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Tomando o roteiro inicial a partir de trechos iniciais da obra As Etiópicas, e a Suíte Heliodoriana, composta por Marcus Mota a partir do texto de Heliodoro, teremos o trabalho coordenado e cooperativo de três equipes: 1) cena; 2) design

visual; 3) design sonoro. A equipe de design visual será responsável pela elabo-

ração de todos os aspectos visíveis da cena (cenários, figurinos, objetos de cena e imagens projetadas), produzindo ainda materiais para o blog de acompanha- mento do projeto, e subsidiando a identidade visual do projeto. A equipe de de-

sign sonoro será responsável pela escolha e manipulação de tudo que será es-

cutado em cena, pela produção dos playbacks de ensaio, dos arquivos sonoros finais para as apresentações. Como metodologia, tudo converge para a cena, na qual os intérprete procuram materiais não apenas as informações do roteiro mas interagir com os materiais providenciados pelas equipes de imagem e som. Desde já há uma aproximação entre processo e produto: a sala de ensaios com os intérpretes se transforma no espaço de transformação dos materiais dispo- nibilizados pelas equipes. Dessa forma, não se trata de juntar som e imagem no fim do processo criativo. O que temos aqui é desde já a experiência multissen- sorial dos intérpretes, sua interação com os materiais sonoros e visuais desde o início do processo criativo. A integração entre os intérpretes e as equipes de som e imagem materializa a integração entre linguagem em contato e colisão. Mais do ilustram um texto ou gerar sons e imagens como acessórios para uma atuação, a obra O Medonho mar explicita suas opções de construção, sua me- todologia de trabalho interartístico.

Fundamental para a viabilidade dessa metodologia é o modo como os re- gistros dos ensaios são realizados e compartilhados. No caso de O Medonho

mar, todos os momentos significativos dos ensaios serão registrados em víde-

os e disponíveis no blog do projeto. Por momentos significativos o mapeamen- to das decisões criativas durante os ensaios. Este mapeamento e disponibili- zados das decisões criativas acarreta não apenas um registro estático: antes, temos materiais que são referências para os intérpretes e para as equipes de design sonoro e visual. As equipes podem reutilizar os registros, tornando-os parte integrante do espetáculo. Dessa forma convivem tempos diversos em um único evento: momentos da cena que é mostrada para o público no momento atual de sua recepção, e momentos outros ocorridos durante os ensaios. Essa correlação entre as apresentações e os ensaios, projeta também uma cena ex- pandida na qual as decisões criativas são apresentadas lado a lado com as próprias ações dos intérpretes. Esse efeito de looping reforça o horizonte for- mativo e meta-teatral da obra, no encontro entre momentos que pertencem a tempos diversos de execução e densidade. A audiência vê o germe de uma cena e depois a cena em toda a sua amplitude.

Daí a metáfora do título da obra se compreende: O Medo do Mar é um acon- tecimento plural que se compreende e se percebe no movimento recorrente das

ondas, no som do mar contra a praia, na emoção de estar ali naquele vem e vai no eixo do tempo que nos fazer ver e ouvir coisas de agora e de outrora.

Ao mesmo tempo, esse acontecimento tão básico é trabalhado por meio dos intérpretes e das ações do design sonoro e visual de modo a projetar uma memória que não apenas se reduz a reproduzir algo conhecido: a interseção entre cena e novas tecnologias projeta uma experiência que se amplia com as ondas do mar, as camadas sobrepostas, o ritmo de ir e vir incessantemente.

E tudo não fica apenas no teatro: este fluxo audiovisual é transmitido ao vivo por streaming para a web, sendo transmitido tanto para telões dentro do teatro como para a rede mundial de computadores.

Justif icativa

O conceito de Teatro do Espetáculo faz convergir para um evento multidimen- sional diversas formas de interação e troca de mensagens entre público, ar- tistas e comunicadores. Das aulas-espetáculo de Ariano Suassuna para as apresentações de produtos por Steve Jobs, passando pelas poéticas autorais e análises de processos por pesquisadores, temos uma complexa rede de re- ferências e estímulos sensoriais que não apenas explicitam, comentam como também impulsionam, despertam atos criativos.

Cada vez mais na contemporaneidade artistas encontram-se na situação de interpretar seu próprio trabalho, de dialogar com as mais diversas formas de produção de saberes. Além disso, diante da política de editais de incentivo cultural, cada vez mais o artista precisa explicitar seus pontos de partida, seus pressupostos, suas decisões.

Dessa maneira, fortalece-se a profissionalização do artista, sua relação com contextos concretos, fazendo que que suas ideias e ações dialoguem com o mundo onde mora.

De outro lado, ganha o público ao se defrontar com processos criativos cla- ros, organizados, com equipes de profissionais especializados, com informa- ções bem precisas sobre todos os aspectos da produção. Além disso, a media- ção tecnológica e a justaposição de linguagens e técnicas favorece o debate sobre a construção/fabricação do real, recursos utilizados não apenas nas ar- tes, mas no telejornalismo, dos produtos da cultura de massa (tv, cinema, in- ternet), na política e na educação.

Dessa forma, há a formação conjunta de artistas e platéia, mostra-se o que acontece, mostra-se como as coisas são feitas, a imagem e a palavra não se excluem, antes se reenviam.

Assim, temos, a partir do conceito e experiência do Teatro do Espetáculo, a consolidação no Estado de Goiás de propostas inovadoras não apenas na ex- perimentação estética: a cadeia toda de produção é atingida, com a aproxima- ção entre fruição e informação. Ao ‘abrir a caixa preta’ da criação, mostra-se

que a criatividade não é um mistério ou algo inato a indivíduos excepcionais, e sim presente no trabalho colaborativo de pessoas com habilidades especí- ficas em contato, tensão e negociação.

Logo, a democratização dos bens culturais passa por bens culturais de de- mocratizem o acesso a seus processos criativo.

Objetivos

1) Registros videográficos pra o projeto

2) Composições musicais para o projeto

3) Design sonoro do projeto

4) Design visual do projeto

5) Capacitação dos artistas e técnicos envolvidos em metodologia de trabalho em equipes interartísticas e multidisciplinares.

6) Blog de acompanhamento do projeto.

7) Livro de 2.000 exemplares com os conceitos, pesquisas e traduções realiza- das para o projeto.

8) Registro em vídeo do processo criativo.

9) Vídeo com o Seminário-Espetáculo