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5. Capítulo V Apresentação e interpretação da intervenção

5.2. Desenvolvimento do projeto

5.2.2. Trabalho de grupo

Um aspeto fundamental no desenvolvimento deste projeto foi a organização do trabalho em grupos. Co oà efe e àPe ei aàeàázevedoà ,àoàpe ue oàg upoà àoàtipoà de agrupamento ideal para favorecer a interacção cooperativa, para promover a participação de todos os membros da turma, para partilhar entre iguais experiências de ap e dizage àeàpa aà e ta iliza àaàajudaàpedag gi aà u aà ealidadeà o eta à p.à . Deste modo, a partir do momento em que apresentei o projeto, foram constituídos cinco grupos que cooperaram para construir os seus podcasts ao longo das várias fases envolvidas.

Foi na redação dos contos que os alunos iniciaram o trabalho dentro dos seus grupos e que começaram as primeiras discussões e decisões em grupo. A escrita colaborativa oferece várias vantagens ao grupo, não só relacionadas com aspetos de partilha, argumentação e negociação, mas também de reflexão sobre a escrita (Viana, 2007).

Por exemplo, verifiquei que a maioria dos grupos (à exceção de um) teve sempre a gravação do podcast em mente. Assim, aquando da planificação do texto, decidiram logo quem ficaria com que personagem e quem seria o narrador.

No entanto, à medida que foram avançando na construção dos contos, as decisões iniciais sobre as divisões das falas foram sendo ligeiramente alteradas e apenas na revisão dos textos é que as falas ficaram definitivamente divididas pelos membros dos grupos, embora isso não tenha sido uma tarefa fácil. Tive que acompanhar bastante os alunos para me assegurar que esta divisão era justa.

Na fase das gravações, o trabalho em grupo foi essencial. Desta forma, estando todo o grupo presente nas gravações, foi possível auxiliarem-se mutuamente, para além

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de decidirem em conjunto quais as leituras que estavam adequadas para se poderem guardar, e quais as que se deveriam regravar, tentando compreender o que não tinha sido bem conseguido.

Claro que, pelo facto de estar um grupo reunido, quando apenas se gravava uma criança de cada vez também teve os seus inconvenientes, principalmente relacionados com o barulho que, mesmo inadvertidamente, faziam. Foi, então, necessário chamar a atenção para este aspeto, o que as crianças tentaram controlar.

Nem todos os grupos funcionaram tão bem, como é natural, existindo grupos mais coesos e em que todos trabalharam com o mesmo objetivo e grupos que tiveram mais difi uldadeàe àt a alha àju tosàouàe àseào ga iza e .à Oàg upoàdaàhist iaà áàfo teà sag ada à fu io ouà asta teà e ,à dividi doà ta efasà e t eà todosà e, durante as gravações, estando genuinamente preocupados e interessados nas participações de cada membro e não só nas suas. Este grupo viu o trabalho como um verdadeiro trabalho de grupo, cooperando para alcançar um bom resultado.

Outros grupos coesos e cujos membros cooperaram bastante bem entre si foram osàg uposàdosà o tosà OàDia oà ueàfi aà o àeà Oà ati hoàdaà o ta ha .àHouve,à oà entanto, grupos em que esta cooperação e união não esteve tão visível. É o caso do grupo que escreveuà áàave tu aàdoàa oà out aàdi e s o àe à ueàseàve ifi ouà ueà nem todos os membros estavam empenhados da mesma forma e concentrados na tarefa que estavam a realizar. Enquanto o TG e o DG estavam empenhados e realmente preocupados em fazer um bom trabalho, os restantes membros distraiam-se com facilidade e causavam ruído que prejudicava o trabalho do grupo.

Neste grupo, senti também uma certa animosidade entre os seus membros. Embora sejam geralmente amigos (e tenham sido eles a escolher o grupo), não foi incomum zangarem-se no recreio e isso refletir-se no trabalho realizado em sala de aula. Nas gravações, quando um colega revelou dificuldade em gravar as suas falas, chegaram mesmo a sugerir retirar-lhe as falas totalmente e distribui-las entre si, sendo necessário relembrar-lhes que eram um grupo e que todos tinham que participar. Felizmente, este percalço foi ultrapassado e quando, no dia seguinte o aluno em questão mostrou uma grande melhoria na sua leitura, todo o grupo se revelou satisfeito e verbalizaram-no ao colega.

