• Nenhum resultado encontrado

4.2 Identificação dos atores que contribuem indiretamente para a cadeia de valor no

4.2.2 Fornecedores

4.2.2.1 Fornecedores de mão de obra

São equipes que dão suporte às companhias aéreas no que tange aos aspectos: equipe de suporte de solo, tripulação de cabine e pilotos das companhias aéreas. Os sindicatos dessas classes desempenham um papel forte e essencial no setor, estando cada grupo específico de profissionais representado por sindicatos correspondentes. No quesito salários, estão escalonados em diferentes níveis, proporcionais a cada posição ocupada no setor, distintos conforme a perspectiva de cada companhia aérea.

No Brasil, apenas duas classes fornecem os serviços de mão de obra ao setor aéreo: os aeroviários e os aeronautas, conforme detalhado a seguir:

 Aeroviários: são os profissionais que, não sendo aeronautas, exercem funções remuneradas nos serviços terrestres (equipes de solo) às empresas de transportes aéreos, conforme o decreto 1232 (art. 1), a seguir:

Parágrafo único. É também considerado aeroviário o titular de licença e

respectivo certificado válido de habilitação técnica expedida pela Diretoria de Aeronáutica Civil para prestação de serviços em terra, que exerça função efetivamente remunerada em aeroclubes, escolas de aviação civil, bem como o titular ou não de licença e certificado que preste serviço de natureza permanente na conservação, manutenção e despacho de aeronaves.

Desse modo, consideram-se aeroviários os profissionais, relacionados a seguir:

Agente de serviço ao passageiro: são os profissionais de linha de frente, que exercem suas funções nos aeroportos prestando serviços de check-in, embarque e desembarque de passageiros e atendimentos VIPs.

Emissor de passagens aéreas: são profissionais de linha de frente, que exercem suas funções nas lojas de vendas de passagens das companhias aéreas ou nos balcões dos aeroportos, prestando serviços de emissão de passagens, informações, cálculo de tarifas, multas, excesso de bagagem.

Agente de carga aérea: são profissionais de linha de frente, que exercem suas funções nas lojas ou terminais de carga aérea nos aeroportos, prestando serviços operacionais ou de atendimento a clientes.

Agente load control: são profissionais que exercem funções nas áreas operacionais dos aeroportos. Suas principais atividades são efetuar o balanceamento das aeronaves, distribuindo adequadamente o peso das cargas, dos materiais das companhias aéreas e da bagagem dos passageiros para que os voos não sofram inconvenientes, obedecendo aos limites de peso e segurança.

Agente operacional de rampa: são profissionais que exercem funções nas aéreas operacionais dos aeroportos. Conhecem as técnicas de carregamento de carga (granel e paletizado), paletização e manuseio

de ULDs. Coordenam as operações de carregamento e

descarregamento das cargas, dos materiais das companhias e da bagagem dos passageiros.

 Aeronautas: é todo profissional habilitado pelo Ministério da Aeronáutica que exerce suas funções a bordo de uma aeronave em voo. No Brasil, a profissão dos aeronautas é regulamentada pela Lei 7183/84, de 1984, que designa o regime de trabalho, remuneração e concessões da classe. Designa essa mesma lei que o aeronauta no exercício de sua função a bordo da aeronave seja denominado tripulantes (art. 6).

Comandante: é o piloto responsável pela operação e segurança da aeronave - exerce a autoridade que a legislação aeronáutica lhe atribui;

Copiloto: é o piloto que auxilia o Comandante nas operações da aeronave;

Mecânico de voo: é o auxiliar do Comandante, encarregado da operação e controle de diversos sistemas, conforme as especificações dos manuais técnicos de cada aeronave;

Navegador: é o auxiliar do Comandante, encarregado da navegação da aeronave quanto à rota e aos equipamentos que exigirem, a critério dos órgãos competentes do Ministério da Aeronáutica;

Radioperador de voo: é o auxiliar do Comandante, encarregado dos serviços de radiocomunicação, nos casos previstos pelos órgãos competentes do Ministério da Aeronáutica;

Comissário: é o auxiliar do Comandante, encarregado do cumprimento das normas relativas à segurança e atendimento aos passageiros a bordo. Responde ainda pela guarda de bagagem, documentos, valores e malas postais que lhe tenham sido confiados pelo Comandante.

