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Gnosiologia, Linguagem e a Educação Timorense

No documento Língua e Linguagem no quotidiano (páginas 137-140)

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3. Gnosiologia, Linguagem e a Educação Timorense

O caráter educativo em Timor-Leste, na sua totalidade, ainda funda-se num sistema tradicionalista onde o professor é o centro da obra e o aluno apenas o seu objeto de estudo para construir a sua obra de arte. Neste subtópico queria apresentar múltiplas situações variadas em ensino da língua portuguesa, especificamente (UNTL – 2014 a 2016). Propondo aqui esta marca do ser, em dois grandes aspectos fundamentais na sala de aula; um é o professor e o outro é o aluno. Estes autores no ambiente da sala de aula têm papeis importantes no funcionamento do processo de ensino aprendizagem, mas para alcançar o processo deste, a língua portuguesa é necessariamente e deve ser colocada como uma ponte que abre a janela para o conhecimento científico. Esta ponte é considerada como meio de interação que o homem utiliza para atingir seus objetivos, e sem a linguagem o homem não pode comunicar com outros seres.

Pois, na verdade, a linguagem é uma coisa, e não é simples coisa, é mais do que uma coisa que representa o código linguístico. Na verdade é que este código linguístico no processo de ensino-aprendizagem em Timor-Leste, ainda se encontra muitos desafios (uma realidade em que a língua portuguesa, mesmo sendo como língua cooficial ao lado do tétum, mas na política de tradutibilidade educativo ainda não é um código linguístico representativo), na construção da nação, só apenas é considerada como língua da afirmação identitária do seu povo, mas não está simultaneamente fazendo parte no exercício da construção da cidadania para a janela internacional. Como vamos responder e resolver esta questão?

Neste sentido, segundo Paulino e Santos (2014:21) “a língua é símbolo da existência de um grupo étnico. É o fio condutor da comunicação do ser humano e que, com ela afirma a sua existência no espaço e no tempo”. No espaço timorense a língua não é considerada como um fator desafiante na interação comunicativa, pelo contrário, ela é uma mais valia e uma coisa mais fácil de aprender, pois, porque este povo é um povo multiligue1. Esta característica de multilíngue facilita no ponto de vista da linguística, permite que as crianças timorenses no seu desenvolvimento cognitivo linguístico aprendam rapidamente a língua portuguesa. Por isso, o tempo de aprender a língua portuguesa deve ser desde a tenra idade e é preciso atrelada a um processo continuo de evolução. É portanto, a noção de desenvolvimento está conectada a um contínuo de evolução, em que nós caminharíamos ao longo de todo o ciclo vital. Essa evolução, nem sempre linear, se dá em diversos campos da existência, tais como afetivo, cognitivo, social e motor (Vygotsky, 1996; Piaget, 2002).

Para estes autores, para haver evolução é preciso ser como um fio condutor que se dá em diversos campos da existência (afetividade, cognitivo, social e motor). Nesse anglo, o processo de ensino-aprendizagem da língua portuguesa no (ensino básico timorense) não pode ser dramatizado ou pragmatizado em uma fatia de bolo ou fragmentado. Aliás não devemos pensar que a aprendizagem de uma língua apenas se baseia na estatura ou no tamanho, sobre o que se deve aprender, mas no que

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realmente é proveitoso numa dada língua no desenvolvimento de uma sociedade dita tradicional pode evoluir, pode e deve fazer nesta sociedade como possuidor dessa língua e saiba utiliza-la criticamente no seu processo da sua existência continua. Pois só assim é que podemos chamar esta sociedade uma sociedade evoluída. Uma sociedade evoluída é uma sociedade que saiba utilizar e aproveitar as marcas da sua existência como um ser humano na fala e na escrita, e compreende melhor a importância de não quebrar o fio da meada em aprender outras línguas.

A língua é uma actividade individual e social, que vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, no processo de evolução” (Mikhail Bakthin, 1997, 2006), e afirmado pelo Paulino & Santos (2014:43), ou seja, a verdadeira substancia da língua é constituída pela interacção verbal, porque no uso comunicacional, ela “penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam, e é também dos enunciados concretos que a vida penetra na língua.

Este panorama linguístico na vida do povo timorense quanto à oralidade (fala) convive com o povo desde séculos, e depois, só apenas em finais do século XIX (1877) é que existiu uma tipografia da hierarquia da igreja católica (Paulino, 2014). Este indicador é como um parametro para mostrar a importância da existência da língua falada no seio do povo timorense, ou como dizia e muito bem (Saussure, 2001:27), citado pelo Paulino “é a fala que faz evoluir a língua: são as impressões recebidas ao ouvir os outros que modificam nossos hábitos linguísticos. Existe, pois, interdependência da língua e da fala; aquela é ao mesmo tempo o instrumento e o produto desta”.

