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Computador, Internet e Educação a Distância

Quadro nº 3: Tipologia do Ensino Digital 1 Trabalhando sozinho (o paradigma www)

3. Muitos docentes e muitos discentes (o paradigma da

4.5 Computador, Internet e Educação a Distância

É impossível correlacionar-se tecnologia e educação sem refletir-se a respeito da questão do processo de aprendizagem porque, ao se apresentar como meio e

instrumento para ajudar nesse processo, a tecnologia, por si só, não vai solucionar o

Ao longo do processo de aprendizagem, o estudante cresce e se desenvolve; assim, o professor tem a oportunidade de realizar o seu verdadeiro papel, que é o de mediador entre o aluno e a sua aprendizagem, o incentivador e o motivador desta aprendizagem. Estas interações (aluno – professor – aluno) imprimem um sentido de co-responsabilidade no processo de aprendizagem e enfatizam o papel de mediação pedagógica assumida pelo professor (MASETTO, 2000).

Segundo Perez e Castilho (1999, p.10), “a mediação pedagógica busca abrir um caminho às novas relações do estudante com os materiais, com o próprio contexto, com outros textos, com os companheiros de aprendizagem, incluído o professor, consigo mesmo e com o seu futuro”.

A mediação pedagógica pode estar presente tanto nas estratégias chamadas convencionais quanto nas denominadas novas tecnologias. As primeiras se subdividiam em três grupos. O primeiro grupo é utilizado para iniciar um curso, despertar um grupo ou para começar a formar um grupo. São exemplos a

brainstorming, a apresentação simples etc. O segundo grupo reúne as técnicas que

possibilitam aos estudantes desenvolver situações simuladas como, por exemplo, dramatização, jogos de empresa, estudo de caso. O terceiro grupo reúne as técnicas que colocam o aprendiz em contato com situações reais. São exemplos: os estágios, as excursões, as aulas práticas, as visitas monitoradas. O fato de o aprendiz entrar em contato com a realidade profissional é altamente motivador, porque a realidade é uma excelente mediadora de aprendizagem. As técnicas denominadas como dinâmica de grupo (G.V.G.O, Painel Integrado, trabalhos de grupo) desenvolvem a interaprendizagem e aumentam a flexibilidade mental em virtude do reconhecimento da diversidade de interpretações sobre um mesmo assunto. No entanto, é fundamental que o professor domine essas técnicas e colabore para que os alunos possam também entendê-las e explorá-las.

Por novas tecnologias em educação, entende-se o uso da informática, do computador, da internet, do CD-ROM, da hipermídia, da multimídia, de ferramentas para a educação a distância (chats, grupos ou listas de discussão, correio eletrônico) e de outros recursos de linguagem digital.

Essas tecnologias cooperam tanto para o desenvolvimento da educação presencial como também para o processo de aprendizagem a distância, ou seja, a aprendizagem virtual. Contudo, não se pode pensar no uso de uma tecnologia sozinha ou isolada. Seja na educação presencial ou na virtual, o planejamento de

aprendizagem precisa ser considerado em sua totalidade porque uma técnica se liga à outra e a integração das várias técnicas é que dará consistência ao processo da educação a distância.

É fundamental verificar-se como se poderá usar as novas tecnologias numa perspectiva de mediação pedagógica e, nesse sentido, para Masetto (2000), é importante considerar cada uma segundo sua especificidade, conforme abaixo se enuncia:

- Teleconferência – sua característica é a possibilidade de colocar um

especialista em contato com os telespectadores de diversas regiões do planeta. Sua utilização como fonte de aprendizagem se configura na medida em que for precedida de estudos sobre o tema ou se viabilizar um debate no ar.

- Chat ou Bate-Papo – ocorre de forma instantânea entre o emissor e o receptor.

Possibilita conhecer as manifestações dos participantes sobre determinado assunto ou tema. Essa atividade poderá ser orientada para a busca de uma síntese das idéias apresentadas; em seguida, orientação de leitura de um determinado site, ou de um texto.

