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3 MÉTODO DE PESQUISA

3.3 SOBRE A COLETA DE DADOS

A coleta de dados envolveu pesquisas documentais, levantamento de informações e entrevistas com setores administrativos e com as servidoras e os servidores com deficiência e foi pormenorizada a seguir.

3.3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS SERVIDORAS E DOS SERVIDORES COM DEFICIÊNCIA

A coleta de informações relativas às servidoras e aos servidores com deficiência ingressantes a partir do estabelecimento do critério de cotas, previsto no artigo 5º, §2º, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, foi realizada, identificando-se as deficiências envolvidas, os locais de trabalho e suas atividades laborais.

Realizou-se a compilação dos dados extraídos a partir de três fontes:

a. apesar da Lei estar vigente desde 1990 e possivelmente ter, a partir desta data, pessoas com deficiência ingressando em concursos realizados pela UFRGS, só foram encontrados registros a partir de 2003, na base de dados do Centro de Processamento de Dados, relativo aos concursos. Esses dados são repassados pela Fundação de Apoio a UFRGS (FAURGS), órgão responsável pela execução do concurso público, dessa data até hoje, informando os classificados pelo concurso;

b. a segunda fonte de dados analisada foi a oriunda da Equipe Multiprofissional de Acessibilidade (EMA). É uma planilha de acompanhamento dos servidores em estágios probatórios onde estão contemplados os setores de trabalho e o tipo de deficiência. A limitação dessa fonte é que a EMA só iniciou suas atividades a partir de 2011. Logo, alguns dados de servidores com deficiência foram completados a partir do relacionamento com a base de dados da UFRGS, referente ao local de exercício, e com o Departamento de Atenção à Saúde (DAS) e a Divisão de Ingresso, Mobilidade e Acompanhamento (DIMA), referente ao tipo de deficiência;

c. a terceira fonte de dados foi o cadastro que está em construção, desde 2016, pelo INCLUIR, para a obtenção de dados referentes às pessoas com deficiência na comunidade universitária. Atualmente, tem inserido registros que foram realizados por PCDs da comunidade universitária para validação do cadastro. Esse cadastro encontra algumas inconsistências, pois tem registros de pessoas com necessidades especiais na ocasião dos concursos. Tal inconsistência foi detectada em duas situações em que foram realizadas as entrevistas. Eram pessoas que tinham a necessidade de algum tratamento especial na ocasião do concurso, mas que não se enquadravam na categoria de PCDs.

3.3.2 MAPEAMENTO DO CAMINHO PERCORRIDO PELAS SERVIDORAS E PELOS SERVIDORES COM DEFICIÊNCIA

Em paralelo à coleta de dados das servidoras e dos servidores com deficiência e a partir de conversas com os responsáveis de diferentes órgãos internos, foi realizado o mapeamento do caminho20 por onde passa esse servidor, da nomeação até o seu exercício

efetivo, após passado seu período de estágio probatório, identificando-se os principais momentos, a saber: a nomeação, a posse, o ingresso, o estágio probatório e o exercício efetivo.

A partir desse caminho, ao identificar os setores administrativos institucionais, foram realizadas doze entrevistas semiestruturadas, coletando-se informações e atribuições que essa rede de atendimento representada pelos diferentes organismos institucionais tem sob responsabilidade para prestar o atendimento ao servidor com deficiência. Essas entrevistas antecederam a fase de modelagem do caminho percorrido pelo servidor com deficiência, prestando informações necessárias para a confecção dos referidos modelos.

20 O caminho por onde passa o servidor é um fluxo administrativo previsto pela universidade e que é apresentado no Anexo 1, que trata do fluxo de ingresso de pessoa com deficiência.

Essas entrevistas foram realizadas com os responsáveis pelos setores e, em sua maioria, pessoalmente e precedidas de um contato telefônico e com as questões apresentadas previamente. As entrevistas duravam, em média, duas horas, sendo feitos os registros no momento da conversa. Em alguns casos, foram realizados contatos telefônicos ou via e-mail, para conferência ou complemento de informações. O roteiro apresentou doze questões que nortearam a entrevista. Foram elas:

1. Finalidade do setor: 2. Atribuições do setor: 3. Estrutura administrativa: 4. Criação na UFRGS: 5. Atividades: 6. Composição:

7. População que atende: 8. Informações que necessita: 9. Informações que gera: 10. Fluxo de trabalho: 11. Problemas/Barreiras: 12. Projetos/Soluções:

A partir da coleta de dados nos setores, foi iniciado o mapeamento do processo desenvolvido pela UFRGS e que foi detalhado no capítulo 4.3. Esse mapeamento foi feito sob a coordenação do Escritório de Processos da UFRGS, órgão responsável pelo mapeamento dos processos na universidade, originando uma modelagem de processos, na notação BPMN (Business Process Model and Notation), que servirá como ferramenta de gestão institucional, em sua execução, eteve a presença dos responsáveis pelos setores no intuito de construírem e homologarem o modelo institucional vigente.

