notam,
de como eles avaliam
e interpretam o que
eles
notam,
e
do tipo
de linha
de ação projetadas que eles
planejam.
Esta óptica de ação humana aphca-se tanto para a ação individual como para a ação conjunta ou coletiva (Joint action) que
consiste em indivíduos adaptarem, combinarem, suas linhas de ação
às de outros membros do grupo, sem perder tal comportamento
conjunto o caráter de ser construído através da interpretação no encontro de situações nas quais a coletividade é chamada a agir. A
ação conjunta resulta na interação dos diversos processos
25
A trajetória teórica___________________________________________________________
os outros. Este movimento conjunto é composto da atividade de linhas diversas de ação dos indivíduos que têm a qualidade de
tornar a união das ações individuais distinta do somatório destas
ações; embora exiba aparentemente formas estáveis e repetitivas de
ação social, cada uma de suas etapas tem que ser formada novamente, há de ser operada através de nova formação. Isto
permite aos indivíduos dividir significados comuns e predeterminados sobre as expectativas de ação dos participantes, sendo que cada participante tem condições de, à luz destes significados, direcionar o próprio comportamento.
Em paralelo a esta análise, BLUMER (1969) formula três observações básicas a respeito das interconexões que constituem a ação conjunta. A primeira adverte-nos sobre a tendência das visões
dominantes na literatura das ciências sociais de achar as formas
repetitivas desta ação como a essência da vida humana em grupo, acreditando que a sociedade humana existe na aderência a um
conjunto de regras, sanções, valores e normas, que especificam as
ações do indivíduo frente a determinadas situações.
As novas situações decorrem frequentemente de
problemas presentes, que exigem redefinições e ajustamentos, uma vez que os significados que mantém esta ação têm vida própria. É o
processo social na vida em grupo que cria e sustenta as regras, não
as regras que criam e sustentam a vida em grupo.
A segunda consideração refere-se á ampla natureza das
interconexões, sendo que ~ e isto é importante - instituições ou redes não funcionam automaticamente por causa de certas
dinâmicas ou sistemas de requerimento; funcionam porque as pessoas, em diferentes momentos, fazem alguma coisa, e o que elas fazem é resultado de como definem a situação na qual são chamadas
a agir.
A terceira nota diz respeito à importância do background
das pessoas para formar a ação conjunta. Uma nova ação nunca
esquemas de interpretações que o indivíduo possui. A nova forma
de ação conjunta emerge e está sempre conectada ao contexto da ação conjunta anterior, porquanto ela não pode ser compreendida à
parte deste contexto.
Um último aspecto a ser abordado por BLUMER(1 969) refere-se à metodologia através da qual mostra a luta do
ínteracionismo simbólico pelo respeito à natureza do mundo empírico
e pela organização de procedimentos metodológicos que exprimam este respeito, uma vez que sustenta estar a própria natureza do ínteracionismo simbólico contida em seu método.
O autor lembra que está lidando com o ínteracionismo
simbólico dentro de uma perspectiva de ciência social e empírica destinada a fornecer um conhecimento verificável da vida humana
em grupo e sobre a conduta humana, e não com uma doutrina filosófica. Para ele, o básico para a ciência do comportamento deve
ser o mundo empírico, disponível para observação, estudo e análise, ponto central de preocupação do pesquisador, fonte de partida e
locus de chegada da ciência empírica.
Nesse mundo empírico se encontra a realidade e somente nele ela pode ser procurada e verificada. Coerente com as ideações interacionistas é o postulado idealista de que o mundo da realidade
só existe através da experiência humana e que aparece somente sob a forma de como os seres humanos veem este mundo. A ciência empírica objetiva apreender imagens do mundo empírico sob estudo
e testá-las por meio do minucioso exame do próprio mundo empírico. A metodologia compreende preceitos ocultos que
orientam o processo total do estudo de caráter persistente de um
dado mundo empírico, e não apenas de alguns aspectos
selecionados deste estudo. Os métodos de estudo são subservientes a este mundo e por ele testados; a última e decisiva
resposta a este teste deve ser dada pelo mundo empírico e não por alguns modelos de investigação científica.
■? 7
A TRAJETÓRIA TEÓRICA
O método da ciência empírica envolve o aprofundamento do ato científico, incluindo as premissas iniciais, bem como todos os passos dos procedimentos incluídos naquele ato. Deste modo, a
investigação em sua forma ideal deve consistir de seis aspectos
indispensáveis à ciência empírica, quais sejam:
1) a possessão e o uso de uma visão prévia ou esquema do mundo empírico sob estudo;
2)a elaboração de questões do mundo empírico e a conversão das questões em prob/ema;
3) a determinação dos dados a serem co/etados e os
meios que serão utilizados para fazê-los;
4) a determinação das relações entre os dados;
5)a interpretação dos resultados; e 6) o uso de conceitos.
Após esse delineamento das bases teóricas das idéias interacionistas, enfatizadas nas concepções de BLUMER(1 969), não
será demais acrescentar que essa é uma abordagem realística da
conduta humana, segundo a qual indivíduos em interação contínua consigo e com os outros constroem o significado como fonte orientadora de suas ações, subsídio valioso para meu estudo.
Ao finalizar este capítulo, é essencial que se tenha em
mente a visão interacionísta sobre vida em grupo e ação social,
sintetizada pelo autor em quatro conceitos principais:
1) as pessoas, individual ou coletivamente, estão
preparadas para agir à base dos significados
dos objetos que compreendem seu mundo;
2) a associação das pessoas se dá,
necessariamente, sob a forma do processo no
qual elas estão fazendo indicações uma à outra e interpretando as indicações uma da outra;
3) os atos sociais, não importa se individuais ou
coietivos, são construídos através de um
processo no qual os atores percebem, interpretam e avaliam as situações com as quais
se deparam;
4) a interconexão complexa dos atos que
compreendem organizações, instituições, divisão de trabalho e redes de interdependência, são questões móveis e não-estáticas.
Assim sendo, inúmeros pontos obscuros do significado
podem ser compreendidos através das novas perspectivas abertas pela maneira como o interacionismo simbólico nos ensina a pensar. Por esta razão, esta teoria norteou minha trajetória na análise dos
dados para descoberta e entendimento cristalino do que significa
3. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA