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Coleta de dados

No documento I S S E R T A Ç Ã O D EM ESTRADO (páginas 136-148)

4.1 ESTUDO DE CASO: AVALIANDO CENÁRIOS (1990 – 2004)

4.1.1 Coleta de dados

A coleta de dados teve seu princípio na busca das bases teóricas e referências bibliográficas como meio de nortear o trabalho. Material referente aos centros de compras em geral, bibliografia técnica referente ao assunto estudado, além de dados que permitiram uma compreensão do contexto de inserção do empreendimento, por meio da evolução urbana do município de Uberlândia, foi levantado. A Figura 4.1 apresenta a seqüência de etapas seguidas no trabalho.

Figura 4.1 –Fluxograma da coleta de dados (1994).

Fonte: Elaborado pela autora.

Levantamento de dados / Pesquisa de campo

Empreendimento Sistema de transportes Base teórica Ferramentas de

análise

Caracterização da cidade/ Evolução espaço-tempo Após operação do empreendimento Conclusão Matriz de impactos Circulação e sistema viário Sistematização e Análise dos dados

Antes operação do empreendimento

Essa seqüência pode servir de referência para trabalhos vindouros. Em síntese, os passos seguidos na realização do trabalho estão conjugados neste fluxograma, cuja hierarquia, juntamente com indicação de cores, representa as etapas a serem realizadas, assim divididas, para a conformação de um todo. Ressalta-se que o cumprimento de cada etapa é imprescindível para a compreensão dos resultados.

O referencial teórico, constituído por meio de revisão bibliográfica, que abrange diversas visões sobre o assunto, permitiu embasamento para avaliação da problemática em questão. Estudos realizados sobre impactos em shoppings centers em termos de tráfego, bem como questões referentes a avaliações ambientais foram pesquisadas. Literatura direcionada à questão do trânsito e transporte também foi objeto de consulta.

A base de dados para a caracterização da área foi construída através de consultas e pesquisas em instituições públicas e privadas como jornais, especificamente o jornal CORREIO, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, arquivo público municipal, biblioteca da UFU, secretarias de planejamento e desenvolvimento urbano e de trânsito e transportes, na administração do Center shopping e na CTBC – Companhia Telefônica do Brasil Central.

Obtiveram-se dados referentes à implantação do center shopping, fases de expansão, inserção do empreendimento na malha urbana. Dados sobre o sistema de transporte no que importa o número de linhas e empresas prestadoras do serviço, número de viagens, nas décadas de 1990 a 2000, contagem volumétrica em períodos diferenciados, pesquisa origem – destino, realizada em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia, fotos aéreas, plantas do empreendimento por onde se pôde balizar o crescimento do shopping.

A dificuldade na obtenção de dados é fato observado tanto nas instituições de planejamento, como na iniciativa privada. No primeiro, pela ausência de banco de dados e perca de informações, de planos elaborados e estudos referentes à cidade. No segundo, devido à carência de organização e arquivamento de informações e /ou devido ao sigilo frente à abertura dos dados devido à pressão exercida pela concorrência inerente ao mercado.

Através de contato com a administração do Center shopping foi possível obter dados operacionais do empreendimento, imprescindíveis para a avaliação. Entre estes foram

fornecidos: contagem de veículos, número de funcionários, plantas do empreendimento onde se observava o conjunto de lojas no início da implantação, características gerais das instalações, além da coleta de dados no local.

No museu da CTBC – Companhia Telefônica do Brasil Central, obteve-se, através de Guias antigos, a categoria de lojas existente no Center shopping entre 1995 e 2004, além de fotos de Uberlândia em períodos que configuram as fases de desenvolvimento do município e o deslocamento de seu núcleo inicial.

A legislação referente ao município foi obtida na Prefeitura e na, respectiva página eletrônica. As leis elaboradas por órgãos como, o CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, a quem cabe a deliberação de normas de cunho ambiental; as leis de trânsito, através do DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito, como o CTB – Código de Trânsito Brasileiro, foram obtidas também por meio eletrônico.

Através do Instituto de Economia da UFU e do Banco de Dados Integrados da Prefeitura (1999 e 2003), em página eletrônica, pode -se coletar dados sócio - econômicos no intuito de demonstrar a interação de dados de ordem econômica e peculiares à Uberlândia com o acréscimo no número de viagens. Estes e outros fatores são exibidos na seqüência e no anexo constante deste volume.

Análises de campo também foram utilizadas para o traçado de linhas de tempo e de distância, conhecidas no campo mercadológico e nos estudos de transporte como isócronas e isócotas, respectivamente. Contagem dos tempos de ciclo, fases e estágios de semáforos na interseção selecionada, bem como características de operação dos mesmos foram coletadas em campo e na Prefeitura Municipal de Uberlândia. As pesquisas foram realizadas nos dias de sexta-feira, apontado por Grando e Portugal (2003) como dia de projeto para avaliar os impactos no sistema viário.

