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VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS

PIRIDOXINA VITAMINA B

1. Química

É um composto cristalino, branco e inodoro, solúvel em água e álcool. Estável ao calor em meio ácido, porém moderadamente instável em soluções alcalinas e muito instáveis à luz. Com o congelamento dos alimentos perdem-se até 55% da piridoxina.

Sua forma química biologicamente ativa é o piridoxal 5-fosfato. A terceira espécie química com atividade vitamínica é o fosfato de

piridoxamina.

2. Fontes alimentares

Apesar de estar disponível em muitos alimentos, a vitamina B6 tem

As melhores fontes são: carne, fígado, grãos integrais e gérmen de trigo.

Ocorre, também em boas quantidades em peixes, aves, ovos, amendoim, leguminosas, bananas, abacates, batatas e couve-flor.

Alimento mg FÍGADO - 84 g 1,22 BANANA - 1 média 0,66 FRANGO-84 g 0,51 BATATA - 2 médias 0,49 LEVEDO DE CERVEJA - 1 g 0,40 GÉRMEN DE TRIGO - ¼ xícara 0,30 ARROZ INTEGRAL - 1 xícara 0,28 COUVE-FLOR - ¼ xícara 0,13 SUCO DE LARANJA - 1 xícara 0,13

LEITE 2% - 1 xícara 0,11

OVOS - 1 médio 0,06

3. Metabolismo

Todas as formas de vitamina B6 são absorvidas na porção próxima, do

intestino delgado, onde a piridoxina é fosforilada e transportada pelo plasma sob a forma de piridoxal fosfato, que pode ser transformado nas outras espécies biologicamente ativas. Tem produção por bactérias intestinais, pequena armazenagem é feita exclusivamente no tecido muscular, e a excreção, através da urina.

A maioria dos tecidos contém a enzima piridoxal quinase magnésio dependente, capaz de catalisar a fosforilação pelo ATP das formas não fosforiladas nos respectivos ésteres fosforilados.

A ativação do piridoxal fosfato em sua coenzima ativa depende da riboflavina.

O fosfato de piridoxamina e, de uma forma mais importante, o piridoxal 5-fosfato atuam primariamente como coenzimas na transaminação e descarboxilação de proteínas, influindo fortemente no metabolismo dos aminoácidos.

Tem papel essencial no metabolismo do triptofano, atuando na transformação desse aminoácido em niacina (vitamina B3) e serotonina

(importante neurotransmissor). Além disso, ativa a treonina aldolase, enzima promotora do metabolismo da treonina e da sua transformação em glicina, serina, piruvato e acetil-CoA.

Como coenzima da fosforilase, a piridoxina facilita a quebra e a liberação do glicogênio do fígado e dos músculos sob a forma de glicose 1- fosfato (glicogenólise). A fosforilase muscular encerra cerca de 80% da vitamina B6 do organismo.

Está envolvida na conversão de ácido linoléico em ácido araquidônico e, a partir deste último, na produção de prostaglandina E2. Participa

também da produção de ácido clorídrico no estômago.

A vitamina B6 é importante no metabolismo da mielina por atuar na

formação de esfingolipídios. Ainda no sistema nervoso, regula a síntese de ácido gama aminobutírico (GABA), neurotransmissor essencial às funções cerebrais, além de participar do metabolismo da norepinefrina, da acetilcolina e da histamina.

Atua na síntese e no metabolismo do DNA e do RNA.

O piridoxal fosfato é necessário à formação do ácido alfa aminolevulínico, precursor do heme da hemoglobina.

Sua capacidade de manter o balanço de sódio e de potássio no organismo e a concentração de magnésio intracelular propicia um importante auxílio no equilíbrio hídrico, na neurotransmissão e na eletrofisiologia do coração.

De alguma forma atua no equilíbrio hormonal feminino, sendo importante no tratamento da síndrome pré-menstrual.

Como todas as vitaminas do complexo B guardam semelhança quanto às suas fontes alimentares, geralmente, a deficiência de uma vem acompanhada pela deficiência de várias outras o que faz com que o quadro deficitário seja bastante abrangente. Por outro lado, como a vitamina B6 é

essencial a um sem-número de processos biológicos vitais, sua deficiência afeta o organismo como um todo, com sintomas vagos e genéricos.

Como a piridoxina interfere diretamente na síntese de dois neurotransmissores, serotonina e GABA, os sintomas neurológicos predominam.

Embora rara, a deficiência de vitamina B6 pode ocasionar pele seca,

estomatite, edema, fraqueza muscular, irritação, cefaléia, depressão, fadiga, anemia, parestesia, descoordenação motora, confusão, insônia, neurite e até convulsões. Na maioria das vezes, a sintomatologia está relacionada com a impropriedade de transformação do triptofano em niacina e em serotonina, com a precariedade na síntese de GABA e com a produção diminuída de hemoglobina.

Na gravidez, a falta de vitamina B6 tem sido associada á retenção hídrica, alterações da curva glicêmica, náuseas, vômitos, toxemia e eclâmpsia.

