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4.7. INVESTIGAÇÃO NOS RELATÓRIOS E PLANOS.

4.7.1. Compreensão didático metodológica da PHC.

Em relação à apropriação e uso da PHC através de procedimentos didáticos metodológicos Gasparin e Petenucci (2014) relatam que apesar desta teoria ter sido reconhecida no meio acadêmico como eficiente para superação das metodologias dominantes na sala de aula, ainda percebe-se que o conhecimento desta por uma grande parte dos educandos ainda se encontra no nível superficial o que dificulta a sua implementação na escola.

A PHC propõe que a apropriação dos conhecimentos no ambiente escolar deve estar integrada ao cotidiano do aluno e para isso, tem que se romper o distanciamento promovido pelas correntes pedagógicas estabelecidas como Escola Tradicional e Escola Nova, entretanto este rompimento só poderia ter prosseguimento se ocorre de maneira dialética, processo que ele instituiu como momentos dialéticos entre a teoria e a prática, estes funcionam como categorias teóricas gerais e que não são engessados. Para Saviani (2013, p.235).

o empenho em apresentar simetricamente aos cinco passos de Herbart e de Dewey as características do método pedagógico que, no meu entendimento, se situa para além dos métodos novos e tradicionais, correspondeu a um esforço heurístico e didático cuja função era facilitar aos leitores a compreensão do meu posicionamento. Em lugar de passos que se ordena, numa sequência cronológica, é mais apropriado falar aí de momentos articulados num mesmo movimento, único e orgânico. O peso e a

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duração de cada momento obviamente irão variar de acordo com as situações específicas em que se desenvolve a prática pedagógica.

No entendimento do licenciandos/pibidianos P1 a forma como devem ser trabalhados os conteúdos não necessariamente devem seguir os 5 passos, mostrando que existe uma compreensão desta teoria que está passível as colocações do autor sobre a mesma.

P1 [...] professor Saviani descreve 5 momentos no ato pedagógico, muitos trabalhos tem interpretado esses momentos como uma sequência a ser seguida. Adotar essa visão vai contra a visão dialética da qual Saviani adotou para desenvolver sua teoria pedagógica. Portanto momentos descritos podem acontecer simultaneamente. Ao expressar sobre o movimento dialético existente entre os cinco momentos da PHC o licenciando mostra que ao desenvolver as sua práxis é preciso estar embasado teoricamente sobre as concepções teóricas metodológicas que sustentam esta teoria. Assim o pibidiano mostra uma compreensão aprofundada como estes momentos forma concebida por Saviani ao apresentar suas primeiras aproximações com uma teoria fundamentada pelo materialismo histórico dialético, conforme apresentamos na seção 2.5.2 deste trabalho. Para a PHC construção histórica da humanidade não se deu de forma linear, e sim condicionada por várias contradições especialmente no sentido das relações sociais do trabalho e da divisão de classes sociais, portanto o trabalho educativo deve elucidar questões relativas aos avanços que ocorrem durante a evolução da humanidade, onde em busca da sobrevivência humana o homem tratou de escravizar a si próprio em função do capital, que condicionou o seu desenvolvimento pelas contradições fundamentais orientadas pela luta de classes.

Para o pibidiano P6 existe a possibilidade da execução destes momentos como uma sequencia didática, enquanto procedimento metodológico, conforme o mesmo descreve

P6 [...] desenvolver uma sequência didática que tem como intuito contextualizar os conteúdos de química com ênfase nas relações da Pedagogia Histórico Crítica-PHC, já tendo sido feito no semestre anterior um aprofundamento do referencial teórico escolhido, com foco nos tópicos: - Prática Social Inicial; --Problematização; -- Instrumentalização; --Catarse; --Prática Social Final.

Neste sentido, pesquisas que abordam o uso da teoria PHC como procedimentos metodológicos divergem da proposição do uso desta teoria conforme pensada por Saviani, dentre elas Ligia Martins (2013) pontua que estes momentos extrapolam o âmbito da didática, “não havendo uma correspondência linear entre eles e a organização dos tempos e conteúdos constitutivos da aula em si, ou seja, consideramos que a conversão dos referidos passos em procedimentos de ensino encerra o risco de culminar numa leitura reducionista” (p. 289).

No entendimento desta teoria os cinco momentos seguem de forma dialética trazendo a realidade do cotidiano como ponto de partida, para inserção do processo de consciência dos alunos sobre as relações presentes na sociedade, no ato pedagógico o professor encontra-se no

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nível do conhecimento sintético e o aluno com a compreensão sincrética carregada de senso comum (SAVIANI, 2006). A problematização consiste em trazer para prática o diálogo com a teoria de forma a trazer o conhecimento elaborado necessário de cunho histórico relativo à prática social docente. De acordo com Martins (2013), podendo ser questões como fracasso acerca da aprendizagem dos alunos, as carências infraestruturais, os baixos salários, os domínios teórico-técnicos oriundos da formação docente, a estrutura organizativa da escola, dentre outros.

A condição de trazer os conhecimentos clássicos para a sociedade consiste na instrumentalização, onde a cultura erudita servirá para novas elaborações no sentido de trazer os saber científico de forma a “nos ajudar no desenvolvimento das funções psíquicas superiores (que tornam o homem cada vez mais humano)” (PINHEIRO, 2016). A catarse segundo Saviani (2006), é a culminância da incorporação dos instrumentos culturais, transformados agora em elementos ativos de transformação social, onde ocorre a sistematização e manifestação do conhecimento que foi apropriado na instrumentalização.

A prática social final consiste no retorno ao censo comum que será reinterpretado sendo que “os alunos ascendem ao nível sintético em que, por suposto, já se encontrava o professor no ponto de partida, reduz-se a precariedade da síntese do professor, cuja compreensão se torna mais e mais orgânica” (SAVIANI, 2006, p. 72), podendo transformar os sujeitos a partir de novas significações, possibilitando a transformação de si e da sociedade de forma indireta, mas intencional.