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2.3 Estrutura organizacional e criatividade

2.3.3 Processos de regulação

2.3.3.4 Regulação da tomada de decisão

Volberda (1998) afirma que considerar a regulação da tomada de decisão é imprescindível na avaliação do potencial de flexibilidade organizacional. O autor coloca a abertura a opiniões, o acesso às informações decisórias e a participação dos empregados na tomada de decisão como indicadores na regulação da tomada de decisão.

A participação dos empregados na tomada de decisão permite que a organização responda rapidamente às contingências; motiva os empregados por satisfazer sua necessidade de realizar um trabalho significativo para a organização; e libera os gerentes de envolvimentos em decisões rotineiras voltando sua atenção a problemas estratégicos. Elevada participação na tomada de decisão contribui para a flexibilidade organizacional e a baixa participação corresponde a aspectos mecanicistas.

A intensidade com que os subordinados podem dar suas opiniões, fazer sugestões e apresentar argumentos contribui para maior iniciativa por parte dos empregados e maior responsabilidade dos níveis mais baixos o que promove uma comunicação que impede a adoção de abordagens segmentadas na organização.

A centralização, “extensão em que poder, autoridade e processo decisório se concentram no topo da hierarquia organizacional”, é apresentada por Alencar (1996, p.94) como adversa à inovação. Coloca que a restrição à tomada de decisão por parte dos funcionários é um fator bloqueador à criatividade, acrescenta que quanto maior for a concentração de poder e menor for a participação dos empregados de níveis inferiores no processo decisório, menor será o número de idéias adicionadas. Essa mesma idéia é desenvolvida por Gundy (1987 apud WECHSLER, 1998) quando afirma que quanto maior for o nível de poder centralizado nas mãos de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos, menor será a possibilidade de inovação dentro de uma organização.

Segundo Alencar (1996) a descentralização funciona como estímulo à criatividade. Carr (1997 p.155) coloca que na empresa criativa a delegação de autoridade e a coordenação acontecem em todos os níveis. “Na empresa criativa com delegação de autoridade... espera-se, uma boa coordenação em todos os níveis.” Destaca ainda a inclusão dos clientes e fornecedores da organização nos processos decisórios.

Conforme Alencar (1996), a participação dos empregados no processo de tomada de decisão e na solução de problemas da organização são características estimulantes à criatividade. Um ambiente que desenvolva a criatividade, segundo Kao (1997), não pode florescer em um meio autocrático.

Ao se traçar o paralelo entre a literatura de criatividade e o estudo de flexibilidade organizacional desenvolvido por Volberda (1998) pôde-se identificar fortes relações. Segundo Bono (1994b) o excesso de estrutura é tão estéril quanto à falta dela. Predebon (1997) coloca que é praticamente incompatível a idéia de uma estrutura criativa, no entanto, afirma que minimizar as características naturalmente conservadoras de uma organização facilitaria uma dinâmica de inovação. Isso, porém, parece estar bem próximo com o perfil de uma estrutura flexível definido por Volberda (1998).

Nas palavras do autor, uma estrutura mecanicista é caracterizada quanto à forma organizacional básica por apresentar uma forma funcional, muitos níveis hierárquicos e alta funcionalização. Quanto ao sistema de planejamento e controle tem como característica o alto grau de regulação, uma definição elaborada e de longo prazo e um alto controle além de quantitativo. O processo de regulação: quanto à tarefa caracteriza-se por ser estreita, pouco profunda e de baixa intercambialidade; quanto ao comportamento verifica-se alta padronização, alta formalização além de um treinamento restrito e básico; quanto à regulação de ajustes mútuos os dispositivos de contato são poucos e a descentralização é baixa; e, quanto à tomada de decisão caracteriza-se pela baixa delegação de poder e participação

restrita e limitada. Verifica-se nesse tipo de estrutura grande dificuldade em incrementar mudanças e também em se desenvolver a criatividade.

Uma estrutura orgânica é caracterizada quanto à forma organizacional básica por apresentar uma forma divisional, por projeto ou matricial, poucos níveis hierárquicos e baixa funcionalização. Quanto ao sistema de planejamento e controle tem como característica o baixo grau de regulação, uma definição rudimentar e de curto prazo e um baixo controle além de qualitativo. O processo de regulação: quanto à tarefa caracteriza-se por ser ampla e desafiante, muito profunda e de alta intercambialidade; quanto ao comportamento verifica-se baixa padronização, baixa formalização além de um treinamento amplo, diversificado inclusiva para desenvolvimento da criatividade; quanto à regulação de ajustes mútuos os dispositivos de contato são muitos e a descentralização é alta; e, quanto à tomada de decisão caracteriza-se pela alta delegação de poder e participação ampla e abrangente. Verifica-se nesse tipo de estrutura um alto potencial de flexibilidade e capacidade para se desenvolver a criatividade.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

“Só quando não sabe mais o que está fazendo é que o pintor faz coisas boas.” Edgar Dégas

Para alcançar os objetivos propostos no trabalho, alguns procedimentos metodológicos foram estabelecidos. Conforme Galliano (1979), método é um conjunto de etapas dispostas ordenadamente, a serem executadas na investigação e no estudo de uma ciência. Os procedimentos metodológicos são processos racionais arbitrários que visam atingir objetivos. Para Ferrari (1982), na ciência, o método constitui o principal instrumento que ordena o pensamento em sistemas além de descrever de modo ordenado a forma de proceder do pesquisador ao longo de um percurso para alcançar um objetivo pré-estabelecido.

“A metodologia deve explicar não apenas os produtos da investigação científica, mas principalmente seu próprio processo, pois suas exigências não são de submissão estrita a procedimentos rígidos, mas antes de fecundidade na produção de resultados” (BRUYNE, HERMAN E SCHOUTHEETE, 1977, p.29).

Da mesma forma, Salomon (1977), entende a metodologia como uma ciência auxiliar designada a estudar o processo e a produção científica, a indicar as técnicas para os pesquisadores e a promover os elementos de análise crítica das descobertas e das comunicações no campo científico.

Nesse sentido, a fundamentação teórica desenvolvida anteriormente orientou os procedimentos metodológicos que foram adotados na coleta e na análise dos dados. Serão descritos a seguir os principais aspectos dos procedimentos metodológicos adotados: caracterização da pesquisa, questões de pesquisa, escolha do caso, sujeitos da pesquisa, definição das categorias de análise e técnicas de coleta e análise dos dados.