A coleta das linhas de tempo foi realizada para as contagens em 5 e 10 minutos, pois durante a pesquisa observou –se que neste intervalo de tempo, seguindo rotas pré- determinadas, considerando a pesquisa com os usuários do shopping, a hierarquia de vias além, empiricamente, da intensidade e concentração de veículos nas rotas, podia-se percorrer quase toda a cidade considerando seu perímetro urbano.

As pesquisas foram realizadas nos dias 22 de outubro de 2004 e 26 de novembro de 2004, nos horários de 15:00 às 16:30 e 14:00 às 15:30, respectivamente. Deve-se ressaltar que, além dos aspectos supracitados, a pesquisa de campo realizou-se nas sextas-feiras, dias de projeto, fazendo uso do automóvel e respeitando, durante os percursos, os limites de velocidade. As rotas percorridas podem ser observadas no Quadro 4-1, conforme dia e horário realizados, e na Figura 4.2.

Quadro 4-1–Rotas percorridas (2004)

01 Av. Rondon Pacheco – sentido BR_050 22/10 15:00 – 16:30 02 Av. Rondon Pacheco-sentido Rio Uberabinha 22/10 15:00 – 16:30 03 Av. João Naves de Ávila – sentido bairro 22/10 15:00 – 16:30 04 Av. João Naves de Ávila – sentido centro, seguindo pela Av. Fernando Vilella. 22/10 15:00 – 16:30

05 Av. Segismundo Pereira 22/10 15:00 – 16:30

06 Av. Anselmo Alves dos Santos 26/11 14:00 - 15:30 07 Av. Belarmino Cotta Pacheco 26/11 14:00 - 15:30 08 Av. João Naves de Ávila – sentido centro, seguindo pela Rua

México. 26/11 14:00 - 15:30

09 Av. Itumbiara 26/11 14:00 - 15:30

10 Av. João Naves de Ávila – sentido centro, seguindo Av. João Pinheiro. 26/11 14:00 - 15:30 Fonte: Elaborado pela autora.

Além dos aspectos determinantes supracitados, a área obtida seria, conforme bibliografia consultada, a área primária de influência do empreendimento. Ressalta-se que, caso tivesse sido possível alcançar a isócrona de 30 minutos, provavelmente atingir-se-ia outras áreas urbanas que não a de Uberlândia.

Assim a área de influência primária que corresponde à isócrona de 5 a 10 minutos, resultante da pesquisa, onde se encontram os pontos críticos fruto da localização de macropólos, como os existentes na área em estudo, pode ser observada na Figura 4.3.

Figura 4.2 –Rotas percorridas

Legenda:

Tempo de viagem de 5 minutos Perímetro urbano Tempo de viagem de 10 minutos Anel viário Tempo de viagem acima de 10 minutos

Figura 4.3 –Área de influência primária do Center shopping.(2004)

Fonte: Elaborado pela autora.

É importante destacar que muitos dos estudos realizados foram aplicados em grandes cidades, até mesmo metrópoles, com condições de trânsito bem diferenciadas, além de uma oferta bem mais significativa em número de centros de compras de diversas categorias. Uberlândia, sendo uma cidade de porte médio, mesmo apresentando conflitos de trânsito e problemas de transporte, apresenta uma fluidez razoável frente a grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, além de possuir um único shopping center abrigando um diversificado complexo de serviços.

Para traçar as isócotas, tomou-se o ponto central do empreendimento, traçando –se , a partir do mesmo, circurferências espaçadas a cada 1 km, concluindo com a circuferência de

raio de 8 km. As figuras 4.4 e 4.5 mostram o traçado resultante, demonstrando a influência significante do empreendimento, podendo, inclusive, ultrapassar o perímetro da mesma.

Tratando do objeto de estudo, por meio de pesquisa direta no local, foi possível observar vários aspectos que permitem determinar um perfil dos usuários do Center shopping. O campo amostral da pesquisa, adotando como base o fluxo máximo, nos dias de maior movimento, na faixa de 18.000 a 30.000 pessoas / dia, foi de aproximadamente 1% dessa população. Isso correspondeu, tomando o maior fluxo, a um estudo de caso com 298 entrevistas.

Goldner (1994), referindo-se à representatividade de amostras, determina que o campo amostral deve estar entre 2 a 5% da população, nesse caso, o público do shopping. Entretanto, os índices relatados pela administração são estimativas de fluxo de pessoas, além de, como se pode perceber, esses números são variáveis. Ressalta-se que no trabalho utilizou-se de um estudo de caso com, aproximadamente, trezentos indivíduos, ao contrário do procedimento adotado por Gold ner.

Através da pesquisa direta foi possível traçar um perfil do usuário do Center shopping no que se refere ao nível de renda, escolaridade, faixa etária, transporte utilizado, entre outras informações que caracterizam o padrão de viagens atraídas pelo shopping center e discutidas a posteriori.

