VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS
COBALAMINA VITAMINA B
1. Química
A vitamina B12 é uma substância cristalina, hidrossolúvel, de cor
vermelha, cujas formas biologicamente mais ativas são a CIANOCOBALAMINA e a HIDROXICOBALAMINA.
A presença do metal pesado cobalto ligado a um anel tetra pirrol, semelhante ao anel porfirínico do heme, é que lhe confere a cor vermelha. A vitamina B12 é lentamente destruída por soluções ácidas, álcalis, luz e agentes oxidantes ou redutores. Cerca de 70% de sua atividade permanecem após o cozimento dos alimentos.
Comercialmente, utiliza-se, sobretudo a forma de cianocobalamina, produzida pela fermentação de bactérias. A COBA-MAMIDA, forma coenzimática da vitamina B12, é amplamente utilizada na clínica.
2. Fontes alimentares
A cobalamina é encontrada quase exclusivamente em alimentos de origem animal e, embora seja produzida por bactérias da flora intestinal, a vitamina B12 proveniente dessa fonte parece ser pouco absorvida. As
principais fontes são: fígado, rins, leite, ovos, peixe, queijo e carne.
De 40 a 90% da vitamina B12 do leite são perdidos no processo de pasteurização.
Constitui o principal problema das dietas exclusivamente vegetarianas, e deve ser suplementada nos indivíduos que a praticam.
Alimento mcg FÍGADO - 84 g 9,5 OSTRAS - ½ xícara 8,0 ATUM ENLATADO - 84 g 2,8 CARNE - 84 g 1,7 LEITE 25% - 1 xícara 0,9 IOGURTE - ½ xícara 0,6 OVOS - 1 médio 0,6 CARNE DE PORCO - 84 g 0,5 QUEIJO-28 g 0,4 PEITO DE FRANGO - 84 g 0,3 3. Metabolismo
É absorvida na porção distai do intestino delgado (íleo) na dependência de FATOR INTRÍNSECO. Esse fator é uma enzima muco-protéica produzida pelas células parietais do estômago, as mesmas que fabricam ácido clorídrico, que se liga à cobalamina e, na presença de cálcio, promove a sua absorção. Tal processo é dependente também do ácido clorídrico e de hormônios da tireóide. A absorção aumenta na gravidez e diminui na velhice (hipocloridria).
Após a absorção, a cobalamina circula pelo organismo ligado às proteínas séricas transcobalamina I e II. A maior concentração está no fígado e nos rins, de onde é liberada, de acordo com as necessidades, para a medula óssea e outros tecidos.
Quando a ingestão de cobalamina se faz em pequenas quantidades, sua absorção é alta (60 a 80%). Por outro lado, quantidades maiores diminuem a absorção para 40 a 10%.
As reservas corpóreas, sob a forma de metilcobalamina, adenosilcobalamina e hidroxicobalamina, são significativas e, além disso, há uma reciclagem da vitamina B12 biliar que, sendo reaproveitada, tem
reduzida as suas necessidades diárias a uma quantidade ínfima. Somando- se a isso, não há normalmente excreção urinária dos excessos.
4. Funções fisiológicas
É essencial ao metabolismo de todas as células, especialmente às do trato gastrintestinal, às da medula óssea e às do sistema nervoso.
Juntamente com o ferro, o ácido fólico, o cobre, a vitamina C e a B6, é
necessária à formação das hemácias.
Em conjunto com o ácido fólico, a colina e a metionina, participa da transferência de grupos metila na síntese dos ácidos nucléicos, ias purinas e das pirimidinas.
Removendo o grupo metila do metil-folato e regenerando o tetra- hidrofolato, participa da síntese do DNA.
Atua na formação da mielina ligada à produção de ácido propiônico, sendo fundamental ao bom funcionamento de todo o sistema nervoso.
