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Fatores de variação linguística

No documento Língua e Linguagem no quotidiano (páginas 81-84)

77 2.1.2 Diatópica

4. Fatores de variação linguística

Como em outras línguas mais desenvolvidas e mais faladas, caso o português, o inglês, o tagalog e a língua malaia, etc., existem as suas variações em diversos aspetos. Formas de variações no sentido de variação na fala e a variação na escrita. Enquanto, pela sua existência em uso como ferramenta de comunicação, conhecem os termos da variação transmontanas, variações rurais e a variação urbana. Num outro contexto podemos conhecer também a variação litoral e a variação sertanejos, e demais outras variações.

Segundo Camacho (1988) existem múltiplos fatores originando as variações, as quais recebem diferentes denominações. Eis alguns exemplos:

Dialetos – variações faladas por comunidades geograficamente definidas. Idioma é um termo intermediário na distinção dialeto-linguagem e é usado para se referir ao sistema comunicativo estudado quando sua condição a igual à linguagem. O caso do macassae, a palavra beber do português expressa-se em diverficadas variações. Para os falantes macassae de Viqueque beber água em ira gehe, para os de laga em ira nawa (comer água) e para os de louro ira horoko (forma de consumir água fervente) seja que a água consumida não é água fervendo).

O dialeto usa-se por determinado grupo social que busca destacar-se através de características particulares e marcas linguísticas, especialmente em nível lexical. Seu processo de formação inclui truncamento, sufixação parasitária, acréscimo de sons ou sílabas, uso de certos códigos etc. Linguagem de marginais que, não sendo exatamente compreendida por outras classes sociais, costuma funcionar como mecanismo de coesão tribal e como código interativo entre tais grupos. Caso, a gíria, o princípio linguagem de marginais, estendeu-se a outros grupos sociais.

Socioletos – variações faladas por comunidades socialmente definidas. É a linguagem padrão estandardizada em função da comunicação pública e da educação. Neste contexto, o uso de certos terminologias da língua macassae na dignificação dos seus interlocutores.

Quadro IX Exemplo:

Sinó ba‟inó, Noi Nora, Ko‟ini Patana goba-goba ‟e walihi ma‟u. Tupura asukai, la‟iri mata-lapu, Ko‟ini harai goba-goba ‟e walihi ma‟u. Ai a tupura asukai, da‟a-buti wasi-mosu, seka gata wa‟i gata goba-goba ‟e walihi ma‟u.

A variação do socioleto na fala do primeiro enunciado é mais dignificativo quando se compara com os dois últimos enunciados no contexto semántico de acordo com a norma canónica da fala do macassae. As partes digitados a negrito é a distinção das categorias personalidades dos interlocutores. Enquanto as que não estão a negrito goba-goba ‟e walihi ma‟u = todos escutam para cá, é uma interpretação imperativa do locutor perante dos seus interlocutores antes de iniciar as suas alocuções.

Idioletos – é uma variação particular, isto é, o vocabulário especializado e/ou a gramática de certas atividades ou profissões. As formas concretas desta variação como nos exemplos ilustrados uma expressão de amor do português Eu gosto de ti em diferentes formas: Ani ai karaka, ani ai geere, ani ai gau ho‟uku, ani ai tianake. Outra expressão adjetivo amansado do português o manso (luma) da ovelha em

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macassae nas locuções de bibi gi luma, bibi gi ina gi luma, bibi lumalai, bibidai gi ina na‟u luma, bibi gi palakai.

Etnoletos – variação para um grupo étnico. Etnoleto conjunto de disciplinas que estudam as relações entre a língua, a cultura e a sociedade, focalizando especialmente as questões do relacionamento entre língua e visão de mundo, e entre estruturas linguísticas e estruturas sociais. No caso, o macassae propriamente falado fluentemente de todos falantes da etnia macassaenses sendo utilizado a ferramenta de comunicação diária com diferentes características do modo de falar.

Ecoletos – um idioleto adotado por uma casa. Ecoleto forma de afasia em que o paciente repete mecanicamente palavras ou frases que ouve. Esta variação designada o modo de falar dentro de uma família que utiliza os termos personalidade da família. Eu em anumata, anumata la, ani, ini; tu ou você em ai, ba‟inó, nonoi, erawali, erawali la, baera, baera la. Como o uso das terminologias relativamente às refeições diárias. Por exemplo, palavra comer em nawa, midapa, midugala, ‟apa-lebe sole, roso-toku, sada-‟alini. Pequeno almoço em matabisu, matabesu, sadaberi‟i. Quando almoço expressada em meudia, ata-uatubana, e o jantar expressa-se ata-boere.

