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COMO PRÁTICA DE MERCADO ACEITE

No documento COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS (páginas 129-135)

CMVM 2008

O processo de declaração da prática junto do CESR

A documentação necessária para desencadear o processo de declaração da prática junto do CESR inclui a lista de factores de avaliação. Está em português por dever ser submetido a consulta pública em Portugal, pelo que uma versão posterior em inglês é essencial.

Descrição da PMA Nacional:

A prática de mercado aceite denomina-se “contrato de liquidez”. Uma sociedade aberta (o emitente), cujas acções estejam admitidas à negociação num mercado regulamentado em Portugal, pode celebrar um contrato (“contrato de liquidez”) com um intermediário financeiro (instituição de crédito ou empresa de investimento), através do qual o emitente coloca à disposição do intermediário financeiro (“IF”) uma certa quantidade de acções próprias ou uma dada quantia, de forma a habilitar o IF a realizar operações de compra e venda no mercado a contado, por conta do emitente, sobre acções por si emitidas.

As transacções a realizar por conta do emitente têm como objectivo aumentar a liquidez das acções no mercado, seja através do aumento das quantidades transaccionadas e do número de negócios executados, seja através de uma redução nos spreads entre as ofertas de compra e de venda, de uma redução da volatilidade dos preços na negociação diária no mercado, em linha com as tendências gerais do mercado.

Tem de ser respeitado o princípio da exclusividade, só podendo haver um contrato de liquidez activo para cada categoria de acções e por cada IF e não se pode celebrar novo contrato com o mesmo ou outro IF enquanto o contrato anterior não estiver terminado. Contudo, não é objectivo do IF centralizar os negócios de compra e de venda, sendo salutar a sua ausência do mercado nos momentos em que os investidores transaccionam com a regularidade pretendida.

O emitente só pode celebrar contrato de liquidez com um IF após obtida a autorização da assembleia geral de acordo com o estipulado nos seus estatutos. A deliberação deve prever o prazo máximo do contrato, incluindo prorrogações, o qual deve ser consentâneo com os objectivos prosseguidos. As acções adquiridas em execução de contrato de liquidez não podem ter outro fim que não seja a sua ulterior alienação em outra operação executada ao abrigo do contrato. O prazo máximo de execução do contrato de liquidez, incluindo as possíveis

prorrogações não deve ser superior a 12 meses.

Os contratos de liquidez só podem ser celebrados com IF que sejam membros do mercado regulamentado em que as acções estão admitidas à negociação e deve responsabilizar-se pela independência dos seus colaboradores adstritos à execução do contrato de liquidez.

Todas as acções adquiridas pelo IF no mercado, em execução do contrato são levadas a uma conta criada para o efeito, aberta em nome do emitente, e correspondem a acções próprias sendo-lhes aplicado o regime previsto no Código das Sociedades Comerciais. Isto significa que o contrato de liquidez deve prever que não seja ultrapassado o limite de 10% do capital em acções próprias.

A conta de valores mobiliários terá como contrapartida uma conta de valores monetários, também, aberta em nome do emitente onde são lançadas as importâncias pagas e recebidas na execução das operações de compra e de venda.

Os registos nas contas de valores mobiliários devem conter, pelo menos, os seguintes elementos: a quantidade transaccionada, o tipo de transacção (compra e venda), a data e a hora da transacção, o preço unitário e a quantidade de acções detidas ao abrigo do contrato de liquidez após a realização de cada operação.

O IF só pode transaccionar em execução de um contrato de liquidez durante o período normal de negociação estabelecido pela entidade gestora do mercado regulamentado, não sendo admitido transaccionar após o fecho do mercado e a sua actuação em leilões de abertura e de fecho do mercado deve ser reduzida à eventual necessidade de proporcionar a concretização dos preços de abertura ou de fecho em total respeito pelas expectativas de compradores e vendedores. Não são permitidas operações de grandes lotes na execução do contrato de liquidez. Não é permitido o registo de ofertas sem limite de preço nem ofertas aparentes e as ofertas são válidas exclusivamente para a sessão em que forem introduzidas.

