A COMPREENSÃO DESENVOLVIDA PELOS ESTUDANTES EM TORNO DA IMPORTÂNCIA DAS AÇÕES LIGADAS AO USO DA INFORMAÇÃO

Ao término da pesquisa foi possível verificar a evolução ocorrida na compreensão dos estudantes acerca das ações ligadas ao processo de uso da informação, como a recuperação, organização, armazenagem e disseminação da informação. Os resultados obtidos apontaram que para a maioria dos estudantes ocorreu um crescimento da compreensão que tinham sobre a organização da informação, já que inicialmente a maioria afirmava ter algum conhecimento (40 – 42,6%) ou um bom conhecimento (38 – 40,4%), e ao final da disciplina a maioria passou a afirmar ter um bom conhecimento (50 – 53,2%) e um excelente conhecimento (13 – 13,8%) sobre a organização da informação, demonstrando um resultado positivo da experiência da disciplina em desenvolver um dos atributos da competência em informação.

Quanto ao armazenamento das informações, inicialmente os estudantes informaram ter um bom conhecimento (56 – 59,6%) ou algum conhecimento (22 – 23,4%), ao final do semestre um número maior de alunos passou a ter um bom conhecimento (62 – 66,0%) e um excelente conhecimento (22 – 23,4%) a respeito, confirmando outro avanço conquistado pela experiência realizada.

Quanto à recuperação da informação, também se verificou um resultado positivo da pesquisa, já que ao contrário do resultado inicialmente obtido de que a maioria que considerava ter um bom conhecimento se situava em 45,7% dos alunos (43), depois do trabalho realizado na disciplina, esse número cresceu para 58 alunos (61,7%), passando a existir um número de 14 (14,9%) estudantes que passaram a afirmar que adquiriram um excelente conhecimento sobre como recuperar informações.

Já quanto à ação de disseminar informações, enquanto no início a maioria afirmava ter um bom conhecimento (47 – 50,0%) ou algum conhecimento (23 – 24,5%) sobre ela, ao final do curso a maioria passou a afirmar ter um bom conhecimento (67 – 71,3%), sendo que 15 desses estudantes consideraram que passaram a ter um excelente conhecimento (15 – 16,0%) sobre a disseminação da informação.

Percebe-se que com a aquisição de competências sobre como recuperar, organizar, armazenar e disseminar informação também se ampliou a compreensão desses alunos quanto à importância dessas ações. Inicialmente, os estudantes se dividiram em afirmar que a organização da informação era muito importante (35 – 37,2%) ou pouco importante (20 – 21,3%), passando ao final do semestre a uma compreensão maior de que ela é muito importante (34 – 36,2%) e extremamente importante (38 – 40,4%).

Em relação às ações de armazenar, recuperar e disseminar as informações o crescimento entre aqueles que as compreendem como extremamente importante foi ainda mais destacado. Inicialmente 39 estudantes (41,5%) consideravam o armazenamento das informações muito importante (39 – 41,5%) e extremamente importante (30 – 31,9%) e ao final do semestre o maior crescimento se deu entre aqueles que passaram a considerar essa ação extremamente importante (52 – 55,3%). Quanto à recuperação da informação, no questionário inicial 33 (35,1%) alunos disseram considerá-la muito importante e 27 (28,7%) extremamente importante, quando ao final do semestre 49 alunos (52,1%) passaram a registrar a recuperação da informação uma ação extremamente importante. Já a ação de disseminar informação, que inicialmente foi avaliada pela maioria como muito importante (33 – 35,1%) e extremamente importante (27 – 28,7%), passou a ser considerada pela maioria (55 – 58,5%) como uma atividade extremamente importante.

Esses resultados foram reforçados pelas respostas obtidas a alguns itens da questão de número 11, quando no final do semestre a maioria se distribuiu entre aqueles que consideravam ter um bom (58 – 61,7%) e um excelente conhecimento (33 – 35,1%) sobre o ato de pesquisar informações. Esse crescimento se relaciona ao crescimento verificado sobre a aquisição de conhecimentos pelos alunos sobre como acessar as fontes de informação, já que 67 alunos responderam ter um bom conhecimento (71,3%) e 19 algum conhecimento (20,2%) sobre como acessar as fontes de informação, e ao final do semestre 21 (22,3%) estudantes passaram a considerar que tinham um excelente conhecimento em torno dessa ação.

Quanto à organização das informações para utilizá-las nas aplicações práticas relacionadas às atividades da administração, inicialmente 68 (72,3%) estudantes disseram ter um bom conhecimento e 14 (14,9%) algum conhecimento a respeito. Já ao final do semestre, cresceu o número de alunos que passaram a afirmar que tinham um excelente conhecimento (28 – 29,8%) sobre essa ação ligada ao uso da informação. O mesmo foi observado em relação às respostas obtidas quanto ao conhecimento desses estudantes sobre a ação de compartilhar e disseminar as informações, que ao final da disciplina cresceu o número de alunos que passaram a considerar que ter um excelente conhecimento a respeito (26 – 27,7%).

