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1. INTRODUÇÃO

1.3 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA

Este estudo se justifica, pois, embora existam diversas pesquisas nacionais e internacionais sobre incubadoras de empresas e sobre a sua importância no contexto de formação de empresas e desenvolvimento tecnológico de uma região ou país, ainda surge à necessidade de aperfeiçoamento técnico-científico no sentido de auxiliar as incubadoras de empresas de base tecnológica a terem um desempenho superior.

O ineditismo desta pesquisa está justamente na aplicação de um modelo de negócios para as incubadoras de empresas de base tecnológica que garantam sua autossustentabilidade uma vez que, ao pesquisar as bases de dados nacionais não foram identificados trabalhos com este foco.

Existem estudos que abordam o tema “Incubadoras de Empresas”, como, por exemplo, os de Gallon (2009, p. 9), que anotou em seu levantamento sobre teses e dissertações indexadas e disponibilizadas pela Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) – base de dados coordenada e organizada pelo Instituto Brasileiro de Informações em Ciência e Tecnologia (IBICT) – que permite o acesso ao texto completo das teses/dissertações de 77 instituições brasileiras de ensino superior, arquivadas até 04/06/2008, em que foram identificados 64 trabalhos que versam sobre o tema. Este primeiro levantamento, realizado em 2008, abrangeu todas as teses e dissertações disponíveis eletronicamente que apresentaram no título, no resumo e/ou nas palavras-chave dos trabalhos a ocorrência do termo ‘incubadora’. Destaca-se que este levantamento teve como principal limitação à busca por teses e dissertações disponíveis em texto completo.

Replicando-se este estudo em Janeiro de 2012, porém, identificando um viés na pesquisa anterior, utilizou-se, também o termo: “incubadoras”, além do termo: “incubadora”, e foram encontrados os seguintes dados neste estudo conforme demonstra a tabela 3:

A. Termo = Incubadora - Gallon (2009)

I - Título 23

II - Resumo 58

III - Assunto 26

Total de Teses/Dissertações identificadas = 77 B. Termo = Incubadoras - Pesquisador (2012)

I - Título 16

III - Assunto 35 Total de Teses/Dissertações identificadas = 98

Tabela 3 - Total de trabalhos identificados na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD)

Como se observa na tabela 3, o total de trabalhos identificados pela pesquisa após a aplicação dos filtros acima somaram 98. Após a devida identificação de teses/dissertações referentes às incubadoras de empresas identificaram-se 79 trabalhos que versam sobre o tema desta pesquisa. Já Gallon (2009) identificou 64 trabalhos, um viés no mesmo período abordado com os parâmetros citados acima, quase 29% maior ante os números apontados pela pesquisadora.

Ainda sobre o número de trabalhos sobre incubadoras de empresas identificados em janeiro de 2012, pode-se verificar um acréscimo de quase 30% (19 trabalhos) a partir de 04/06/2008. Isto demonstra a importância do estudo sobre o tema devido aos níveis de crescimento apresentados pelo país nestes últimos anos e em razão do aumento do número de incubadoras criadas nesta última década de 2000, comprovados com os dados já apresentados pela ANPROTEC (2012).

Foram identificados alguns trabalhos que analisam e avaliam os modelos de gestão de incubadoras nacionais, mas que não abordam exatamente o tema que aqui se pretende pesquisar, e foram selecionadas por terem aderência parcial ao tema a ser desenvolvido:

Trabalhos selecionados sobre Incubadoras de Empresas

Título Universidade Programa

Mode lo de Gestão para Incubadoras de Empresas

Uma Estrutura de

Indicadores de Desempe nho (2001).

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Rede de incubadoras do Rio de Janeiro - REINC

Mode lo de gestão para incubadoras: abordage m por gestão de proje tos e siste ma de me dição de pe rformance pe la me todologia BSC - Re latório Final – Fase 1 (2004).

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Rede de incubadoras do Rio de Janeiro - REINC

Mode lo de gestão para incubação de empresas orie ntado a capital de risco (MOREIRA, 2002). Universidade Federal de Santa Catarina Mestrado em Engenharia de Produção Estruturação, organização e gestão de incubadoras te cnológicas (STAINSACK, 2003).

Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná

Mode lo de gestão para incubadora de e mpresas sob a pe rspectiva de me todologias de gestão apoiadas e m re de : o caso da incubadora de e mpresas de base tecnológica da Unive rsidade Fe de ral Flumine nse (RIBEIRO, 2006).

Universidade Federal

Fluminense

Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão

Aplicação do balanced scorecard como instrume nto de avaliação de desempe nho: o caso da incubadora de e mpresas de base tecnológica

da UFF (GUIMARAES, 2007). Universidade Federal de Lavras Mestrado em Administração Um mode lo de indicadores estraté gicos da suste ntabilidade organizacional de incubadoras de e mpresas de base tecnológica: aplicações e m incubadoras de pe que no porte no estado do Paraná (BEZERRA, 2007)

Universidade Federal de Santa Catarina

Tese de Doutorado

Metodologia multicrité rio para auto-avaliação do microdistrito industrial (midi) te cnológico com vistas a alavancar se u desempe nho e de suas ebts incubadas (GALLON, 2009).

