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4. INTERFERÊNCIAS ORÇAMENTÁRIAS DO ATIVISMO JUDICIAL EM

4.3 Financiamento do Sistema Único de Saúde e RENAME

É obrigatória para os entes federativos a elaboração de orçamento público, o qual é transformado em lei após amplo processo no qual são demonstradas as devidas pretensões no que diz respeito à alocação dos recursos públicos advindos da arrecadação com impostos, contribuições socais e demais fontes de receita a curto e médio prazo.

A Constituição federal de 1988 estabelece a periodicidade da elaboração orçamentária, que, seguindo periodicidade estabelecida, forma o denominado ciclo orçamentário, que, sendo contínuo, comporta etapas sucessivas que envolvem elaboração, discussão, execução, avaliação e julgamento.

Tal ciclo comporta a feitura do Plano Pluriano (PPA) e finda com o julgamento de prestação de contas feita pelo Poder Legislativo, sendo regido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). O PPA é realizado a cada quatro anos, representado planejamento a longo prazo, sendo operacionado estrategicamente pelo LDO e LOA, a curto prazo.

O Plano Plurianual estabelece de forma quantitativa e qualitativa acerca da alocação de recursos públicos em cada área atuante da admistração, inclusive a de saúde. São nesta ocasião definidas as metas pelo período de quatro anos posteriores, apesar de que tal plano poderá ser aperfeiçoado anualmente, uma vez que a Lei de Diretrizes Orçamentárias definirá os serviços prioritários do ano seguinte, bem como as regras a serem observadas na Lei Lei Orçamentária anual para que sejam atingidas as metas previstas no Plano Plurianual.

Quanto à Lei Orçamentária, caberá a esta a autorização disposta ao Executivo para que os recursos sejam utilizados em vistas da manutenção da administração, com a materialização das diretrizes que hão de permear as despesas estatais e indicando a disponibilidade orçamentária.

O Poder Executivo dispõe de autonomia e legitimidade para a elaboração do ciclo orçamentário, cabendo ao Legislativo a proposição de emendas, aprovação de propostas e julgamento posterior das contas apresentadas pelo chefe do Executivo. Nesta toada, a Contituição Cidadã estabelece que gastos mínimos devem ser revertidos prioritariamente para saúde e educação. A parcela destinada à educação será equivalente a 18% da arrecadação, e o percentual destinado à saúde será corresponde à 13,2% da receita corrente líquida, no âmbito do governo federal. Portanto, a fim de que tal disposição constitucional seja devidamente obedecida, será necessário que, no mínimo, a quantidade já mencionada seja destinada a gastos relativos à saúde, não podendo ser considerada abusiva a intervenção judiciária que garanta que tal preceito seja devidamente cumprido.

Ademais, a elaboração do orçamento público conta também com a participação cidadã, no que diz respeito à participação direta da população, que poderá discutir as prioridades a serem adotadas pelo Poder Executivo. Predomina o orçamento

participativo na esfera municipal, por meio de estudo prévio realizado pela prefeitura, com a realização de audiências públicas que garantam a devida participação popular e o respeito à vontade dos cidadãos, com o encaminhamento dos projetos com maior número de votos para a devida lei orçamentária.

Pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em época na qual era discutido no Congresso Nacional projeto acerca de gastos públicos, sobre a opinião popular ao que diz respeito à saúde pública demonstrou que a maioria dos brasileiros avalia negativamente o Sistema Único de Saúde, o que expressa que a previsão constitucional de garantia ao Direito à Saúde ainda está distante de ser realizado satisfatoriamente. Os cidadãos defendem a necessidade de combate à corrupção e desperdício de dinheiro público. Na ocasião, 95% dos brasileiros consultados demonstram opinião de que é necessário que mais recursos sejam destinados à melhoria da saúde, e 61% da população classifica o serviço de saúde como ruim ou péssimo.

No Brasil, para estipulação dos tratamentos a serem abrangidos pelo Sistema Único de Saúde, são consideradas as doenças de maior incidência, que atingem um grupo maior de indivíduos, com a consideração dos impactos financeiros de tais fámarcos e a serem usadas de forma racional.

