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CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA E DESENHO DA PESQUISA

2.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Visando o alcance dos objetivos propostos, elaborou-se uma estratégia metodológica que privilegiou a triangulação (YIN, 2010), ou seja, a combinação de várias técnicas de coleta de dados para embasamento da análise dos resultados da pesquisa, envolvendo a observação direta das reuniões e eventos do CODETER, a pesquisa documental de fontes primárias e secundárias e a aplicação de entrevistas e questionários com os principais atores que participaram da implantação e consolidação do Território Rural da Serra Catarinense.

A pesquisa documental foi feita a partir de documentos institucionais de políticas e programas do MDA e SDT, da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina (SAR), das Prefeituras dos municípios envolvidos, da Epagri, da Associação de Municípios da Região Serrana (AMURES) e das entidades pertencentes às microrregiões do território da Serra Catarinense. Também foram analisadas as atas de reuniões, listas de presenças, relatórios de consultoria e de oficinas territoriais, regimento interno, PTDRS e outros estudos propositivos e projetos do CODETER da Serra Catarinense. Alguns trabalhos científicos relacionados com o tema também foram considerados, no intuito de analisar diferentes interpretações sobre o processo de gestão participativa dos CODETER em outros estados e municípios.

As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com os empreendedores institucionais identificados no Núcleo Gestor do CODETER da Serra Catarinense e com algumas pessoas-chave selecionadas, com o objetivo de coletar informações a cerca das três dimensões de análise do trabalho. As entrevistas ocorreram durante os meses de setembro a dezembro de 2011. Foram entrevistados 13 atores estratégicos, destes, 07 atuam diretamente no Núcleo Gestor do CODETER da

Serra Catarinense. Os restantes dos atores estão relacionados com o contexto institucional em que o CODETER está inserido.

No intuito de acrescentar mais informações aos dados coletados nas entrevistas individuais, principalmente sobre as categorias de análise pertencentes à dimensão da ação coletiva e coprodução do bem público, aplicou-se um questionário com perguntas abertas e fechadas para os membros do Núcleo Gestor do CODETER. Os questionários foram entregues para os representantes presentes nas reuniões do Colegiado nos meses de novembro e dezembro de 2011, e enviado por email para todos os membros titulares e suplentes do Núcleo Gestor. De um universo de 52 representantes, 19 pessoas responderam ao questionário. Destas, 10 eram representantes do governo e 09 da sociedade civil.

A observação direta foi utilizada com a intenção de compreender as situações e fenômenos que não são obtidos apenas por meio das entrevistas, questionários e pesquisas documentais, como por exemplo: a) quem são os empreendedores institucionais no Colegiado; b) qual é o grau de poder de deliberação e negociação dos atores sociais, membros do Núcleo Gestor; c) quais os facilitadores e limitadores da ação coletiva para a promoção da coprodução do bem público; d) qual o tipo de participação e grau de coprodução que o CODETER engendra; e por fim, g) quais as oportunidades e ameaças para o fortalecimento e consolidação do CODETER da Serra Catarinense. A observação direta ocorreu nas reuniões do Núcleo Gestor e na Plenária Territorial do CODETER da Serra Catarinense, durante os meses de março a dezembro de 2011.

Para garantir a “confiabilidade qualitativa” 14 (CRESWELL, 2010) no estudo de

caso, o pesquisador deve documentar o máximo de passos possíveis dos procedimentos realizados na pesquisa no intuito de facilitar que outros investigadores possam inspecionar e compartilhar as informações que basearam os resultados e conclusões encontrados (YIN, 2010). Para facilitar esse processo, foi feito um protocolo e um banco de dados detalhado de todas as etapas da coleta e análise dos dados. O “protocolo de estudo de caso” (YIN, 2010) é um importante instrumento para aumentar a confiabilidade na pesquisa. Ele serve como um guia para todas as etapas da investigação qualitativa, descrevendo, de forma resumida e de fácil acesso a outros pesquisadores, informações relevantes sobre a finalidade da

14 Significa dizer que a abordagem metodológica utilizada pelo pesquisador é consistente entre diferentes pesquisadores e diferentes projetos (GIBBS, 2007).

pesquisa e sobre os procedimentos e regras gerais a serem seguidos na aplicação dos instrumentos de coleta e análise dos dados. Sua estrutura básica é a seguinte: a) visão geral do projeto de pesquisa - são os objetivos, a pergunta de pesquisa, a justificativa, as proposições teóricas utilizadas e a citação das leituras relevantes; b) procedimentos da pesquisa de campo – são os nomes das pessoas envolvidas na pesquisa, o local da pesquisa, as pessoas para contato, o cronograma das atividades de coleta de dados, a agenda das entrevistas e a lista dos recursos materiais necessários para a coleta de dados; c) Questões do estudo de caso – são perguntas e lembretes relacionados com as categorias a serem observadas em cada dimensão de análise para orientação do pesquisador no momento da observação e entrevista; d) e por fim, um Guia para o relatório final do estudo de caso – um esboço do que se espera ser alcançado com a pesquisa (YIN, 2010). O protocolo de estudo de caso dessa pesquisa é apresentado no Apêndice 01.

As informações obtidas por cada instrumento de coleta foram organizadas em um banco de dados específico e preparadas para auxiliar a elaboração do relatório final da pesquisa. Os principais documentos foram digitalizados e separados por temas de interesse, as entrevistas foram estruturadas com perguntas orientadoras para cada tipo de público entrevistado (Apêndice 02) para serem gravadas e transcritas, os questionários (Apêndice 03) foram tabulados e organizados estatisticamente em um único documento e as observações de campo foram gravadas e digitadas em um relatório detalhado, descrevendo todas as atividades e discussões realizadas em cada dia de reunião, e sintetizadas em um protocolo de observação com as principais notas descritivas e reflexivas a cerca do observado. Depois de organizado os dados buscou-se obter um significado global das informações obtidas em cada fonte de evidência coletada. Em seguida, iniciou-se uma análise detalhada com um processo de codificação dos dados coletados para segmentar os principais parágrafos, sentenças ou diálogos em categorias, de acordo com o modelo de análise explicitado no item 1.3 (Quadro 03).

Para auxiliar na credibilidade e precisão da análise, foi realizada, por outras pessoas não envolvidas diretamente na pesquisa, a revisão de possíveis erros cometidos nas transcrições das entrevistas e reuniões e a verificação do processo de codificação para certificar a não ocorrência de desvios de significados durante a segmentação do texto em categorias de análise. Todas as informações transcritas,

organizadas e agrupadas por temas e categorias serviram para a descrição do caso e interpretação das conclusões da pesquisa.

Para garantir a validade qualitativa da pesquisa, ou seja, se as conclusões aferidas são precisas do ponto de vista do pesquisador, do participante ou do leitor do relato (CRESWELL; MILLER, 2000), foram utilizadas algumas estratégias metodológicas, tais como: a) combinação de diferentes fontes de informação para embasamento dos resultados da pesquisa; b) utilização de uma rica e densa descrição para comunicação dos fatos e resultados encontrados; c) verificação das conclusões do estudo com os sujeitos analisados na pesquisa, objetivando obter uma maior aproximação da interpretação dos resultados com a realidade vivenciada pelos participantes da pesquisa; e d) disposição de um tempo mais prolongado na pesquisa de campo no intuito de obter um entendimento mais profundo a cerca do fenômeno estudado.