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3. O ATIVISMO JUDICIAL NA APLICAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE

3.2 O princípio da separação dos poderes

3.2.2 Posicionamento jurisprudencial e os parâmetros estabelecidos na atuação do

3.2.2.2 CNJ, recomendação nº 31

A partir das discussões levantadas pela Audiência Pública nº 4 e pelas resultados obtidos, o CNJ critou um grupo de trabalho a partir da Portaria nº 650, de 20 de novembro de 2009, que realizou diversas pesquisas acerca da temática do Direito à Saúde, levando à aprovação a Recomendação n. 31, de 30 de março de 2010, pelo plenário do CNJ.

Foram traçadas diretrizes aos magistrados no que diz respeito a demandas relacionadas à saúde, além de ter sido instituído o Fórum Nacional do Judiciário para monitoramento e resolução das demandas de assistência à Saúde, Fórum da Saúde, cuja coordenação fica a cargo de Comitê Executivo Nacional, constituído por Comitês Estaduais. Foi realizado a I Jornada Nacional da Saúde para debate de problemas existentes na questão da Judicialização da Saúde em maio de 2014.

O estabelecimento das diretrizes para os juízes observou o elevado número de processos judiciais relacionados ao tema, os impactos orçamentários para cumprimento das decisões, a dificuldade de reunião de informações técnico-científicas a respeito dos casos relacionados a demanda de saúde, a reinvindicação dos gestores, a fim de que também seja ouvidos antes da prolatação de decisões judiciais que os responsabilizem.

Quanto às providências estabelecidas, estão a recomendação e que os Tribunais de Justiça dos Estados e Tribunais regionais que celebrem convênios com o intuito de disponibilizar apoio técnico de profissionais de saúde que auxiliem os magistrados no que diz respeito à formulação de juízo de valor nbas apreciações, a instrução das ações com relatórios médicos, que descrevam a doença, com a prescrição dos medicamentos, inclusive no que diz respeito às denominações genéricas e princípio ativo, além de detalhamento de produtos como órteses, próteses e insumos em geral, com a posologia exata.

Foi recomendado ainda que seja evitada a autorização demedicamentos não registrados pela Anvisa ou ainda em fase experiemental, com ressalva das exceções previstas em lei, além do conhecimento prático de funcionamento dos magistrados às unidades de saúde pública ou conveniadas ao SUS, bem como aos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde, a fim de que tenham o mínimo de conhecimento

necessário para proferir sentenças relacionadas à saúde, a partir do entendimento de como ocorre a compra de medicamentos, o funcionamentos dos hospitais, a contratação dos servidores e a atuação dos gestores.

Outra proposta elaborada foi a de inclusão de direito sanitário e seminários para estudo de questões relacionadas à área da saúde nos programas dos cursos de formação, vitaliciamento e aperfeiçoamento dos magistrados.

Além disso, foram criados os Cômites Executivos para coordenação e execução de ações com natureza consideradas relevantes. O Comitê Nacional é composto por juiz auxiliar da Presidência, juízes com atuação na área, especialistas e representantes do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar(ANS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

Buscou-se ainda, maior diálogo entre todos os setores que influênciam na execução do Direito à Saúde, como gestores municipais e estaduais de saúde, médicos, farmacêuticos e gestores de medicina suplementar, para que dentro do sistema seja esclarecido o funcionamento do Sistema Único de Saúde e das Políticas Públicas. Há, ainda, por orientação do Fórum da Saúde do CNJ, a motivação para que, quando a discussão seja evitável, possa ser evitada, de forma que os agentes possam resolver a lide da forma menos onerosa e menos desgastante possível. Com este intuito, foi criado o Núcleo de Apoio Técnico (NAT) ou Câmaras técnicas, com o intuito de auxiliar os magistrados na deliberação sobre processos que envolvam temas de saúde. A atuação do núcleo dá-se após a distribuição da ação, sendo feito encaminhamento da petição inicial à Câmara Técnica, que se manifesta acerca da matéria, relatando se o medicamento requisitado está devidamente registradona Anvisa, sua eficácia e se existe medicamento com o mesmo princípio ativo ou indicado para o tratamento da mesma doença fornecido pelo SUS.

Há, portanto, suporte ao juiz, no que diz respeito a informações inicias básicas, para análise do pedido de liminar. O órgão auxilia ainda no cumprimento de decisões judiciais, facilitação de defesa dos entes envolvidos na demanda, favorecimento de celebração de acordos e contribuição para produção de provas com realização de audiências e pareceres. São ainda elaborados enunciados com resumos de ações satisfatórias para os setores de saúde.

Os Comitês Estaduais do Fórum de Saúde vem, também editando cartilhas, reunindo informações acerca da temática de saúde. Exemplos são as cartilhas desenvolvidas pelos comitês do Rio Grande do Sul e do Rio Grande do Norte. O do primeiro estado, criou cartilha explicativa sobre oncologia no SUS, informando a estrutura, cobertura e organização da assistência oncológica feita no Sistema Único de Saúde. O segundo estado, por sua vez, na cartilha elaborada, apresenta termo de acordo celebrados, mostrando meios eficazes de resolução dos conflitos de forma menos onerosa e mais célere.

Outra medida estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça foi acerca da especialização de varas da fazenda pública em ações relacionadas a Direito à saúde, tendo sido recomendado que tais processos tenham prioridade de julgamento nos Tribunais.

Percebe-se, então, que a recomendação estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça em muito favoreceu maior especialização por parte dos juízes, melhor capacitando-os para julgamento de questões relativas à saúde. Além disso, foram estabelecidos mecanismos para diálogo e harmonia entre os poderes envolvidos, além de favorecimento de maior diálogo e acordos que aliviem a sobrecarga de processos relacionados à Direito à saúde.