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Três conceitos na formulação de sentidos educativos e na construção de ideias A ciência é uma construção do ser humano É o espelho da sociedade que a criou e

No documento Língua e Linguagem no quotidiano (páginas 147-152)

Saussure, Ferdinand 2001 Curso de linguϋística geral São Paulo: Cultrix vygotsky, L S 1996 A formação social da mente Rio de Janeiro: Martins

2. Três conceitos na formulação de sentidos educativos e na construção de ideias A ciência é uma construção do ser humano É o espelho da sociedade que a criou e

se a ciência é um produto, então, ela pode alterar-se de momento para o outro. Por isso, a ciência é caracterizada sempre pela sua lógica convencional do ser humano,

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pois já nasce com um conjunto de regras de linguagem “processado” na anatomia do cérebro. E isso, faz-se perceber que a linguagem e a ciência são conectadas por um

hardware de progressão ideia localizado na área do cérebro, formando uma “floresta

zoológica” para compreender a existência da natureza de neurociência.

Para Seixas (2013:79-80) há três mundos na educação: o mundo único, o mundo dual e o mundo plural. A metáfora destes três mundos pode em cada leitor fazer rememorar várias homologias: a homologia de desenvolvimentos vários, quer ontológico (cognitivo e moral), quer genealógico (o desenvolvimento humano das sociedades). Estes três mundos são contemporâneos e situacionais ainda que em cada sistema social se possa vislumbrar que um dos mundos é mais presente que os demais. A cada „mundo‟ corresponde um modelo educativo. De forma simplista, no mundo único segue-se um modelo do Ensino; no mundo dual, segue-se o modelo da

Aprendizagem; no mundo plural é antes a Mudança Pessoal que está em causa.

Tabela 4 – Os três mundos educativos (Seixas, 2013:79-80)

O mundo único O mundo dual O mundo plural

Concepção da cultura

Una Dual Plural

Estrutura social Gerações Classes Representações

Função do sistema educativo Processamento de alunos Processamento de Professores e alunos Processamento temporal de professores, alunos (carreiras) e conhecimentos

Principal relação Família/Escola/Nação como função para a manutenção do sistema e da sua união Família/Escola/Mercad o de Trabalho como função para a manutenção da divisão estrutural do sistema capitalista Professor-Pessoa vs Aluno- Pessoa Concepção geral de educação Reprodução: imposição de um produto global e final a ser enculturado

Reprodução: imposição de um produto parcial e final a ser reactualizado

Construção: em situação de um processo parcial e vital/contínuo Concepção da instituição escolar Extensão da família, socialização para a nação. Canal de manutenção da coesão social Aparelho ideológico do Estado. Canal de manutenção das desigualdades de classe Locus comunicacional. Diálogos em momentos de desenvolvimento de ciclo de vida/carreira distintos Imagem do Professor Socializador burocrata. Agente reprodutor. Missionário/funcionário Agente de classe. Agente reprodutor ou de resistência. Cúmplice ou vitima

Actor e decisor em situação e desenvolvimento. Autónomo e reflexivo vs transmissor passivo. Professor-Pessoa Compreende-se que, portanto, o mundo plural educativo liga-se à conceção de produção agrícola designada por alienação (Karl Marx) e da divisão do trabalho (Durkheim, 1999), associa-se à cidade de que fala Georg Simmel (1991) como

ecossistema. Não se pode ignorar o mundo plural no sentido que este tem o seu

próprio relacionamento com a um conjunto de lógica burocrática ou burocracia

patológica que identifica o trabalhador com funções específicas (Robert King); além

disso, se estabelece no sujeito responsável e agente (Arendt, 2007) como cidadão e mero habitante (Agambem, 2002 & 2004) do mundo instituído com labor, trabalho e ação. É óbvio que o pensamento pós-moderno, da crítica das metanarrativas associa- se sempre a um projeto educativo único (Lyotard, 1989) para produzir a ciência com

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consciência (Motin, 1990), à lógica do efémero (Lipovestky, 2009) e à liquidez das relações (Bauman, 2001) que se relacionam com o encolhimento espaço-temporal do mundo (Harvey, 2011) e à relevância da velocidade (Virillo, 1998/1999) em todas as suas leituras nos remetem para um mundo plural que se escapa sempre a uma compreensão totalista: a) da cidade à construção da escola de massas, b) da construção da juventude à juvenilização do mundo, c) da descolonização dos povos à descolonização das mentes e d) da tecnologia dos self-media à automediação do mundo.

