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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.3 COLETA E PROCESSAMENTO DE DADOS

De acordo com Vieira e Zouain (2004), devem ser especificados, além do delineamento e da abordagem ao problema de pesquisa, também o corte, o nível e a unidade de análise. O presente estudo foi realizado em recorte longitudinal retrospectivo. O foco foi dado para momentos-chave históricos da empresa WEG e do segmento

fotovoltaico, que foram relevantes para sua configuração atual e também, utiliza-se a perspectiva passada dos acontecimentos. O nível de análise foi a organização (WEG) e a unidade de análise foi o departamento (energia solar).

Segundo Patton (2002), estas são as principais fontes possíveis para se conseguir dados para a construção de um estudo caso:

a) Documentos. b) Dados estatísticos. c) Relatórios. d) Entrevistas. e) Observações.

f) Outras fontes não escritas.

Os colaboradores da WEG contribuíram com o fornecimento de dados primários, por meio de entrevistas semiestruturadas. Além disso, também foram obtidos dados por meio de entrevistas com atores-chave do setor de energia solar. Essas pessoas foram escolhidas de acordo com a sua relevância para a WEG e também em função do acesso do pesquisador a elas. Os principais documentos utilizados como fontes de dados secundários foram:

a) ―Global Market Outlook For Photovoltaics 2014-2018‖ (EPIA, 2014).

b) ―Fraunhofer Institute for Solar Energy Systems Annual Report 2013/2014‖ (FRAUNHOFER, 2014).

c) ―Renewables 2014 Global Status Report‖ (REN21, 2014). d) ―BP Statistical Review of World Energy 2014‖ (BP, 2014). e) ―Plano Decenal de Expansão de Energia 2022‖

(MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2013).

f) ―Propostas para Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira‖ (ABIEE, 2012).

g) ―À frente da conjuntura: Mapa estratégico para o setor elétrico brasileiro‖ (STRATEGY&, 2014).

Para Stake (1994), um caso é construído seguindo os seguintes passos:

a) Limitar o caso, conceituando o objeto de estudo. b) Selecionar o fenômeno, temas e questões de estudo. c) Procurar padrões nos dados para se desenvolver questões. d) Triangular as observações principais e as bases para a

interpretação.

f) Desenvolver assertivas ou generalizações sobre o caso. O caso deve ser construído de forma a propiciar ao leitor a compreensão do estudo como uma unidade holística. Podem ser estipulados três passos para a construção de um caso, a primeira parte consiste na coleção dos dados brutos, depois é a etapa da construção do caso e, por fim, é a parte da narração final do estudo. Normalmente, as categorias de análise qualitativa de um caso são determinadas durante o estágio de delineamento da pesquisa. No entanto, pode acontecer de algumas novas classes emergirem e serem agregadas durante a pesquisa em campo (PATTON, 2002).

Existem diversas formas de relatar o caso estudado (storytelling), uma vez que o autor é quem decide sobre o que entra e o que sai do trabalho final. Assim, é chamada de generalização natural quando o leitor, por meio da descrição fornecida, torna-se capaz de vivenciar por si mesmo o relatado (STAKE, 1994). Nesse sentido, o estudo de caso deve apresentar uma descrição detalhada e concreta de pessoas, lugares e acontecimentos, de modo que o próprio leitor se torne capaz de interpretar os significados do fenômeno estudado (PATTON, 2002).

O estudo de caso qualitativo tem como característica a presença do pesquisador no campo de pesquisa (on site) e em contato com as operações e atividades, recebendo diretamente as informações da fonte e percebendo o que está acontecendo. De acordo com critérios estabelecidos por Stake (1994), o investigador seguiu os seguintes passos na presente pesquisa:

a) Observação participante. b) Entrevistas semiestruturadas. c) Codificação.

d) Gestão dos dados. e) Interpretação de dados.

De acordo com Patton (2002), de maneira semelhante, o caso deve ser construído para que o leitor consiga compreendê-lo como uma unidade, podendo ser estipulados três passos para a construção de um caso:

a) Coleção dos dados brutos. b) Construção do caso.

Para Stake (1994), o caso é um estudo sobre o que é particular, porém, o resultado aponta para algo original ou incomum em decorrência dos aspectos:

a) A natureza do caso.

b) O contexto histórico do caso. c) O arranjo físico.

d) Os outros contextos econômicos, políticos e legais. e) Os outros casos pelos quais o fenômeno é reconhecido. f) Os informantes que relatam o caso.

Na presente pesquisa, todos os aspectos acima levantados por Stake (1994) são especificidades possuídas pela WEG no contexto da CVC, da HT e do incipiente setor de energia solar fotovoltaica.

O processamento dos dados e das informações ocorreu por meio da análise categorial verificativa e qualitativa de conteúdo. Nesse tipo de metodologia, são processados os dados e as informações de modo a criar uma descrição e uma subsequente interpretação do conteúdo obtido a partir de dados secundários, das transcrições das entrevistas e do diário de campo, provindo da observação participante. Foram construídas intepretações qualitativas e sistemáticas, de forma a permitir uma compreensão dos significados de maneira estruturada (BARDIN, 2006).

