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3. Aspectos metodológicos

3.1 Compreensão sobre a UFRN e o CCET

Entendemos que é importante que possamos compreender um pouco mais o espaço e contexto institucional que versa sobre o lócus de nossa investigação. Dessa maneira, compreendemos que discorrer sobre a própria Instituição de Ensino Superior na qual se abriga o Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET) e, por conseguinte, os três cursos que iremos nos nortear como análise a partir de seus respectivos documentos mais importantes, ou seja, os PPC, é devido e assim, iniciamos a falar um pouco sobre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Esta Universidade, criada pela Lei Estadual n° 2.307, de 25 de junho de 1958, federalizada pela Lei n°3.849, de 18 de dezembro de 1960, com plano de reestruturação aprovado pelo Decreto n°62.091, de 09 de janeiro de 1968, modificado pelo Decreto n° 74.211, de 24 de junho de 19743, é uma instituição universitária de caráter público, organizada sob a forma de autarquia de regime especial, vinculada ao Ministério da Educação, com sede e foro na cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte.

Conforme seu estatuto são objetivos da Universidade: I. Ministrar educação em nível universitário, tendo como centro de suas preocupações o compromisso com todos os princípios proclamados no art. 3 º; II. Desenvolver, de forma plural, um processo formativo em diferentes campos do saber necessários à compreensão da natureza e da cultura; III. Contribuir para o progresso, nos diversos ramos do conhecimento, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão; IV. Desenvolver e difundir o conhecimento, tendo em vista preparar o indivíduo para o exercício da reflexão crítica e participação na produção, sistematização e desenvolvimento do saber;

V. desenvolver e difundir a pesquisa científica, objetivando o avanço do conhecimento teórico e prático, em seu caráter universal e autônomo, contribuindo para a solução dos

3 Decreto nº 74.211, de 24 de Junho de 1974. Modifica a estrutura da Universidade Federal do Rio

problemas sociais, econômicos e políticos, nacionais e regionais, e para a elevação do nível de vida do povo brasileiro. Os Centros Acadêmicos são unidades que integram a estrutura da Universidade.

De acordo com o artigo 7º do Estatuto da UFRN, os Centros Acadêmicos são constituídos por Departamentos Acadêmicos, que difundem as áreas fundamentais específicas do conhecimento humano, estudadas em si mesmas ou em razão de ulterior exigência de utilização de uma ou mais áreas técnico-profissionais.

Diante desse contexto mais amplo da UFRN, voltamos essa parte em direção uma breve caracterização do Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET), integrante da estrutura administrativa e acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nesse sentido, precisamos justificar um pouco mais detalhadamente acerca de nossa escolha a respeito dos Projetos Pedagógicos das licenciaturas do CCET/UFRN na modalidade presencial.

Os Projetos Pedagógicos de Licenciatura presencial do Centro de Ciências Exatas e da Terra constituem o universo da pesquisa. Este Centro foi criado a partir da extinção dos Institutos de Física, Matemática, Química e Ciências Biológicas criados em decorrência da reestruturação organizacional das Universidades no ano de 1974. Deste modo, e, de acordo com o Regimento Interno (RI) do CCET (2006), o seu segundo artigo traz que este citado centro é uma unidade de ensino, pesquisa e extensão, definida nos termos do Art. 7º e 8º do Estatuto e do Art. 43 do Regimento Geral da UFRN, implementador da formação profissional, congregando cursos e programas de graduação, pós-graduação e sequenciais em áreas específicas do conhecimento.

Quando adentramos a questão acadêmica do CCET, observamos que em seu referido regimento está assinalado em seus artigos 44 e 45 que:

[Art. 44] O ensino de Graduação se constitui em processo curricular específico de cada área profissional, procurando construir a formação geral e profissional, capacitando o discente à atividade técnica e científica e habilitando-o à obtenção do respectivo diploma. [Art. 45] Cada Curso deverá ter uma estrutura organizacional e funcional, comportando: I- um Colegiado, como órgão normativo e de caráter deliberativo; II-uma Coordenação, como órgão executivo da gestão acadêmica; III- uma Seção de Expediente, para as tarefas administrativas e burocráticas. § 1º- A orientação e supervisão didático-pedagógica de cada Curso ficará sob a responsabilidade do Colegiado, enquanto órgão normativo e deliberativo e da Coordenação do Curso na função de órgão executivo (REGIMENTO INTERNO/CCET/UFRN, 2006, p. 33).

Com relação às questões decisórias em termos pedagógicos e curriculares, há o colegiado que de acordo com mencionado RI, em seu artigo 48, O Colegiado de Curso é órgão de gestão acadêmica de primeira instância, com função normativa e deliberativa, sendo responsável pela integração, supervisão e coordenação didático-pedagógica do processo curricular. Seguindo o entendimento de como o Centro em questão decide acerca dos cursos de graduação que estão sob o seu abrigo institucional e administrativo, o artigo 50 traz as competências, neste âmbito, de cada colegiado dos respectivos cursos de graduação, vejamos seus incisos e alíneas derivativas:

I- Determinar as diretrizes e os objetivos gerais e específicos do Curso; II- Compatibilizar e definir, ouvidos os Departamentos Acadêmicos interessados, o currículo pleno do Curso, evidenciando a ordenação e a sequencia das disciplinas, obedecidos os mínimos de conteúdo e duração fixados pelas normas específicas; III- Aprovar e reavaliar o projeto político-pedagógico do Curso de acordo com a legislação em vigor; IV- Opinar sobre assuntos de interesse didático-pedagógico do Curso; V- Propor aos órgãos competentes, por intermédio da Diretoria do Centro, providências para melhoria de nível do ensino ministrado no Curso; VI-Elaborar o guia de orientação do currículo do Curso, obedecidas as normas fixadas pelo CONSEPE; VII- Analisar e compatibilizar, quando for o caso, ouvidos os Departamentos Acadêmicos interessados: a) As disciplinas com seus respectivos pré-requisitos; b) O número de créditos e a respectiva carga horária das disciplinas do Curso; c) As disciplinas complementares do Curso e as alterações que se fizerem necessárias; d) Os planos de Cursos das disciplinas contendo os seus programas respectivos (REGIMENTO INTERNO/CCET/UFRN, 2006, p. 35 e 36).