Esse resultado decorrente da experiência vivida na disciplina também ampliou a compreensão desses alunos sobre a importância desses saberes para o desenvolvimento das atividades de aprendizagem e profissionais do administrador. Enquanto no início 47 alunos (50,0%) avaliavam as ações ligadas ao acesso e uso da informação extremamente importantes, ao final esse número cresceu para 68 (72,3%). Quanto ao acesso às fontes de informação, no início 33 estudantes (35,1%) o consideraram extremamente importante e no final esse número subiu para 56 estudantes (59,6%). O mesmo se observou em relação à organização da informação para realizar aplicações práticas, quando no início do semestre foi considerada extremamente importante por 43 estudantes (45,7%) e ao final da disciplina por 67 (71,3%) deles. Isso também ocorreu nas avaliações sobre a ação de compartilhar e disseminar informações, que inicialmente foram consideradas extremamente importantes por 37 alunos (39,4%), e na avaliação final 59 deles (62,8%) passaram a considerar o mesmo.

Os avanços observados vão ao encontro do que defendem Doyle (1994), Bruce (2003), Bundy (2004b) entre outros que afirmam que ser competente em informação é ter a habilidade de acessar, avaliar e usar a informação proveniente dos diferentes tipos de fontes. Do mesmo modo, as mudanças alcançadas pela pesquisa demonstram a aquisição dos atributos essenciais relativos ao processo de avaliação da informação e à organização da informação para aplicação prática e para avaliar e utilizar essa informação, reafirmando o postulado da ALA (1989), Spitzer, Eisenberg e Lowe (1998) quando definem a competência em informação como a habilidade de localizar e avaliar a informação, sabendo como o conhecimento é organizado, como encontrar a informação e como usar as informações adequadas e necessárias à resolução de problemas.

A evolução observada quanto à compreensão e o grau de importância dado à organização das informações também atende à recomendação da ACRL para que se desenvolva no estudante a competência para acessar, recuperar as informações e organizar informações para o uso eficaz e eficiente, atendendo com sucesso suas necessidades informacionais.

Os avanços significativos demonstrados nas exposições anteriores apresentam um grau bastante positivo da experiência realizada pela pesquisa quando enfrentou o desafio de inserir os principais fundamentos da competência em informação na disciplina durante o ano de 2010, buscando se nortear pelas recomendações do Departamento de Trabalho do Governo dos Estados Unidos da América do Norte (1991) definindo as competências básicas que um trabalhador deve ter para ingressar no mercado de trabalho e a necessidade de adquirir, avaliar, usar, organizar, conservar, interpretar e comunicar informação e utilizar computadores para processar informação, como também pelas orientações da ALA (1989) e da ACRL (2000), no que tange às competências em informação.

Os resultados obtidos reforçam os parâmetros estabelecidos pela ACRL (2000) para o desenvolvimento da competência em informação, já que ao final disciplina os estudantes passaram a compreender os aspectos econômicos, legais e sociais que envolvem o uso da informação, acessando, recuperando e utilizando-a a partir de parâmetros éticos e legais. Além disso, a experiência também desenvolveu a competência para o uso da informação, tanto individualmente quanto em grupo, de modo eficaz para alcançar objetivos traçados para o trabalho, o que também se inclui nas orientações da ACRL (2000).

Além disso, a compreensão desenvolvida no estudante sobre a importância da informação para o sucesso da atividade do administrador, revela o processo de desenvolvimento da competência em informação na experiência realizada, tomando-se como referência a afirmativa de Lloyd (2003a) de que a pessoa competente em informação têm consciência sobre a importância da informação, de suas necessidades informacionais e de como lidar com a informação, mantendo uma interação produtiva com os diversos ambientes informacionais.

Do mesmo modo, os resultados da pesquisa também são positivos na perspectiva da Administração, quando são coerentes com o que defendem vários autores dessa área, como Hamel e Prahalad (1995) sobre o fato de que cada vez mais a competência em informações especializadas e seletivas é exigida pelas organizações, e

Maximiano (2009) que afirma ser o melhor desempenho do administrador decorrente de suas competências e habilidades para: compreender a complexidade gerada pelo excesso de informações disponíveis em diversos, suportes, veículos ou fluxos informacionais, assim como de sua capacidade de organizar e processar informações, entendendo e analisando seu conteúdo, encontrando significados e representatividade em toda informação recebida ou obtida e, de divulgar informações, de maneira que elas sejam disponibilizadas entre as pessoas e equipes com as quais trabalha, compreendendo que a disseminação das informações é um dos principais recursos para a obtenção de resultados adequados.

Essa experiência representou para os estudantes que participaram da pesquisa uma oportunidade de que a construção do conhecimento e a própria tomada de decisão são, como defende Choo (2006), processos interligados, gerando assim uma visão holística sobre o uso da informação.”

De outra forma, os resultados apresentados corroboram ainda a afirmativa de SAUIA (2005) quando este esclarece que a vivência de papéis por meio de simulações permite aos alunos experimentarem a realização das atividades dos gestores, como também a necessidade da realização de pesquisas para identificação, seleção, acesso e uso de informações, o que leva a aprendizagem por meio da atitude investigativa com a adoção de bases conceituais e da associação entre teoria e prática,

Assim, a avaliação desses resultados se aprofunda quando eles são analisados em associação àqueles obtidos quanto às dificuldades manifestadas pelos alunos para realização do processo de acesso e uso das informações, apresentados na próxima subseção.

6.3 AS DIFICULDADES APONTADAS PELOS ESTUDANTES EM RELAÇÃO À