VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS
OUTROS AMINOÁCIDOS
LISINA e HIDROXI-LISINA 1. Química
A lisina é um AA essencial encontrado principalmente no tecido muscular e no colágeno.
Com o auxílio da VITAMINA C e sob a ação da lisil hidroxilase, transforma-se em HIDROXI-LISINA, após incorporar-se ao colágeno. Seu metabolismo requer VITAMINAS B6, B3, B2 e C, bem como ÁCIDO
GLUTÂMICO e FERRO. Com a ajuda deles e da METIONINA transforma-se em CARNITINA.
Entra no ciclo de Krebs, para produção de energia, após ser metabolizada em ACETIL CoA.
A incidência de hidroxi-lisina restringe-se praticamente ao colágeno, a proteína mais abundante nos mamíferos. A hidroxi-lisina proveniente da alimentação não pode ser aproveitada, já que somente a lisina se incorpora ao colágeno para posterior hidroxilação. A hidroxi-lisina não é utilizada terapeuticamente.
2. Fontes alimentares
Encontrada largamente na maioria das proteínas alimentares, suas principais fontes são: peixes, carnes vermelhas e laticínios. Aparecem também no gérmen de trigo, legumes, frutas e verduras.
A deficiência de lisina está relacionada com falta de apetite, fadiga, emagrecimento, deficiência imunológica, anemia e alterações do crescimento. Tal carência pode derivar de dietas onde as principais fontes de energia são os cereais, pois são pobres nesse aminoácido.
Auxilia a absorção de cálcio no intestino;
Promove a formação de colágeno (dependente de VITAMINA C);
Estimula o crescimento ósseo;
Aumenta a resposta imunológica;
Forma ácido pipecólico (neurotransmissor);
Entra na formação de carnitina.
4. Possíveis usos
Prevenção e tratamento da osteoporose — melhora a absorção e a utilização de cálcio;
Herpes simples - pela competição com a ARGININA, que serve de
nutriente para o herpes. Deve-se, portanto, evitar alimentos proporcionalmente ricos em arginina e pobres em lisina: nuts, chocolate, cereais (aveia e trigo), gelatina, coco, soja e gérmen de trigo;
Estímulo do hormônio do crescimento - aumenta massa muscular e promove perda de adiposidade. Apesar de competitiva, potencializa a ação da ARGININA nesse aspecto;
Estímulo do sistema imunológico.
5. Doses
Necessidades dietéticas: 750 a 1.000 mg/dia;
No herpes simples: 300 a 1.500 mg/dia (100 a 500 mg três vezes ao dia) começando na crise aguda e continuando por mais três a cinco semanas;
Na estimulação do hormônio do crescimento: 1.000 a 1.500 mg de LISINA e ARGININA ao deitar-se.
1. Química
Pode ser sintetizada pelo organismo, principalmente no fígado e nos rins, a partir da LISINA e da METIONINA, com o auxílio da VITAMINA C, da PIRIDOXINA, da NIACINA e do FERRO, sendo que os níveis de vitamina C exercem os mais marcantes efeitos sobre a biossíntese de carnitina. Sua estrutura molecular assemelha-se à da colina e não participa da síntese de nenhuma proteína.
Encontra-se em altas concentrações nos músculos esqueléticos, no coração, no esperma e no cérebro. Os homens apresentam níveis de carnitina maiores que as mulheres, e a suplementação por via oral aumenta os níveis tissulares desse aminoácido.
2. Fontes alimentares
Os alimentos de origem animal são os mais ricos. Fontes principais: a carne vermelha (daí o nome), os peixes, as aves, os laticínios, o trigo, o abacate, etc.
A ingestão de lisina determina aumento nas concentrações de carnitina no organismo, bem como sua deficiência pode induzir a baixos níveis do aminoácido.
3. Funções principais
Transporta ácidos graxos livres de cadeia longa para dentro da mitocôndria através da membrana mitocondrial para produção de energia. Tal penetração de ácidos graxos depende da presença de coenzima A e da ação da enzima carnitina acil-transferase. que liga os ácidos graxos à carnitina formando acil-carnitina. Esta última penetra na mitocôndria e libera em seu interior o ácido graxo que se liga à coenzima A com recuperação da molécula de carnitina;
Promove a oxidação de gorduras no fígado e nos músculos, com produção de energia (beta-oxidação). A concentração tissular de carnitina é o fator mais importante para regular o catabolismo das gorduras;
Removem os grupos acetil, provenientes da beta-oxidação, de dentro da mitocôndria, prevenindo o acúmulo daqueles na matriz mitocondrial, facilitando a queima de mais combustível lipídico.
Influencia decisivamente o metabolismo da glicose nos músculos, onde o aumento da concentração de carnitina tem relação direta com a atividade do ciclo de Krebs e da glicólise, bem como com os níveis de glicogênio disponíveis naquele tecido;
Estimula o sistema de transporte de elétrons, aumentando as concentrações musculares de várias enzimas próprias da cadeia respiratória (citocromo oxidase).
A deficiência de carnitina frequente os prematuros e nos dialisados, caracteriza-se por episódios de hipoglicemia devida à redução da gliconeogênese resultante de alterações na oxidação de ácidos graxos. Ocorre aumento dos ácidos graxos livres circulantes, acúmulo de lipídios no organismo, bem como fraqueza muscular.
Deficiência de vitamina C acarreta baixos níveis de carnitina, uma vez que a biossíntese contribui com a maior parte desse aminoácido no organismo.
4. Possíveis usos
Protege contra doenças cardiovasculares: isquemia, angina pectoris e arritmias – ligada à produção de energia do músculo cardíaco onde 60 a 80% provêm dos lipídios;
Fadiga crônica – melhora a produção de energia no organismo.
