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Para a coleta de dados desta pesquisa, foram utilizadas fundamentalmente, como fonte primária, a aplicação de questionários e, como fonte secundária, a pesquisa bibliográfica, seguindo as definições de Marconi e Lakatos (2005). Entrevistas não-estruturadas também foram realizadas, em pequena escala, na etapa exploratória deste estudo.

A pesquisa bibliográfica deve abranger, tanto quanto possível, toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, monografias, teses, material cartográfico, etc, até meios de comunicação oral. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato com tudo o que foi dito, escrito ou filmado sobre determinado assunto (MARCONI; LAKATOS, 2005, p. 185). A pesquisa bibliográfica oferece meios para definir e resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram bem, ou seja, não se trata de mera repetição do que já foi registrado sobre determinado assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras (MARCONI; LAKATOS, Ibid.). O material coletado e analisado por meio desta técnica encontra-se consolidado no Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica – deste trabalho.

Entrevistas não-estruturadas, definidas como aquelas em que o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada (MARCONI; LAKATOS, 2005, P. 199), foram utilizadas na etapa exploratória deste trabalho. Ao todo foram realizadas duas entrevistas informais, por telefone, com especialistas em desenvolvimento de software realizado com o uso de Métodos Ágeis, para a ampliação do conhecimento do pesquisador sobre o tema e para a obtenção de dados sobre a aplicação desses métodos no Brasil. Além disso, informações complementares foram obtidas através da troca de correio eletrônico, com estes especialistas e com um professor da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Estas informações, aliadas à revisão bibliográfica serviram de base para a estruturação do instrumento de pesquisa.

De acordo com Marconi e Lakatos (2005, p. 203), o questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas sem a

presença do entrevistador. A elaboração de um questionário requer a observância de normas precisas a fim de aumentar a sua eficácia e exige cuidado na seleção das questões, de modo a oferecer condições para a obtenção de informações válidas. Os aspectos gráficos e de estética também devem ser observados (MARCONI; LAKATOS, 2005, p. 203-206). Uma vez redigido, o questionário precisa ser testado, uma ou mais vezes, antes de sua utilização definitiva, aplicando-se alguns exemplares em uma pequena população escolhida. A tabulação e análise dos dados obtidos em um pré-teste podem identificar problemas como inconsistência ou complexidade de questões, ambigüidade ou linguagem inacessível, existência de perguntas supérfluas, ou mesmo, problemas quanto à forma de entrega / aplicação (MARCONI; LAKATOS, Ibid.; COOPER; SCHINDLER, 2003, p. 295-296). Verificadas as falhas, o questionário deve ser reformulado. Marconi e Lakatos (op. cit.) mencionam que o pré-teste serve para refinar o instrumento de pesquisa, garantindo que o questionário apresente três importantes elementos:

- Fidedignidade: qualquer pessoa que o aplique ao mesmo grupo de respondentes obterá sempre os mesmos resultados;

- Validade: os resultados recolhidos são necessários e relevantes à pesquisa. - Operatividade: vocabulário acessível e significado claro.

Com relação às formas de entrega e aplicação de um questionário, Cooper e Schindler (2003, p. 260) mencionam que o questionário auto-administrado tornou-se bastante comum na vida moderna. Os autores comentam que o envio de questionários pelo computador tem se tornado uma prática cada vez mais freqüente, dados os custos menores e a facilidade de aplicação. De forma geral, as técnicas tradicionais de pesquisa por correio podem ser facilmente transpostas para as pesquisas por computador. Além disso, os autores ressaltam que “a Internet disponibiliza software avançado e de fácil uso para a criação de pesquisas na Web”, sem que haja a necessidade de domínio de técnicas de programação por parte do pesquisador (COOPER; SCHINDLER, 2003, p. 264). Cooper e Schindler (2003, p. 161) ainda chamam a atenção para outras vantagens do questionário auto-administrado como a possibilidade de contato com respondentes inacessíveis de outra forma, a maior cobertura geográfica a um menor custo, a necessidade de poucos recursos humanos para a aplicação da pesquisa, a sensação de anonimato do respondente, o maior tempo que o respondente tem para pensar sobre a pergunta, o acesso rápido às pessoas que lidam com computador e a coleta mais rápida

de dados. Os mesmos autores também pontuam algumas desvantagens desta forma de entrega e aplicação do questionário, que são apresentadas no tópico 3.6 – Limitações do Método.

