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a.5) Teatro Musicado para todos: Mapeamento das produções do Laboratório de Dramaturgia (2003-

2013) e sua disponibilização em uma database

online (2015)

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Descrição

Este projeto de pesquisa procura, a partir do levantamento de fontes textuais, imagéticas, sonoras e videográficas, constituir uma database online na qual será disponibilizada a produção do Laboratório de Dramaturgia (LADI) entre 2003 e 2013.

Durante o período acima referido no título, houve o desenvolvimento de um conjunto de procedimentos interligados na elaboração e realização de obras dramático-musicais, o qual passa pela elaboração de remontagens de obras do repertório operístico e montagens originais a partir do diálogo com a dramatur- gia ocidental (teatro Grego, Shakespeare). O trânsito entre tradições performa- tivas diversas e o enfrentamento das complexidade de se propor e encenar obras interartísticas acarretou uma intensa atividade em busca de possibilidades dra- matúrgicas e de um modelo de gerenciamento de todas as etapas envolvidas no processo criativo e produção de teatro musicado. Além das apresentações nos teatros do Distrito Federal, as produções do teatro musicado do LADI foram discutidas em artigos e comunicações em congressos e simpósios nacionais e internacionais, fazendo com que o know-how elaborado e redimensionado aqui em nossa região pudesse ser organizado e discutido em outros lugares.

Dessa forma, o mapeamento e database online vai tornar disponíveis este know-how, possibilitando o acesso aos materiais das realizações do LADI, tan- to para sejam conhecidos usufruídos os sons e imagens de cada montagem, quanto para que novas remontagens dessas obras seja possíveis, pois o libre- to, as músicas, os playbacks, vídeos e fotos da montagem e entrevistas com os profissionais envolvidos em cada obra estarão abertos à consulta.

94 Proposto ao Fundo de Arte Cultura do Distrito Federal em 2015. Não aprovado. Eu já havia de- senvolvido o know-how de plataformas de documentação de processos criativos a partir de pesquisa do CNPq - Tragédia e Hipertexto: Desenvolvimento de Edição Online de Obras Dramáticas Clássicas (2010-2012)”, “Dramaturgia Musical Online: Edição de Obras Dramático-Musicais Brasileiras (2014-2016).”. Sobre o tema, publiquei o artigo “Processo Criativo e Documentação: arquivamento digital em teatro musicado”, pela Revista Brasileira da Presença 10.4 (2020), com o artista e pes- quisador Alexandre Rangel, que foi meu parceiro nessas duas pesquisas com o CNPq.

Com isso, oferece-se uma ferramenta inédita e utilíssima que integra pes- quisa e processo criativo: a edição online de obras dramatico-musicais. Mais do que kits de ensaio, a mediação tecnológica que disponibiliza textos, arquivos de som, partituras e arquivos audiovisuais oferece soluções para o registro e estu- do de um campo de realizações marcado pela dispersão e ausência de fontes. Devido à complexidade da realização do teatro musicado, há uma tendência à lacunaridade, à falta de dados e materiais. Como reconstituir obras feitas de sons e visões? Desde sua constituição em 1997, o LADI procurou responder aos desafios da chamada ‘efemeridade cênica’. Essa situação se incrementou a par- tir das montagens de obras que integravam teatro e música, a partir de 2003.

Assim, o projeto que ora se propõe explicita esse movimento de consolidação das estratégias em torno da realidade multitarefa de se propor e realizar obras multidimensionais. A organização das múltiplas fontes por meio de mediação tec- nológica é um momento desse processo de integrar pesquisa, criação e recepção. Ao fim da pesquisa, além da database online, será realizado um seminário aberto para que sejam apresentados e discutidos os resultados da pesquisa.

Logo, o processo de documentação e registro não se confina a um reposi- tário inerte de informações. O mapeamento e a database online mobilizam um know-how de transferência de experiências para o artistas, pesquisadores, pro- dutores culturais e público interessado em obras dramático-musicais.

Além dos materiais que acompanham e comentam as produções do LADI, será elaborada uma publicação online (ebook) com a explicitação das estra- tégias de composição e realização de obras dramático-musicais.

Objetivos

1) disponibilizar para integrantes de cadeia de realização de obras de teatro musical (compositores, cantores, instrumentistas, diretores de cena) um mo- delo de compartilhamento de dados que organize interações e trocas den- tro de um processo de (re)montagem.

2) contribuir para elaboração de estratégias de produção de memória e circu- lação de obras do teatro musical brasileiro.

3) democratizar tanto o acesso a obras do teatro musical quanto o seu co nhe- cimento.

4) impulsionar futuros empreendimentos em obras dramático-musicais.

5) Ratificar uma cultura de uso de mediação tecnológica em processos criati- vos interartísticos.

Metodologia

1) Para o levantamento das produções do LADI, são utilizadas dois tipos de pro- cedimentos: protocolos de constituição de documentação com fontes materiais em suportes diversos (textos escritos, vídeos, arquivos de som, arquivos de ví- deo, iconografia) a partir de arquivos pessoais e institucionais. Em seguida a esse levantamento, serão analisadas as produções dentro de uma linha de tem- po. Após a sua análise, algumas produção será escolhidas como alvo de entre- vistas com seus integrantes. As entrevistas em vídeos correpondem a esclare- cimentos de aspectos apontados na análise da documentação encontrada. Este pequenos vídeos ou poadcasts, junto com a documentação levantada, serão os materiais inciais, pontos de partida para a elaboração da database online.

