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2 REFERENCIAL TEÓRICO

1. O que deve ser dispendido (em dinheiro, tempo,

2.1.7 Comportamento dos custos

A compreensão acerca do comportamento dos custos passa, necessariamente, pelo entendimento de que os custos podem ser classificados por duas vertentes: por apropriação ao objeto de custo e por comportamento em relação à variação do volume de produção, que é o foco central da pesquisa (MAHER, 2001). Assim, na visão desse autor, os fixos são aqueles custos que, de acordo com um determinado nível de atividade, não variam com o volume da produção, porquanto, permanecem fixos. Dessa categoria de custos são exemplos: salário da administração, aluguel.

Em contrapartida, os custos variáveis se modificam proporcionalmente ao volume de atividades desenvolvidas ou de acordo com o quantitativo de unidades produzidas. São exemplos dessa modalidade de custos: matéria-prima, embalagem.

Por esse conceito, é imprescindível que o gestor empresarial conheça os custos e suas variações comportamentais, bem como estar conectado às tendências de mercado para desvincular-se de padrões pré- estabelecidos e atuar de modo a dar respostas rápidas e eficientes de gerentes empresariais com vistas à otimização de resultados, bem como ao sucesso do empreendimento.

Diversos modelos podem ser construídos para facilitar a percepção e identificação do comportamento dos custos como, por exemplo, a mão-de-obra direta que pode ser caracterizada como custo variável, fixo ou misto e estudar o comportamento dos custos indiretos de fabricação para o seu devido rateio.

Vale observar que Martins (2008) comenta que todos os custos indiretos só podem ser apropriados indiretamente aos produtos, com uso de rateio, estimativas, e previsão de comportamento de custos etc.

Na concepção de Maher (2001, p. 75), “[...] a análise do comportamento dos custos lida com a forma segundo a qual os custos respondem a alterações nos níveis das atividades”.

Maher (2001, p. 75) comenta, ainda, que

os administradores precisam saber como os custos se comportam, para tomar decisões informadas a respeito dos produtos, para planejar e para avaliar desempenho. Fundamentalmente, eles precisam saber o comportamento de quatro categorias básicas de custos: fixos, variáveis, semivariáveis e em degraus [...]”.

As empresas querem retorno satisfatório que explique como os padrões de comportamento de custos variam em função de modificações ocorridas com seus direcionadores e aplicam funções matemáticas que expressem esses padrões de comportamento.

Nesse sentido, Iudícibus (1989) sugere que os analistas identifiquem os direcionadores de custos através de combinações de variáveis independentes, escolham o modelo estatístico mais significativo e expliquem o comportamento dos CIFs. O mesmo autor ainda comenta que, uma análise superficial nos testes estatísticos poderá induzir o analista de custos a certos erros que distorcerão os resultados da organização.

Percebe-se, então, que os diversos conceitos não retratam a verdadeira complexidade e as diferentes possibilidades de comportamento dos custos, por conta disso algumas empresas ficam desprovidas da clareza necessária a respeito do processo de custeio como fonte para a tomada de decisões.

No contexto organizacional a lógica para que a organização obtenha o sucesso é, portanto, a de que os gestores precisam conhecer, saber calcular e mensurar os custos empresariais, assim como, precisam saber também de que modo as possibilidades de mudanças no comportamento dos custos podem interferir no resultado final auferido pela empresa.

Garrison e Noreen (2001, p. 131) definem “[...] que o comportamento de um custo significa como ele irá reagir ou variar à medida que ocorrerem alterações no nível da atividade”. Os mesmos autores reforçam o entendimento de que quando os gerentes compreendem como os custos se comportam, eles têm melhores condições de prever qual será a trajetória comportamental dos custos em diversas situações operacionais e, indiscutivelmente, podem planejar suas atividades com mais precisão a fim de que, como consequência, consigam obter lucro.

Hansen e Mowen (2001, p. 86) enfatizam que

os custos podem mostrar um comportamento variável, fixo ou misto. Saber como os custos mudam com as mudanças na produção da atividade é uma parte essencial de planejamento, controle e tomada de decisão. Por exemplo, fazer orçamentos, decidir manter ou eliminar uma linha de produto e avaliar o desempenho de um segmento são todos benefícios do conhecimento do comportamento de custos. De fato, não conhecer e não compreender o comportamento de

custos pode levar a decisões ruins – até desastrosas.

Innes e Mitchell (1993, p. 86) relatam que a “[...] literatura contábil tem uma visão míope de como os custos se comportam. Geralmente o seu comportamento é analisado e mensurado por apenas um direcionador – o volume de produção”.

Miller e Vollmann (1985), bem como Berliner e Brimson (1992) apresentam o entendimento de que os custos indiretos e fixos são aqueles que não variam com o volume de produção. Consideram, ainda, esses autores que tanto os custos indiretos quanto os fixos podem levar as empresas a tomar decisões equivocadas, particularmente se exibirem altas taxas de aumento sem que haja aumento no volume das atividades de produção.

Innes e Mitchell (1993) comentam, também, que a eficácia da informação do direcionador de custo está em fornecer uma série de dados que podem ser usados para compreender o comportamento dos custos fixos.

Segundo esses mesmos autores, o conhecimento sobre comportamento dos custos é importante para os administradores, contadores e pesquisadores, entre outros profissionais ligados à área gerencial, porque esses profissionais cruzam e avaliam as variações de custos correlacionando essas variações à receita. É relevante, também, para usuários externos como, por exemplo, os analistas financeiros que utilizam esse método para avaliar o desempenho empresarial.

Não obstante, os gerentes podem reter deliberadamente as folgas de recursos quando houver queda de receita, a fim de evitar os ajustes para corte de custos e, então, aumentá-los novamente se acreditarem que a queda na receita é temporária. Provas anteriores, de fato, demonstraram que os custos são rígidos e isso significa dizer que eles não decrescem tanto quando há queda de receita ou que sobem quando a receita aumenta (ANDERSON; BANKER; JANAKIRAMAN, 2003).

Deste modo, a inflexibilidade ou rigidez dos custos podem fazer com que a proporção do custo aumente por motivos diferentes do previsto e isso pode provocar ineficiência em períodos de queda quando a receita diminui. Lev e Thiagarajan (1993), em análises efetuadas a respeito dos custos, argumentam que certas mudanças não são consideradas como mudanças comportamentais dos custos, eis que podem afetar os resultados de forma adversa em períodos que a receita aumentar ou diminuir.

Banker e Chen (2006) descobriram que um modelo de previsão de lucros reflete a variação de custos e ganhos. A assimetria dos custos superaram modelos de previsão com base na desagregação das informações de resultados, conforme afirmam Fairfield, Sweeney e Yohn (1996) e Sloan (1996).

Abarbanell e Bushee (1997) informam que, em períodos de aumento de receita, essas dimensões comportamentais dos custos não conduzem a interpretações conflitantes. Um aumento na atividade leva a recursos escassos como oposição à folga de recursos e, como resultado, os gestores se sentem pressionados a adicionar mais capacidade para suportar o aumento da demanda.

Tais efeitos sobre o comportamento dos custos não são contrários à interpretação tradicional de um aumento da relação custo como prova da ineficiência e à perda de controle de custos pelos gestores.

Em verdade, parece que a interpretação do comportamento de custos e o aumento da relação custo fornecem informação favorável sobre ganhos futuros. A falta de significância estatística relatada por Abarbanell e Bushee (1997) pode ser atribuída a efeitos de confusão entre as duas interpretações quando não é feita a necessária distinção entre receitas crescentes e períodos de perda de receitas.