • Recursos humanos e serviços especializados que auxiliem as empresas

incubadas em suas atividades, quais sejam, gestão empresarial, gestão da inovação tecnológica, comercialização de produtos e serviços no mercado doméstico e externo, contabilidade, marketing, assistência jurídica, captação de recursos, contratos com financiadores, engenharia de produção e Propriedade Intelectual, entre outros;

• Capacitação/Formação/Treinamento de empresários-empreendedores nos principais aspectos gerenciais, tais como gestão empresarial, gestão da inovação tecnológica, comercialização de produtos e serviços no mercado doméstico e externo, contabilidade, marketing, assistência jurídica, captação de recursos, contratos com financiadores, gestão da inovação tecnológica, engenharia de produção e Propriedade Intelectual;

• Acesso a laboratórios e bibliotecas de universidades e instituições que desenvolvam atividades tecnológicas.

Guimarães et al. (2003) oferecem uma definição para incubadoras de empresas muito peculiar e as abordam como ambientes que fornecem assistência às micro e pequenas empresas em sua fase inicial, viabilizando projetos, criando produtos, processos ou serviços, para que essas empresas, após deixarem a incubadora, estejam aptas a se manter no mercado.

São espaços compartilhados que proporcionam às novas empresas recursos tecnológicos e organizacionais; sistemas que criam valor agregado; monitoramento e ajuda empresarial, com o objetivo de facilitar o sucesso dos novos empreendimentos, reduzindo ou eliminando o custo de potenciais falhas que se apresentam na criação do negócio e que são controladas no período de incubação. Os novos empreendimentos recebem apoio do Governo, comunidades locais e investidores privados, com o intuito de superar determinadas dificuldades iniciais, tendo uma perspectiva de sucesso.

Segundo The National Business Incubation Association (NBIA, 2011), uma associação com 25 anos de experiência em incubação de empresas e empreendedorismo, localizada em Atenas, Ohio nos Estados Unidos e é tida como a organização líder mundial neste segmento, e que já foi parceira da ANPROTEC em 2001 para realizar, no Rio de Janeiro, a I World Conference on Business Incubation, evento que consolidou definitivamente a vocação de cooperação internacional da ANPROTEC, incubadoras são:

Um processo dinâmico de desenvolvimento de negócios corporativos. As Incubadoras auxiliam jovens empresas, ajudando-as a sobreviver e crescer durante o período de inicialização quando elas estão mais vulneráveis. As Incubadoras fornecem assistência técnica de gestão, acesso a financiamentos, identificação dos fatores críticos do negócio e serviços de suporte técnico.

A The National Business Incubation Association atende mais de 1.900 membros em mais de 60 países. Gerentes de incubadoras e desenvolvedores compõem uma grande parte da base dos membros da NBIA, a associação também representa outros indivíduos e grupos interessados. Aproximadamente 25 por cento dos membros da NBIA encontram-se de fora dos Estados Unidos.

Ainda conforme a NBIA (2011) o principal objetivo das incubadoras de empresas é:

Produzir empresas graduadas bem sucedidas, negócios que são financeiramente viável e independente, quando sair da incubadora, geralmente em um prazo de 2 a 3 anos.

Já para a ANPROTEC (2010), conceituada instituição que representa os interesses das incubadoras de empresas, parques tecnológicos e empreendimentos inovadores no Brasil, define:

Uma incubadora de empresas é um ambiente flexível e encorajador onde é oferecida uma série de facilidades para o surgimento e crescimento de novos empreendimentos. Além da assessoria na gestão técnica e empresarial da empresa, a incubadora oferece a infraestrutura e serviços compartilhados necessários para o desenvolvimento do novo negócio, como espaço físico, salas de reunião, telefone, fax, acesso à internet, suporte em informática, entre outros. Dessa forma, as incubadoras de empresas geridas por órgãos governamentais, universidades, associações empresariais e fundações são catalisadoras do processo de desenvolvimento e consolidação de empreendimentos inovadores no mercado competitivo. Com base na utilização do conhecimento profissional e prático, os principais objetivos de uma incubadora de empresas estão na produção de empresas de sucesso e na criação de uma cultura empreendedora.

