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Lista (não exaustiva) de factores que devem ser tomados em consideração pela autoridade competente para aferição das diferentes práticas susceptíveis de

No documento COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS (páginas 135-141)

ocorrer em mercado regulamentado ou em OTC:

a) O grau de transparência da prática em causa em relação ao mercado no seu conjunto.

A transparência das práticas de mercado por parte dos participantes constitui um critério fundamental a ter em conta para determinar se uma dada prática pode ser aceite pelas autoridades competentes. Quanto menos transparente for a prática, menos hipóteses terá de ser aceite. No entanto, por razões estruturais pode acontecer que existam, nos mercados não regulamentados, práticas menos transparentes do que práticas semelhantes em mercados regulamentados. Estas práticas não devem, apenas por esse facto, ser consideradas inaceitáveis pelas autoridades competentes. [Preâmbulo (2) da Directiva 2004/72/CE da Comissão de 29 de Abril]

Conclusão CMVM:

Para lá do cumprimento da lei comercial aplicável a operações com acções próprias e a sociedades abertas, o emitente deve divulgar ao mercado, através do sistema de difusão de informação da CMVM e do seu site:

detalhes do contrato celebrado com os intermediários financeiro, no que respeita: i) à identidade do intermediário; ii) à importância monetária e à quantidade de valores mobiliários colocadas à disposição do intermediário financeiro; iii) à quantidade máxima de acções que pode ser acumulada em carteira em execução deste contrato; iv) o mercado e as acções a que respeita; e v) o prazo de vigência do contrato.

b) Qualquer alteração ao contrato durante a vigência do mesmo, a sua suspensão ou expiração também devem ser comunicados.

c) As operações realizadas ao abrigo do contrato de liquidez devem ser comunicadas trimestralmente, indicando para cada transacção, o intermediário financeiro que a realizou, a quantidade transaccionada, o tipo de transacção (compra e venda), a data da transacção, o preço unitário e a quantidade de acções detidas ao abrigo do contrato de liquidez após a realização de cada operação.

Uma cópia do contrato de liquidez deve ser enviada pelo emitente à CMVM previamente à divulgação ao mercado exigida antes do início da execução do mesmo.

b) A necessidade de salvaguardar o jogo de forças do mercado e uma interacção adequada entre a oferta e a procura.

As práticas de mercado que entravarem a interacção entre a oferta e a procura, limitando as possibilidades de reacção dos outros participantes em determinadas operações são especialmente susceptíveis de prejudicar a integridade do mercado, sendo, assim, menos provável a sua aceitação pelas autoridades competentes. [Preâmbulo (1) da Directiva 2004/72/CE da Comissão de 29 de Abril]

Conclusão CMVM:

A prática não entrava a interacção entre a oferta e a procura. As operações concretizadas pelo IF ao abrigo da prática em apreço assumem a natureza de reacção a intenções de compra ou de venda introduzidas no mercado por investidores terceiros e que, não fosse a intervenção do IF, poderiam não conseguir realizar os negócios que legitimamente procuravam ou de criarem desequilíbrios na oferta ou na procura pelo simples facto de não existirem outras ofertas, de contraparte, concorrenciais no mercado.

Os contratos de liquidez podem ter um impacto na interacção entre a oferta e a procura legítimas no mercado e assim alcançar um mercado regular para acções que, de outra forma, seriam consideradas ilíquidas.

c) A intensidade do impacto da prática de mercado em causa sobre a liquidez e a eficiência do mercado.

As práticas de mercado que melhorem a sua liquidez são mais susceptíveis de serem aceites dos que as práticas que a reduzam. [Preâmbulo (1) da Directiva 2004/72/CE da Comissão de 29 de Abril]

Conclusão CMVM:

O objectivo da prática é o incremento da liquidez e da eficiência do mercado.

d) Em que medida a prática em causa tem em conta os mecanismos de negociação do mercado em questão e permite aos participantes neste mercado reagirem de forma adequada e oportuna face à nova situação do mercado por ela criada.

Conclusão CMVM:

Para efeitos de cumprir o contrato celebrado, o IF actua em mercado regulamentado, do qual é membro, de acordo com as regras em vigor nesse mercado e dentro dos períodos normais de negociação mas, com alguns princípios de actuação adicionais destinados a proteger o regular funcionamento do mercado.

A declaração de prática de mercado aceite em Portugal envolve um conjunto de características destinadas a reforçar o dever de defesa do mercado, nomeadamente:

i) As ofertas inseridas nos leilões de abertura e de encerramento da sessão não podem exceder 10% da quantidade média transaccionada nas 20 sessões normais de bolsa imediatamente antecedentes;

ii) A quantidade transaccionada ao abrigo do contrato de liquidez nos últimos 60 minutos da sessão de bolsa não pode exceder 30% da quantidade total transaccionada ao longo da parte restante da sessão de bolsa;

iii) No sua totalidade, as ordens de compra dadas ao longo de uma sessão de bolsa não podem exceder 25% da quantidade média transaccionada nas 20 sessões normais de bolsa imediatamente antecedentes;

iv) As ordens de compra em execução do contrato de liquidez não podem exceder o mais elevado dos dois preços seguintes: a) Cotação do último negócio independente anterior; b) Preço mais elevado de entre as ofertas de compra independentes existentes;

v) As ordens de venda em execução do contrato de liquidez não podem ser inferiores ao mais baixo dos dois preços seguintes: a) Cotação do último negócio independente anterior; b) Preço mais baixo de entre as ofertas de venda independentes existentes;

vi) Sem prejuízo do disposto em iv) e v), o spread máximo entre as ofertas de compra e de venda inseridas em execução do contrato de liquidez não pode exceder 5% ou, se inferior, o

spread máximo permitido pelas regras do mercado regulamentado para o liquidity provider ou

pessoas similares.