Percebeu-se que grande parte do público do shopping é atraído em função das atividades de lazer oferecidas pelo empreendimento; atividade esta que se confunde com atividades de compras, já que é premissa do shopping aliar lazer ao consumo.

Figura 4.4 –Traçado de isócronas (linhas de tempo)

Figura 4.5 –Traçado de isócotas (linhas de distância)

A atividades ou setores que apresentaram destaque foram as áreas do cinema que hoje é constituída por 10 salas de exibição com capacidade para 200 pessoas por sala, em média, e da praça de alimentação. Outras áreas de lazer como jogos e diversão infantil, contribuem para manutenção desta atratividade ao shopping devido à ocupação do tempo livre do trabalho.

Figura 4.6 –Center shopping –Cinemas Figura 4.7 – Center shopping -Praça de alimentação

Fonte: Foto da autora. Fonte: Foto da autora.

Figura 4.8 – Center shopping –Boliche Figura 4.9 – Center shopping -Internet e jogos

Fonte: Foto da autora. Fonte: Foto da autora.

Foi possível observar que a maioria dos usuários encontram-se na faixa etária de 20 a 24 anos, sendo notória a predominância do público feminino, conforme demonstrado na Figura 4.10. Destes, grande parcela cursaram até o ensino médio ou estão fazendo curso superior. As rendas concentram-se entre 2,5 a 12 salários mínimos (vide Tabela 4.1),

considerando o valor do salário para o período de pesquisa, outubro e novembro de 2004, de R$ 260,00 reais. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 > 65 Feminino Masculino

Figura 4.10 – Faixa etária por sexo dos usuários do Center shopping (2004)

Fonte: Pesquisa direta realizada pela autora.

Tabela 4.1–Renda familiar por escolaridade

Nenhum 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,4 Ensino Fundamental 1 9 15 7 4 2 1 0 0 0 39 14,6 Ensino Médio 2 3 37 25 18 12 5 2 1 1 106 39,6 Superior incomleto 0 0 5 12 8 4 3 1 0 0 33 12,3 Ensino Superior 1 1 6 12 22 11 13 8 1 1 76 28,4 Pós graduação 0 0 1 2 1 3 3 3 0 1 14 5,2 Total 4 13 64 58 53 32 25 14 2 3 268 1,00 de 25 à 33 de 33 à 43 mais de 43 de 5 à 8 de 8 à 12 de 12 à 18 de 18 à 25 Nível de escolarida de

Faixas de renda (SM de outubro a novembro de 2004)

Total até 1 de 1 à 2,5 de 2,5 à 5

(%)

Fonte: Pesquisa direta realizada pela autora.

O grupo economicamente ativo desenvolve atividades nos mais diversos setores da economia. Entretanto, é explícita a predominância das atividades do setor terciário como mostra a Figura 4.11; um reflexo do cenário nacional. Outra parcela significativa de usuários do shopping corresponde aos estudantes, representados por 18% da amostra, ratificada pela parcela de usuários considerados jovens.

Emprego por setor de atividade para usuários do shopping (2004) 11% 4% 2% 44% 18% 3% 18% Comércio Indústria Agricultura Serviços Autônomo Aposentado Estudante

Figura 4.11 – Emprego por setor de atividade (2004)

Fonte: Pesquisa direta realizada pela autora.

A pesquisa demonstra que os principais freqüentadores do shopping vão com a finalidade de consumir já que as atividades realizadas no shopping são predominantemente de consumo, mas não especificamente para compras de objetos ou artigos de vestuário em quantidade considerável, pois não possuem poder aquisitivo para adquirir boa parte dos produtos oferecidos pelo shopping; ver motivos de viagem na Figura 4.12. .

Motivos de viagem ao Center shopping

50% 22% 19% 7% 2% Lazer Comércio Serviços Trabalho Educação

Figura 4.12 – Motivos de viagem (2004)

Fonte: Pesquisa direta realizada pela autora.

A atividade de consumo pode ser associada ao fato de estar circulando nas galerias do shopping, desfrutando do ambiente confortável e seguro, já que condições de temperatura,

odores e segurança possuem um controle rigoroso, além de aspectos estéticos, ornamentos e decorações que são aprazíveis à visão.

Figura 4.13 – Acesso principal –

Center shopping (2004) Figura 4.14 – Lojas e circulação – Center shopping (2004)

Fonte: Foto da autora. Fonte: Foto da autora.

As transformações gradativas pelas quais tem sofrido o shopping e, principalmente, sua área de inserção serão descritas em tópicos a seguir. Procurar-se –á relatar dois cenários com base nos dados coletados, tais como, fotos locais, mapas de uso do solo existentes, consultas em instituições administrativas, sendo possível constatar ou inferir condições de ocupação do solo, a oferta de transportes e o sistema viário.

As avaliações de desempenho do sistema viário, a predição de viagens e características de circulação no entorno do shopping serão descritas, também, na seqüência.

No documento I S S E R T A Ç Ã O D EM ESTRADO (páginas 136-148)