Conforme citado anteriormente a ANPROTEC conta com quase 400 incubadoras de empresas espalhadas pelo Brasil, o gráfico 1 apresenta a evolução delas desde 1988 até 2006 de acordo com os últimos dados apresentados pela entidade em seu Panorama Nacional dos Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas divulgados em 2007, após esta data não foram apresentados estudos semelhantes e atualizados sobre estes números.

Gráfico 1- Evolução do movimento brasileiro de incubadoras – 1988 até 2006 Fonte: A NPROTEC (2007)

Como podemos observar em quase vinte anos o número de incubadoras deu um salto gigantesco no país, nos dias atuais o país conta com 384 incubadoras de empresas (ANPROTEC, 2012), isto demonstra que o país está em busca de uma melhor competitividade e formação de capital intelectual contribuindo para o crescimento tecnológico e a criação de empresas, geração de empregos e arrecadação de impostos para um aprimoramento do bem estar social e geração divisas para o Brasil.

Ainda de acordo com a ANPROTEC, o gráfico 2 apresenta como as incubadoras estão divididas ao longo do território nacional, de acordo com os últimos dados apresentados pela entidade (ANPROTEC, 2007):

Gráfico 2- Incubadoras em ope ração por região – 1999 até 2006 Fonte: A NPROTEC (2007)

Com base no gráfico 2, pode-se observar que as incubadoras de empresas brasileiras, no ano de 2006, concentravam-se nas regiões Sul e Sudeste. O estado com maior número era o Rio Grande do Sul, com 82 incubadoras, seguido por São Paulo, com 62, e Rio de Janeiro, com 27, porém, podemos perceber que independentemente da região, todas mostraram expansão no número de incubadoras de empresas em operação no período entre 1999 a 2006, apesar de ser nítido que esta expansão apresentava intensidades diferentes.

A FINEP também se utiliza da definição da ANPROTEC para balizar seu entendimento do que seja uma incubadora de empresas, e também, será utilizada para esta pesquisa a definição usual ao nos referirmos às incubadoras de empresas, por serem estes os dois órgãos mais importantes que estudam e fomentam estas iniciativas no Brasil.

Podemos inferir destas definições que as incubadoras de empresas são organizações com uma abordagem holística que ajudam a apoiar jovens empresários com um processo dinâmico, limitado em um espaço de tempo, direcionadas a auxiliar empresas na fase nascente ou emergente, para auxiliarem estas jovens empresas para obterem capacidade de sobrevivência tanto econômica como gerencial com auxílio de diferentes ferramentas (infraestrutura, rede de negócios, apoio à gestão, finanças).

Segundo a OCDE (1997), a importância para a implementação e fortalecimento de incubadoras de empresas passa por quatro objetivos principais:

a) Promover o desenvolvimento econômico (como exemplo, podemos citar a expansão da base de negócios e diversificação da economia local);

b) Promover a comercialização de tecnologias (como exemplo, podemos citar a comercialização de novas ideias, novos artefatos e novos negócios);

c) Promover o desenvolvimento de propriedades imobiliárias (property venture);

d) Fomentar o empreendedorismo. Geração de empregos, promoção da autossuficiência para diversos grupos da população, transferência de tecnologia de universidades e institutos de pesquisa e corporações e compartilhamento de experiências entre os novos empresários e os já estabelecidos são objetivos “secundários” de extrema relevância.

Entender a concepção, estruturação e os objetivos das incubadoras de empresas, será importante para podermos balizar nossos constructos para a formação de um modelo que possibilite a autossustentabilidade de IEBTs, destinadas à condução de suas atividades principais, apoiar a formação de empresas e o desenvolvimento de uma cultura empreendedora na região em que atua.