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Os professores de História são os que têm, em média, maior idade em relação aos professores que foram entrevistados nesta pesquisa. Esse fato nos gerou um dado importante de diferenciação em comparação aos demais grupos, conforme pontuaremos a seguir. Todos eles são formados em História, com exceção de apenas um que é cientista social. O tempo de magistério desses professores é relativamente mais longo que os demais, com tempo mínimo de 6 anos de experiência na sala de aula e tempo máximo de 21 anos, o que também acarretou sinalizações diferentes em relação aos demais. Quanto ao item “especialização”, apenas dois professores têm pós-graduação. As cidades em que os professores dessa disciplina lecionam estão localizadas em Campinas, Itapira e Itatiba, sendo 4 da rede pública e 3 da rede privada. Os professores entrevistados diferem dos outros grupos (Biologia e Geografia), por apresentarem uma predominância de respostas um pouco mais homogêneas, conforme podemos analisar a partir dos seguintes itens:

a) Idade e tempo de magistério

Dos professores entrevistados, o grupo de História é o que apresenta grande homogeneidade nas respostas dadas pelos profissionais na maior faixa etária, e esse dado possui alta relevância, pois podemos notar que, entre os três grupos, os professores de História são os que mais apresentam homogeneidade nas suas respostas, menos contradições e maior clareza nas suas convicções. Todos os professores têm mais de seis anos de experiência, o que destoa do grupo dos professores de Geografia, por exemplo, que conta com sete professores (mais da metade deles) com apenas três anos de experiência. Comparando as respostas dos dois grupos (Geografia e História), concluímos que os professores de Geografia, muitas vezes, apresentam alguns erros conceituais devido ao seu pouco tempo de experiência. Confirma a análise de que é o tempo de experiência ou a idade dos professores de Geografia que determinam ou reforçam esses erros o fato de que, entre eles, pelo menos três professores são formados pela mesma instituição e inclusive na mesma turma, ou seja, professores com

a mesma formação apresentam respostas diferenciadas, dentre as quais, algumas apresentam erros conceituais, que podem ser explicado não pela formação em si, mas pela idade ou pelo pouco tempo de experiência. Por essa razão, comparando-se os grupos de Geografia e História, pode-se concluir que a idade e o tempo de magistério dos professores são mais determinantes que a instituição em que eles se formam.

Portanto, a partir dessas comparações, podemos concluir que, para os professores de História, a idade e o tempo de magistério maiores apresentaram vantagens em relação aos demais grupos (Biologia e Geografia), pelas razões acima citadas.

b) Instituição de Formação

Apenas dois professores entrevistados são formados por instituições públicas. Os demais são formados em universidades privadas. Apenas um professor é formado em Ciências Sociais, sendo os demais historiadores. Novamente, essa formação acabou influenciando nas respostas dadas, pois o cientista social acabou mostrando que a antropologia, que é a sua especialização, norteia suas aulas de modo específico.

Em relação à Instituição em que esses professores se formaram, podemos detectar certa influência do tipo de formação que esses professores receberam, pois foi possível observar algumas diferenças nas respostas deles no que se refere ao assunto “evolucionismo em sala de aula”, apesar de todos eles apresentarem clareza e determinação em suas respostas.

Um exemplo que pode ser observado e que comprova esse fato é que, para os professores formados em instituições públicas, o conflito “religião versus ciência” surge mais nas aulas de política do que nas que abordam a própria evolução humana, lembrando que um deles é cientista social, e que, além dessa característica, usa a antropologia para lecionar, caracterizando, além da influência da instituição, o fato de que sua especialização também se reflete nas suas práticas pedagógicas. Já para os professores graduados em instituições privadas, esse conflito é nítido nas aulas de evolução humana, e não apenas nas aulas de política, como os outros professores (formados em instituições públicas) afirmaram em suas respostas.

Além disso, também observamos que o enfoque na ciência entre esses professores é maior que nos outros dois grupos, e isso estabelece que as suas formações seguem uma mesma linha de raciocínio, independente da instituição em que o professor se gradue.

Então, mesmo que a linha de raciocínio entre eles se assemelhe, o que os diferencia das demais disciplinas, podemos assegurar que a instituição de formação é um item determinante das práticas pedagógicas dos professores de História dessa amostra.

c) Especialização

O nível de especialização dos professores de História segue o mesmo padrão dos professores de Biologia e Geografia: dois professores entre os sete analisados têm especialização. Para esse grupo, a especialização determina uma preocupação maior com o educando e com a polêmica do assunto abordado. Como exemplo de professores que se destacaram nas respostas, e que têm a pós-graduação, podemos citar os professores H1AL e H7UL, que possuem especialização na área pedagógica, o que acabou determinando preocupações que não estiveram presentes nas respostas dos outros professores. Um exemplo disso pode ser percebido através da resposta dada pelo professor H7UL à pergunta: “Ao abordar os conteúdos você menciona a teoria evolucionista?” Resposta do professor H7UL: “Ela faz parte dos conteúdos de história, principalmente ao abordar assuntos referentes ao período ágrafe da história (Pré-história); também deve ser mencionado quando se trabalha com o conceito de tempo, ou seja, para explorar diferentes maneiras de tratar este conceito, por exemplo, ao trabalhar o conceito de tempo geológico e a longa história do planeta Terra antes da existência dos primeiros hominídeos.” Vale lembrar que o referido professor fez mestrado na área da Educação, abordando a questão do tempo e o sentido dele na História. Nesse sentido, podemos perceber que seu embasamento teórico lhe dá suporte para tratar do evolucionismo a partir da ótica do tempo, evidenciando uma abordagem mais específica e aprofundada em comparação com os outros professores que não têm especialização.

d) Características da escola

Para o grupo de professores de História, na maioria das vezes, as características das escolas não interferem em seus trabalhos, com exceção do professor H1AL, que demonstrou bastante insatisfação com a direção ao afirmar que ela restringe a sua autonomia dentro da sala de aula. É importante ressaltar que, nesse grupo de professores entrevistados, a maioria leciona em escola pública, o que nos faz acreditar que a influência da direção e da coordenação sejam menos atuantes. Podemos perceber (e esse fato também ocorre com os professores de Biologia e Geografia) que nem sempre são as características das escolas que determinam o comportamento do professor dentro da sala de aula, e sim os próprios alunos que, muitas vezes, são evangélicos e acabam criando situações de conflito. Sendo assim, podemos concluir que não são as características das escolas que acabam interferindo as discussões dentro da sala de aula, e sim a própria formação religiosa dos alunos, a qual, muitas vezes, incentiva-os a transferir o que aprendem nas igrejas para outros ambientes, inclusive na escola, que é o espaço onde o assunto do evolucionismo pode ser debatido nas aulas de Ciências, Biologia, História e Geografia.