2) Encerrado o levantamento e análise das fontes diversas, temos o momento de desenvolver o protótipo da database online.

Para tanto, optou-se por adaptar às especificidades deste projeto caracterís- ticas e procedimentos de Gerenciamento de Projeto de Informação (GPI), como uma aplicação setorial de Prática de Gerenciamento de Projetos. Originalmente pensado como um conjunto de protocolos para minimização de riscos empre- sariais na área de Tecnologia de Informação, o GPI transformou-se em uma metodologia de enfrentamento de todas as etapas e dificuldades para desen- volvimento de produtos. Marca da GPI é identificar e integrar diversos tipos de planejamento e organização das atividades no desenvolvimento de um pro- duto. Essa racionalização do processo produtivo acaba por tornar intrínseco ao ato de propor um projeto a necessidade de dimensioná-lo, de correlacionar sua configuração ao processo de sua elaboração. Ou seja, a modelagem do projeto resulta na organização de fluxos informativos, de instâncias de intera- ção e troca de dados.

Em nosso caso, aplicando os conceitos de GPI para a modelagem de um protótipo de edição online de uma obra dramático-musical, temos a transfor- mação dos materiais resultantes de obra já encenada (partituras, arquivos de

playback para ensaios, programas, registro audiovisual da performance, rotei-

ro/libreto) em sistema de informações organizado para diversos usuários. Trata-se de reorganizar um material que já havia sido disposto para outros fins. Para tanto, é preciso analisar este material heterogêneo, distinguir seus diver- sos contextos de produção e destinatários, propor modos de uso e integração de usuários, enfeixar todas atividades em uma interface online.

A partir disso segue as seguintes etapas de desenvolvimento do produto: ETAPA UM: tratamento dos dados de entrada, a partir do levantamento e estabelecimento das fontes materiais da obra que será utilizada como caso- -teste para o protótipo. Nesta momento, são elaborados: a revisão e musico- grafia de sua instrumentação e arranjos vocais da obra; revisão e musicografia da redução para piano; revisão das partes; produção dos playbacks para en- saio; produção de diagramas para as cenas (cenários, posição dos objetos e dos atores); vídeos com comentários sobre aspectos vários das obras(instru-

mentação, interpretação, sentido dramático) a partir de cada cena; tratamento da qualidade dos material em vídeo das montagens prévias da obra.

ETAPA DOIS: discussão do projeto do web design da interface online com a proposição de soluções para a identidade visual da interface (layout), formas de acesso aos dados (navegadores), organização da obra escolhida e sua re- distribuição para os usuários. Nesse momento, pensa-se em como as seções da obra são disponibilizadas diferentes tipos de atividades.

ETAPA TRÊS: Teste do protótipo. Identificação de alterações. Elaboração do documento do protótipo, contendo as possibilidades de sua utilização. Elaboração do relatório detalhado do projeto, descrevendo e documentando as atividades realizadas.

Ao fim desde projeto será disponibilizada um protótipo de edição online de obras dramático-musicais e a documentação deste protótipo, o qual con- tém a descrição de seu funcionamento e uma discussão sobre as etapas e di- ficuldades em sua realização.

O protótipo será organizado em torno dos seguintes parâmetros:

1) a organização ou divisão de partes da obra. O usuário terá a opção de visualizar a ordem de eventos, a linha do tempo da obra e sua divisão em se- ções. A dimensão multisetorial da obra é o ponto de partida para o usuário. A partir de uma linha do tempo, o usuário se situa e, daí, efetiva suas opções: se quer acessar seções inteiras ou suas partes.

2) Notação musical. O usuário, a partir da linha do tempo e da divisão em seções, tem a possibilidade de acessar a grade completa da seção, a redução para piano com voz e acompanhamento, apenas a voz, apenas o acompanha- mento, apenas o instrumento ou naipe que deseja.

3) Arquivos de som. O usuário tem a possibilidade de acessar o arquivo so- noro das seções escolhidas, identificando se deseja ouvir a seção inteira ou alguma voz isolada.

4) Arquivos audiovisuais. O usuário tem a possibilidade de acompanhar alguma seção da obra previamente filmada, optando por ter acesso simultâ- neo à notação musical completa ou de alguma linha vocal ou instrumental.

5) Arquivos paratextuais. O usuário tem a possibilidade de acessar o co- mentário em vídeo ou escrito da seção que escolher.

6) Saídas. O Usuário tem a possibilidade de imprimir/enviar seções ou par- tes, ou baixar/enviar arquivos de som da obra. Dessa forma, o usuário pode interagir com o trecho escolhido da obra, na forma que preferir, valendo-se tanto de cópia em meio físico (impressão), quanto digital (arquivo de som ou texto para ler em um Ipad, por exemplo, ou em outro aparelho eletrônico).

Dessa forma, a partir de conceitos de GPI, a execução do projeto fundamen- ta – se na proposição de etapas de seu desenvolvimento, as quais estão rela- cionadas à transformação dos materiais prévios da obra escolhida como ca- so-teste para o protótipo em um sistema de gerenciamento de informações e arquivos para diversos usuários dentro da cadeia de produção e realização do