• Nenhum resultado encontrado

Técnicas de tratamento e análise dos dados

3. Capítulo III – Enquadramento metodológico

3.3. Dispositivos e procedimentos de recolha e análise da informação

3.3.2. Técnicas de tratamento e análise dos dados

Posteriormente à recolha dos dados é essencial tratar estes dados, já que, como refere Afonso (2005),

A recolha de dados constitui apenas a fase inicial do trabalho empírico. A efectiva concretização da finalidade da pesquisa (a produção de conhecimento científico) decorre com a organização e o tratamento desses dados, tarefas mais exigentes e complexas que a recolha de informação (Afonso, 2005, p. 111).

47

Deste modo, não basta recolher os dados para responder ao que desejamos saber. Há que analisar estes dados, o que deve ser feito à medida que se recolhem os mesmos. Para Máximo-Estevesà ,à asài te p etaç esài i iaisàpe ite àu aà o p ee s oà gradual, uma reflexão progressiva sobre as configurações que vão emergindo em torno dasà uest esà deà pa tida à p.à .à Pe ite ,à assi ,à ve ifi a à seà osà objetivos para a recolha de informações estão a ser alcançados e se os instrumentos se estão a revelar eficazes ou se, pelo contrário, necessitam de sofrer alterações. No final do estudo realiza-se, então, uma análise mais fina e englobante (Bogdan & Biklen, 1994).

Ao longo do projeto, recolhi diferentes informações nos mais diversos formatos: escrito, áudio e vídeo, nos quais estão englobadas as transcrições das entrevistas, as minhas notas de campo, as gravações das leituras das crianças, os vídeos das gravações dos podcasts por cada grupo, entre outros.

Como forma de analisar estes dados, recorri à análise de conteúdo. Para Quivy & Ca pe haudtà ,à oàluga ào upadoàpela análise de conteúdo na investigação social é cada vez maior, nomeadamente porque oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentem um certo grau de profundidade eàdeà o ple idade à p.à .àOsà todosàdeàa lise de conteúdo podem ser agrupados em duas categorias: métodos quantitativos e métodos qualitativos.

ássi ,àeà o oà efe eàáfo soà ,à oàt a alhoàe pí i oà e olhe-se informação quantitativa, expressa em valores numéricos, e informação qualitativa constituída por te tos à p.à .àÉàoà asoàdasài fo aç esà ueàforam recolhidas ao longo deste projeto. Embora a maioria seja qualitativa, também existiu informação quantitativa, mais especificamente a que decorreu das grelhas da observação estruturada e das grelhas de avaliação da leitura realizada aquando dos testes de avaliação diagnóstica.

Deste modo, tive derecorrer a dois tipos diferentes de abordagens para organizar e interpretar estes dados. Tanto para uns, como para outros, tive em mente uma a o dage ài te p etativa,à aà ualà aàt i aàdoàt ata e toàdaài fo aç oà e t a-se na construção de significado, isto é, centra-se na produção de um texto argumentativo que atribui sentidos novos aos factos, situações e discursos dos actores, numa lógica compreensível glo al à Wol ott,à ,àin Afonso, 2005, p. 116).

48

Vários autores sugerem formas de tratamento de dados qualitativos, organizadas em diferentes passos, sendo que optei pela sugestão de Marshall e Rossman (1999, in Afonso, 2005), que identificam seis fases nos procedimentos analíticos do material de campo: a organização dos dados; a produção de categorias, temas e padrões; a codificação dos dados; a testagem das interpretações que vão emergindo; a busca de explicações alternativas; e a produção do texto final.

Du a teàaàp i ei aàfase,ào ga izaç oàdosàdados,à oài vestigado àp o edeàaàleitu asà sistemáticas de todo o material, organizando-o num conjunto estruturado com um dispositivoà ueàfa iliteàaàsuaà o sulta à Ma shalà&àRoss a ,àin Afonso, 2005, p. 120).

