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4.2 Identificação dos atores que contribuem indiretamente para a cadeia de valor no

4.2.5 Produtos substitutos

4.2.5.1 Outros meios de transporte

São veículos alternativos que são potenciais substitutos na locomoção de passageiros e/ou cargas, exemplos como: trens de alta velocidade, carros, navios, trens tradicionais e ônibus. São potenciais substitutos do transporte aéreo, caso o fator velocidade/tempo serem preponderante neste grupo.

No Brasil, segundo dados da ANAC (2013), considerando a locomoção superior a 75 km de distância, os modais mais utilizados no transporte de passageiros no país foram: 42% rodoviário e 58% aéreo. A participação do modal aéreo no mercado vem crescendo de forma expressiva ao longo dos últimos anos, sendo que em 2002 a composição de mercado era o inverso, o qual o modal rodoviário representava 69% e o aéreo 31%. Esta evolução demonstra a grande demanda pelos serviços aéreos, em virtude do aumento da renda disponível, à redução das tarifas e a expansão do crédito para os consumidores das classes sociais C e D, segundo relatório IPEA (2010).

Entretanto, o Brasil ainda é um país constituído quase que majoritariamente pelo transporte rodoviário através de suas extensas malhas viárias, além de apresentar um sistema ínfimo de transporte ferroviário e fluvial.

Essa extensão da malha rodoviária do país é reflexo da época das democracias desenvolvimentistas, iniciada na década de 30, pelos presidentes Getúlio Vargas e seguido por Juscelino Kubitschek. Essa ideologia no qual o automóvel simbolizava a modernidade e o avanço no transporte nacional, o que resultou em longas construções de estradas e rodovias, essa ação no passado, transcende gerações até os dias atuais e as rodovias ainda constituem como uma das principais vias de transporte de cargas, entretanto, reduzindo o número de passageiros no país, segundo a Agência de Transportes Terrestres (ANTT; 2014). No cenário contemporâneo, cerca de 30% da malha viária brasileira encontram-se em condições precárias por falta de investimentos e manutenções, contribuindo para o crescimento da demanda do modal aéreo.

Referente ao sistema de transporte ferroviário brasileiro, atualmente a malha é insignificante e obsoleta. O transporte de passageiros deste modal é quase que inexistente, operando somente em metrópoles, em operações internas de curtas distâncias que conectam bairros e municípios vizinhos. Cita-se como exemplo, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na grande São Paulo que possui uma frota de 135 trens e em 2014 realizou 2.781 viagens por dia, transportando 832,9 milhões de passageiros, um aumento de 4,7% em relação ao ano anterior (CPTM, 2014).

Para o crescimento da rede física e expansão dos serviços, estão sendo realizados estudos para implantação de linhas ferroviárias regionais que conectarão as cidades de São Paulo, Jundiaí, Campinas, Sorocaba e Santos, em regime de concessão que depende da análise da Manifestação de Interesse Privado (MIP) para a devida implantação e operação, porém permanecem como “projetos”.

Em relação ao transporte ferroviário de cargas, subsiste em grande parte pela locomoção de minérios, adubos, calcário, carvão mineral, ou seja, produtos de pouco valor agregado. De acordo com o relatório produzido em 2014, pela Associação Nacional de Transportadores Ferroviários (ANTF), houve um crescimento de 2,63% na movimentação de cargas pelas ferrovias, de 2013 para 2014. Sendo o transporte de Minérios de Ferro e Carvão Mineral, um dos itens que apresentou um crescimento de 1,93% em relação ao ano anterior. Esta expansão é resultado dos investimentos por parte da iniciativa privada que aplicou R$ 6,7 bilhões de recursos para obras de ampliação e expansão nas malhas ferroviárias, somente em 2014, crescimento de 21,4% comparado a 2013.

Apesar do constante discurso sobre a implantação do modal de trem de alta velocidade (TAV), entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, estima-se que o projeto terá investimentos de R$ 35,6 bilhões e sua inauguração terá a data limite para 2020. O órgão responsável desde o processo de licitação até a concessão à iniciativa privada é a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O intuito deste projeto é reduzir a pressão exercida pelo crescente deslocamento de passageiros nas rodovias e aeroportos que compõem o eixo destas cidades, além de ser um novo marco tecnológico ao oferecer um sistema de transporte de passageiros com qualidade, conforto e segurança e rapidez (ANTT, 2014).

Outro sistema de transporte presente no Brasil, é o hidroviário que se divide pela modalidade fluvial (rios) e marítima (mares). O transporte marítimo é de extrema importância no comércio exterior, pelo fato de impulsionar o desenvolvimento do país ao importar e exportar mercadorias, estimular a reprodução do capital além de contribuir de forma positiva ao processo de internacionalização da economia. No Brasil, o transporte marítimo é centralizado principalmente nos portos do Sul e Sudeste, onde há grandes fluxos internacionais de cargas, que correspondem a 75%

do transporte ao comércio exterior, entretanto pouco utilizado para o transporte de passageiros.

A modalidade fluvial apresenta pouca participação no transporte de passageiros e mercadorias. Isto ocorre devido a alguns fatores: as hidrovias brasileiras são muito periféricas, não estão localizadas nos principais centros produtores e consumidores. Ademais, vários rios brasileiros são de difícil navegação, pois são rios de planalto que apresentam acentuados desníveis entre a nascente e a foz, como os rios Tietê, Paraná, Tocantins e Araguaia; ou são rios de planície, aqueles que apresentam saltos, cataratas ou cachoeiras em seu curso, exemplos como os rios Amazonas, São Francisco e Paraguai. Inviabilizando a utilização deste modal na vastidão do território brasileiro.

No Brasil, face às peculiaridades de cada modal de transporte, no cenário atual a força de um modal substituto ao aéreo é baixo, visto que o fator tempo

distância é o diferencial para a escolha deste meio de transporte. Diferentemente de outros países, como Japão, e alguns localizados na Europa, o trem de alta velocidade oferece também esta vantagem, sendo considerado uma alternativa ou mesmo substituto do modal aéreo em destinos ponto-a-ponto. Diante desta conjuntura, a demanda pelo transporte aéreo vem crescendo consideravelmente ao longo das últimas décadas, devido a diversas variáveis que contribuem a este resultado positivo.