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Este encorajamento e felicitação por parte dos colegas foi também visível noutros g upos,à o oà oàg upoàdoà o toà Oà ati hoàdaà o ta ha .àCo side oàesteàaspetoà uitoà importante no trabalho de grupo, aumentando a autoestima dos alunos que estavam a sentir mais dificuldade e elevando o seu sentido de pertença ao grupo. Neste sentido, Patoà àafi aà ueà u àa ie teàdeà o fia çaà osà olegas,àdeàlealdade,àdeà espeitoà e de solidariedade aumenta a auto-confiança, ajuda a afirmação dos tímidos e inviabiliza auto ita is os à p.à .à

Esteà aspetoà foià e t e a e teà eleva teà oà g upoà daà hist iaà Oà supe -he i .à Aqui, os colegas começaram por ter uma atitude incorreta em relação à leitura do BN, rindo-se abertamente da mesma. Nas aulas, o BN costuma ser um elemento perturbador, o que pode criar algum descontentamento nos colegas e justificar por que não foram mais complacentes com as suas dificuldades de leitura. Ao contrário do que me tinha apercebido até aí, o BN revelou uma autoestima baixa, pelo menos no que concerne às suas capacidades de leitura, dizendo mesmo:à Éà elho àeuà oàle …àEuà oà le àfalaà e hu a…àEuà oàseiàle à e ! . Ainda assim, creio que a gravação do podcast foi até benéfica neste sentido, visto que a audição da sua boa leitura e a posterior aprovação dos colegas foram notoriamente apreciadas pelo BN.

Em praticamente todos os grupos, salientou-se um líder que organizou o trabalho do grupo. Apenas no grupo do conto A aventura do anão noutra dimensão à oàhouveà um líder apenas, mas dois alunos que desempenharam esta função, o DG e o TG. Nos outros grupos, os líderes corresponderam àqueles que eu tinha selecionado para criarem os grupos, à exceção do grupo do conto áàfo teàsag ada ,àe à ueàaà ia çaà que eu tinha selecionado, embora sendo um bom leitor e um aluno com bons resultados académicos, não tem efetivamente qualidades de líder, sendo mais tímido e preferindo deixar as decisões para os colegas. Este grupo começou, assim, com um líder passivo; no entanto, o AF rapidamente se revelou como líder efetivo e democrático do grupo, organizando quer as tarefas associadas às fases anteriores, quer a própria gravação do

podcast.

Quando questionados sobre a forma como trabalharam em grupo, aquando da avaliação do projeto, a resposta inicial de todos os grupos foi sempre rotundamente favo vel.àápe asàosàg uposàdosà o tosà Oàsupe -he i àeà Oà ati hoàdaà o ta ha ,à quando insisti na questão, admitiram que nem sempre foi fácil trabalhar em grupo,

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remetendo para a dificuldade em dividir as falas e para as decisões ao nível da escrita do conto, respetivamente. Não quer isso dizer, todavia, que os outros grupos não tenham tido dificuldades em trabalhar em conjunto em determinada fase do projeto. É natural que passado algum tempo (a avaliação já só foi realizada depois das férias de natal) estas questões já não sejam relevantes e, como tal, sejam esquecidas.

A organização em trabalho de grupo foi assim essencial, não só por possibilitar uma reflexão conjunta sobre as leituras dos membros dos grupos, mas também pelo desenvolvimento de competências de liderança e organização. Para além disso, permitiu ainda a tomada de consciência da necessidade do trabalho cooperativo para se alcançarem os mesmos fins, em que o trabalho de cada um é útil e valorizado. O facto de alguns grupos terem mesmo passado por desavenças, questões de baixa autoestima ou sentimentos de desvalorização que foram ultrapassados é, só por si, um fator importante de aprendizagem, pondo as crianças em confronto com os sentimentos dos out osàeà o àosàseusàp p iosàse ti e tos.àCo oàafi aàPatoà ,à osà o flitosàs oà próprios de fases de adaptação e constituem efectivamente um obstáculo no processo de estruturação do grupo; mas a superação desse obstáculo favorece a coesão do grupo eàe i ue eàaàsuaàdi i a à p.à .