Se a língua falada é a origem de todo o processo histórico-cultural timorense (a língua portuguesa faz parte), então a conquista do povo timorense em termos linguísticos não foi no momento dos ditos decretos-leis promulgados pelo governo, mas sim desde sempre, isto porque, a língua portuguesa já é caraterizada na língua timorense (tétum), isto é, no nosso ponto de vista, é uma coisa inseparável seja qual for a política linguística e perante o processo de desenvolvimento do conhecimento científico no mundo globalizado. Segundo Echeverría (2003:20), antes da invenção do alfabeto, os seres humanos viviam na “linguagem do vir-a-ser”; a linguagem e a ação estavam unidas, as histórias narravam as ações dos atores e, dessa maneira, aprendia-se, por exemplo, sobre o que era coragem ou compaixão. Contudo, o alfabeto separou o narrador da linguagem e da ação, e o surgimento do texto escrito produziu a mudança da linguagem do vir-a-ser para uma linguagem das idéias. A reflexão substituiu o relato, e então começamos a nos perguntar sobre os conceitos, dos quais os heróis passaram a ser exemplos; passamos da linguagem do vir-a-ser para a do ser, mudança que trouxe ganhos no desenvolvimento da capacidade de reflexão, do pensamento racional e científico, da lógica e da filosofia, consumando-se a distinção entre teoria e prática (Echeverría, 2003:21).

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As histórias como instrumentos de aprendizagem acompanham as origens sociais do ser humano, na tradição oral e escrita. Sempre que uma história é contada, fala dos atores e dos feitos em contexto particular e apresenta experiências que contribuem para a aprendizagem de narradores, leitores ou ouvintes. Segundo o contexto no qual é criada/escutada, pode gerar espaços de reflexão do passado e inspiração para a transformação do futuro. Seu papel tem mudado através do tempo e evidencia, entre outros aspectos, processos de transformação humana. (Filho; Villegas & Oliveira, 2008:43).

Assim, a partir deste caraterizador historico-cultural (o tétum e o português) que os políticos governantes ou principalmente os professores timorenses deveriam questionar e pegar como meta para conduzir os seus alunos ao desenvolvimento cognitivo e ao conhecimento científico para a transformação humana num Timor- Leste independente.

Referencias bibliograficas

Bakhtin, Mikhail. 2006. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. São Paulo: Hucitec.

Bakhtin, Mikhail. 1997. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes. Cheverría, Rafael. 2003. Ontología del lenguaje. Santiago, Chile: J.C. SÁEZ. Freire, Paulo. 1993. Política e Educação: Ensaios. São Paulo: Cortez Editora.

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Filho, Gentil José de Lucena; Villegas, Margarita Maria Morales & Oliveira, Sheila da Costa. 2008. Histórias de aprendizagem e gestão organizacional: uma abordagem ontológica e hermenêutica. In Ci. Inf., Brasília, v. 37, n. 2, p. 43-57, maio/ago. http://www.scielo.br/pdf/ci/v37n2/a04v37n2.pdf (acesso a 12/8/2017).

Paulino, Vicente; Santos, Miguel M. dos & Araújo, Irta S. B de. 2016. Timorense no tempo e no espaço. In Paulino, Vicente & Apoema, Keu (orgs)., Tradições orais de Timor-Leste. Belo Horizonte, Díli: Casa Apoema, pp.211-230.

Paulino, Vicente. 2014. Os média e a afirmação da identidade cultural timorense. In Paulino, Vicente (org.), Timor-Leste nos estudos interdisciplinares. Díli: Unidade de Produção e Disseminação do Conhecimento/Programa de Pós-

graduação e Pesquisa da UNTL, pp. 133-150.

http://repositorio.untl.edu.tl/bitstream/123456789/175/1/artigo_de_vicente_pauli no_-_os_media.pdf (acesso a 12/8/2017).

Paulino, Vicente & Santos, Miguel Maia dos. 2014. Metodologias e estratégias de Aquisição da leitura aos alunos do Ensino Básico. Díli: Unidade de Produção e Disseminação do Conhecimento/Programa de Pós-graduação da UNTL.

Piaget, Jean. 1996. A construção do real na criança. Trad. por Álvaro Cabral,

No documento Língua e Linguagem no quotidiano (páginas 137-140)