Não são permitidas operações de grandes lotes na execução do contrato de liquidez. Não é permitido o registo de ofertas sem limite de preço nem ofertas aparentes e as ofertas são válidas exclusivamente para a sessão em que forem introduzidas.

e) O risco que a prática em causa representa para a integridade dos mercados directa ou indirectamente relacionados, regulamentados ou não, em que o instrumento financeiro é negociado à escala da Comunidade.

As práticas de mercado inerentes a um dado mercado não devem comprometer a integridade dos outros mercados da Comunidade que lhe estejam, directa ou indirectamente, associados, independentemente de estarem ou não regulamentados. Por conseguinte, quanto maior for o risco para a integridade de um mercado associado da Comunidade, menor será a probabilidade de que estas práticas sejam aceites pelas autoridades competentes. [Preâmbulo (3) da Directiva 2004/72/CE da Comissão de 29 de Abril]

Conclusão CMVM:

Além da cópia do contrato de liquidez que deve ser enviada à CMVM pelo emitente, a CMVM poderá solicitar a cada emitente e a cada intermediário financeiro toda a informação que necessitar para acompanhar a execução dos contratos de liquidez. Os contratos de liquidez não se destinam a reforçar a quantidade de acções próprias, podendo a CMVM ordenar a sua suspensão se encontrar irregularidades no seu cumprimento ou indícios de abuso de mercado. Tanto as entidades emitentes, como os intermediários financeiros que executam os contratos, têm de manter um registo individualizado das operações realizadas por um período de 5 anos contados desde a data de encerramento das contas que lhe estavam adstritas e que deve coincidir com o fim dos deveres e obrigações das partes no contrato.

O IF deve responsabilizar-se pela independência dos seus colaboradores adstritos à execução do contrato de liquidez.

Não é permitido ao emitente transmitir qualquer outra instrução ao IF respeitante a decisões de comprar ou vender. Caberá ao IF estabelecer a sua estratégia de actuação, devendo o emitente suportar os riscos inerentes ao mercado. No entanto, o IF tem por obrigação aferir permanentemente os níveis de preços no mercado e ajustar a sua actuação de acordo com a tendência do mercado e aplicar-se na correcta percepção quanto ao valor que o mercado atribui às acções para não criar desequilíbrios entre os valores monetários disponíveis para adquirir e o número de acções próprias disponíveis para venda. O IF informa diariamente o emitente sobre os movimentos e saldos das contas.

O IF só pode transaccionar em execução de um contrato de liquidez durante o período normal de negociação estabelecido pela entidade gestora do mercado regulamentado, não sendo admitido transaccionar após o fecho do mercado e a sua actuação em leilões de abertura e de fecho do mercado deve ser reduzida à eventual necessidade de proporcionar a concretização dos preços de abertura ou de fecho em total respeito pelas expectativas de compradores e vendedores.

O contrato de liquidez deve ser suspenso se, durante a sua vigência for aprovado e iniciado um programa de aquisição de acções próprias, se for realizada uma oferta pública de acções ou se tiver sido anunciada uma oferta pública de aquisição sobre as acções do emitente.

f) O resultado de qualquer inquérito sobre a prática de mercado em causa, realizado pela autoridade competente ou qualquer outra autoridade referida no nº1 do artigo 12º da Directiva 2003/6/CE, em especial quando a prática em questão infringiu as regras ou as disposições destinadas a evitar o abuso de mercado ou não respeitou os códigos de conduta, tanto no mercado em causa como nos mercados com ele relacionados, directa ou indirectamente na Comunidade.

Conclusão CMVM:

Os contratos de liquidez têm vindo a ser celebrados embora o seu número seja desigual consoante a jurisdição em que são celebrados. Uma prática de mercado com idênticas características foi considerada aceite em França pela Autorité des Marchés Financiers, enquanto outras práticas similares estão em processo de aprovação nos Países Baixos pela Autoriteit Financiële Markten pelo Ministério das Finanças, onde passou por processo de consulta pública, e em Espanha pela Comisión Nacional del Mercado de Valores.

Em Portugal a prática também segue um processo de consulta pública, não havendo até ao momento qualquer sinal de quaisquer posições contrárias à aceitação desta prática de mercado. Até à data, no âmbito das funções de supervisão da CMVM, não foi obtida qualquer conclusão que fosse contrária à aceitação dos contratos de liquidez como prática de mercado.

g) As características estruturais do mercado em questão, nomeadamente o seu carácter regulamentado ou não, os tipos de instrumentos financeiros negociados e o tipo de participação nesse mercado, em especial o grau de participação dos pequenos investidores.

Conclusão CMVM:

A prática de mercado apenas diz respeito a acções admitidas à negociação em mercado regulamentado, nos quais o envolvimento de investidores não qualificados pode ser significativo.

A prática de mercado permite aumentar a probabilidade dos investidores encontrarem uma contraparte com objectivos lícitos na sua actuação em acções de reduzida liquidez, sem risco acrescido para os investidores.

A crescente integração das plataformas de negociação suscita um esforço acrescido de inovação para evitar assimetrias de práticas em espaços de negociação comuns a mais do que uma jurisdição, pelo que a prática de mercado denominada “contratos de liquidez” é aceite pela CMVM.

No documento COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS (páginas 135-141)