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(“SOUND COMPARISON”)

Igual/Diferente (“Same/Different”)

O sujeito diz se as das palavras de um par léxico apresentado começam, terminam ou partilham (ou não) determinado som. Comparação com modelo

(“Match-to-Sample”)

O sujeito, confrontado com uma palavra, deve escolher, de uma lista de palavra, qual/quais começa(m), termina(m) ou partilha(m) de um mesmo som; de três palavras, o sujeito deve escolher duas que começam com o mesmo fonema; o sujeito deve escolher, perante imagens apresentadas

visualmente, objectos cujos nomes começam pelos mesmos fonemas.

Exclusão de um diferente (“Oddity”)

De três (ou mais) palavras, o sujeito deve rejeitar a que não começa, não termina ou não partilha o mesmo fonema. Detecção de som .

(“Sound Detection”)

O sujeito deve dizer se uma palavra contém determinado som ou se um som-alvo se encontra no primeiro ou no último ponto segmental da palavra.

Aliteração (“Alliteration”)

O sujeito deve dizer uma palavra que comece com

determinado som, de acordo com as instruções explícitas do experimentador, ou que comece pelo mesmo som com que começa uma palavra previamente apresentada.

Nesse quadro, é possível encontrar três grandes grupos de tarefas, entre elas a segmentação fonémica (Phoneme Segmentation), a reconstituição da ordem linear dos fonemas (Phoneme Blending) e a comparação de sons (Sound Comparision). Dos três grupos referidos, as tarefas de reconstituição da ordem linear dos fonemas (Phoneme Blending) são geralmente as que mais precocemente apresentam algum sucesso, já que

as outras parecem ser mais difíceis (Chard & Dickson, 1999; Sim-Sim, 2001). A maioria das tarefas de comparação de sons (Sound Comparision) foca-se num único alvo da sequência segmental testada, contrariamente às tarefas de segmentação (Phoneme Segmentation).

Diversos estudos desenvolvidos no domínio (meta)segmental (em tarefas de consciência fonológica, de leitura e de escrita, ou outras) recorrem a pseudopalavras, a fim de garantir a não influência do conhecimento lexical no desempenho dos

sujeitos57. Ainda que se assuma um maior esforço associado ao processamento das pseudopalavras (Moojen, 2009), estas não apresentam correspondências lexicais, impedindo, assim, a interferência de aspectos visuais (gráficos) e ortográficos (regras contextuais, aspectos etimológicos etc.), semânticos ou outros (Grainger & al., 2003). Quanto ao uso de palavras, diversos autores referem que os efeitos de frequência de ocorrência das mesmas são relevantes no mapeamento e na gestão do conhecimento linguístico e fonológico, tratando-se, por isso, de um critério a controlar na construção de estudos experimentais (Perfetti & Hogaboam, 1975; Garnham, 1985; Garrett, 2001; Pierrehumbert, 2001; Bybee, 2002; Cristófaro Silva, 2003, 2005).

Sabendo que os sujeitos demonstram diferentes tipos de processamento associados ao desempenho da sua consciência fonológica e que a observação de processamentos online e offline permite a distinção entre processamento linguístico automático e não automático, assume-se que a identificação de processamentos (meta)fonológicos automáticos e não automáticos contribui para evolução epistemológica da consciência fonológica. Reportando esta questão aos métodos experimentais actualmente utilizados, sabe-se, por exemplo, que o registo do movimentos do olhos em tarefas de leitura (eyetracking) garante a observação de um processamento online, já que o registo é feito em tempo real, ou seja, é feito aquando da apresentação do estímulo, sendo, por isso, relativo ao seu processamento imediato. O tempo de latência que decorre entre a apresentação dos estímulos e a resposta fornecida pelo sujeito, isto é, entre o processamento online e o processamento offline, designa-se tempo de reacção (TR). Para Frauenfelder (1991), Shapiro, Swinney e Borsky (1998) e Posner (2005), o TR constitui um indicador do grau de dificuldade

57 Num estudo desenvolvido com palavras de baixa e de alta frequência, Gierut e Dale (2007)

observam menos interferências e melhores desempenhos dos sujeitos face a estímulos de baixa frequência, tanto na modalidade oral como na modalidade escrita.

associado ao processamento de um determinado estímulo. Para Faria (2005), os TR revelam o grau de complexidade de um estímulo apresentado e/ou o grau de complexidade das operações cognitivas inerentes ao seu processamento. Segundo Fawcett e Nicolson (1999:78), o processamento automático consiste num “(...) mode of processing that is executed rapidly, is free from demands on processing capacity, is

not subject to voluntary control and is not susceptible to interruption by competing

activity that interferes in the same domain.”. É com base nestes argumentos que

Velmans (1999) lembra que o processamento linguístico humano é aferido a partir de medidas de desempenho, de TR’s e de outras técnicas afins. A observação conjunta do sucesso na realização da tarefa e do TR permite a identificação das propriedades que mais dificultam o processamento dos estímulos apresentados e a identificação de processamentos linguísticos automáticos e não automáticos. Assim, (i) percentagens de sucesso baixas associadas a um TR baixo revelam maior complexidade do estímulo e processamento automático; (ii) percentagens de sucesso baixas associadas a um TR alto revelam maior complexidade do estímulo e processamento não automático; (iii) percentagens de sucesso altas associadas a um TR alto revelam menor complexidade do estímulo e processamento não automático; (iv) percentagens de sucesso altas associadas a um TR baixo revelam menor complexidade do estímulo e processamento automático. Apesar de constituir uma técnica experimental mais recorrente na área da (neuro)psicologia do que na da linguagem, os TR também têm sido utilizados em alguns estudos para verificar o efeito das propriedades linguísticas em tarefas metafonológicas (no PE, consulte-se Afonso, 2008; Afonso & Freitas, 2010: Vicente, 2009; Alves, Faria & Freitas, 2010), em tarefas de percepção (Pisoni & Tash, 1974), em tarefas de leitura (Luegi, 2006) e em tarefas que relacionem a leitura e/ou a escrita com a consciência fonológica (Pinheiro, 2001; Pinheiro & Rothe-Neves, 2001;

Martins, 2010), demonstrando que quanto maior o TR, mais esforço está associado ao processamento efectuado, não subentendendo, necessariamente, insucesso na execução das tarefas.

CAPÍTULO 3 – Consciência segmental e alfabetização