Não é permitido ao emitente transmitir qualquer outra instrução ao IF respeitante a decisões de comprar ou vender. Caberá ao IF estabelecer a sua estratégia de actuação, devendo o emitente suportar os riscos inerentes ao mercado. No entanto, o IF tem por obrigação aferir permanentemente os níveis de preços no mercado e ajustar a sua actuação de acordo com a tendência do mercado. Uma incorrecta percepção quanto ao valor que o mercado atribui às acções poderá criar desequilíbrios entre os valores monetários disponíveis para adquirir e o

número de acções próprias disponíveis para venda. O IF informa diariamente o emitente sobre os movimentos e saldos das contas.

A execução do contrato de liquidez deve ser suspensa se, durante a sua vigência for aprovado e iniciado um programa de aquisição de acções próprias, se for realizada uma oferta pública de acções ou se tiver sido anunciada uma oferta pública de aquisição sobre as acções do emitente. As transacções realizadas não têm de cumprir as condições fixadas pelo artigo 5º do Regulamento (CE) nº 2273/2003 da Comissão. A estas transacções não são aplicadas as restrições previstas no artigo 6º do mesmo diploma. Porém, terão de ser cumpridas as seguintes condições:

i) As ofertas inseridas nos leilões de abertura e de encerramento da sessão não podem exceder 10% da quantidade média transaccionada nas 20 sessões normais de bolsa imediatamente antecedentes;

ii) A quantidade transaccionada ao abrigo do contrato de liquidez nos últimos 60 minutos da sessão de bolsa não pode exceder 30% da quantidade total transaccionada ao longo da parte restante da sessão de bolsa;

iii) No sua totalidade, as ordens de compra dadas ao abrigo do contrato de liquidez ao longo de uma sessão de bolsa não podem exceder 25% da quantidade média transaccionada nas 20 sessões normais de bolsa imediatamente antecedentes;

iv) As ordens de compra em execução do contrato de liquidez não podem exceder o mais elevado dos dois preços seguintes: a) Cotação do último negócio independente anterior; b) Preço mais elevado de entre as ofertas de compra independentes existentes;

v) As ordens de venda em execução do contrato de liquidez não podem ser inferiores ao mais baixo dos dois preços seguintes: a) Cotação do último negócio independente anterior; b) Preço mais baixo de entre as ofertas de venda independentes existentes;

vi) Sem prejuízo do disposto em iv) e v), o spread máximo entre as ofertas de compra e de venda inseridas em execução do contrato de liquidez não pode exceder 5% ou, se inferior, o

spread máximo permitido pelas regras do mercado regulamentado para os liquidity providers ou

pessoas similares.

Consideram-se ofertas independentes todas aquelas que não são executadas em cumprimento do contrato de liquidez, nem resultem de operações de carteira própria do IF ou sejam por este inseridas no âmbito de gestão discricionária de carteiras de terceiros.

gerar indicações enganosas sobre a oferta e a procura da acções e falsear a negociação. Os comportamentos fora destas balizas como, por exemplo, o fecho de ofertas do IF entre si para a conta do emitente poderão ser considerados actos de manipulação de mercado e, se for o caso, violação do dever de defesa do mercado.

Do contrato de liquidez deverão constar, no mínimo os seguintes elementos:

a) identificação do valor mobiliário objecto do contrato, designadamente quanto à sua natureza, espécie, categoria, valor nominal unitário, quantidade emitida e quantidade admitida à negociação;

b) identificação das partes contratantes;

c) indicação das obrigações assumidas pelas partes contratantes, nomeadamente, a informação que o IF deverá transmitir periodicamente ao emitente para efeitos de acompanhamento da execução do contrato e permitir ao emitente cumprir as suas obrigações legais e consentâneas com a prática de mercado e a proibição de transmissão de informação privilegiada pelo emitente ao IF;