Universidade Federal de Santa Catarina

Tese de Doutorado

Quadro 1- Trabalhos selecionados sobre modelos de gestão de incubadoras empresariais Fonte: Adaptado de Ga llon (2009)

As pesquisas citadas no quadro 1 apontam para estudos nacionais, os estudos da Reinc (2001; 2004); Guimarães (2007) e Bezerra (2007) abordam basicamente para utilização de indicadores de desempenho utilizando a metodologia do Balanced Scorecard. Já o trabalho de Stainsack (2003) analisa os modelos de organização e funcionamento de incubadoras tecnológicas por meio de uma revisão teórica e experiências dos Estados Unidos, França e Brasil sobre incubadoras de empresas. Ribeiro (2006) aponta para um modelo de gestão de incubadoras de empresas apoiada em rede, citando o caso da Universidade Federal Fluminense. Por fim, estudos de Gallon (2009) se apoiam em uma metodologia multicritério para autoavaliação do microdistrito tecnológico de Santa Catarina para alavancar o desempenho da incubadora e das empresas de base tecnológicas nela incubadas.

Os aspectos que diferenciam tais trabalhos desta proposição de pesquisa, e, portanto, mostra o seu ineditismo, está em analisar a realidade de um país que faz parte da comunidade europeia, Portugal, e que possui em seu rol de incubadoras a melhor incubadora do mundo,

conforme citado anteriormente, e incubadoras nacionais visando identificar um modelo de negócio que propicie autossustentabilidade para incubadoras de empresas de base tecnológicas.

A identificação de fatores críticos de sucesso no processo de incubação de empresas de base tecnológica é objeto de estudo em diversas pesquisas e podemos citar os realizados por Vedovello, Puga e Felix (2001), Chorev e Anderson (2006), Aerts et al. (2007), Schwartz e Hornych (2008) e Voisey et al. (2011). Estes fatores são complexos de identificação. O processo de incubação não foi analisado plenamente em toda sua essência, pois seus estudos começaram a se desenvolver a partir da década de 1980 nos países emergentes, conforme citam Hackett e Dilts (2004).

Devido ao pequeno número de trabalhos disponíveis na literatura nacional e internacional sobre o emprego de modelos de negócios direcionado a autossustentabilidade de incubadoras de empresas de base tecnológica justifica-se este estudo e demonstra a importância em pesquisar o tema visando propor novas metodologias para subsidiar o processo de gestão dessas organizações.

Esta pesquisa pode vir a contribuir de forma econômica e social, pois, as incubadoras de empresas se transformaram em uma estratégia eficaz de promoção do desenvolvimento econômico e social regional, por serem importantes fontes de geração de emprego, renda, impostos e divisas, além de melhorar o desempenho econômico- financeiro tanto das incubadoras quanto das empresas nelas incubadas.

Estes elementos podem ser atestados pelos últimos dados apresentados pela ANPROTEC (2012) sobre o desempenho das incubadoras de empresas no Brasil e apresentados resumidamente na tabela 4 a seguir:

Tabela 4 – Incubadoras em números – Brasil 2011 Fonte: ANPROTEC (2012, p. 6 )

Conforme apontam os dados da ANPROTEC (2012), em 2011 o Brasil contava com 384 incubadoras de empresas, deste total, 2% se dedicam a cultura, 7% são de cunho social, 7% voltadas para a agroindústria, 8% se dedicam ao setor de serviços, 18% são incubadoras tracionais e 18% mistas e 40%, o maior percentual, incubadoras dedicadas à formação de empresas de base tecnológicas.

As empresas incubadas e graduadas juntas contam com um faturamento de mais ou menos 4,5 bilhões de reais, são 5,2 mil empresas que contribuem com algo em torno de 47 mil postos de trabalho, em sua grande maioria, mão de obra altamente especializada.

Estes aspectos apresentados demonstram a importância do tema para a acadêmica e para a sociedade em geral. Aprimorar o desempenho das incubadoras de empresas de base tecnológica pode contribuir para um aumento ainda mais expressivo dos resultados apontados acima e colaborar ainda mais para o desenvolvimento econômico e social do país.

Torna-se também um importante veículo de subsídio aos gerentes de incubadoras de empresas podendo orientá-los nas suas atividades, auxiliando-os na condução de suas incubadoras de empresas. Estes gerentes desempenham importante papel na formação de empreendedores e empresas de base tecnológica competitivas em um mercado altamente técnico, especializado e com alto valor agregado.

A criação de um modelo de negócios para as incubadoras de empresas de base tecnológica, que são a maioria do país, pode tornar seu processo de incubação mais efetivo, além de, contribuir tanto para formação de um número maior de empresas, quanto para a formação de empresas mais sólidas para o mercado.

A relevância do problema pode ser atestada por dois aspectos que são complementares:

1- Oferecer contribuição teórica e prática para um segmento que coloca um país em evidência, se comparado ao cenário mundial, fatos estes evidenciados pela ANPROTEC (2011).

2- Oferecer para o contexto de desempenho das incubadoras de empresas de base tecnológica um procedimento metodológico para a estruturação de um modelo de negócios personalizado com vistas à autossustentabilidade. Visa também o aprimoramento das atividades e dos processos de incubação, atividades-chave destas incubadoras, que sirva ainda de orientação de esforços na melhoria daquilo que realmente é valorizado pelo ambiente em que a organização está inserida e que as possibilitem, sejam elas com ou sem fins lucrativos, públicas

ou privadas, a serem competitivas e eficientes tanto a curto, médio e longo prazo (SALLES; IOZZI, 2005).

Entender como é o modelo de negócios das incubadoras de empresas e propor formas de aprimora- lo trará importantes contribuições para as incubadoras tanto de base tecnológica como tradicionais e mistas no seu processo de gestão com vistas a torná- las autossustentáveis , provavelmente, garantindo condições favoráveis para a formação de novos empreendimentos sólidos e competitivos, seu principal objetivo.