Em relação à pesquisa e à extensão, o CCET adota, em seus artigos 62 e 65, respectivamente, um entendimento de que a pesquisa é a função acadêmica de investigação filosófica, científica, técnica e cultural, tendo como fim a produção do conhecimento e a sua aplicação e transferência no proveito do desenvolvimento econômico e social. E que a extensão será desenvolvida por meio de cursos, eventos, projetos e prestação de serviço de conhecimento especializado em todas as áreas de conhecimento desenvolvidas no Centro. Outro aspecto de importante compreensão do RI do CCET diz respeito ao planejamento didático e à aplicação do currículo. Assim, os artigos 67, 68 e 69, respectivamente, descrevem as concepções nessas áreas por parte da citada unidade acadêmica.

Art. 67- A verificação do rendimento escolar, a transferência de alunos e a integralização curricular dar-se-ão nos termos do Título III, Capítulo I e suas

respectivas Seções, do Regimento Geral da UFRN. Art. 68- O Plano de Curso de cada disciplina é elaborado pelo professor ou por grupo de professores que ministrem a mesma disciplina, devendo ser aprovado pelo Departamento Acadêmico. Parágrafo único - O Plano de Curso referido no caput deste artigo é instrumento obrigatório e conterá no mínimo: I- Indicação dos objetivos da disciplina; II- Metodologia a ser utilizada; III- Conteúdo programático; IV- Sistemática de avaliação; V- Principais referências bibliográficas; VI- Distribuição da carga horária por atividade; VII- Recursos materiais necessários. Art. 69- A integralização da carga horária de disciplina através de seminários, atividades curriculares ou extracurriculares, não pode exceder a 25% da carga horária respectiva (REGIMENTO INTERNO/CCET/UFRN, 2006, p. 43).

De acordo com este documento, cabem a seus colegiados, professores ou grupos de docentes a discussão sobre Projetos Pedagógicos de Cursos e desenvolvimento de diretrizes e análises acerca dos cursos de graduação e suas reformulações. Cabe-nos descrever brevemente também acerca do contexto dos cursos pertinentes ao foco deste trabalho para que possamos compreender sucintamente a trajetória dos mesmos.

Desse modo, o curso de Física surge na UFRN por volta de 1970 oferecendo duas modalidades de formação, licenciatura e bacharelado, contando na época com cinco professores. De acordo com o portal e-MEC7, em sua base de dados oficiais relativas às Instituições de Educação Superior (IES) e cursos de graduação do Sistema Federal de Ensino, a Licenciatura em Física da UFRN teve seu ato regulatório iniciado em 1969, via autorização publicada em Decreto nº 62.091 de 09/01/1968. O reconhecimento do curso surge em 1977, por meio do decreto nº 80.352 de 16/09/1977, seguido das renovações de reconhecimento de curso com portarias de número 286, publicada em 21/12/2012, e de número 1098, publicada em 24/12/2015. Na UFRN, as últimas informações sobre o reconhecimento do curso estão divulgadas no próprio histórico de graduação do discente, no campo intitulado “Reconhecimento do Curso”, de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso de Física (2019).

Em relação ao curso de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), este nasceu no ano de 1960, no berço do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IMUFRN), inaugurado pelo Magnífico Reitor da UFRN, Prof. Onofre Lopes, em 03 de junho de 1966.

Em 1974, realizou-se a fusão dos Institutos de Física, Matemática, Química e Ciências Biológicas no Centro de Ciências Exatas (CEE), que após a criação do curso de Geologia passou a denominar-se Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET). O

Instituto de Matemática (IMUFRN) passou a ser um dos Departamentos do CCET. Na década de 1970, o curso de Graduação em Matemática foi reconhecido por meio Decreto Federal n° 79372, de 10 de Março de 1977, com as habilitações em Licenciatura e Bacharelado. (PPC/MATEMÁTICA, 2013, p. 5 e 6).

Já o Decreto 62.091 de 09/01/68 criou o Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em decorrência da reestruturação organizacional das Universidades, instituída pelo Decreto pelo n° 72.211/74 de 24/06/74, o Instituto de Química e demais Institutos básicos da UFRN foram extintos surgindo então cinco grandes centros acadêmicos, subdivididos em 46 Departamentos. Assim foi criado o Centro de Ciências Exatas e Naturais, atualmente Centro de Ciências Exatas e da Terra congregando cinco departamentos e cursos pertinentes à área, entre os quais, o “Departamento de Química e o Curso de Química. Em 10/03/1977, o Curso de Química era reconhecido pelo MEC através do Decreto n° 79.372” (PPC/QUÍMICA, 2005, p. 4).

No próximo tópico, abordaremos os aspectos metodológicos deste estudo, amparados pelo arcabouço da pesquisa qualitativa, com abordagem da pesquisa documental e, de modo complementar, aspectos inerentes à pesquisa descritiva no processo de análise dos documentos nos quais nos debruçaremos para que nos sejam possível a elaboração de uma síntese analítica dos projetos aqui em questão, e, consequente, no sentido que possamos atingir objetivamente reflexões propositivas em nosso trabalho.