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2.2.2 Dimensões da estrutura organizacional

2.2.2.1 Complexidade e especialização

A complexidade da organização é desenvolvida por Hall (1984) como um elemento da estrutura organizacional e contempla os princípios da especialização desenvolvidos por autores como Wagner III e Hollenbeck (2000), Mintzberg (1995) e Stoner e Freeman (1995).

A complexidade e a especialização serão desenvolvidas simultaneamente como uma dimensão da estrutura organizacional.

O tamanho e a complexidade da organização, para Hall (1984), são as primeiras dimensões a atingir os empregados. O autor coloca que a complexidade envolve uma diversidade de componentes, principalmente coordenação e controle, e as organizações variam amplamente o grau de complexidade, sendo essa compreensão muito importante. Os três elementos mais comuns envolvidos com a complexidade são colocados por Hall (1984): a diferenciação horizontal, a diferenciação vertical ou hierárquica e a disperção espacial.

A diferenciação organizacional recebe influencia direta do tamanho organizacional. Conforme Hall (1984) a diferenciação é medida pelo número de níveis, departamentos e títulos das funções de uma organização. Dados de pesquisa desenvolvida por Blau (1971 apud HALL, 1984) indicam que quanto maior o tamanho da organização maior será sua diferenciação, bem como o tamanho decrescente está relacionado com a diferenciação decrescente. Vale lembrar que Stoner e Freeman (1995) desenvolve a idéia de diferenciação e integração quando trabalha o elemento estrutural coordenação.

Segundo Hall (1984) a diferenciação horizontal é a subdivisão das tarefas desempenhadas pela organização entre seus membros. Para o autor há duas maneiras básicas pelas quais as tarefas podem ser distribuídas. A primeira consiste em fornecer a especialistas altamente treinados uma gama de atividades muito abrangente para desempenhar e é exemplificada pelos profissionais ou pessoas especializadas que são individualmente responsáveis por tarefas completas normalmente têm responsabilidade e autoridade para conduzirem a tarefa e sua completude. A segunda maneira é subdividir minuciosamente as tarefas de modo que não especialistas possam executa-las e é vista claramente na linha de montagem onde cada empregado desempenha apenas uma ou algumas poucas tarefas repetitivas. A distribuição da tarefa está diretamente relacionada a sua natureza, tarefas não- rotineiras e muito variadas são mais comumente subdivididas de acordo com o primeiro tipo de diferenciação já as tarefas rotineiras e uniformes se prestam ao segundo tipo de diferenciação.

Hage (1965 apud HALL, 1984, p.56) define complexidade como a

“especialização numa organização... medida pelo número de especialidades ocupacionais e pela extensão do treinamento exigido para cada uma delas. Quanto maior o número de ocupações e quanto mais longo o período de treinamento exigido, mais complexa a organização”.

O número de especialidades ocupacionais, a atividade profissional e a formação profissional são os três elementos integrantes da complexidade como colocado por Hage e Aiken (1967 apud HALL, 1984).

A diferenciação horizontal é definida por Blau e Schoenherr (1971 apud HALL, 1984 p.57) como o “número de posições diferentes e de subunidades diferentes na organização”. A complexidade de uma organização é maior quanto maior for o número de suas posições e subunidades e a ampliação horizontal ocorrerá à medida que o trabalho é subdividido para a realização da tarefa.

A diferenciação vertical ou hierárquica pode ser compreendida como o número de posições entre o executivo principal e os empregados que trabalham na produção conforme Pugh, Hickson, Hinings e Turner (1968 apud HALL, 1984). Algumas conclusões a respeito da diferenciação vertical são colocadas por Hall (1984). Primeiramente, afirma que a autoridade se distribui de acordo com cada nível na hierarquia, ou seja, quanto mais alto o nível hierárquico maior será a autoridade. Em segundo lugar, coloca que uma hierarquia relativamente estratificada concentra o poder no topo da organização cabendo aos empregados em posições intermediárias pouco mais a fazer que o trabalho rotineiro. O tamanho da organização está relacionado também com o número de níveis hierárquicos, afirma que à medida que o tamanho aumenta o número de níveis hierárquicos também aumenta, apesar de menor intensidade que o aumento de tamanho.

Quanto maior a diferenciação seja ela horizontal o vertical maior será a dificuldade de controle, coordenação e comunicação segundo Hall (1984).

A dispersão espacial é o terceiro elemento envolvido com a complexidade conforme Hall (1984) e envolve tanto a disperção horizontal como a vertical. O autor define a dispersão espacial como sendo a capacidade em que as atividades e os empregados podem se dispersar no espaço, de acordo com suas funções horizontais ou verticais, pela separação dos centros de poder ou das tarefas. Complementa que uma organização pode desempenhar as mesmas funções com a mesma divisão de trabalho e os mesmos arranjos hierárquicos em locais múltiplos.

Alguns indicadores da dispersão espacial foram estabelecidos por Hall, Haas e Johnson (1967 apud HALL, 1984, p.59):

“(1) o grau em que as instalações físicas estão espacialmente dispersas, (2) a localização (distância da matriz organizacional) das instalações espacialmente dispersas, (3) o grau em que o pessoal está espacialmente dispersado e (4) a localização do pessoal espacialmente disperso”.

