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Munasinghe e Cutler (2007) e Moçatode-Oliveira e Sola (2013) citam que a sustentabilidade organizacional divide-se em três perspectivas ou pilares: o pilar ambiental, o pilar econômico, e o pilar social. Estes pilares tem origem em uma das teorias mais aceitas atualmente no meio organizacional em relação à sustentabilidade: o Triple Bottom Line, proposto por Elkington (1999) com a finalidade de relacionar estes três pilares. Esta abordagem também é conhecida como os três Ps (People, Planet and Proift), e procura valorizar aspectos como: lucro, desenvolvimento social e preservação ambiental.

Munasinghe e Cutler (2007) a sustentabilidade ambiental está centrada no funcionamento normal dos sistemas naturais e preocupa-se com a saúde de sistemas vivos por meio da conservação de seu vigor, resiliência e organização. Sendo vigor relacionada à produtividade primária e ao crescimento de um determinado ecossistema; a resiliência está ligada a capacidade que um sistema possui em retornar ao seu equilíbrio após receber um choque causado por fatores externos; e a organização como sendo dependente da complexidade e da estrutura do sistema.

Lorenzetti, Cruz e Ricioli (2008) citam que a sustentabilidade econômica é responsável pela geração de riqueza, e indica a capacidade das empresas de realizar atividades de maneira responsável e com lucratividade.

O pilar econômico diz respeito à viabilidade econômico- financeira, e está relacionado a aspectos como competitividade, oferta de empregos, penetração em novos mercados e lucratividade, além destes aspectos, Krajn e Glavic (2005) abordam que esta dimensão deve se preocupar também com os impactos causados no bem-estar econômico de seus stakeholders. Trata-se da capacidade organizacional de apresentar um fluxo de caixa suficiente que assegure a liquidez necessária (MUNCK; MUNCK; BORIM-DE-SOUZA, 2011).

Steurer et al. (2005) apontam que a dimensão econômica é classifica por meio dos seguintes aspectos:

A- Desempenho financeiro empresarial – Ligado aos rendimentos financeiros das empresas. Seus principais indicadores são fluxo de caixa, valor das ações, lucros, lucratividade, índice de endividamento e liquidez.

B- Competitividade empresarial – Ligado à previsão financeira de longo prazo, neste caso, a empresa será considerada sustentável apenas se tomar medidas estratégicas para proteger, manter ou melhorar a sua competitividade.

C- Impacto econômico gerado pela empresa para seus stakeholders – Uma empresa será sustentável apenas quando pagar impostos, taxas, remunerar de forma justa preços de fornecedores e salários de funcionários, quando for bem avaliada por agências de créditos e distribuir lucros e dividendos aos acionistas.

Sachs (1993) entende a sustentabilidade empresarial como a consolidação de um processo de desenvolvimento baseado em outro tipo de crescimento e orientado para outra visão do que é a boa sociedade, seu objetivo é construir uma civilização do “ser” em que exista equidade na distribuição de renda possibilitando direitos e condições de amplas massas de população e a reduzir a distância entre os padrões de vida de abastados e não abastados.

Ainda podemos entender esta dimensão com relação às melhorias sociais internas e externas às empresas. As internas são centradas nos funcionários e as externas voltadas a todo tipo de benefício para um variado grupo de stakeholders associados a empresa.

O pilar social, de acordo com Oliveira (2005), deve guiar-se pela busca de equidade na distribuição de renda e de bens, com a finalidade de reduzir a desigualdade do abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres, além de, promover a igualdade de acesso a recursos e serviços sociais e ao emprego pleno.

Searcy, Karapetrovic e McCartney (2005) citam que, por ser uma disciplina emergente, a mensuração de sustentabilidade necessita de um desenvolvimento e pesquisas aprofundadas para que seu conhecimento científico se torne consenso entre os pesquisadores, robusto e menos subjetivo como é nos dias atuais.

Wilson, Tyedmers e Pelot (2007) identificaram em suas pesquisas que existem diversas ferramentas que mensuram a sustentabilidade, porém, citam que existe falta de consistência nesses instrumentos de medição. Um dos aspectos apontados pelos pesquisadores é a falta de consenso quanto ao significado da palavra sustentabilidade. Este motivo também é apontado nos estudos de Claro e Claro (2004); Searcy, Karapetrovic e McCartney (2005) e Mayer (2008).

Singh et al. (2009) citam que apesar dos esforços em medir a sustentabilidade, poucos instrumentos apresentam uma abordagem que integrem aspectos ambientais, econômicos e sociais, visto que a maioria desses instrumentos analisa cada dimensão de forma isolada.

Marzall e Almeida (2000); Keeble, Topiol e Berkeley (2003) e Szëkely e Knirsch (2005) mencionam que existe uma grande relevância no desenvolvimento de pesquisas associadas à mensuração de sustentabilidade em empresas e indicam que existe uma necessidade em estabelecer e consagrar uma metodologia que mensure o progresso que as empresas fazem em direção à sustentabilidade econômica, social e ambiental. Esta tese busca entender como uma incubadora pode atingir a sustentabilidade econômica e, portanto, esta dimensão será explorada de forma mais intensa.

Segundo Elkington (2001, p.77), o pilar econômico, na perspectiva convencional, se resume ao lucro da empresa e para calculá- lo os contadores utilizam apenas dados numéricos. O ponto principal desta abordagem, entretanto, requer uma busca de sustentabilidade econômica da empresa em longo prazo. Faz-se necessário compreender como as empresas avaliam se suas atividades são economicamente sustentáveis e isso, necessariamente, passa pelo entendimento do significado de capital econômico. Em uma visão simplista do autor, ele descreve que o capital de uma empresa é a diferença entre seus ativos e suas obrigações e pode ser encontrado de duas formas principais:

A) Capital físico - É uma referência a qualquer ativo não humano, feito por humanos e utilizado na produção. Frequentemente, este termo é utilizado num sentido que é uma combinação relativamente ambígua dos termos capital de infraestrutura e capital natural que, por sua vez, são formas de capital econômico;

B) Capital financeiro - Representa obrigações, é liquidado comercialmente como dinheiro e é de propriedade de entidades legais. É uma forma de título de posse comercializado em mercados financeiros. O seu valor não é baseado na acumulação de dinheiro investido, mas na percepção do mercado nos ganhos futuros e no risco embutido.

Munck, Munck e Borim-de-Souza (2011, p.152) abordam que, até meados da década de 1970, uma empresa poderia ser considerada sustentável se fosse economicamente saudável, com um bom patrimônio e lucros crescentes, mesmo se houvesse dívidas. Nos dias de hoje, uma organização é considerada sustentável quando ao mesmo passo que gera lucro para os acionistas, protege o meio ambiente e considera os seus stakeholders (SAVITZ; WEBER, 2007).

Dyllick e Hockerts (2002) citam que sustentabilidade organizacional é a capacidade das organizações alavancarem seus capitais econômico, social e ambiental ao contribuírem

para o desenvolvimento sustentável, ou seja, é a habilidade das organizações de manterem bom desempenho nos âmbitos econômico, social e ambiental.

De acordo com MCT (2000) e Cerne (2009), as incubadoras de empresas necessitam de recursos financeiros para cobrir os gastos necessários à manutenção das suas atividades de apoio a novas ideias e a novos empreendimentos, sejam eles oriundos de fontes governamentais ou privadas.

Segundo Oliveira e Marques (2008) e Lahorgue (2008), no Brasil a maioria das incubadoras de empresas é ligada formalmente ou informalmente a ambientes acadêmicos e são criadas e mantidas por universidades, institutos ou centros de pesquisa. Estas entidades são mantidas pelas suas próprias receitas provenientes da participação das empresas e dos empreendimentos abrigados e por recursos custeados por programas privados e, na sua maioria, governamentais de estímulo ao empreendedorismo para a viabilização dos projetos propostos.