Como mencionado anteriormente, o instrumento de pesquisa empregado neste estudo teve por base o questionário utilizado por Lazarevic (2003), traduzido e com pequenas alterações, realizadas para aprimorar o instrumento e adaptá-lo aos objetivos aqui propostos. Para este aprimoramento foram observadas as recomendações feitas por Marconi e Lakatos (2005, p. 204-205) e por Cooper e Schindler (2003, p. 280-296). O questionário, disponível no Anexo A, é composto por 34 questões, divididas em 6 seções, a saber:

1. Introdução: para a apresentação do instrumento e dos objetivos da pesquisa;

2. Qualificação do Respondente: para a validação da experiência do respondente em projetos de desenvolvimento de software realizado com o uso de Métodos Ágeis, representada pela questão de abertura. Em caso negativo, o respondente é direcionado à seção 6;

3. Caracterização do Respondente: seção em que são coletados os dados de qualificação propriamente ditos do respondente, compreendendo as questões 1 a 5 (Q1 a Q525);

4. Qualificação do projeto: destinada à coleta de informações sobre as características do projeto de desenvolvimento de software, compreendendo as questões 6 a 12 (Q6 a Q12). Nesta seção estão incluídas as questões de interesse da pesquisa, específicas sobre o desempenho do projeto (Q7) e do grau de combinação do enfoque de gerenciamento de projetos adotado (Q8);

5. Técnicas e Características dos Métodos Ágeis: para verificar se determinadas técnicas ou características comuns aos Métodos Ágeis estão presentes no projeto em análise, sendo representadas pelas questões 13 a 34 (Q13 a Q34);

6. Comentários: espaço aberto para que o respondente registre suas considerações.

Quanto às estratégias de resposta, a seção 2 é composta por uma questão de seleção dicotômica (sim ou não), sendo esta a única de resposta obrigatória em todo o instrumento de pesquisa. Nas seções 3 e 4, foram empregadas questões de múltipla escolha e de classificação. A seção 5 é formada basicamente por questões de classificação.

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Inicialmente pretendia-se divulgar o questionário, elaborado em editor de texto, através de correio eletrônico aos grupos selecionados como amostra da pesquisa. Entretanto, após o primeiro pré-teste, realizado com especialistas em Métodos Ágeis, foi identificada a necessidade de publicação do questionário na Internet, dado o perfil técnico do público-alvo, além da necessidade de realização de pequenos ajustes no texto das questões. Foi selecionada, então, uma ferramenta padrão de mercado, de fácil utilização, para a confecção do instrumento de pesquisa e colocação na Web. Esta nova versão do questionário passou pelo pré-teste do próprio pesquisador e dos mesmos especialistas, sendo aprovado para divulgação.

O endereço específico para acesso ao questionário na Web foi enviado, por meio de correio eletrônico, aos associados dos dez grupos especializados selecionados como amostra de pesquisa. No texto da mensagem havia uma carta de apresentação, com a explicação sucinta do estudo, de seus objetivos e do prazo para resposta e um convite à participação. A pesquisa ficou disponível por um período de 30 dias, sendo enviados dois lembretes intermediários (o primeiro após dez dias do início e outro, a uma semana do encerramento da pesquisa), visando a melhorar o índice de retorno. Esta prática é indicada por Cooper e Schindler (2003, p. 260) para pesquisas por correspondência, tendo sido adaptada para esta pesquisa. Cada respondente acessou diretamente o endereço eletrônico informado e respondeu a pesquisa de forma on- line. Os dados foram consolidados na própria ferramenta de mercado e extraídos para futura análise estatística.