Hall (1984) coloca que a dispersão espacial está relacionada positivamente com a estruturação das atividades e com a concentração de autoridade; em organizações dispersas os empregados possuem maior autonomia quanto à forma como executam suas atividades cotidianas e a dispersão é também acompanhada pela retenção de determinados tipos de controle pelas organizações centrais.

Pode-se verificar que algumas idéias que compreendem a complexidade desenvolvida por Hall (1984) são abordadas por outros autores como especialização da tarefa, divisão do trabalho e departamentalização.

A especialização de tarefas é trabalhada por Stoner e Freeman (1995, p.230) como divisão do trabalho. A especialização da tarefa consiste na

“divisão do trabalho em tarefas padronizadas e relativamente simples” o que está bem próximo do conceito de divisão do trabalho que consiste na “decomposição de uma tarefa complexa em componentes, de modo que os indivíduos sejam responsáveis por um conjunto de atividades limitado, e não pela tarefa como um todo”.

Para Wagner III e Hollenbeck (2000, p.311) a “especialização é o modo pelo qual o trabalho de uma organização é dividido em tarefas individualizadas”. Verifica-se que em algumas organizações as tarefas são generalizadas e todos executam o mesmo tipo de tarefa, é mais comum, portanto, organizações em que os empregados executam tarefas especializadas que se distinguem entre si em aspectos importantes. A grau de especialização, conforme os autores, pode ser medido pela diversidade de atividades que compõem cada cargo; quanto mais alto o grau de especialização mais estreito o âmbito das atividades de cada cargo.

A especialização da tarefa está relacionada com o conceito de divisão do trabalho segundo Mintzberg (1995). Coloca que as tarefas podem ser especializadas em duas dimensões. Primeiro a especialização horizontal do trabalho que diz respeito à extensão ou amplitude, quantidade de tarefas diferentes contidas em cada trabalho e quão ampla ou estreita é cada uma destas tarefas. Segundo a especialização vertical do trabalho que se refere à profundidade do controle sobre o trabalho.

A idéia de especialização horizontal e especialização vertical, tipos distintos de especialização, é também desenvolvida por Wagner III e Hollenbeck (2000) como maior profundidade. A especialização horizontal é o modo como o trabalho realizado em cada nível hierárquico de uma organização é dividido em trabalhos individualizados. A baixa especialização horizontal é verificada quando o trabalho é distribuído entre empregados que

funcionam como generalistas, executam diversas tarefas. A alta especialização horizontal refere-se ao trabalho no âmbito de um nível hierárquico que é distribuído na forma de cargos especializados. Três situações são destacadas por Wagner III e Hollenbeck (2000) que justificam o uso da especialização horizontal. Elevada especialização horizontal tem potencial para gerar maior produtividade; reduz substancialmente o tempo perdido na passagem de uma atividade para a outra, já que há uma limitação de atividades diferentes para os trabalhadores altamente especializados; e por fim, facilita o desenvolvimento de novos métodos e equipamentos para um determinado trabalho uma vez que é mais fácil identificar e analisar um número menor de atividades de tarefa crítica. A especialização vertical, conforme Wagner III e Hollenbeck (2000, p.312), “diz respeito ao grau em que uma organização é dividida em níveis hierárquicos”, quanto maior o grau de especialização vertical maior o número de camadas na hierarquia de autoridade de uma organização e maior a separação entre a administração de uma tarefa em relação ao seu desempenho.

Quatro tipos de trabalho são identificados por Mintzberg (1995) da combinação entre especialização vertical e horizontal. Alta especialização horizontal e alta especialização vertical corresponde a serviços não especializados. A combinação entre alta especialização horizontal e baixa especialização vertical diz respeito aos serviços profissionais, núcleo operacional e unidades de assessoria. Baixa especialização horizontal e alta especialização vertical corresponde a certos serviços administrativos nos níveis mais baixos. Todos os outros serviços administrativos correspondem à baixa especialização horizontal e baixa especialização vertical.

Stoner e Freeman (1995) colocam algumas vantagens e desvantagens quanto à especialização da tarefa. Como vantagem principal tem-se o aumento considerável da produtividade, acrescenta também a criação de tarefas simplificadas que podem ser apreendidas e completadas de forma relativamente rápida, além de criar uma variedade de empregos, permitindo a escolha pelo indivíduo e a combinação com seus talentos e interesses. Como desvantagem da divisão do trabalho o autor cita apenas a principal sendo a alienação, ausência da sensação de controle sobre o próprio trabalho. Todavia, para Mintzberg (1995) a especialização do trabalho gera um número de problemas principalmente de comunicação e de coordenação.

Mintzberg (1995) desenvolve a idéia de ampliação do trabalho. A ampliação do trabalho horizontal diz respeito ao envolvimento do empregado com uma ampla variedade de tarefas e a ampliação do trabalho vertical, ou enriquecimento, verifica-se quando o empregado além de realizar mais tarefas ganha maior controle sobre elas.