A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) é a lista de medicamentos com cobertura abrangida pelo SUS, nas demandas consideradas priritárias para a população basileira, sendo instrumento para as ações de assistência. A lista é constantemente revisada pela Comissão Técnica e Multidisciplinar de Atualização da Rename (Comare), instituída pela Portaria GM Nº 1.254/20015, composta por órgãos do goverto e instâncias festoras do SUS, além de universidades e entidades de representação de profissionais da saúde.

A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais é porposta pela Organização Mundiaol da Saíúde (OMS) como estratégica em política de medicamentos para promoção de acesso seguro e uso racional de medicamentos.

Essa seleção de medicamentos essenciais é proposta da Organização Mundial da Saúde como uma das estratégias da sua política de medicamentos para promover o acesso e uso seguro e racional de medicamentos.

Quanto à Política de Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde , tem- se que esta sofre significativas interferências do fenômeno da judicialização da saúde. A

outubro de 1998, é definidora das diretrizes, responsabilidades e prioridades dos entes federativos, sendo composta esta pelo Componente Básico da Assistência Farmacêutica, Componente Estratégico da Assistência farmacêutica e Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

Quanto ao Componente Básico da Assistência, são abrangidos medicamentos tidos como essenciais, visando atender moléstias recorrentes e prevalentes. Como exemplo, os analgésicos, antibióticos, antiparasitários, medicamentos de uso contínuo para diabetes, hipertensão e saúde mental. Em tais remédios de assistência básica, tem- se que a aquisição pode ser feita pelo Estado, com o repasse dos medicamentos em espécie para os municípios, que também poderão obter diretamente os insumos a partir dos recursos recebidos do Ministério da Saúde e do Estado. O Ministério da Saúde, por sua vez, é responsável direto pela aquisição e distribuição das insulinas NPH e Regular e de contraceptivos orais, injetáveis, DIU e diafragma, com posterior distribuição ao estado e município.

Quanto à assistência farmacêitca estratégica, compõem os remédios utilizados no tratamento de doenças caracterizadas como de saúde pública, que atingem coletividades e cujo tratamento concentra-se no tratamento dos portadores. Há um seguimento de protocolos e normas previamente estipuladas, e o fornecimento dá-se por programas estrátégicos, sendo estes: Controle da Tuberculose, Controle de Hanseníase DST/AIDS, Endemias Focais, Sague e hemoderivados, Alimentação e nutrição, Controle de tabagismo e o Programa Nacional de Imunizações. A incumbência de elaboração de tais programas é do Ministério da Saúde, também responsável pela aquisição dos medicamentos necessários e posterior repasse aos estados, responsaveis pelo armazenamento e distribuição aos departamentos regionais de saúde.

O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, visa a formulação de tratamentos de doenças raras ou crônicas, com a abrangência de medicamentos destinados a transplantados, portadores de insuficiência renal crônica, hepatite viral crônica B e C, epilepsia, esquizofrenia refratária e doenças genéticas. O financiamento de tal programa está regulamentado pelas Portarias Gm/MS nº 2.981 de 2009 e GM/MS nº 2.982 de 2009, com a divisão de três grupos.

O grupo número 1 do Componente Especializado da Assistência famacêutica (CEAF) é composto por medicamentos de alto impacto financeiro, sendo de responsabilidade exclusiva da União, por meio do Ministério da Saúde. Os casos indicados são de doenças complexas, com refratariedade ou intolerância à primeira ou

segunda linha de tratamento ofertado. Quanto ao grupo número 2, a responsabilidade pelo financiamento é das Secretarias Estaduais de Saúde, constituído por medicamentos voltados para o tratamento de menor complexidade em relação ao grupo 1. A responsabilidade do grupo 3 é tripartide, sendo formada por medicamentos presentes no Componente Básico da Assistência Farmacêutica e indicados como a primeira linha de cuidado no tratamento de doenças contempladas no CEAF.