Lahorgue (2008, p.7), aborda que nas incubadoras de base tecnológica, o vínculo formal é mais elevado, no ano de 2002 chegou a 82%. A maior parte das relações formais, 54%, é estabelecida com universidades públicas, e a grande maioria, 66% das incubadoras localiza-se nas proximidades das universidades, o que denota potencial de sinergia e valoriza aspectos de governança no âmbito local.

A autora destaca que, nas avaliações realizadas pelo CNPq sobre os resultados do edital PNI de 02/2003 e disponibilizados em 2006, constatou-se a preocupação entre as incubadoras de empresas brasileiras quanto à sustentabilidade. Existe ainda no Brasil uma grande dependência das incubadoras de suas entidades gestoras para cobrirem seus custos operacionais. A eliminação da dependência pode ser promovida pela autossuficiência.

Para solucionar a questão da autossustentabilidade, as incubadoras têm desenvolvido diversas ações, embora ainda incipientes relacionadas à criação de associações de empresas, cardápio de serviços, maior relacionamento com as empresas graduadas, criação de “bancos” de consultores voluntários, entre outros (LAHORGUE, 2008, p. 8).

Na busca da sustentabilidade financeira as incubadoras podem encontrar uma melhor eficiência utilizando a análise de custos como ferramenta. Santos (2005, p. 27) cita que a análise de custos, em um sentido amplo, tem por finalidade mostrar os caminhos a serem percorridos na prática da gestão profissional de um negócio. O autor aborda que a ausência de informações e análise de custos e resultados, em qualquer entidade, nos dias atuais, poderá resultar em fracasso do negócio.

A análise de custos é um instrumento gerencial que interfere em quatro setores de informações (contabilidade financeira, contabilidade de custos, orçamento da empresa e análise econômico- financeira) fornecendo, de um lado, dados para os mesmos e, de outro lado, a interpretação dos dados e informações obtidos (SANTOS et al., 2006, p. 12).

Santos et al., (2006, p. 12), citam que em termos metodológicos, existem diversas áreas de aplicação da análise de custos, especialmente:

• Classificação dos custos;

• Exame e análise do comportamento dos custos; • Planejamento do custo (orçamento do custo);

• Cálculo de custos unitários (produtos, serviços etc.);

• Análise do custo de determinadas operações (processos técnicos, de distribuição, operações financeira etc.).

A correta identificação dos custos e das despesas a cada unidade produzida ou serviço oferecido, bem como das mercadorias adquiridas é necessária para que a entidade possa conhecer os seus gastos em relação às vendas, tomar decisões e controlar o que foi determinado.

Segundo Martins (2003, p.36), os sistemas de custeios são formas ou métodos de apropriação de custos e de despesas que tratam do processamento dos dados e das informações mais adequadas às necessidades da empresa para esse fim. Custeio significa apropriação de custos e existem diversos tipos de custeio: custeio por absorção, custeio direto ou variável, custeio pleno ou integral, custeio baseado em atividades, entre outros.

A EURADA (1998) cita a necessidade de adoção de ferramentas gerenciais para o controle de custos dos serviços oferecidos pelas incubadoras de empresas como um pré- requisito para o seu sucesso. Já Stainsack (2003, p.66) aponta para a necessidade de identificação de todos os custos e despesas da incubadora e projetar num orçamento anual. Portanto, a incubadora deve apresentar uma estrutura de custos adequada e garantir receitas suficientes para que ela possa atingir sua autossustentabilidade.

Os métodos de custeio são aplicáveis a todos os tipos de empresas, industrial, comercial ou prestação de serviços e podem, também, ser úteis para as incubadoras de empresas de base tecnológica para buscarem uma estrutura ideal de custos para atingir a autossustentabilidade.