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Conclusão sobre a investigação

6. Conclusões

6.1. Conclusão sobre a investigação

Nesta fase do relatório, é necessário retomar a questão-problema - áàp oduç oà de podcasts podeà o t i ui àpa aàaàflu iaàdeàleitu aào al? , para o que me parece imprescindível começar por responder às subquestões:

 De que forma a construção de podcasts se constitui como uma motivação à leitura em voz alta?

Esta é uma questão-chave neste projeto. Efetivamente, baseei muito do meu projeto na motivação dos alunos, quer na motivação para construírem os podcasts at av sàdoà o u soà Co ta- osàu aàhist ia… ,à ue à aà otivaç oàpa aàaàleitu aàe à voz alta pela própria construção dos podcasts.

Verifiquei que as crianças, na sua maioria, estiveram realmente motivadas para as atividades e empenhadas na construção dos podcasts, o que se deveu, em grande parte,

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à perspetiva de participarem no concurso, mas também pelas características das tarefas envolvidas, que se afastaram do que as crianças estão habituadas a realizar e, portanto, despertaram a curiosidade e empenho dos alunos.

Especificamente em relação à motivação para a leitura em voz alta, considero necessitar de mais tempo e novos dados para o poder assegurar com certeza. De facto, verifiquei que os alunos tinham gosto em ouvir as suas leituras quando estas estavam já dentro dos parâmetros que o grupo considerava aceitáveis. Por outro lado, a maioria dos alunos revelou também gosto e esforço por realizar boas leituras, o que pode ser considerado como uma motivação para a leitura em voz alta, ou leitura oral.

Contudo, terminei o projeto mesmo no final do meu período de estágio e não realizei outras atividades de leitura com as crianças ou estive em contacto prolongado com estas que me permitisse presenciar um gosto ou motivação diferentes para a leitura em voz alta.

 A possibilidade de cada criança ouvir as gravações da sua leitura constitui-se uma variável promotora da autoavaliação desta leitura e consequente reflexão e melhoria da mesma?

A possibilidade de melhoria da leitura oral de cada criança baseou-se, no meu projeto, na possibilidade de, através do programa Audacity, poderem ouvir as suas leituras e, a partir daí, refletirem sobre as suas dificuldades e sobre o que poderiam melhorar.

Como é óbvio, nem todas as crianças aproveitaram esta possibilidade do mesmo modo, sendo no entanto notório o seu interesse em ouvirem as suas leituras. Contudo, enquanto algumas o faziam de forma crítica e tendo em vista a melhoria das leituras, outras apenas revelavam gosto ou timidez em se ouvir sem que daí tentassem, por si, compreender o que podia ser melhorado.

Contudo, em geral, creio que esta possibilidade teve efetivamente um efeito positivo, mas que se tornou mais importante pelo trabalho entre pares, que se discute na questão seguinte.

 As contribuições do grupo são importantes para a perceção das dificuldades de leitura individuais e para que as crianças as possam ultrapassar?

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Sem as contribuições do grupo, muitas crianças não teriam sido capazes de identificar os seus problemas na leitura em voz alta, pelo que estas foram essenciais. Trabalhando em grupo, com um mesmo objetivo, os alunos puderam discutir cada uma das leituras gravadas, identificando pontos fracos e sugerindo formas de os ultrapassar. Algumas crianças mostraram-se exímias nesta tarefa, enquanto outras contribuíram menos. Ainda assim, creio que as discussões geradas foram importantes para as aprendizagens das crianças e foi notório o esforço de cada uma em acatar as sugestões do grupo e tentar melhorar a sua leitura. Mesmo quando estas melhorias não foram significativas, o incentivo do grupo foi extremamente relevante para a persistência dos alunos em tentar melhorar as suas leituras para as gravações.

 Qual a componente da leitura em voz alta que as crianças percecionam mais facilmente como incorreta e porquê?

Efetivamente, verifiquei que os alunos não dão a mesma relevância a todas as componentes da leitura em voz alta: articulação; entoação, ritmo e volume. No entanto, não é possível identificar uma componente que todos elejam (implicitamente) como a mais importante. Pelo contrário, verifiquei que cada grupo centrou a sua atenção em apenas um ou dois aspetos da leitura em voz alta, diferindo estes de grupo para grupo, embora os mais notórios sejam o volume das vozes e as pausas excessivas ou mal colocadas (ritmo).

Dado que as crianças não costumam trabalhar explicitamente a leitura em voz alta com esta profundidade, o facto de se terem cingido a um ou dois componentes da leitura pode ser justificado pela maior facilidade em procurar apenas erros de leitura relacionados com estes aspetos, ao invés de um conjunto mais abrangente. Por outro lado, o volume e as pausas eram os componentes da leitura que podiam ser verificados também visualmente, através do programa Audacity, ao contrário dos restantes para os quais apenas podiam contar com a audição.

A partir destas subquestões posso, então, inferir que a construção de podcasts tem, efetivamente, potencialidades no desenvolvimento da fluência da leitura oral. Embora o tempo de intervenção tenha sido reduzido e não seja possível recolher dados

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incontestáveis que permitam afirmar que a fluência de leitura em voz alta dos alunos melhorou efetivamente, foram criadas as condições para que os alunos conheçam explicitamente os aspetos que condicionam uma boa leitura em voz alta. Para além disso, pela possibilidade da análise das leituras feita em tempo diferido, os alunos foram também confrontados com as suas próprias dificuldades de leitura, para o que puderam contar não só com as suas próprias opiniões, mas também com a ajuda dos colegas. Estas trocas comunicativas, em trabalho colaborativo, com o objetivo de conseguirem boas leituras são, realmente, o que atesta as potencialidades do uso de podcasts no desenvolvimento da leitura oral.