No âmbito de aquisição do conhecimento, pode empregar o nome de um dos

hardware do computador como exemplo para perceber esta natureza conceitual: laho

(de língua timorense - tétum), rato (de língua portuguesa) e mouse (de expressão inglesa) para desenvolver a forma como se adquire a ciência dentro da sala de aula e fora dela. O enquadramento de aquisição do conhecimento no espaço educativo deve ser instigado a partir do nível de “laho – laboratório de acionar a homiziação dos objetivos”, e tal enquadramento conceitual é fortificado pela ação do “rato – racionalidade ativada pela inteligência oratória ou ortodoxa” e tal ação pode ser mobilizada por uma denominação científica chamada “mouse – mobilização operacional das unidades do sistema educativo” no processo de ensino-aprendizagem. Certo que com estes três enquadramentos conceituais pode descobrir-se a essência do “raiz – razão, ação, inteligência e zoopedia1” do conhecimento natural que vem do

interior de um ser humano2.

É, portanto, a definir “raiz é estabelecer uma etimologia. Esta arte de definir a raiz é uma forma de afigurar um retorno à história e à teoria das línguas-mães que o classicismo, por um instante, parece quer manter “o seu desenvolvimento espantoso, tal como uma semente de olmo produz uma grande árvore que, de cada raiz, lança novos rebentos, produzindo com o tempo uma verdadeira floresta” (De Brosses, 1765:18; obs Foucault, 2005:162). As raízes são palavras rudimentares idênticas que se encontram num grande número de língua – em todas, talvez, inicialmente gritos involuntários, são impostas pela natureza e utilizadas espontaneamente pela linguagem de ação. Foi aí que os homens procuram incluir nas suas línguas convençais, para que depois as constituem com conceitos terminológicos das ciências (Foucault, 2005:161).

De facto, adverte ainda Foucault que as raízes formam-se de várias maneiras: pela onomatopeia, bem entende que não é expressão espontânea, mas articulação voluntária de um signo semelhante àquilo que ele significa: “emitir com a voz o mesmo ruido que emite o objecto que se pretende nomear” (De Brosse, 1765:9); pela utilização de uma semelhança experimentada nas sensações: “a impressão da cor vermelho, que é viva, rápida, dura à vista, será muito bem dada pelo som r, que causa uma impressão análogos aos ouvidos”; e ainda há várias impressões que não conseguem apresentar todo aqui nesta abordagem ontológica do termo “raiz”. Mas, pode garantir que num espaço de filiação contínua a que De Brosses (1765) chama

1 Zoopedia significa padeia, educação.

2 No âmbito deste, pode dizer-se que a educação é fortificada pela razão porque existe constantemente na

vida do ser humano que geralmente se inicia com o nosso etário de infância e até a idade adulta. A educação eleva a atitude e melhoria a vida humana, assim sucessivamente. Assim a razão da educação passa a ser mais necessária no ser humano, pois só com ela que pode transformar o mundo.

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“arqueologia universal”, neste grande espaço filial ter-se-ia a filiação completa de cada raiz enquanto conceito aplicado à ciência (Foucault, 2005:162).

Contudo, de que forma podemos jogar estes três conceitos na formulação de sentidos educativos e na construção de ideias sobre o funcionamento do ensino- aprendizagem. Percebe-se pois, o que se faz mover a funcionalidade de um objeto fora de sua composição interior, como o caso do nome de hardware do computador: “laho”, “rato” e “mouse” que na perspetiva ontológica define a existência de um mesmo objeto em diferentes línguas.

Certo que estes três nomes do mesmo objeto conduzem-nos para saber a sua origem etimológica, quando se diz: o que é isto? A ontologia da resposta vai ser, por exemplo‟ “laho”, certo que o objeto questionado é o mesmo “laho”, mas na questão epistemológica da originalidade desse termo sobressai para além da sua fronteira linguística, se questionarmos desta forma: como sabe? A resposta vai ser a mesma, mas, já com outra forma de consideração de um indivíduo com uma certa compreensão o que ele é em outra língua, quando se diz: o “laho” é o “rato”. E, se nós encadeamos esse mesmo termo para fundamentar o alargamento do nosso conhecimento e aprová-lo o seu sentido de existencialismo, quando se diz: mas, porque é assim? Aqui a noção de representação é só reforçar a existência de diferentes nomes para a designação do mesmo objeto, isto é, o questionamento porque é assim como uma forma de esclarecimento quando justifica esse algo desta forma: o “laho” é o “rato”, porque é assim? Porque ele também “mouse”. Assim que certamente deve entender o mundo único, o mundo dual e o mundo múltiplo da educação no ato de “dar” e “receber”, “partilhar” e “considerar” o conhecimento.