A análise de conteúdo é baseada no estudo da comunicação, intencionando-se levantar indicadores que possibilitem a classificação da mensagem em categorias ou em unidades de contexto e de registro. Para tanto, primeiramente, realiza-se a categorização das informações obtidas em unidades de registro, que é o elemento individual a ser classificado, podendo ser uma frase, um tema ou até um documento todo. A partir das unidades de registro formam-se as unidades mais amplas, as de contexto, que, geralmente, são constituídas por mais de uma unidade de registro (MORAES, 1999; BARDIN, 2006). No presente trabalho optou-se por temas como unidades de registro, a definição de cada um foi apresentada em vindoura seção.

A codificação pode ser compreendida como a seleção de unidades de registro e de contexto e a seleção das regras de classificação. A análise de conteúdo manifesto, a opção utilizada na presente tese, é restrita ao que é mencionado, não existe a tentativa de buscar significados extraordinários ou ocultos. No presente estudo, a seleção foi construída com base nos objetivos específicos e na fundamentação teórica. Nesse sentido, procedeu-se com a análise de conteúdo categorial (temática), em uma perspectiva semântica, ou seja,

por meio de temas criados de acordo com os objetivos e com a revisão da literatura. As informações extraídas das fontes, em forma de mensagens, foram interpretadas e enquadradas em alguma das unidades de registro de acordo com os temas construídos com base no referencial teórico (MORAES, 1999; BARDIN, 2006).

As unidades de registro devem ser exaustivas e homogêneas, de modo que a categorização aconteça de modo mutuamente exclusivo, ou seja, cada informação só deve caber em uma única categoria. Uma pesquisa de conteúdo com perspectiva quantitativa implica na apresentação de quadros e de tabelas, com apresentações estatísticas. Se todas as unidades de registro tiverem o mesmo valor (peso) para a pesquisa, a frequência (quantidade de vez) de relato desta unidade demonstra a importância dela para o estudo de análise (MORAES, 1999; BARDIN, 2006).

Por outro lado, na abordagem qualitativa, a base para a classificação é na ausência ou na presença de uma característica e a relação que ela possui com os objetivos de pesquisa, de acordo com as unidades de registro. A interpretação inferencial vai além da descrição, almeja-se categorizar e propor uma reflexão sobre as informações. Portanto, aprofunda-se nas especificidades de cada unidade de registro para propor, por meio de uma interpretação da fundamentação teórica, e encontrar soluções exequíveis para os objetivos propostos (MORAES, 1999; BARDIN, 2006). A presente pesquisa foi constituída de cinco passos, conforme menciona Moraes (1999):

a) Preparar as informações.

b) Codificar, transformando a literatura base da pesquisa em unidades de registro.

c) Categorizar as unidades de registro em unidades de contexto.

d) Descrever as informações encontradas.

e) Interpretar e refletir propondo soluções aos objetivos do estudo.

Segundo Bardin (2006), os programas computacionais permitem a produção de uma análise mais detalhada e precisa dos dados, além de facilitarem a mensuração da frequência de determinada unidade de registro. Portanto, foi utilizado o software Atlas.ti., tal programa possibilitou a transcrição e a categorização dos trechos dos documentos

e das entrevistas, possibilitando maior agilidade e precisão para o processo.

3.3.1 Validade e Confiabilidade dos Dados

Stake (1994) aponta para a importância da validação de cada etapa do trabalho, e esta pode ser realizada em um estudo de caso qualitativo por meio de um procedimento chamado triangulação. Essa técnica consiste em deixar claro o significado de algo por meio de diversos pontos de vista, verificando se a interpretação do assunto em pauta se repete. Nesse sentido, as entrevistas foram realizadas com diversos especialistas de agências governamentais e da academia, além de funcionários da WEG, com isso, acredita-se que foram satisfatoriamente trianguladas as informações.

De forma semelhante, para Alves-Mazzotti (2006), obter a aprovação da pesquisa por meio da análise de pares é um meio de se alcançar a validação, a confiabilidade e a relevância dela. Similarmente, Patton (2002) sugere que diferentes fontes de informação podem ser utilizadas para validar um mesmo fato, além disso, avaliadores externos podem comprovar as conclusões obtidas no estudo.

No estudo de caso, o pesquisador precisa tomar algumas precauções e deve estar vigilante quanto à ética, cuidando para não influenciar nas respostas obtidas (STAKE, 1994). O rigor e a cientificidade de um estudo qualitativo dependem da triangulação de dados, da evidência e da robustez das informações fornecidas, para que possam ser asseguradas a validade e a confiabilidade dos resultados. Uma pesquisa nas ciências sociais deve atender aos seguintes requisitos, mencionados por Bryman (2008):

a) Validade interna: é a garantia e segurança de que foram formuladas perguntas corretas para se responder aos objetivos propostos, está relacionada à integridade das soluções e dos achados criados.

b) Replicação: o pesquisador deve detalhar e descrever minuciosamente todos os passos realizados e caminhos seguidos, para que a pesquisa possa ser replicada.

c) Confiabilidade: os resultados obtidos devem ser os mesmos, caso a pesquisa seja realizada por outro indivíduo, em outro momento.