3.3.3 ENTREVISTAS PARA LEVANTAMENTO DAS DEMANDAS DAS SERVIDORAS E DOS SERVIDORES COM DEFICIÊNCIA

Após a análise do material coletado referente ao perfil das servidoras e dos servidores com deficiência, identificando-os, iniciaram-se as entrevistas com a população alvo do estudo. Para essa etapa do trabalho, o método AMT – Análise Macro Ergonômica do Trabalho21 foi

21 O estudo focou a relação do servidor com seu local de trabalho, abordando questões técnicas, atitudinais e de organização do trabalho. A Análise Macro Ergonômica do Trabalho, com seu olhar na relação humano- organização, com a análise feita a partir da visão do sujeito da pesquisa e relacionando os diversos ambientes –

usado como referência. Foram realizadas entrevistas abertas com 18 servidoras e servidores dessa população alvo, o que corresponde a cerca de 30% (segundo orientações da AMT) da população total analisada, composta de 61 servidores com deficiência ativos. Para a realização das entrevistas, foi elaborado o termo de consentimento (Apêndice 2).

Foram definidas entrevistas com seis servidores com deficiência auditiva, seis com deficiência física e seis com deficiência visual. As entrevistas levaram, em média, cerca de 45 minutos, sendo transcritas integralmente. Os entrevistados, em sua maioria, eram servidores do cargo de Assistente Administrativo por ser o maior contingente de servidores ingressantes por cotas. No caso de servidores com deficiência auditiva, foram contemplados 50% de docentes por existir uma predominância de docentes com deficiência nessa tipologia. Também, foram contemplados servidores em estágio probatório e com estágio probatório concluído. A Tabela 5 apresentou a distribuição das entrevistas por cargo.

Tabela 5 - Relação de entrevistados por cargo e tipologia da deficiência. Cargos Deficiência Auditiva Deficiência Física Deficiência Visual

Assistente Administrativo 3 5 4

Docente 3

Bibliotecário 1

Analista de TI 1

Auxiliar de Administração 1

Fonte: dados da pesquisa.

Ainda, os entrevistados foram categorizados em quatro atributos: tipologia da deficiência (auditiva, física e visual), gênero (masculino e feminino), local de serviço (unidade administrativa, acadêmica, administração central) e natureza do cargo (administrativo, técnico e docente). A categorização dos entrevistados, por atributo, apresentada na Tabela 6, ficou da seguinte forma:

- Tipologia da deficiência: seis em cada tipo (auditivo, físico e visual); - Gênero: 13 entrevistadas e 5 entrevistados;

- Local de serviço: 8 atuam na Administração Central, 6 atuam nas unidades em setores administrativos e 4 nas unidades em setores acadêmicos;

organizacionais, sociais, externo e técnico – foi considerada a metodologia mais compatível com o objetivo da pesquisa.

- Natureza do cargo: 13 são administrativos, 3 docentes e 2 técnicos. Tabela 6 - Categorização dos entrevistados.

Entrevistado Deficiência Gênero Local de Serviço Natureza do Cargo Auditivo 1 Auditiva Masculino Unidade Administrativa Administrativo Auditivo 2 Auditiva Feminino Administração Central Administrativo Auditivo 3 Auditiva Feminino Acadêmico Docente Auditivo 4 Auditiva Feminino Acadêmico Docente Auditivo 5 Auditiva Feminino Acadêmico Docente Auditivo 6 Auditiva Masculino Unidade Administrativa Administrativo Fisico 1 Física Feminino Unidade Administrativa Administrativo Fisico 2 Física Masculino Unidade Administrativa Administrativo

Fisico 3 Física Feminino Acadêmico Técnico

Fisico 4 Física Feminino Unidade Administrativa Administrativo Fisico 5 Física Feminino Administração Central Administrativo Fisico 6 Física Feminino Administração Central Administrativo Visual 1 Visual Feminino Administração Central Administrativo Visual 2 Visual Masculino Administração Central Administrativo Visual 3 Visual Masculino Administração Central Técnico

Visual 4 Visual Feminino Unidade Administrativa Administrativo Visual 5 Visual Feminino Administração Central Administrativo Visual 6 Visual Feminino Administração Central Administrativo

Fonte: dados da pesquisa.

Seguindo as recomendações da Análise Macro Ergonômica, as entrevistas foram compostas por um módulo espontâneo, a partir da pergunta “Fale sobre o seu trabalho, o ambiente e o seu dia-a-dia.”, sendo geradas outras questões no seu transcorrer para que ocorresse o levantamento inicial dos itens de demandas ergonômicas (IDEs) a serem analisados para que a servidora e o servidor com deficiência pudessem trabalhar com qualidade e dignidade.