- Lista de discussão – cria on-line grupo de pessoas que debatem um assunto

sobre o qual sejam especialistas ou tenham realizados estudos prévios. Seu objetivo é fazer avançar a discussão sobre um assunto, sedimentando os conhecimentos e/ou informações apresentadas; por isto, exige um tempo maior para serem produtivos. Não necessita, para funcionar, que todos os seus participantes estejam on-line simultaneamente.

- Correio eletrônico – o emissor escreve a carta, define o endereço do receptor e

a envia pelo correio e, imediatamente, ou após algum tempo, o receptor poderá acessá-la. Esse recurso é importante para a aprendizagem dos alunos porque os coloca em contato imediato, favorecendo a interatividade, a troca de materiais e a produção de textos em conjunto. Com relação ao papel do professor no uso deste recurso, alguns pontos merecem análise como sua disponibilidade de responder aos

e-mails porque a rapidez da resposta é fundamental para a motivação do aluno; o

tipo de resposta que poderá ser dada para o grupo ou individualmente; a quantidade de e-mails que o professor poderá receber e, em conseqüência, o tempo para leitura e resposta.

- Internet (www – World Wide WEB) – é uma teia que interliga várias mídias

hipertexto (TAJRA, 2000). A internet se apresenta como um recurso dinâmico que enseja o ingresso a um número ilimitado de informações e dá a oportunidade de contatar todos as grandes bibliotecas do mundo, os mais diversos centros de pesquisa, os próprios pesquisadores e especialistas nacionais e internacionais, os periódicos mais importantes das diversas áreas do conhecimento (MASETTO, 2001). É um recurso de aprendizagem múltipla; aprende-se a ler, a buscar informações, a pesquisar, a comparar dados, a analisá-los, a criticá-los, a organizá- los. Portanto, enseja a auto-aprendizagem e a interaprendizagem. Neste contexto, cabe ao professor orientar os alunos a respeito de como direcionar o uso desse recurso para as atividades de pesquisa, de busca de informações, de construção do conhecimento e de elaboração de trabalhos e monografias. O papel do professor é estar aberto para aprender também com as novas informações conquistadas pelo aluno e, em especial, ter condições de discutir e debater as informações com ele, bem como ajudá-lo a desenvolver a curiosidade diante do que venha a encontrar.

- CD-ROM e Power Point – são técnicas hipermidiáticas que integram luz, som,

texto, movimento, pesquisa, busca, links já organizados neles próprios ou com possibilidade de torná-los presentes através de acesso a Internet. Aprende-se através de todos os sentidos e com inúmeros incentivos para a reflexão do assunto que se pretende seja aprendido. Contudo, estes recursos não poderão, ao serem concebidos, desconsiderar princípios como: aluno não pode fazer o papel de assistente passivo; CD e/ou o Power Point não podem querer substituir as atividades do aprendiz; devem ser previstas atividades, tempo e momento para o aluno perguntar, refletir, debater, pesquisar, trabalhar, redigir etc.

Essas técnicas, desenvolvidas da forma como foram anteriormente apresentadas, favorecem a auto-aprendizagem e a interaprendizagem, tanto na educação presencial quanto na educação a distância. No entanto, a riqueza desses recursos não substitui a presença e a ação do professor com os alunos, ou seja, deve-se entendê-las numa perspectiva construtivista, como demonstra o item 2.5.2, p.38-48 e item 2.5.3, p.48-56, dessa dissertação, que pressupõe o seu uso com uma característica de mediação pedagógica.

Nesta ótica, para Masetto (2000), o processo de avaliação deve funcionar como um motivador da aprendizagem. Para que isso possa ocorrer há que se considerar alguns aspectos básicos, como: inserir o processo de avaliação como um elemento incentivador e motivador da aprendizagem; trabalhar para que professores e alunos

vejam nas atividades de avaliação um feedback contínuo que utiliza técnicas variadas; focar a avaliação como um processo orientado para superar as dificuldades; fornecer a informação precisa, o que significa ter cuidado com a redação, sendo imprescindível contextualizá-la; construir um feedback contínuo; abrir um processo de avaliação juntamente com os alunos sobre o programa do curso, incluindo o desempenho do professor; desenvolver mecanismo de auto- avaliação para os alunos e professores.