Reduz colesterol e triglicerídeos, aumentando o HDL-colesterol – ligada ao aumento de utilização das gorduras;
Doença vascular periférica – aumenta as distâncias caminhadas por
pacientes com claudicação;
Preparação de atletas – aumenta a massa e a resistência dos
músculos, diminuindo a adiposidade. Exercícios extenuantes podem levar à deficiência relativa. Atletas sob suplementação de carnitina apresentam níveis de ácido lático reduzido à metade após sessões de treinamentos;
Obesidade – auxilia na queima de gorduras durante os exercícios
físicos uma vez que o índice de queima de lipídios por beta-oxidação depende dos níveis de carnitina disponíveis;
Infertilidade masculina – aumenta a motilidade dos
espermatozóides;
Alcoolismo (cirrose) – reduz a degeneração gordurosa do fígado.
Miopatias – melhora o eletromiograma nas distrofias musculares,
nas quais sua eliminação urinária encontra-se aumentada;
Nos dialisados – a hemodiálise remove mais de 50% da carnitina circulante, exigindo uma reposição nesses pacientes. Parece UM papel importante nas miocardiopatias em dialisados;
Hipotireoidismo - pode apresentar deficiência de carnitina, que deve
ser suplementada;
AIDS - 72% dos pacientes apresentam deficiência. 5. Doses
A carnitina pode ser encontrada comercialmente nas formas isoméricas L e D, sendo a L-carnitina a única biologicamente ativa. O uso de D-carnitina pode inibir a utilização da L-carnitina e provocar distúrbios metabólicos imprevisíveis;
Para melhorar a performance muscular e o metabolismo das gorduras - 1.000 a 2.000 mg/dia;
Na isquemia cardíaca e hiperlipemias - 500 a 1.200 mg três vezes ao dia;
Altas doses podem provocar diarréia;
Recentemente vem-se utilizando a ACETIL-L-CARNITINA, em doses de aproximadamente 500 mg duas vezes ao dia, para melhorar a performance cerebral e na doença de Alzheimer.
A acetilcarnitina (AC) ou, mais corretamente, N-acetil-L-carnitim, é o derivado acetilado do aminoácido L-carnitina. A acetil-L- carnitina origina- se da L-carnitina por acetilação catalisada pela carnitina-
acetiltransferase, que transfere os grupos acetil provenientes da acetil-
CoA.
A L-carnitina, um dos principais aminoácidos circulantes, pode ser facilmente absorvida no trato digestivo. Uma vez que a L-carnitina e seus derivados, inclusive a acetilcarnitina, não formam proteínas, sua absorção independe da ação de qualquer enzima proteolítica ou de outro processo digestivo. A biossíntese a partir da L-lisina contribui com importante parcela da acetilcarnitina utilizada pelo organismo para suas diversas funções metabólicas.
Com relação às FUNÇÕES METABÓLICAS da acetilcarnitina, seria impróprio separar ou delimitar sua ação e a da L-carnitina. A Inter conversão de AC e L-carnitina parece ocorrer livremente e seus papéis sobre as funções orgânicas se confundem. Entretanto, a pesquisa sobre a AC desenvolveu-se mais no campo da neuroquímica e do envelhecimento unicamente à acetilcarnitina:
estimula a síntese de NGF (Nerve Growth Factor) o sistema nervoso central e nos neurônios periféricos, cuja diminuição acompanha o quadro de demência senil;
tem função neuroprotetora contra os efeitos degenerativos do envelhecimento, especialmente nos neurônios colinérgicos centrais;
a AC aumenta a habilidade das células cerebrais de utilizar fontes
de energia alternativas (beta-oxidação), quando o metabolismo e a
captação de glicose estão alteradas naquele sítio;
retira das mitocôndrias grupos acetil provenientes da beta-oxidação de ácidos graxos;
principal doador de grupos acetil para acetilação da colina e produção de acetilcolina;
modula a atividade da colina-acetiltransferase no cérebro, influenciando decisivamente a síntese de acetilcolina. Tal função depende da apresentação química acetilcarnitina, e não pode ser exercida diretamente pela L-carnitina.
Embora a AC tenha funções metabólicas semelhantes às da L- carnitina, seu EMPREGO NA CLÍNICA encontrou maiores aplicações na área da neurologia e do envelhecimento.
Na doença de Alzheimer, na demência senil e nos distúrbios da
memória melhora os testes para avaliação da memória, do aprendizado e
do comportamento. Tal ação terapêutica parece estar ligada à estimulação da síntese de NGF (Nerve Growth Factor) e de acetilcolina, além da produção de energia no cérebro. Com o envelhecimento, tanto a síntese de NGF como a atividade da colina acetiltransferase diminuem. Além disso, o número de receptores NMDA cai consideravelmente. Na doença de Alzheimer, a L-carnitina e a acetilcarnitina encontram-se diminuídas no cérebro e no cerebelo. A administração de AC restaura essas funções, restabelecendo a performance cerebral dos idosos e dos portadores de demência senil. Os efeitos persistem algumas semanas após a interrupção do tratamento.
Pesquisas recentes demonstram que a AC tem capacidade de manter a estabilidade funcional das membranas celulares e de colaborar com as enzimas reparadoras do DNA em casos de lesões provocadas, além de apresentar marcante ação antioxidante no tecido cerebral. Outros estudos indicam que a AC aumenta o fluxo sangüíneo cerebral.
As DOSES de acetilcarnitina variam de 1.000 a 3.000 mg por dia. As doses são fracionadas em duas ou três vezes ao dia, e a unidade posológica mais encontrada no mercado é a de 500 mg por cápsula. Dessa forma, uma dose média seria a de duas cápsulas de 500 mg (1.000 mg) duas vezes ao dia, perfazendo um total de 2 gramas ao dia.