d) data prevista para o início da realização das operações, o prazo durante o qual se devam executar e o número de prorrogações admitidas;

e) indicação da quantidade de valores mobiliários e de valores monetários inicialmente afectos à execução do contrato, bem como os limites máximos e mínimos (se aplicável) de intervenção no mercado, tanto diariamente como acumulado até ao termo do contrato;

f) a forma de actuar em relação a quaisquer desequilíbrios nos saldos de quantidades de acções ou de valores monetários que coloquem em risco o objecto do contrato de liquidez;

g) indicação das contas de valores mobiliários e de valores monetários tituladas pelo emitente e dedicadas à execução do contrato;

h) termo de responsabilidade do IF em como possui uma organização interna susceptível de garantir a execução do contrato de liquidez de forma independente de qualquer outra área de actividade adstrita a negociação de carteira própria, a negociação por conta de outrem e à gestão discricionária de carteiras de clientes;

i) a forma de remuneração do IF, a qual não pode diminuir a sua independência face ao emitente.

Antes de iniciar as transacções em execução de contrato de liquidez, a entidade emitente deve publicitar – como informação privilegiada - os detalhes do contrato celebrado com os intermediários financeiro, no que respeita: i) à identidade do intermediário; ii) à importância monetária e à quantidade de valores mobiliários colocadas à disposição do intermediário

financeiro; iii) à quantidade máxima de acções que pode ser acumulada em carteira em execução deste contrato; iv) o mercado e as acções a que respeita; e v) o prazo de vigência do contrato. Qualquer alteração ao contrato durante a vigência do mesmo, a sua suspensão ou expiração também devem ser comunicados como informação privilegiada.

Tanto as entidades emitentes, como os intermediários financeiros que executam os contratos, têm de manter um registo individualizado das operações realizadas por um período de 5 anos contados desde a data de encerramento das contas que lhe estavam adstritas e que deve coincidir com o fim dos deveres e obrigações das partes no contrato.

As entidades emitentes comunicarão ao mercado, trimestralmente, as operações realizadas ao abrigo do contrato de liquidez, indicando para cada transacção, o intermediário financeiro que a realizou, a quantidade transaccionada, o tipo de transacção (compra e venda), a data da transacção, o preço unitário e a quantidade de acções detidas ao abrigo do contrato de liquidez após a realização de cada operação. Esta comunicação deve ser realizada através do sistema de difusão da CMVM (na secção relativa à comunicação de transacção de acções próprias).

Além da cópia do contrato de liquidez que deve ser enviada à CMVM pelo emitente, a CMVM poderá solicitar a cada emitente e a cada intermediário financeiro toda a informação que necessitar para acompanhar a execução dos contratos de liquidez. Os contratos de liquidez não se destinam a reforçar a quantidade de acções próprias, podendo a CMVM ordenar a suspensão da sua execução se encontrar irregularidades no seu cumprimento ou indícios de abuso de mercado.

A declaração de prática de mercado aceite é feita ao abrigo do regime da manipulação de mercado e do dever de defesa do mercado e é feita sem prejuízo da aplicação das regras de abuso de informação e da imposição das respectivas consequências legais.

Razões pelas quais a prática em questão poderia constituir manipulação de mercado:

Os contratos de liquidez envolvem a negociação com acções próprias mas não correspondem aos objectivos enunciados no Regulamento (CE) 2273/2003 da Comissão de 22 de Dezembro, não podendo beneficiar da exclusão de proibição prevista no artigo 8º da Directiva 2003/6/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de Janeiro (MAD). A realização de operações ou a colocação de ofertas com o objectivo de aumentar a liquidez de acções no mercado, sendo realizada fora dos mecanismos previstos na lei ou nas regras de mercado para o fomento de liquidez pode ser considerada uma prática de manipulação de mercado e, se for o caso, violação do dever de defesa do mercado, dada artificialidade que pode ser introduzida no mercado em termos de volumes e de preços.

Lista (não exaustiva) de factores que devem ser tomados em consideração pela

No documento COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS (páginas 129-135)