Tecnoletos – são variações peculiaridades de cada grupo profissional dentro da sua comunidade falante. Neste fator de variação da fala do macassae, caracteriza a diversidade da fala de cada grupo técnico. Caso concreto, técnicos ourives, pedreiro, carpinteiro, barbeiro, cantreiro, e demais outros.

Figura 3

Citado de Martins (2001), a variação é uma propriedade inerente a qualquer língua (viva e saudável) e pode observar-se quer contemporaneamente, manifestando- se como diversidade dialetal ou sociolinguística, quer historicamente, revestindo então a feição de mudança linguística. Os dois tipos de variação encontram-se profundamente imbricados, sendo as variantes dialetais ora vias de acesso ao passado da língua oferecidas ao observador contemporâneo, ora manifestação de novas mudanças.

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Portanto, o conhecimento consciente de uma língua por quem dela queira ser mais do que utilizador, implica o reconhecimento dessa dinâmica evolutiva e diversificante que torna qualquer língua resistente à normalização. De fato, as variantes normativas são, como as não normativas, eventualmente passageiras, mudando ao longo do tempo o modo como os falantes encaram os mesmos fatos linguísticos.

Segundo Cunha (1992) „„Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu

domínio e, ainda num só local, apresenta um sem-número de diferenciações. [...] Mas essas variedades de ordem geográfica, de ordem social e até individual, pois cada um procura utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe exprime o gosto e o pensamento, não prejudicam a unidade superior da língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de se servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de manifestação e de emoção‟‟.

Por esta visão refere-se ao conceito da sociolinguística, o estudo do comportamento linguístico determinado pelas relações socioculturais' com a perspetiva de estabelecer as fronteiras entre os diferentes modos de falares duma mesma língua de acordo com o lugar em que estão (variação diatópica), com a situação de fala ou registro (variação diafásica) ou de acordo com o nível socioeconômico do falante (variação diastrática).

Acompanhando pelas evoluções das culturas, os próprios falantes nativos e sistemas comércios tradicionais desde os ancestrais aos dias de hoje, por mistos de casamentos, a existência do idioma macassae sempre evolui e amplia os seus contatos, forçado, muitas vezes; amigável em alguns casos com as mais diversas línguas, passando por processos de variação e de mudança linguística.

Além da sua variação estratificada, na perspetiva do seu modo de falar, do idioma macassae caracterizando-se nos modos da fala de diastrático, diástole e sístole. Os referidos modos detalhar-se-ão nas seguintes detonações.

Diastrático que se distribui na escala social (diz-se, por exemplo, de variante linguística); social, vertical (por exemplo, na comunidade macassaense, os apelativos noi ou nonoi (dona), ina, inaa, gi-ina (madame) e tia (senhora) são usam- se em variantes diastráticas diferentes, sendo os dois primeiros característicos da fala de pessoas das classes mais populares, e o terceiro, das de classe média e alta tia ‟u

gi-uma isi oi sirbisu [trabalhei na casa de uma dona, de uma madame; lisaun ma tia lowoi gi-mata-tupura gau dane = dei aula para a filha daquela senhora]; a forma wori-laa (Framengo) também caracteriza a fala das classes mais populares).

Diástole é o deslocamento do acento tônico de uma palavra para a sílaba posterior [Ocorreu frequentemente nas mudanças dos vocábulos da língua macassae

e‟edete e erenana (um momento e é isso) para seu substrato o dialeto de Nandaa que

falada no bairro macassae adjacente na vila de Viqueque, em e‟edeteé e erenanaá (um momento e é isso) (com acento tônico no e e a acrescentado na última sílaba). Ou então, o diástole considerando uma variação da fala em alongamento de uma sílaba breve em uso na comunicação. Por exemplo, a palavra glotálico o pronome possessivo ge’e (possui) teria uma mudança de alongamento da sílaba da palavra do verbo geere (amar). A mudança de alongamento da sílaba, caracterizando pela eliminação do sinal glotal (‟) no ge’e e acrescenta-se uma sílaba final –re com sílaba alongada geere.

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Sístole é o deslocamento do acento tônico de uma palavra para a sílaba precedente na fala (por exemplo: na passagem da palavra do adjetivo imperativa,

bebése torna-se em bése (depressa em pressa). Essa variação da fala acontesse, o som

tónico da segunda sílaba da palavra elimina-se primeira sílaba be- sem carrega muda- se o som tónico de segunda sílaba à primeira sílaba da própria palavra expressada.

Figura 4

No documento Língua e Linguagem no quotidiano (páginas 81-84)