5. Deficiência
Derivada principalmente de restrições dietéticas (vegetarianismo) e de problemas abortivos (acloridria, falta de fator intrínseco, hipotireoidismo, deficiência de ferro, etc.), a deficiência de vitamina B2 caracteriza-se por
problemas hematológicos e neurológicos.
Pesquisas mais recentes mostram que reações auto-imunes podem neutralizar ou impedir a formação do fator intrínseco nas células parietais do estômago, impedindo a absorção da cobalamina.
O quadro sangüíneo é o da anemia perniciosa, uma anemia megaloblástica (volume aumentado das hemácias) que apresenta ligação etiológica com a deficiência de ácido fólico e vem acompanhada por glossite, desequilíbrios mentais, hipospermia e sintomas neurológicos. Na verdade, até prova contrária, qualquer aumente do volume das hemácias deve ser tratado como deficiência de vitamina B12 e ácido fólico.
O quadro neurológico, que obviamente pode vir acompanhado pela anemia megaloblástica, apresenta dormência e impotência funcional dos membros, descoordenação motora e sintomas mentais, que podem ser graves e irreversíveis. Patologicamente, pode haver degeneração da massa cerebral branca, do nervo ótico, da medula espinhal e dos nervos periféricos. Esse quadro pode estar ligado à essencialidade da vitamina B12
no processo de formação da mielina.
O tratamento das deficiências de vitamina Bl2 deve ser acompanhado
clinicamente pelo exame neurológico e psiquiátrico e laboratorialmente pelo hemograma e pela dosagem no sangue da vitamina, cujos valores normais no soro situam-se entre 200 e 91C pg/ml.
6. Toxicidade
Não se conhecem sintomas provenientes da ingestão excessiva de vitamina B12.
7. Possíveis usos
Anemia megaloblástica (usada com ácido fólico);
Fadiga crônica;
Depressão;
Geriatria (os velhos absorvem menos B12);
Xevralgias (inclusive a do trigêmeo);
AIDS (mais de 30% dos pacientes portadores de HIV apresentam deficiência de vit B12; estatisticamente a deficiência tem relação
direta com a sobrevida dos infectados);
Esclerose múltipla (importante para a produção de mielina);
Hepatite;
Alergias (asma, urticária, dermatite de contato, etc.);
Doença de Crõhn (pode estar deficiente);
Xeuropatia diabética;
Herpes zóster (na nevralgia pós-herpética);
Imunodeficiências (melhora a resposta linfocitária e a atividade fagocítica);
Esquizofrenia (a deficiência pode apresentar-se como quadro psicótico);
Psoríase;
Como suplemento alimentar nos gastrectomizados (falta de fator intrínseco);
Como anabolizante e estimulante do crescimento (sob a forma de cobamamida)
8. Doses
RDA = CRIANÇAS 1,4 mcg/dia
ADULTOS 2,0 mcg/dia
GRÁVIDAS 2,2 mcg/dia
Em Medicina Ortomolecular, utilizam-se doses diárias de 50 a 1.000mcg por via sublingual, ou doses de 5.000 a 15.000mcg por via intramuscular uma ou duas vezes por semana.
A administração terapêutica, contrastando com aquelas para suplementação regular e contínua, não deve priorizar a via oral. Uma vez que a maior parte das deficiências deve-se à má absorção, ficando as carências alimentares restritas aos vegetarianos puros, o aumento de cobalamina disponível para absorção no trato digestivo geralmente não resolve o problema.
Nos quadros hematológicos pode-se usar a cianocobalamina e nos quadros neurológicos deve-se dar preferência à hidroxicobalamina IM.
A vitamina B12 deve ser sempre usada em conjunto com o ácido fólico
uma vez que a cobalamina empregada isoladamente podem mascarar uma deficiência de ácido fólico.
Como anabolizante, estimulante do metabolismo e do crescimento, usa- se a forma coenzimática cobamamida em doses que geralmente variam entre 1 e 5 mg, de preferência por via sublingual.
ÁCIDO FÓLICO