Certamente que a sala de aula como centro de aquisição de leitura e do conhecimento com várias modularidades interligadas e conhecidas por “laba-laba de aquisição” que tem ligação muito próxima com o conceito de “cebola de aprendizagem” firmado no “circuito do eu” enquanto “saberes escolares” (Paulino & Santos, 2014:109-110). Sala de aula é considerada como centro de:

a) Raciocínio: o que importante é considerar a flexibilidade na construção de

brainstorming (tempestade de ideias) e criatividade; considerar a análise e

síntese de avaliação e organização de informação; organizar a conexão de conceitos e a integração de novas informações com conhecimento, procurando formas de resolução de problemas.

b) Compreensão de leitura: o que preciso fazer com a compreensão e leitura é procurar conectar, caracterizar, avaliar, inferir, perguntar, resumir, sintetizar e visualizar o conhecimento.

c) Colaboração: na sala de aula é necessário ter uma mútua colaboração entre professores e alunos, alunos e alunos; por via papel e online em tempo real. d) Transparência: fazer uma comparação sobre a compreensão antes e após de

instrução; mostrar o espírito de transparência no registo de raciocínio e conversa dos alunos é fácil de compartilhar com os outros.

e) Vínculo: criar o vínculo de confiança entre alunos na sala de aula e online, vincular o texto limitado como imagens, conceitos-chave e cores.

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Espera-se assim, pois, o que parece de qualquer forma desejável, possa ser uma questão de consciencialização de aquisição do conhecimento pela própria “ação de partilha” e fortificada pela “raiz do saber”, quer isto dizer que a educação deve ser fortificada a partir da base, para que possa solidificar e consolidar o seu tronco até poder dar a vida aos ramos de ciência. Assim, a educação nasce pela razão, cresce pela ação e se desenvolve pela inteligência a fim de intitular-se na zoopedia dos saberes no panorama de “renascenças pedagógicas” (Durkheim, 1999). É assim que os “saberes escolares” constituem o “conteúdo” do ensino que dão origem as “categorias de pensamento” e que, por sua vez, influenciam a evolução das representações coletivas de uma sociedade.

Evidentemente que a especificidade do domínio é em algumas circunstâncias resposta apenas para uma classe bastante restrita na construção de um perfil aprendente na sala de aula, a partir de sons da sua fala de acordo com sons

linguísticos. Além disso, considera-se também a restrição informacional como um

critério de atualização do conhecimento no “interior do cérebro”, é o único sistema que atualiza informações dentro da sua própria base de dados.

No âmbito de programatização de um hardware na formulação de sentidos educativos e na construção de ideias, a tarefa principal é descobrir os princípios e parâmetros. Há duas categorias que se inserem nesta programatização do hardware de aquisição do conhecimento: a primeira é relações entre mente e cérebro; a segunda diz respeito a questões de uso da língua na aquisição do conhecimento. Primeiramente, o estudo internalista da linguagem de que fala Chomsky (1998:26)) tenta descobrir as propriedades do estado inicial da faculdade de linguagem e os estados que este assume sob a influência da experiência. Os estados iniciaiais e atingidos são estados do cérebro em primeiro lugar descritos abstratamente, não em termos de células, mas em termos de propriedade que os mecanismos do cérebro têm de satisfazer de algum modo a importância que alguns dispositivos de hardware do computador – como “mouse” (rato em português; laho em tétum) – tem na educação. Trata-se de um facto “inato nos cérebros humanos” que produz sempre novos conceitos e novas terminologias em busca das evidências que têm sido usadas para atribuir propriedades e princípios inerente à hipótese de que existe verdadeiramente “um nível de explicação com base no hardware” (Searle, 1992) – que em termos da estrutura do dispositivo terminológico no campo linguístico – faz funcionar a evolução cognitiva da ordem cerebral na organização do modo pensar na e em alguma coisa.

Com relação às ciências do cérebro, o estudo abstrato de estados do cérebro fornece diretrizes para a pesquisa e aquisição do conhecimento numa perspetiva da “conceção científica” que “realmente existe” no seu contexto histórico, onde as ciências vieram a aceitar a conclusão de que há uma relações entre hard e soft na produção do conhecimento científico (Chomsky, 1998:30). Aliás, se nós queremos que todos os conhecimentos e ciências aprendidos nas escolas e na sociedade ficam gravados e preservados ciosamente no cérebro até a morte, por isso, enquanto humano tem e deve beber todas as fontes do conhecimento e da ciência através da leitura como se fosse um modo dado à pic-nic de ideias.

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No documento Língua e Linguagem no quotidiano (páginas 147-152)