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2.5   Avaliação 78

2.5.4   Concepção de avaliação adotada 90

Arredondo (2002) cita que a primeira etapa do processo avaliativo é a “Conceptivo- construtiva”, em que se constrói o sentido educativo da ação avaliativa que se pretende realizar, o que temos feito ao longo dessa seção de avaliação e pretendemos fechar aqui.

Segundo Belloni e outros as concepções de avaliação podem ser agrupadas, considerando diferentes critérios. A primeira distinção a ser feita é entre os dois tipos básicos de avaliação no campo da educação: a avaliação educacional, “[...] que se refere à avaliação de aprendizagem ou de desempenho escolar ou profissional, bem como à avaliação de

currículos”; e a avaliação institucional, “[...] que se destina a avaliação de políticas de planos ou projetos e de instituições” (2007, p. 16).

Esse projeto está inserido no contexto da avaliação educacional, uma vez que trata da avaliação dos tutores a distância, especificamente, no que se refere à avaliação do desempenho no exercício de uma atividade profissional (a tutoria). Vale destacar, que maioria dos trabalhos publicados sobre avaliação educacional não refere a esse tipo de avaliação de desempenho e sim à avaliação da aprendizagem dos alunos. Dessa forma, recorremos à abordagem da avaliação de pessoas (360 graus), explanada anteriormente. Menos trabalhos ainda tratam especificamente da avaliação de tutores. Falaremos sobre alguns no Capítulo 5.

Outra forma de agrupar as avaliações é de acordo com a sua concepção: (1) para comparação entre uma situação dada e um modelo predefinido; (2) avaliação como comparação entre proposto e realizado, ou seja, se as metas foram atendidas; (3) processo de aferição de eficiência e eficácia; (4) avaliação como instrumento de identificação de acertos e dificuldades com vistas ao aperfeiçoamento (BELLONI et al., 2007). Consideramos que o presente projeto se encaixe melhor na última opção, uma vez que a avaliação da tutoria a distância é entendida por nós como meio para melhoria contínua.

Corroboramos, assim, com a opinião de Belloni e outros (2007, p.14) quando afirmam que a avaliação é “[...] um instrumento fundamental para conhecer, compreender, aperfeiçoar e orientar as ações de indivíduos ou grupos. É uma forma de olhar o passado e o presente, sempre com vistas ao futuro”.

Quanto ao momento em que se realiza o processo avaliativo, a avaliação pode ser: (1) diagnóstica, quando realizada antes da ação; (2) processual, quando desenvolvida durante a implementação da ação avaliada; (3) global, quando se realiza ao final da implementação do execução (BELLONI et al., 2007). Essa classificação é muito semelhante às funções didático- pedagógicas difundidas na educação e já citadas, ou seja, a diagnóstica corresponderia à de mesmo nome, a processual à formativa e a global à somativa. Como também já mencionado, nesse projeto usamos um pouco das três. A primeira é útil, por exemplo, para identificar os tutores e fazer uma alocação inicial dos mesmos em disciplinas; a terceira é útil para verificar quem continua na tutoria, quem será desvinculado, a quem será dada uma chance, os que serão mais ou menos alocados etc.; e a segunda, por fim, é a principal pra nós, pois trata de um processo sistemático com vistas à melhoria na atuação dos tutores.

Com relação aos sujeitos do processo avaliativo, Belloni e outros (2007) citam que a avaliação pode ser: (1) interna ou autoavaliação, quando o processo é conduzido por sujeitos participantes das ações avaliadas; (2) externa, quando conduzida por sujeitos externos; (3)

mista, quando envolve esses dois grupos; (4) participativa, que é um tipo de autoavaliação apropriada a processos nos quais a população-alvo participa tanto da formulação quanto da implementação da ação avaliada.

Belloni e outros (2007) destacam que os sujeitos externos possuem a vantagem de ter maior independência e autonomia em relação às ações desenvolvidas, alcançando maiores chances de objetividade, e a desvantagem do menor conhecimento sobre o objeto avaliado. Enquanto os sujeitos internos têm um maior conhecimento e mais contextualizado, todavia, suas limitações decorrem do grau de envolvimento com os processos, o que pode levar a uma redução no nível de objetividade e isenção. Assim, consideram interessante uma abordagem mista. Porém, na impossibilidade de se adotar as duas abordagens, alguns autores defendem a avaliação por sujeitos internos, como é o caso de Saul (1988 apud BELLONI et al., 2007): “[...] o avaliador, preferencialmente, deve fazer parte integrante da equipe de planejamento e desenvolvimento do programa”.

Consideramos esse projeto mais próximo da última categoria (participativa), uma vez que os tutores, assim como alunos e outros membros da equipe, participam não apenas do processo avaliativo, mas da própria construção e reconstrução do mesmo. Além disso, a avaliação é aplicada, tabulada e analisada pela coordenadora de tutoria, que compõe a equipe do curso. Porém, entendemos ser necessário, também, realizar afastamentos.

Concordamos com Saul ao conceber a avaliação emancipatória: “o compromisso principal dessa avaliação é o de fazer com que as pessoas direta ou indiretamente envolvidas em uma ação educacional escrevam a sua ‘própria história’ e gerem as suas próprias alternativas de ação” (1988 apud BELLONI et al., 2007, p. 18). E também corroboramos com Belloni e outros (2007, p. 45): “[...] a avaliação tem o duplo objetivo de autoconhecimento e de formulação de subsídios para a tomada de decisão institucional”.

De forma resumida, poderíamos dizer que a avaliação do tutor a distância concebida por nós é um processo sistemático; interno e participativo; qualitativo e quantitativo; que deve ser realizado continuamente e por diversas fontes; que tem caráter diagnóstico, somativo e principalmente formativo ou processual, uma vez que busca identificar falhas e acertos, mas pretende, especialmente, levar o tutor à reflexão, à tomada de consciência sobre sua ação, com vistas ao aperfeiçoamento e à melhoria contínua. Uma avaliação que deve ser realizada por meio de recursos diversos e sob diferentes óticas (pelo aluno, professor, tutor presencial, coordenação, sua autopercepcção) e, assim, buscamos o autoconhecimento por parte dos tutores a distância, aliado à visão dos demais. Em muitos momentos essa avaliação terá caráter de acompanhamento.