A isoniazida, a hidrazida, alguns antibióticos e os esteróides orais (pílulas anticoncepcionais) causam depleção de piridoxina, o mesmo ocorrendo no alcoolismo. Essa deficiência provém de uma interferência no seu metabolismo hepático, com alteração na transformação em piridoxal fosfato (forma ativa).

Várias situações vêm sendo relacionadas com a deficiência de vitamina B6, sendo as mais importantes: idade avançada, gravidez, uso de

anticoncepcionais, depressão, imunodeficiências, esclerose múltipla, alcoolismo, asma, úlcera péptica, doença de Crõhn, câncer de colo de útero, etc.

6. Toxicidade

Apesar de a piridoxina ser muito bem tolerada, doses continuadas de mais de l g / dia podem causar quadros de neurite periférica, começando com tremor, progredindo para neuropatia sensorial e culminando com ataxia e impotência funcional dos membros.

Esse quadro de intoxicação se origina de uma incapacidade do fígado em transformar piridoxina em piridoxal 5-fosfato. O acúmulo neurotóxico de piridoxina pode ser evitado com o uso do piridoxal, que deve ser preferido nos casos em que altas doses são necessárias. O uso do magnésio também diminui esses sintomas.

O caso mais clássico em que altas doses de piridoxina são utilizadas é o tratamento de tensão pré-menstrual (cerca de 600 mg/dia) que, no entanto, geralmente também usa doses elevadas de magnésio (500 a 750 mg/dia). Na verdade, a única razão para o uso de piridoxina, em vez de piridoxal 5- fosfato, vem a ser o preço do medicamento. O uso do piridoxal, mais caro, não se justifica na maioria dos tratamentos que empregam doses baixas ou médias de vitamina B6.

7. Possíveis usos

Devido às suas diversas funções fisiológicas, utiliza-se a piridoxina com sucesso em inúmeros estados patológicos:

 Displasia mamária;

 Dismenorréia;

 Tensão pré-menstrual (alterações do humor, sensibilidade mamária. fadiga, etc.);

 Uso de anticoncepcionais (o estrogênio depleta a B6);

 Gravidez (necessária ao equilíbrio hormonal e eletrolítico da gestante e ao desenvolvimento neurológico do feto. Também usada para enjôo da gravidez);

 Toxemia gravídica (o aumento de estrogênio depleta a vitamina B6,

com elevação do ácido xanturênico que inativa a insulina e altera a curva glicêmica);

 Estresse;

 Fadiga crônica;

 Preparação de atletas (essencial à mobilização do glicogênio muscular);

 Depressão (atua na transformação de triptofano em serotonina) Enxaqueca;

 Retenção de líquidos (especialmente nos desequilíbrios hormonais tem efeito levemente diurético);

 Anemia (síntese da hemoglobina);

 Diabetes (importante na utilização da glicose e mobilização dc glicogênio);

 Neurite diabética;

 Asma;

 Alergias;

 Imunodeficiências (deficiência relacionada com a diminuição de linfócitos B e T, imunoglobulinas e atividade fagocitária);

 Infecções virais;

 Câncer (especialmente melanoma);

 Epilepsia;

 Esquizofrenia (especialmente nas psicoses com aumento de criptopirrol na urina, utilizada preferencialmente junto com zinco, magnésio e manganês);

 Insônia (também relacionada com o aumento de criptopirrol urinário, e a ausência de sonhos);

 Esclerose múltipla;

 Neurite periférica;

 Síndrome do túnel carpal;

 Nevralgias;

 Mialgias;

 Autismo;

 Deficiência de aprendizado;

 Hiperatividade infantil;

 Hipertensão arterial (tem ação diurética);

 Aterosclerose (diminui a agregação plaquetária e os níveis de homocisteína);

 Prevenção de litíase renal (essencial ao metabolismo do ácido oxálico);

 Osteoporose (promove a conversão de homocisteína em cistationina, sendo que a primeira interfere na formação do colágeno da matriz óssea);

8. Doses

RDA = CRIANÇAS 1,4 mg/dia

HOMENS 2,0 mg/dia

MULHERES 1,6 mg/dia

GRÁVIDAS 2,2 mg/dia

Em Medicina Ortomolecular usam-se, geralmente, doses entre SO e 600 mg de piridoxina. As doses de piridoxal 5-fosfato podem ser quatro vezes menores para obter-se a mesma potência.

O uso concomitante de magnésio, zinco, riboflavina e outras vitaminas do complexo B potencializa a ação da vitamina B6.

A piridoxina deve ser evitada em pacientes parkmsonianos que fazem uso de L-dopa e levodopa, por inibir suas ações. O uso de zinco poderia prevenir esse efeito. Alguns autores, entretanto, indicam doses de até 10 mg de vitamina B6 no parkinsonismo, pois a formação de dopamina

cerebral é dependente de uma descarboxilação onde a piridoxina é essencial. Na nossa prática, observamos piora significativa dos pacientes tomando drogas antiparkinsonianas quando submetidos à terapia com vitamina B6 em doses mais elevadas.