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4.2 Identificação dos atores que contribuem indiretamente para a cadeia de valor no

4.2.2 Fornecedores

4.2.3.2 Companhias aéreas ponto a ponto

São empresas que operam de um destino a outro sem paradas ou conexões e em rotas de curta distância. Integram um subgrupo conhecido como companhias low- cost (companhias de baixo custo), cujo principal enfoque é a competição pelo preço. Os serviços oferecidos, portanto, não têm diferenciação, limitando-se ao essencial: simplificação do serviço de bordo, oferta meramente da classe econômica, padronização de aeronaves, uso de aeroportos secundários e operação de voos diretos, uma vez que oferecer diferenciação equivale a provocar aumento de custos.

Estima-se que as companhias aéreas low-cost sejam responsáveis por 25% dos assentos disponíveis mundialmente e por 15% na média de assentos por quilômetro (ASKs), justificando assim o foco principal em mercados de curta e média distância. É forte, na Europa, a demanda por esse tipo de companhia, tanto nos voos domésticos como nos transfronteirisços, e o mesmo vale para os voos domésticos americanos.

No Brasil, convém ressaltar a GOL foi a primeira empresa aérea a implantar o modelo de gestão com preços mais acessíveis aos clientes, assumindo o protagonismo de democratizar o transporte aéreo no País (ABEAR, 2015). Cabe-lhe, portanto, o mérito de ter introduzido na aviação brasileira, um modelo de negócio que ia de encontro ao modo de operar das grandes concorrentes, TAM e VARIG,

reduzindo as tarifas e diminuindo os custos operacionais. A dinâmica do mercado, como relatado acima, levou, contudo, a GOL a reposicionar-se como rede aérea.

No cenário brasileiro atual, as companhias aéreas que se enquadram no perfil ponto a ponto são a AZUL e a AVIANCA, visto que grande parte dos voos que oferecem obedece a esse conceito de rotas de curta distância e de voos diretos, sem paradas e conexões.

 AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS: em operação desde dezembro de 2008, foi fundada pelo David Neeleman, responsável igualmente pela fundação da JetBlue, eleita a melhor companhia de voos domésticos nos Estados Unidos em 2001.

As ações estratégicas da AZUL são baseadas em voos domésticos sem escalas, com aeronaves pequenas, passagens aéreas acessíveis e opção por cidades não atendidas pelas concorrentes, com o principal intuito de ampliar a demanda do transporte aéreo no mercado brasileiro.

A empresa procura diferenciar-se no setor ao não competir diretamente com as companhias dominantes TAM e GOL, visto que suas aeronaves são menores e que toda a sua frota inicial se compõe de jatos EMBRAER 195. Suas ações estratégicas guardam semelhança com as da GOL no início das operações no BRASIL: uma empresa low-cost, oferecendo check-in pela internet, passagens aéreas mais baratas, serviços de bordo básicos, sem utilização de carrinhos, servindo poucos tipos de snacks (salgados) industrializados e operando em aeroportos menores ou não atendidos pelas grandes companhias. Entretanto, a empresa é atenta ao conforto, segurança e comodidade de seus passageiros.

Em junho de 2015, a AZUL adquiriu a TAP, uma legacy airline portuguesa, e anunciou um acordo com a companhia aérea norte-americana United Airlines, que comprará 5% do capital da empresa brasileira. Essas ações demonstram uma forte tendência de mudança na estratégia desta companhia aérea, fortemente propensa a tornar-se uma empresa aérea, nos mesmo moldes da GOL.

De acordo com a ABEAR (2015), a AZUL foi responsável, em janeiro de 2015, por 16,45% de participação no mercado doméstico, atendido a 105 destinos, com 864 decolagens diárias, totalizando 21 milhões de passageiros transportados. Segundo a ANAC, a AZUL foi a companhia aérea que se destacou por apresentar a melhor taxa de aproveitamento doméstico (RPK/ASK) em junho de 2015, tendo registrado 80,1%, um aumento de 0,9%, o que demonstra a expansão do setor.

 AVIANCA BRASIL: iniciou suas operações no Brasil como OceanAirlines Linhas Aéreas até 2004, atuando como taxi aéreo, em especial para executivos da indústria petrolífera de Macaé e de Campos de Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro. Em 2002, com a autorização da ANAC, a empresa começou a operar basicamente no transporte regional para, mais tarde, ampliar a sua malha para voos comerciais.

Em 2004 a OCEAN Airlines anunciou a aquisição da empresa colombiana AVIANCA e, logo em seguida, em 2008, foi considerada a quarta melhor companhia aérea, atrás apenas da TAM, GOL e VARIG, com uma taxa de ocupação nas aeronaves de 66%, operando somente em 20 aeroportos e atendendo 18 cidades. Em 2009, a empresa demonstrava resultado positivo e estável no mercado, considerada pela pesquisa da ANAC a melhor companhia aérea nos requisitos conforto, melhor serviço de bordo e espaço entre as poltronas.

Entretanto, no começo de 2009, a companhia começou a perder mercado devido ao crescimento da AZUL, WEBJET e TAM, além da fusão da GOL com a VARIG. Nesse mesmo ano, a companhia começou a operar com uma nova frota de aeronaves, o modelo Airbus, realocando as aeronaves Fokker 100 em rotas menores, até então atendidas somente pela companhia aérea AZUL.

Atualmente, atende 25 cidades brasileiras e sua participação no mercado doméstico, em janeiro de 2015, representou 8,10%, conforme dados obtidos da ABEAR (2015).

Dentre as principais companhias aéreas brasileiras, a AZUL e a AVIANCA se assemelham pela estratégia de negócios, com o foco em rotas de curta

distância e ponto a ponto e serviços sem diferenciação, disputando a mesma parcela de mercado.

Segundo a ABEAR (2015), as quatro empresas, atuantes no setor de transporte aéreo de passageiro em 2014, foram responsáveis por 92% do mercado, conforme a composição do gráfico 3, o que revela a centralização das operações nessas companhias aéreas.

Gráfico 3 - Composição de mercado das companhias aéreas no Brasil em 2014

Fonte: elaborado pelo autor, adaptado da ABEAR (2015)

Segundo Oliveira (2007), a competição entre as companhias aéreas nacionais, antes do período de desregulamentação era considerada estável em virtude das intervenções governamentais no setor. Passado esse período, teve início uma competição sofrida entre as companhias aéreas, concentrada em especial no fator preço e na disponibilidade de rotas, ao invés da diferenciação de produtos/serviços, o que justificaria a aumento dos preços cobrados no setor.

A ousadia estratégica da “guerra de preços” do setor apresenta características intrínsecas, que envolvem

Produtos perecíveis: porque não é possível “estocar” os serviços prestados pelas companhias aéreas, o que leva os concorrentes a reduzir o preço das passagens;

TAM 38% GOL 36% AZUL 17% AVIANCA 8% Outras 1%

Produto similar: as quatro companhias aéreas oferecem produtos similares, não havendo motivos lógicos para cobrarem valores/preços diferentes, exceto em rotas e horários de exclusividade, nos quais o preço muda de acordo com a demanda;

Baixo custo marginal por passageiro adicional: situação que leva a aumentar o número de passageiros por voo, visto que – sendo vendidas a baixo custo as passagens excedentes – cairá o custo unitário operacional de cada voo.

Como as características apresentadas pelos concorrentes apontam competição destrutiva entre as companhias aéreas brasileiras, sendo possível considerar alto e intenso o seu nível de rivalidade.