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Ftii compelido a desenvolver a minha própria versão tratando explicitamente de muitas questões cruciais

No documento Doação de filho: um gesto símbólico (páginas 34-38)

que estavam somente implícitas no

pensamento de

MEAD e outros, e cobrir tópicos críticos pelos quais

eles não estavam interessado.

Ao dar continuidade à tradição humanista de MEAD, o

autor vê o homem como um ser inovador, criativo, de comportamento

imprevisível e indeterminado, livre para perceber a essência da

relação homem-sociedade; confere ao significado importância

fundamental no comportamento humano e inicia seu pensamento sobre a natureza do ínteracionismo simbólico a partir de três

premissas básicas:

1)

Os seres humanos agem em relação às coisas na base

do significado que as coisas têm para eles, coisas aqui referidas como tudo aquilo que o ser humano percebe em seu mundo, ou seja, objetos físicos, outros seres

humanos, categorias de seres humanos

(amigos/inimigos), instituições guias de idéias

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TRAJETÓRIA TEÓRICA

outras situações que o indivíduo depara no seu dia-a~ dia.

2) Este significado é derivado ou surge da interação social

que o indivíduo estabelece com seus companheiros;

3)Este significado é manipulado e modificado através de um processo interpretativo usado pela pessoa ao tratar

com as coisas que ela encontra.

Nestes termos, faz uma crítica à ciência sociai e à

psicologia pelo fato de esses saberes menosprezarem a importância do significado no comportamento humano, uma vez que, nestas, o significado é compreendido como inerente ao objeto ou como resultado de certas orientações psicológicas da pessoa. Para estas ciências, o comportamento humano é produto da ação de vários fatores como estímulos, percepções, posição e papel social, culturas,

normas, valores etc. sobre os indivíduos. Para o ínteracionismo

simbólico, entretanto, o significado surge da interação entre as pessoas, ou seja, ele se forma e deriva no contexto da interação social. O significado das coisas para uma pessoa surge do modo como outras pessoas agem em relação a estas coisas.

A utilização do significado, todavia, implica uma interpretação que abrange dois momentos: primeiro a pessoa aponta

para si as coisas em direção das quais esta agindo, nomeando as

que têm significado. Ao realizar este ato, a pessoa interage consigo

de forma diferente daquela na qual interagem os elementos psicológicos. Isto representa um processo social de ínternalização no qual a pessoa se comunica consigo. Segundo, em decorrência, a interpretação se torna um problema de manipulação do significado através do qual a pessoa seleciona, confere, suspende, reagrupa e transforma os significados, com base na situação em que se encontra, e da direção de sua ação. A interpretação é, pois, um

Baseado nas premissas propostas por BLUMER (1969) ao procurar apresentar a armação de seu pensamento, o interacionismo simbólico necessariamente tende a desenvolver um esquema analítico acerca de certas idéias básicas relacionadas com a

natureza da vida em grupo ou sociedade, objetos, ser humano como

ator, ação humana e interconexão das Unhas de ação que, juntas,

representam a visão da abordagem interacionista sobre a sociedade

e a conduta humana.

Sociedade ou vida humana em grupo consiste de indivíduos engajados em ações, definidas como as múltiplas atividades desenvolvidas pelos indivíduos em suas vidas quando encontram uns com outros e como eles lidam com as sucessivas situações com que se confrontam. Sociedades existem em ação e

são vistas em termos de ação; logo, sociedade ou vida humana em grupo nasce de interações individuais cujas atividades de seus

membros consistem na resposta de um ao outro ou em relação ao

outro.

Os indivíduos podem agir individualmente, coletivamente,

em benefício de alguma coisa, como representante de algo, como

organizações ou grupos, e ao interagir uns com os outros, têm que levar em conta o que o outro está fazendo ou prestes a fazer,

dirigindo sua conduta ou lidando com as situações em termos do que

levam em consideração. Em face das ações do outro pode-se

abandonar, revisar, cotejar ou suspender, intensificar ou substituir uma intenção ou propósito.

Outro aspecto do pensamento de MEAD diz respeito à

necessidade de as partes interagentes assumirem o papel um do

outro (taking the role of other). Para apontar a outro o que ele está fazendo, o indivíduo tem que fazer a indicação do ponto de vista deste outro. Ele imagina a perspectiva do outro, comunica essa

perspectiva para si baseado no que ouviu e viu do outro. O role

taking é parte integrante de toda interação e comunicação efetiva de

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compreendido pelo outro. Ao fazer indicações a outro, o indivíduo o

faz indicando objetos significativos para ele e que fazem parte do seu mundo.

O mundo das pessoas consiste de objetos. Objeto, no

sentido de seu significado, são as criações sociais formadas a partir da definição e interpretação realizadas através da interação humana.

Tomando em consideração que objeto é qualquer coisa que pode ser

indicada ou referida, BLUMER(1969) o classifica em três categorias.

Os objetos são: físicos (coisas), sociais (pessoas) e abstratos (idéias). A natureza dos objetos consiste do significado que estes

têm para a pessoa no qual é um objeto, tendo significados diferentes

para pessoas diferentes. Os objetos não tem status fixo, exceto

quando seu significado é mantido através das indicações e

definições feitas pelas pessoas. Desta maneira, a vida de um grupo

humano, na concepção interacionista, é divisada como um grande sistema de formação, sustentação e transformação de objetos, que, na medida em que alteram seu significado, modificam o mundo das

pessoas.

Dada a sua capacidade de interagir consigo, diz-se que o ser humano tem um Eu (se/f), significando que ele pode agir em

relação a si, tal como pode agir em relação a outro. Deste modo, o

indivíduo pode ser objeto de sua ação e como auto-objeto emerge

também da interação social, em cuja realização as pessoas o definem para si. Para ver-se (a si) o indivíduo deve colocar-se no

lugar do outro (role taking) ou no lugar de outros (generalized other),

vendo-se e agindo através desta posição. Percebemo-nos da mesma

forma que os outros nos vêem ou nos definem.

De acordo com BLUMER(1969), o ser humano é um

organismo que lida com o que observa e não apenas responde aos

fatores que sobre ele atuam. Seu comportamento em relação ao que

observa é uma ação que surge da interpretação feita através da auto-indicação, ou seja, ele percebe, internaliza, interage, avalia e

A ação humana consiste, pois, em levar em consideração

as várias coisas que se percebe e construir uma linha de conduta na base de como foram interpretadas. As coisas levadas em

consideração incluem desejos e vontades, objetivos e meios

disponíveis para sua consecução, ações previstas de outros, a

própria imagem etc. Com efeito,

Dadas linhas de

ação

podem ser iniciadas, ou

No documento Doação de filho: um gesto símbólico (páginas 34-38)