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O professor B1AL não atinge 100% dos alunos, mas acredita muito na ciência e faz dela seu principal norteador para explicar a teoria evolucionista em suas aulas. Usou algumas concepções equivocadas, como por exemplo as de Mendel, e uma possível visão empírico-indutivista. Para esse professor, a religião é apenas um suporte espiritual para conforto e compreensão do sentido da vida e da morte do ser humano. Em alguns momentos, mostrou pouca sensibilidade à diversidade cultural. O professor B2AL entra em contradição mais uma vez, pois, na questão anterior, ele tinha respondido que a fé era um dos principais elementos para a compreensão do universo e que a crença ajudaria inclusive na formulação das respostas e no desempenho positivo nos vestibulares. Entretanto, nesta questão, ele afirma que, em suas provas, só aceita as respostas ligadas à visão científica, de acordo com o que está

sendo pedido pelo enunciado da questão. Esse professor preserva o domínio do conhecimento escolar, subordinando-o a códigos e controles do sistema escolar.

O professor B3AL mostra e repete mais uma vez a preocupação com o vestibular. Por tratar-se de um professor de uma das principais redes de sistema apostilado, essa preocupação sempre fica evidente em suas respostas.

O professor B4AC afirma que, no começo, as dificuldades de compreensão são evidentes, mas, com o tempo, os conceitos são assimilados pelos alunos.

Para o professor B5UL existe um bloqueio psicológico e uma resistência entre os alunos para a compreensão dos fatos científicos.

O professor B6AL mostrou satisfação com os resultados obtidos nas avaliações e o professor B7AL se satisfaz como discernimento que os alunos conseguem ter em relação ao evolucionismo e ao criacionismo.

Pergunta 8:

Caso você fosse trabalhar em outra escola, você mudaria alguma coisa? O quê? Por quê?

Repostas:

Professor B1AL:

“Sim, até o conteúdo programático, a gente ainda ensina uma biologia medieval, ultrapassada em alguns pontos. A botânica hoje é um exemplo disso. Você trabalha a botânica na escola, a mesma botânica que Lineu fazia, que era pôr uma planta na sua frente e dar nome às estruturas, sem pensar em nenhuma implicação evolutiva entendimento desse grupo de organismo, é uma biologia atrasada em alguns pontos. A zoologia já incorporou essa coisa de ancestralidade comum, que um grupo possa ter surgido a partir de um indivíduo de outro grupo. Já incorporou alguma coisa do pensamento evolutivo, mas eu mudaria mais isso. Eu acho que teria que trabalhar evolução em primeiro lugar. Um ano de teoria evolutiva e depois estudar a zoologia, a botânica, a bioquímica, as outras partes depois de ter entendido bem a teoria evolutiva. A frase do Theodosius Dobzhansky de “que nada faz sentido em biologia se não for à luz da evolução”. E é esse o sentido que os alunos buscam quando ficam entediados com as aulas de biologia ‘por quê eu tenho que estudar isso?’.Se ele tiver já de primeira a base da biologia evolucionista, aí as coisas fazem sentido, por quê estudar cavidades corporais, quanto celomas? Isso tudo passa a ter mais sentido quando se conhece a teoria evolutiva”.

Professor B2AL:

“Se eu fosse trabalhar em alguma escola evangélica, eu teria que mudar minha conduta. Não descartando a possibilidade do evolucionismo por causa do vestibular. Mas eu daria um enfoque maior para o criacionismo. Antes eu perguntava aos alunos quem me garantia que Deus existe. Que poderia ser uma criação da mente humana, que quis se promover e falar da existência de um deus. Hoje eu meu sinto mal em falar isso porque nós acabamos acreditando em alguns fenômenos que acontecem na nossa vida, que nos levam a crer que realmente existe um deus. Eu já tive épocas em que eu deixava os alunos perturbados. Até a ciência está começando a acreditar em Deus”.

Professor B3AL:

“Dentro do conteúdo de evolução considerando ensino fundamental e ensino médio, eu acho que um tempo maior para se trabalhar com esse conteúdo de forma mais aberta, discutindo e permitindo a participação dos alunos seria ideal. Permitir um espaço maior para os alunos se manifestarem e explicar suas razões em acreditar ou não, sem violar as crenças e convicções religiosas, pois não acho saudável desconstruir a convicção, não tem porque. Simplesmente mostrar o inverso dela”.

Professor B4AC:

“Sim, eu mudaria alguns conceitos e tentaria trazer mais debates para dentro da sala de aula”.

Professor B5UL:

“Acho que depende muito da escola. Se eu percebo que eles tiveram uma aceitação maior do conteúdo é mais fácil de trabalhar esse tema. Se por outro lado, eu estiver em uma sala com uma resistência muito grande e não convém eu falar, eu não falo. Têm classes com um número muito grande de evangélicos e eles não aceitam a teoria evolucionista. Eu exponho e é negado. Quando isso acontece, eu deixo de falar disso, para não provocá-los. Quando eu percebo que não vai haver resposta, que meu discurso vai ser negado e vai ter conflito, eu simplesmente prefiro passar para outro conteúdo para evitar certos constrangimentos na sala de aula”.

Professor B6AL:

“Eu não mudaria o assunto do evolucionismo. É um conteúdo super importante pro pensamento humano, talvez eu adicionaria coisas, porque o que a gente ensina e que vem no conteúdo do material do X é muito voltado para vestibular,então eu adicionaria. Por exemplo, eu gostaria muito

de mostrar a evolução do homem, do homo sapiens, gostaria de mostrar mais coisas, eu gostaria também de mostrar a inexistência de raças na espécie humana, isso só é falado, eu falo isso e explico porque não tem raças, mas eu não apresento diferenças etnias, o local onde as etnias estão, qual foi o processo de evolução de espécies. Então eu adicionaria, mas não alteraria o que eu dou, eu acho que é importante o que eu faço”.

Professor B7AL:

“Eu não mudaria o projeto, que eu acho muito interessante. Se eu desse aula numa escola que não aceita a evolução, aí eu precisaria estar conversando com a direção da escola para saber até que ponto eu tenho autonomia dentro da sala de aula”.