O professor funcionará como mediador do processo de aprendizagem na medida em que possuir as seguintes características: entender e viver a aprendizagem como interatividade; desenvolver relações de empatia com os alunos; criar uma atmosfera de confiança, enfatizando as estratégias cooperativas de aprendizagem; dominar em profundidade sua área de conhecimento; ter presente que cada aluno é diferente do outro e estimular a criatividade; ter disponibilidade para o diálogo; efetivar uma comunicação com linguagem que garanta uma compreensão exata por parte do aluno.

Desta forma, o papel do professor se amplia, porque do informador ele se transforma em orientador da aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comunicação na medida em que a internet favorece a construção cooperativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física e virtualmente.

Hoje, uma das formas mais interessantes de trabalhar cooperativamente é, para Moran (2000b), a possibilidade de criar uma página dos alunos, ou seja, um espaço virtual onde se vai colocando tudo o que acontece de mais importante no curso. Portanto, integrar as dinâmicas tradicionais com as inovadoras, neste processo dinâmico de aprender pesquisando é importante.

Através disto, combina-se a escrita com o audiovisual, o texto seqüencial com o hipertexto, o encontro presencial com o encontro virtual.

Essa perspectiva de trabalho muda efetivamente o papel do professor, porque muda a relação de espaço, tempo e comunicação com os alunos. Nas palavras de Moran (2000 b, p.50),

[...] o espaço de trocas aumenta da sala de aula para o virtual. O tempo de enviar ou receber informações amplia-se para qualquer dia da semana. O processo de comunicação se dá na sala de aula, na internet, no e-mail, no chat. É um papel que combina alguns momentos do professor convencional (às vezes é importante dar uma bela aula expositiva) com mais momentos do gerente de pesquisa, do estimulador de busca, do coordenador dos resultados. É um papel de animação e coordenação muito mais flexível e

constante, que exige muita atenção, sensibilidade, intuição (radar ligado) e domínio tecnológico.

Ao pensar-se na educação formal, há que se questionar como equilibrar o ensino presencial e o ensino virtual. Pode-se tentar integrá-los, procurando valorizar o melhor de cada um deles. Atividades como criar grupos, definir objetivos, conteúdos, formas de pesquisa de temas novos, de cursos novos, passar informações iniciais sobre um assunto ou questão a ser pesquisada devem, preferencialmente, ser feitas de forma presencial. Enquanto que atividades como a adaptação a ritmos diferentes dos alunos, novos contatos com pessoas semelhantes, maior liberdade de expressão, interações espaço temporais mais livres deve, preferencialmente, ser efetivada, utilizando-se o meio virtual.

Com o aprimoramento das tecnologias de comunicação virtual, o conceito de personalidade também se altera bem como os conceitos de curso e de aula porque existe a possibilidade concreta de estar todos (professores e alunos) presentes em muitos tempos e espaços diferentes. As crianças deverão ter muito mais contato físico em virtude da necessidade de socialização e interação. Mas, no ensino médio e superior, a tendência é que o virtual caminhe no sentido de superar o presencial. Isto implicará uma reorganização das escolas (edifícios menores, mais salas- ambiente, de pesquisa, de encontro, interconectadas e menos salas de aula). A casa e o escritório surgirão como locais de aprendizagem .

As novas tecnologias estão a influenciar na operacionalização da EAD que ainda tem-se predominantemente limitado a transpor para o virtual as adaptações do ensino presencial, apresentando, ainda, um predomínio da interação virtual fria, tais como formulários, rotinas, provas e e-mail. Para Moran (2000 b), a educação a distância tenderá a mudar da concepção individualista para a mais grupal; de utilização majoritariamente isolada para a utilização em grupos; das mídias unidirecionais (jornal, rádio, televisão) para as mídias mais interativas.

Os cursos deverão mesclar momentos presenciais com virtuais. As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número de alunos. Serão possíveis aulas a distância com interação on-line e aulas presenciais com interação a distância. O ensino será, portanto, um mix de tecnologias.

4.6 DIRETRIZES PARA A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E