De seguida, passa-se ao desenvolvimento de categorias de significação, as quais esulta à daà i te a ç oà e t eà osà ei osà deà a liseà ueà p esidi a à à o epç oà eà operacionalização do dispositivo de recolha de dados, e as regularidades, padrões e tópicos que emergem daàleitu aàa alíti aàdosàte tos à Ma shalà&àRoss a ,àin Afonso, 2005, p. 120). Aqui, o investigador vai construindo uma lista, hierarquizando as várias categorias. É na fase subsequente, a odifi aç o,à ueà àat i uídoàu à digoàaà adaà categoria, e todo o material empírico é em seguida codificado, ou seja, é segmentado em unidades de sentido, cada uma das quais é referenciada a uma das categorias definidas à p.à .

A quarta e quinta fases, a testagem das interpretações que vão emergindo e a busca de explicações alternativas, interligam-se. Assim, partindo da informação est utu adaà e à atego iasà eà u idadesà deà se tido,à oà i vestigado à vaià e saia doà aà identificação de relações lógicas entre os aspetos substantivos do material empírico, avaliando a coerên iaàdaàl gi aài te p etativaàe à o st uç o ,àaoà es oàte poà ueà desafiaà aà oe iaà eà solidezà daà suaà o st uç oà i te p etativa,à p o u a doà deliberadamente os dados que possam enfraquecê-la ou contradizê-la à Ma shalà &à Rossman, in Afonso, 2005, p. 122).

Por fim, a última fase, a produção do texto interpretativo, no qual se deve espo de à la aàeàfu da e tada e teà sà uest esàdeàpes uisaàadia tadasà oài í ioà doàestudo,à u à egistoà ueàsejaà oe e teà o àoàe uad a e toàte i oà o ilizado à (Marshal & Rossman, in Afonso, 2005, p. 123).

49

Esta forma de análise dos dados adequou-se ao meu projeto e aos dados que recolhi, uma vez que tive de lidar com vários documentos, transmitindo diferentes informações, o que, à partida, se poderia mostrar como de difícil organização.

Assim, analisei as notas de campo frequentemente e redigi as primeiras interpretações das mesmas, para o que recorri também aos registos audiovisuais, tendo sempre em conta os objetivos e perguntas orientadoras do estudo. Foi a partir destes objetivos e perguntas que estruturei as categorias de análise: informações provenientes dos testes de avaliação diagnóstica; motivação para o projeto e para a leitura em voz alta; trabalho de grupo; e mais especificamente relacionadas com a litura oral – a reflexão sobre os aspetos de uma boa leitura em voz alta; a preparação da leitura; a avaliação da leitura oral; e a discussão sobre as leituras realizadas.

3.3.2.2. Organização e análise de dados quantitativos.

áp ese ta àosà es osàdadosàso àdive sasàfo asàfavo e eài o testavel e teà aà ualidadeàdasài te p etaç es à Quiv à&àCa pe haudt,à ,àp.à ,àpeloà ue,à aà análise das informações transmitidas pelos testes de avaliação diagnóstica utilizei também técnicas de análise quantitativa. Penso que a análise é facilitada com a apresentação quantitativa destas informações, uma vez que me permite organizar os dados e melhor refletir sobre eles.

Osàvalo esà ueàe p essa àaài fo aç oà ua titativaà esulta àdeàu àp o esso de medição de variáveis, através do qual se atribuíram números em função de regras pré- esta ele idas à áfo so,à ,àp.à .àNesteà aso,àsele io eià o oàva i veisàosàaspetosà observados na avaliação da leitura, principalmente: precisão da leitura, velocidade de leitura e qualidade de leitura.

Para além disso, analisei também quantitativamente os dados recolhidos com a grelha de observação estruturada da gravação dos podcasts. Com este instrumento, pude verificar a frequência dos aspetos selecionados e cruzar esta informação com as notas de campo.

50