Ambas as classes, aeroviários e aeronautas, são representados por sindicatos – sendo a primeira pelo Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) e a segunda pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) – que exercem a função de defender os interesses e direitos coletivos dos profissionais em relação às leis trabalhistas, amargados pelo pragmatismo do modelo econômico neoliberal que o Brasil vivenciou nas últimas décadas, e que deixou sinais no mercado de trabalho e na classe de trabalhadores.

O papel do movimento sindical é fundamental para organizar as reivindicações e proteger as conquistas dos direitos trabalhistas de cada classe. Na sua circuncisão, os sindicatos dos aeroviários e dos aeronautas exercem um papel atuante perante o Estado e as companhias aéreas, e ao longo dos anos, conseguiram conquistar benefícios relevantes para a categoria.

Segundo a ABEAR (2015), não se alterou de 2013 a 2014, o número total de funcionários contratados pelas companhias aéreas, apesar do crescimento considerável do tráfego aéreo doméstico. Entretanto, os custos com encargos trabalhistas em 2014 corresponderam a 15,8% dos custos totais das companhias

aéreas, queda percentual pronunciada desde 2010, ano em que tais encargos atingiram 19,8% (conforme gráfico 2).

Os custos com funcionários, no entanto representaram em 2014 o segundo maior custo do setor, atrás somente dos custos com combustível, que perfizeram 38% dos custos totais das companhias aéreas.

Gráfico 2 - Gastos com funcionários na composição dos custos das companhias aéreas brasileiras

Fonte: elaborado pelo autor, adaptado da ABEAR (2015)

Na atual conjuntura, os sindicatos das classes, consistem das perspectivas econômicas do setor, vêm lutando por garantir salários compatíveis ao cargo exercido pela categoria, aumento real dos salários mínimos, acordos e dissídios coletivos.

Num contexto mais amplo, reivindicam a redução do desemprego, condições de trabalho favoráveis, qualidade dos empregos gerados e oposição à terceirização de algumas aéreas, tendência que vem crescendo no setor de forma global, uma vez que as companhias aéreas buscam melhores resultados financeiros.

Sob essas perspectivas, os sindicatos são extremamente resolutivos para estas conquistas e para reivindicações de ações adotadas pelas instituições do Estado e do Executivo. Para alcançar aquilo a que se propõem, os sindicatos valem-se de seus principais instrumentos: paralisações gerais e mobilizações sociais. São ações coletivas que impactam não somente o setor, repercutem em toda a sociedade, muitas

vezes por envolver mão de obra especializada, que não pode ser substituída em curto prazo no mercado.

Portanto, no cenário brasileiro, é possível afirmar que o poder de barganha exercido pelos fornecedores de mão de obra não só é alto como também está em ascensão, devido aos interesses sindicais em constante procura dos objetivos individuais de cada classe, apesar da forte tendência de terceirização das atividades no setor.

4.2.3 Intensidade da rivalidade entre os concorrentes

Porter (2013), entende por concorrentes as empresas que atendem às mesmas necessidades dos mesmos consumidores (público-alvo), seja por meios de produtos ou serviços. Assim, identificaram-se as seguintes características distintas dos concorrentes das companhias aéreas: redes aéreas (legacy airlines), companhias aéreas ponto a ponto (low cost), companhias aéreas especializadas (cargas) e companhias aéreas de prioridade governamental.

Ao longo desta seção, serão apresentadas as características de cada uma das companhias aéreas, em atividades no cenário brasileiro. Entretanto, mesmo com as diferentes propostas no modelo de negócio, as companhias aéreas objetivam atender à mesma demanda de passageiros no Brasil, visto que, neste mercado, não existe diferenciação no serviço prestado por essas companhias.

Desse modo, serão examinadas as características de cada companhia aérea e ao término, se procederá à análise coletiva das Forças Competitivas pela necessidade de centralizar os dados.